11 de junho de 2025

Cheguei ao Porto ... parte 3 de não sei quantas

A universidade ficava afastada do centro da cidade. Literal e metaforicamente. Eu desconhecia transportes públicos e pouco me orientava no norte e sul das ruas oblíquas que contradiziam a minha cidade de papel quadriculado. As casas cinzentas ou de musgo, como eu dizia, traziam à memória filmes antigos, as quintas que via lembravam-me história de vinhos que eu ouvira contar mas que nem imaginava podiam ser reais. Eu vinha de uma realidade arenosa, de uma cidade pequena. Estava a entrar num mundo novo que me era totalmente estranho ao ponto de me perguntar se era a realidade real que eu estava a ver, ou uma realidade que eu fantasiava na minha cabeça para passar o tempo.

Dois dias depois as aulas iam começar. Num dia conheci a pé toda a Areosa. Debaixo do viaduto se apanhava o autocarro, antes lhe chamava machimbombo, quer para o Hospital, quer para o centro da cidade. Aventurei-me e fui até à Avenida dos Aliados. Sem perder o ponto de chegada fui olhando à volta. Era como nos filmes e muito diferente de Lisboa. Na entrada de um café uma estátua de bronze: uma águia. Uau. Lembrei-me que um certo tio que tinha casado com uma tia me tinha dito que o pai dele um dia tinha feito a estatua para um café no Porto. Olhei parecia estava á frente da obra mais prima. Dei uns tantos passos, sempre a marcar pontos de referência, dei conta do mercado do Bolhão, mas não entrei, não queria que a prima de grau não sei quantos soubesse que eu estava ali, naquele lado da cidade. Vi a Câmara e desci para onde tinha saído do autocarro que antes era machimbombo. Gostei da cidade, mas não gostava do frio que sentia. Voltei à Areosa e por lá me mantive até porta aberta para entrar.


Sanzalando

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