31 de julho de 2025

Cunene livre para o mar

E de tanta fotografia ter visto, eu que nunca fui mais a sul que Tombwa, me apeteceu contar uma estória, só assim de brincar, porque ouvi querem construir barragem nele. 

Welu era uma menina que morava perto do rio Cunene, um rio grande e brilhante que corre entre Angola e Namíbia. Ele simplesmente faz fatia do deserto. Ela adorava brincar na beira do rio, pulando nas pedras e ouvindo o barulhinho da água correndo. Disseram que mais para trás tem as quedas do Ruacaná, mas ele brinca ali, nas pedras que o rio levou a areia.

Um dia, enquanto jogava pedrinhas na água, Welu ouviu uma voz bem baixinha:
- Weluuu... Weluuu...

Ela olhou para os lados. Não havia ninguém. Só o rio.

- Quem está aí? — perguntou, com os olhos bem abertos e cara de susto falecido.

- Sou eu, o rio Cunene! — disse a voz, com um som de água cantando, parece chora também.

Welu ficou espantada. Um rio que fala? Que coisa mais estranha e maravilhosa!

- Você está triste, rio? — perguntou ela.

- Um pouquinho... — respondeu o Cunene. — Algumas pessoas querem me prender com muros grandes, e isso assusta os peixinhos e os passarinhos que vivem comigo.

Welu pensou, pensou, e teve uma ideia:

- Eu posso te ajudar! Vou contar para todo mundo como você é especial!

No dia seguinte, Welu foi até na escola e contou a sua aventura. Desenhou o rio, os peixes, os hipopótamos e até a voz misteriosa que vinha das águas. Todos os colegas ficaram encantados!

A professora adorou tanto a história que pediu para as crianças escreverem cartinhas para o rio Cunene. Welu entregou todas as cartas ao vento, e elas voaram dançando sobre as águas.

O rio respondeu com um brilho forte sob o sol e um barulhinho alegre de correnteza.

Desde então, Welu e o Cunene viraram grandes amigos. E dizem que, se você ficar bem quietinho na beira do rio, pode ouvir ele sussurrando:
- Obrigado por escutar a passagem livre das minhas águas...



Sanzalando

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