A Minha Sanzala

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30 de agosto de 2017

Divagações dum dia de verão - último

Faz sol e sopra brisa. Não é mais aquele sol brilhante de cegar os olhos nem aquela brisa de sabor a mar. É mesmo assim só um adeus de sol e um frio feito aragem.
Olho na janela, vejo o céu limpo e espero amanhã o sol volte a ter brilho. 
Chega a noite. A brisa virou vento gelado. Olho na janela e conto meia dúzia de estrelas e me pergo na divagação de dizer que gosto da noite. Pelo silêncio dela. Pelo descanso que ela me trás, mesmo que amanhã não brilho o sol como brilhou no resto do mês.


Sanzalando

23 de agosto de 2017

Divagações dum dia de verão 25

Sopra brisa, está aquela névoa sobre o mar. É verão de Agosto para desgosto de quem não gosta de verão. Eu prefiro o verão em Dezembro. Mas não escolhi. Mas isso é outra água, outra corrente, outra forma de estar e ser. 
Aproveito o calor para me afogar em pensamentos e perguntas. Pensamentos de pensar alto ou de imaginar calado. Pensamentos de agonia ou de corrector de erros cometidos ou a acometer. Perguntas cuja a resposta não imagino ou perguntas a partir de respostas já dadas.
Enfim. É verão e eu sorrio de alegria ou de desespero. Depende da hora e do lugar.


Sanzalando

14 de agosto de 2017

Divagações dum dia de verão 24

Faz sol e não sopra vento. Tem dias de verão são assim, que até dá ideia de não é verão. Tirava toda a gente da rua, tirava toda a pressa da gente que andava na rua, tirava a rua a toda a gente que anda depressa na rua sem pressa de chegar a lugar nenhum e mesmo assim era dia de verão. Mas é um verão diferente. Roubaram o mês de Agosto. De 31 de Julho passamos para o 1 de Setembro. Ninguém nota a falta do 15 de Agosto. Ninguém repara nos fins de semana ausentes do mês de Agosto. Não se notou a ausencia duma lua cheia e já ninguém se lembra da bola de berlim não comida numa areia de praia vazia.
Mas quem se esqueceu de pôr o mês de Agosto no calendário?
Acho mesmo é delírio de verão


Sanzalando

11 de agosto de 2017

Divagações dum dia de verão 23

Aproveito que o vento se esqueceu do que é soprar e vou limpando poeiras do coração, da mente, da imaginação e da realidade ela mesma. Vagabundo-me pelo areal, danço ao som do marulhar como se numa festa estivesse. Divirto-me ao sabor salgado da maresia e sigo em frente numa semi-lua desta baía que segura o zulmarinho deste lado de cá. Sem poeiras o coração bate certo, cadenciado ao ritmo do teu olhar. Sem areias a mente flui de ideia em ideia ao encontro do teu desejo. Sem cotons a imaginação se amplia numa capacidade de dizer não ou na capacidade de mudar de ideias.
Aproveito o dia de verão sem vento e não vejo a vida passar: vivo-a.

Sanzalando

8 de agosto de 2017

divagações de um dia de verão 22

Faz sol. Faz calor. Curiosamente continua sem ventar. Mas de certo é ainda verão.
Perdi qualidades. Perdi faculdades. Melhor, não encontrei facilidades.
Não, não é aqui neste cantinho da falésia onde me sento e medito, onde acordado vivo sonhos de encantar, onde navego por mares ainda não domados. Aqui estou bem. Sereno. Feliz, mesmo de verdade.
Nos outros lados onde por vezes tenho de passar a minha nau. Por cantos onde tenho de deixar o meu pobre corpo repousar. Aí não tem sido fácil. Existe pressa. Existe pressão. Existe má criação. Exigência sem condição. Porque é verão e o verão acaba-se e antes que aconteça o seu fim há que não perder tempo em tempos que nos outros tempos não temos.
Bebe-se, não vá a bebida acabar como acaba o verão.
Esforça-se o corpo não vá este não aguentar o verão.
Mas o pior, é quando eu tento arranjar um lugar para comer e o verão levou todos os lugares para valas comuns de gente apressada que conversa teclando e olha nos olhos da câmara que os olhos da frente estão mais que vistos.
É verão e eu ando por aqui, às vezes escondido na minha falésia a olhar o zulmarinho de ontem com olhos de amanhã.

Sanzalando

7 de agosto de 2017

divagações dum dia de verão 21

Faz sol e o vento não acordou. Quase ia pensar não era verão, mas com este calor é mesmo mais o quê? Vou aproveitar não necessito estar escondido da garroa para dizer coisas que às vezes falo com o silêncio, que deixo transparecer com o olhar ou simplesmente com o mau feitio. Horas e momentos, disposições.
Na verdade eu tenho de aprender a deixar-me ir, deixar sair o passado e estar no presente que amanhã logo se vê. 
Mergulho no mar, me ligo através do zulmarinho às minhas raízes mas, com um sorriso tenho de olhar em frente e esperar que amanhã não esteja assim pregado à História.
Não sopra vento mas ainda é verão.
Não me escondo. Admiro o ondular verdemarinho do zulmarinho de hoje. O coração bate, umas vezes acelerado outras cadenciado numa morna apaixonante.
Não há sempre vento no verão



Sanzalando

3 de agosto de 2017

Divagações dum dia de verão 20

Sopra vento. É verão, claro. O pó, a areia fina da praia, as sobrinhas, as toalhas e os sorrisos voam ao longo do areal. Eu vagueio pensamentos tentando contrariar a velocidade do vento, porque neste momento eu queria sorrir ao teu olhar num abraço bem apertado. Ouvir-te respirar abafaria este silvar, este despentear-me de ideias e estas ondas salpicadas dum borrifador natural.
Sopra vento. Claro que é verão. Não acredito em almas gémeas, mas o verão é sempre gémeo de outro verão. Faz vento e as pessoas correm porque o verão acaba. Se ele não acabasse não havia necessidade de correr, de fazer coisas que o resto do ano nem nos lembramos, de exigir rapidez mesmo até ao conta gotas. O verão acaba, mas não sei nunca quando o vento termina.


Sanzalando

1 de agosto de 2017

Um episódio mais do Estórias Soltas e Palavras Vadias

Com pelo menos um erro apresento-vos aqui a lista dos presentes na Feira do Livro de Portimão. Na verdade já estou tão habituado a que o meu nome mude de quando em vez que já nem ligo. Desta vez calhou no João que passou para José. Um nome próprio da família dos Jotas pelo que não é de importância vital.
Dia 16 de Agosto, às 21:30 horas lá estarei margem direita do Rio Arade, numa noite que vai estar quente, bordeada por uma brisa que soprará do sueste, perfumada pela maresia da preia-mar.



Sanzalando

Divagações dum dia de verão 19

Bate lentamente o mar nas pedras. Nem chega a marulhar. É noite. Vejo o brilhar da luar se estender no zulmarinho como que se embalando para uma noite de calmaria. Os carneirinhos de mar faz tempo adormeceram. O mar parece chão, óleo ou simples passadeira a convidar-me a entrar nele desfilando par sul.
Hoje vejo-o e não me apetece mover montanhas. Fico na minha transparência fixamente a olhar para o momento que a qualquer instante vai virar passado. As montanhas têm de se mover a dois que caminham para o mesmo lado enquanto o passado está cheio de recordações e para o futuro eu inventarei esperanças. 
Hoje não me sinto a montanha russa que galga pensamentos nem se afunda em frustrações ou se emociona em verticalidades.
Hoje o mar está calmo e eu não sou mais a confusão de uma noite de verão


Sanzalando
recomeça o futuro sem esquecer o passado