O mar sempre me esperou, mesmo quando eu o esquecia.
Hoje, sentado na areia fria, sinto que ele respira comigo, um sopro salgado que entra e sai, como se estivéssemos ligados por um mesmo pulmão.
As ondas vêm, batem, recuam. E em cada vai e vem, parecem-me ensinar o que é partir sem realmente se ir embora.
O mar não guarda rancor. Engole, devolve, apaga. Enraivece, acalma, sem dar importância. Indiferente.E eu, que tantas vezes quis ser firme como a rocha, descubro que talvez o segredo seja ser como a água desse mar. Indiferente.
Fico ali até o sol ir embora. Quando a linha do horizonte se deixa de ver, percebo: não há fronteira entre o mar e o céu, entre o eu e o mar.
Só o movimento — eterno, paciente — de quem aprende a ser e a se perder, ao mesmo tempo.
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