A Minha Sanzala

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27 de maio de 2015

Quem me dera ser criança outra vez

Sentado a ver o mar dou comigo para lá de mim. Assim no mais ou menos a ver-me do lado de fora como que a me olhar com olhos de outro alguém que não eu mesmo.
Sonho com o querer estar todo o tempo ao ar livre, ser novamente aquela criança selvagem de quem não sabe quem é nem o porquê das coisas, rir às gargalhadas sem noção do parece mal ou não é bonito.
Sentado a ver o mar dou comigo a pensar porque ferve-me o sangue por palavras que ouço e se me apagam os brilhos nos olhos com a tristeza que vejo.
Quem me dera ser criança outra vez.


Sanzalando

24 de maio de 2015

olhar

Olho o mar como quem olha para amanhã, lugar onde ainda ninguém sabe como é que é ou vai ser. Afinal de contas num distrair de tempo, olho para lá do lá que há em mim.
O vento sopra fraco mas trás o teu perfume, o que faz com que eu sinta na alma todas as dores do mundo só porque eu deixei-te faz cinco minutos ainda não contados.
Olho o mar e parece desembarco nesse porto de abrigo que é o teu peito onde encosto a cabeça.
Olho-te.


Sanzalando

23 de maio de 2015

caminho ao som de um mantra

Vou caminhando na praia, olhando umas quantas vezes para ver se a linha que me separa do lá de lá está mais perto do lado de cá, outras vezes olhando para ti e é quando me lembro que és outra pessoa, quando me pareces uma parte essencial de mim, um pedaço do meu coração, um orgão vital da minha existência.
Vou caminhando na areia da praia, pensamentos livres como que em busca de um momento de solidão interior quando dou comigo a ver que não consigo preencher um espaço vazio com o tempo que já perdi. Na verdade os pedaços de vida perdidos nunca mais caberão dentro de nós.
Vou caminhando como que voando de mão dada na areia da praia, a teu lado, meditando ao som dum mantra que me ensinaste


Sanzalando

18 de maio de 2015

Era apenas a minha onda

Dei um mergulho no mar, daqueles que nem nos filmes. Ao mergulhar fechei a minha mão direita e agarrei, literalmente, a onda. Feliz me levantei, me aplaudi pela perfeição, mas sem abrir a mão, não queria a onda se fosse mar dentro..
Estiquei a toalha apenas com a minha mão esquerda. Difícil porem missão cumprida e não deixei a onda fugir. 
Devagarinho fui abrindo a mão e lá estava a onda porem estava desenrolada na concha que a minha palmão da mão fazia.
Olhei-a de todos os lados e de todos os lados sorri-lhe.
Ali estava a minha onda, a primeira onda que apanhei este ano e não era do meu mar. Era apenas a minha onda.


Sanzalando

12 de maio de 2015

é o tempo quente

Começa o tempo a aquecer, do lado de cá da linha que separa do lado de lá, onde arrefece lentamente, quase sem se dar por isso. é a estória dos hemisférios, do aquece ali para arrefecer lá, dos balanços e quem sabe dos aconchegos.
Começa o tempo que, mesmo com as brigas e intrigas, entendimentos e complicações, tudo vai dar certo porque o tempo é quente e quente a gente não arrelia, nem arrefece.
Começa o tempo em que dividimos a estória, tiramos roupa e bebemos um copo até mais tarde.
É o tempo de ter tempo para o gastar com tempo.
Mesmo que me digam que o diálogo morre, que a estória não intercala as personagens que não interagem na percentagem igualitária duma vida viva, o tempo quente faz com que a gente se esconda um bocado menos. É, fica menos escondido dentro de si.
É o tempo quente que aquece o tempo que a gente gasta a conversar silêncios nos momentos de leitura do fim do dia.


Sanzalando

9 de maio de 2015

obrigado família


Aqui me deixo a debitar palavras como quem põe gasolina numa fogueira. Queima em alta chama e não sei para quê que serve. Gosto e chega-me. Aqui estou numa fotografia de quando ainda não era nascido. Eu sou o acumular desta família, sem ela eu era um caminho incerto, mesmo uma inexistência. Por ela o meu olhar não é triste nem vazio, o meu andar não é tropego e tenho sempre uma primavera nem que seja no sorriso ou na palavra que sai impensada. Sem ela eu seria o caos, uma equação matemática erradamente descrita. Sem ela era viver em vão.
Obrigado família.



Sanzalando

7 de maio de 2015

Hoje gastei palavras

Hoje ando com vontade de gastar palavras, soltas e ao acaso. Umas para ti e outras para quem as apanhar. Hoje deu-me para aqui. Antes assim do que pior, diz-se em mentalidade daqui. Eu digo que afogada morre a saudade. Em lágrimas ou em álcool, acrescento.
Às vezes gastar palavras tem custos acima da média, porque ser adulto quer dizer que tenho que dizer as coisas certas, fazer as coisas certas mesmo que não seja essa a vontade.
Bem, meu amor, guardei as partes boas de mim para ti. Doces palavras, meigos pensamentos e tivesse eu um dom literário, dava-te uma moldura de amor, deste amor quase imperfeito.
Eu te escuto no meu silÊncio enquanto debito estas palavras soltas que me ditas na transmissão de pensamentos, calma a e tranquilamente ditados. Escutas bonito as minhas palavras soltas, as palavras que aprendi porque prestava atenção e não porque vinha num livro de escola.
Hoje gastei palavras, espero não me venham a fazer falta.



Sanzalando

6 de maio de 2015

Eu, sujeito de mim e da frase também

De verdade eu gosto da palavra EU. Bem que ela podia ter acento que assim assentava melhor, acho eu. Mas como não o tem eu não vou desdenhá-la só por essa causa. Mas pelo sim pelo não, Eu, sujeito de mim e da frase também, afirmo que trágico mesmo é poder olhar para o céu e me lembrar que não sou mais que um pedaço minorca de carne e osso, falível no tempo e sem necessidade de ter espaço.
Afinal de contas o tempo passa mais rápido que Eu e eu começo a me arrepender de não te ter dito tantas coisas que Eu, sujeito de mim e da frase também, te deveria ter dito para nunca te sentires só.
Eu só te posso dizer que os meus olhos tem dias que salgam mais que qualquer maré porque não te vêem tantas vezes como gostariam


Sanzalando

5 de maio de 2015

existe que eu sei

Existe remédio para o cansaço da alma?
Tenho um à mão de semear.
Olha, ficar assim a te olhar, descobrindo detalhe sobre detalhe e dizer que mais vou te amar.
Vais dizer que eu me perdi em ti. Se não fosse hoje seria amanhã.
Olha, sou assim um todo teu, em qualquer lugar ou em qualquer hora.
Existe remédio para o cansaço da alma!

Sanzalando

3 de maio de 2015

dia da mãe

Me disseram assim num alta voz que hoje era o teu dia. Dia especial. Eu sei que não dá para esquecer que todos os dias é o teu dia. Mas de verdade me apetece dizer que eu não vou comemorar. Eu vou aproveitar é este dia para te agradecer o que fizeste por mim. Para além de me teres gerado, tu viste-me nascer, crescer e dar os primeiros, segundos e terceiros passos. Tu cuidaste-me e ainda por cima me ensinaste o muito que aprendi. Eu sei que tu fizeste sempre tudo por mim e nunca reclamaste ou te vi arrepender. Tu sempre tiveste tempo para me dar carinho e atenção.
Mãe, onde estiveres me ouve eu te agradecer cada segundo que me deste. Sei não vou ter tempo para isso, mas fica a intenção e a tentativa.

Sanzalando
recomeça o futuro sem esquecer o passado