A Minha Sanzala

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31 de julho de 2013

boiando

Boiando, como que a descansar, dentro do zulmarinho vou aparando ideias, limando conceitos e polindo sonhos. Fosse eu uma caravela ao sabor da corrente e deixa-me-ia adormecer por aí fora. Reparo nas minhas mãos arranhadas e percebo que tantas vezes tenho de lutar porque caí e tenho que me levantar. Dói-me a cabeça, talvez porque as lembranças pesam, as lágrimas gretaram-me a cara, o passado me atormenta e o futuro me assusta. Noto que tenho dificuldade em respirar talvez pelo cansaço dos monstros que tive que derrotar.
Boiando sobre o zulmarinho, como a descansar, imagino que é difícil estar só mas a gente se habitua e os sonhos, pensamentos e ideias se vão aparando, limando e polindo.
Aqui, deixo o meu corpo passar sobre lixos que vivi, sobre possas de sangue que vi, sobre suspiros que ouvi e gritos que fingi não ouvir. Aqui me deixo correr, céu aberto e sem uma única nuvem para eu tentar adivinhar um objecto nela desenhado, me deixo livre e imagino que logo a lua vai ser bonita, que as estrelas vão cintilar como nunca, mesmo que eu me continue a contorcer como que a fugir do mundo.
Aqui, esqueço aquele olhar que fingiu não me ver, aquele sorriso que me esconderam, aquele obrigado que não disseram e leve bóio sobre o zulmarinho, porque o amor faz parte de mim, misturado nas monstruosidades calejadas destes anos a palavrear ideias, sonhos e pensamentos.
Também aqui o tempo não pára excepto para aqueles que partiram para uma estrela celestial ou boreal como dizem os científicos que eu cá não sei.
Aqui digo que nem sempre a vida é justa nem o destino é belo, mas é o que tenho e me deixo leve boiando no zulmarinho chorando sem que eu dê por isso.
Afinal de contas eu ainda não cresci!




Sanzalando

30 de julho de 2013

apeteceu-me partilhar

Sanzalando

amanhã logo se vê

Podia ser madrugada, podia ser aqui ou ali, mas a esta hora estou só mesmo a ver o zulmarinho. Já não tem cinzentomarinho nem cacimbo a lhe esconder. Tiremos a brisa que é mais vento e até está-se bem. Os sonhos e os pensamentos fluem como se um rio quisesse desaguar nesse apetitoso zulmarinho. Mas lhes seguro e os saboreio com cores garridas e gargalhadas de emoldurar.
Mas tem qualquer coisa na minha língua em que as palavras parece escorregam, saem aos soluços parece gaguejo e só não tropeço nelas porque estou aqui parado a ver o zulmarinho. Já sei, deve ser por tentar ser perfeito, porque acho mereço ser, e só encontrar defeito nos sonhos e nos pensamentos que saboreio.
Mudemos de olhar, olhemos de outro ângulo, virando a cabeça em círculo não sei qual vai mesmo ser o ângulo.
Olho daqui o zulmarinho e pareço uma criança à procura de alguém para ser amigo, olhando para lá da linha recta, penso que é preciso ter amigos para viver, cair e nos segurarem, nos ensinarem a levantar e seguir em frente. Amanhã me reinvento noutro lugar ou aqui mesmo a olhar o zulmarinho.

Sanzalando

Há lutas que valem a pena

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 Sanzalando

29 de julho de 2013

um dia há-de ser um hoje

Hoje mesmo esteja como estiver eu vou entrar nesse zulmarinho e me lavar até na alma. Preciso me encontrar comigo, saber se tem porto seguro, se tem cais de amarração ou ficar só mesmo assim à deriva no zulmarinho do alto, lá perto onde a linha se afasta e fica na mesma distância que um dia se vai cansar de fugir eu lhe vou agarrar de unhas e dentes e com ventosas ainda me vão chamar é sanguessuga.
Oh, já estou a imaginar as pessoas que estão a ouvir a minha voz rouca de tanto falar a dizer que pouco faço. Não são aquelas que logo de entrada a gente está a dizer que não tem interesse. Essas são as piores mas a gente nem lhes liga para não ouvir um assim vai-te matar, mas que não tem grude nem força. São mesmo aquelas que a gente tem vontade de conhecer num assim mais aprofundadamente mas não sabe nem como começar. Aquelas que parecem escondem o meu mundo, não sabem a gente existe e a gente fica só de olhar a embalagem e fica sem saber se o conteúdo é mesmo aquele que o sonho criou.
Hoje tenho que entrar no zulmarinho e lavar até os pensamentos.
Oh, como me aproximar de quem te diz apenas um olá como se estivesse só a ser bem educada?
Não, não quero mais me rodear daquela gente chata, insuportável, vazia, que o aleatório pensamento é um esforço sentido até por quem está à volta.
Hoje entro no zulmarinho nem que as picaretas caiam do céu porque preciso abrir aquelas pessoas fechadas no seu mundo e trazer até no meu para ao menos eu saber tirar as minhas dúvidas.
Hoje entro no zulmarinho mesmo que tenha que me contrariar.



Sanzalando

28 de julho de 2013

não pode ser a mesma coisa

Olha só a cortina que está fechando o meu sol de vir aqui amarelar o dia e ressaltar o zulmarinho. Está parece tem capacete e o cinzentomarinho parece está defuntadamente triste, nem ondas, nem cor e o perfume da maresia nem chega aqui na areia húmida da noite que voou. 
Isto levanta logo um problema, daqueles pontiagudos, que são mais graves que os apenasmente agudos, que é o facto de eu não gostar de chamar a atenção. É preciso que alguém se revolte com quem dirige o tempo meteorológico, sem ser com sinais, mas com medidas drásticas. Eu assim vou ter que sair da casca e dizer que hoje não posso tentar chegar à linha grande lá de longe nem a nado nem nada.
Eu que tanto tenho tentado e me acho merecedor, eu que tenho fugido, como diabo da cruz, não sei se ele alguma vez fugiu ou é só maneira de falar, eu que estou sempre a me importar com os outros hoje, preciso de ajuda para rasgar esse manto branco que não deixa nem esboçar um perfil do solzinho para dar cor no meu dia. 
Não vai ser a mesma coisa sem o meu zulmarinho e os seus tons todos a me olharem como se tivesse todo saído das minhas lágrimas.

Sanzalando

27 de julho de 2013

ninguém acordou o sol

Que é que aconteceu? Vais ver o cabo do mar esqueceu de acordar o sol. Tem tanta gente a fazer bicha para entrar na praia e hoje o sol não acordou? Ai esse senhor de cabelo cortado parece tem peruca, bigode parece está a cair para os lados e unha do dedo mindinho suficientemente grande para limpar as cavidades cabeçais, se esqueceu de tocar o clarim para acordar o amarelado sol.
Assim lhe despeço e vejo o cinzentomarinho desde cá de cima da falésia por entre a bruma de parece eterna madrugada.
E a gente lá em baixo se empurra num chega para lá que eu cheguei primeiro porque mesmo assim lhe querem tocar e molhar porque foi para isso que vieram até cá abaixo.
Eu daqui, sorrindo com esses espaços inexistentes, dou comigo a pensar se tenho ou tive amigos imaginários. É verdade que sim. Ainda hoje tem gente que imagino é amigo mas afinal de todas as contas não é. Logo é um amigo imaginário.
Salto para outro pensamento e vamos a ver se sai menos parecido com o dia. O que são as pessoas? As pessoas são aquilo que fazem e não aquilo que dizem, porque a vida continua mesmo depois do silêncio.
Não, ainda saiu parecido com o dia. O sol parece está a espreguiçar muito lentamente, espero não se vire para outro lado e adormeça outra vez.
Eu sei que sempre haverá qualquer coisa que te fará lembrar de mim, um olhar, um sorriso, um perfume ou apenas uma coisa sem significado. É assim como o dia de hoje, marcado porque ninguém acordou o sol.



Sanzalando

26 de julho de 2013

Estilo náutico

Olha só para mim a nadar faz de conta lá para os lados sul. Minha bússola mental deve estar avariada pois quando dou por mim, depois de 10 metros de sacrificadas braçadas, acho ainda não sai do mesmo lado ou apenas me desviei para oeste, ou seja para lugar algum que nem eu sei onde fica. Se fosse cóboi até que podia ser no oeste, mas nadador tem seguir em linha recta perpendicular à linha recta que me separa do lado de lá. Já sei que a nadar assim não vou lá por mais vontade que tenha. Ó zulmarinho com tons de verdemar e de transparência conforme os dias eu não te gosto pelo que és mas sim por tudo o que representas para mim, por isso dá lá uma ajuda e pega numa das tuas correntes e me amarra à linha direita e puxa numa perpendicularidade que ninguém vai dizer que seja imperfeita.
Mas olha para mim a nadar. Estilo vintage, mapundeiro diria para os mais velhos e sábios gentios que possam deitar os seus corpos por este mar de palavras e me ajudar a nadar nas profundezas deste oceano de ideias e sonhos.
Repara bem nestes esqueléticos bruços, nesta corcunda mariposa, neste desritmado crol. Perfeito para nunca mais lá chegar.
Olha para mim nadar e por favor não ri que eu fico zangado e bebo toda essa água verdemar zulmarinhada e depois não consigo andar na areia mole do ex fundo do mar.


Sanzalando

25 de julho de 2013

inflamável

De costas para o vento, que hoje apareceu não só para me despentear como também para ver se me baralha as ideias, sou picado pela areia fina que parece nasce num deserto , lá do outro lado da linha que me separa da imaginação e do sonho, como se estivesse a fazer acupunctura que nem chinês na China. Mas mesmo assim consigo estar de frente para o zulmarinho e deixar o meu pensamento nadar sobre as ondas dessincronizadas que se espraiam na areia que não levanta voo com este vento.
Desarrumado salto de ideia em pensamento, de sonho em acordos entre mim e eu como se estivesse aqui a gastar tempo que não faz falta.
Eu não sei receber elogios. Ponto final parágrafo e sem travessão que isso dá muito trabalho segurar com este vento que vem dum ponto cardeal ou papal, que vai dar ao mesmo, incomoda. Fico assim sem saber o que fazer, onde ponho as mãos, onde deito os olhos, troco as pernas numa bassula auto-infligida que nada tem a haver com automóveis ou afins e ainda tropeço num sorriso amarelo parece é frete. Acho que quem olhar para mim nesse exacto momento que me elogia deve pensar eu sou monstro de medo até no olhar. 
Mas isto é mesmo só porque o vento me pica nas costas e eu já não tenho nem doença nem antipatia, só mesmo timidez de grau insuflável e inflamável.


Sanzalando

24 de julho de 2013

dormir na praia

Olha para mim demolhado em suor e o zulmarinho ali calminho até parece me está a chamar. Acho mesmo ele adormeceu de calor. Me diz que o sono também precisa descansar e por isso ele está que nem lago. Se eu fosse distraído eu podia pensar ele é chão e desatar a caminhar por ele fora e chegar lá, mais cedo ou mais tarde a dar para o tarde que o calor aperta e não dá para ir a correr.
Sorri-lhe de olhar.
Parece ele perguntou porque estou assim.
Lhe disse apenas que era mesmo só por estar ao pé dele, mesmo demolhado de baixo desse sol que lhe ensona.
Um onda maior, 2 a 3 centímetros mal medidos, parece foi sorriso de agrado. Eu sorri e lhe disse que só ele me fazia sorrir.
Me respondeu com a minha alma a me dizer que o passado também faz sorrir, principalmente quando passou mesmo de realidade e papel assinado.
Quê?! disse eu na minha estridente voz de irritado subitamente. Minha alma agora dá conselhos? Eu dialogo com o Zulmarinho? Tem sol demais na moleira ou falta de sódio na corrente electrica dos meus vasos cerebrais. 
Resolvi limpar o suor na água do zulmarinho de modo que as correntes o levassem para lá da linha e lhe dissessem, ao chegar lá, que tudo o mais que há em mim é uma falsa imitação dum projecto mal feito.
Aí ele parece se revoltou, me enrolou, esbracejei, embebedei com litros dele e dei comigo nos braços duma nadadora salvadora que por acaso estava ali de passagem. Me arrastou o peso de quase morto para a areia e me disse numa surdina que quase toda a praia deve ter ouvido... Não se olha o mar do cimo das falésias que elas podem desabar. 
Foi nesse exacto momento que acordei, sacudi a areia e dei um mergulho para me refrescar.



Sanzalando

23 de julho de 2013

de lés a lés

Calcorreio o zulmarinho de lés a lés. Seja lá o que é que isso é. 
De verdade não me apetece estar ali estendido na areia parece é lagarto a aquecer o ser sangue frio. Eu tenho sangue frio quando é preciso ter e sangue a ferver quando tem de ser, acho eu que não sou de pau e tenho também os meus azeites.
Mas estava eu a dizer que lhe calcorreio de lés a lés e me saltou um pensamento que até me arrepiou num faz de conta para dar ênfase à situação. É que eu me perguntei se é pecado sonhar mesmo quando a gente está por aqui a andar. E ouvi uma voz, que não era a minha e até era desconhecida dos meus insensíveis ouvidos musicais, não! Não e não. Então se não é, continuei a perguntar-me porque é que o deus, ou lá quem seja, os destrói assim num ápice, num que nem quero saber peremptório e promontóricamente todos os sonhos que eu sonho? 
E lá estava a voz desconhecida dos meus timpanícamente surdos musicais ouvidos a dizer que nós é que procuramos ou não a concretização.
Agora é que eu fiquei mais que arrepiado. Nunca me aconteceu nenhuma aparição nem nunca tive assim sobrenaturais sonhos, nem a dormir quanto mais acordado enquanto calcorreio o zulmarinho de lés a lés. Olhei em volta e lá estavam duas sereias de avançada idade a conversar sobre os netinhos que brincavam à beira zulmarinho e eu estava a confundir conversas.
Marca dia 3

Sanzalando

22 de julho de 2013

banho-maria

Joguei-me de corpo e alma para dentro do zulmatinho, sem tempo nem para me arrepiar nem arrepiar caminho na desistência de sentir o osso estalar duma vaga possibilidade dele estar gelado que arrefeceria até os ditos ossos ao ponto dos estalar. Mas literalmente, imaginariamente e desumanamente foi assim que hoje fiz. Nem esperei ambientar as partes pudendas e as costas. Foi pulo de estilo encorpado, chapado e sem estatelado.
Já depois do susto, que mais não foi que isso mesmo, decidi rever sonhos, desejos e ambições. A uns desejei suicidá-los, a outros estrangulá-los num assassínio premeditado e outros nem lhes passei cartão. 
Ficou só mesmo a certeza absoluta, analítica sintética e derivados do petróleo, que nesta pequena minha vida eu sei poucas coisas e tenho a certeza que sou orgulhoso, sentimental e profanamente nostálgico. Também sei, já não tão afirmativamente que sim, que sou verdadeiro e primordial no que amo, no que sofro sentimentos, no que acho indispensável para o meu acordar diário de sorriso aberto e franco.
Banhado em banho-maria ou demolhado que nem peixe seco, começo a ter ideias que consigo vencer barreiras, que ultrapasso todos os desafios e que só consigo respirar porque senão vai-me faltar o ar. É esta a minha realidade numa autobiografia imaginada e realizada por gajo que passou por mim num ápice de tempo antes de eu sair de dentro do zulmarinh.
Marca dia 3

Sanzalando

21 de julho de 2013

humanamente, imaginariamente

Hoje sentei mesmo com os pés no zulmarinho. Ele parecia era um lago e nem barulho fazia quando se estendia na areia. Esperei ouvir, no meio do silêncio, uma recado, ver um sinal mas nada. Era só mesmo a transparência azulzada dele que aquecia a minha alma desde os meus pés que estavam dentro dele. Tem coisas que é bonita somente por aquilo que é. O zulmarinho é-me assim. Não tem nem como explicar, não tem como dizer em resumo descomplicado, não tem mesmo um estamos juntos e coisa e tal. É, e ponto final aparafusado para não destruir.
Mesmo como os pés dentro do zulmarinho eu tenho coisas que não sei explicar, eu humanamente, porque eu imagináriamente até que sou, mas acho não sei palavras tantas para dizer e bronca mesmo também não dá porque não tem bronca com colorido de luz forte, só mesmo de escuro noite.
Assim chegado que é aqui eu digo que sou forte mas desconsigo ser de pedra e como um pau escrevo na areia o meu nome. Não é porque tenho medo de me perder ou me esquecer, é mesmo só porque eu às vezes nem sei quem sou, humanamente ou imagináriamente.
Marca dia 2

Sanzalando

20 de julho de 2013

delira, mente

Hoje tem brisa e o zulmarinho parece tem muitas ovelhas a lhe pastar. É ondinhas brancas lá longe parece mesmo é ovelhas felpudas. Imagina só eu conseguir saltar de ovelha em ovelha até chegar lá na linha que nunca mais eu chego?
Já sei. Já estás a lhe pensar que eu sou o símbolo da loucura, da violação mental, viciado em entretenimento de palavras com sonhos e delírios fugidos do impossível. Já sei que também estás a dizer que sou imprescindível acentuado do ser que não existe dentro de mim, desde o tempo que bati com a cabeça no chão. Também sei que vais dizer que eu não li as minhas letras pequenas do meu manual de instruções ou que fumei cigarros dos que fazem rir e que fundi todos as conexões nervosas do meu fogo derretido em gelo, da minha prática que não passou de teoria, do meu sal açucarado de vida.
Deixa só a imaginação te tomar conta e vais ver encontras mais adjectivo para me insultar no substantivo modo do teu ser viciantemente destrutivo.
Mas estava eu a dizer que o vento voltou a brisar, o zulmarinho se encrespou e o meu cérebro pifou, caindo na escuridão de férias humanas num exactamente momento de que apetece queimar a pele até parecer estátua de bronze dum olímpo de banalidades com iluminação de recomeço que nem rotunda em noite de lua cheia.
Marca dia 1.


Sanzalando

19 de julho de 2013

aqui

Peguei na minha pochete e lá fui direitinho ao zulmarinho olhar para lá da minha imaginação. É verdade, nascido e criado onde não sei, mas cresci e tenho direito a ter uma pochete, onde tenho para além da máquina das recordações, a caixa dos óculos de ver para dentro e um ou dois lenços de papel para secar as lágrimas que me possam salpicar. 
Aqui consigo ver mais longe, saber mais notícias e quem sabe um dia ouvir a tua voz. Mas eu sei que tu querias que eu fosse pássaro, (ou será que quem queria era eu?), para mais longe conseguir voar e mais perto de ti ficar. Mas eu nunca poderia voar porque aí acordaria dos meus sonhos e isso é coisa que eu ainda não quero, nem para reflectir, porque o meu reflexo és tu mesmamente tu.
Assim, aqui olhando o zulmarinho, me deixo fingir que sou assim, tal e qual tu pensas eu era, tal e qual pensas eu vou ser e tal e qual desajustei-me em fingir a rir.
Aqui, quando os braços não te conseguirem abraçar e os olhos não te conseguirem ver, afogarei a minha dor na mágoa azul do zulmarinho.

Sanzalando

18 de julho de 2013

pé ante pé

Pé ante pé fui entrando no zulmarinho sempre a olhar lá na linha limite da minha vista. Pé ante pé fui pensando que estava mais perto, fui fazendo as contas de quantas vezes penso que segurei o mundo dos outros e assim sem me importar deixei cair o meu. Pé ante pé deixei que a água me chegasse ao pescoço e foi então que me lembrei que dum momento para outro nem pé ante pé me salvaria se não soubesse nadar.
Recuei, deixei ficar a água no umbigo, retomei as minhas contas, que não são de rosário, nem de Maria Vai Com as Outras e pensei que se queres ser feliz tens de chegar aqui, atravessar esse mar todo que nos separa e me suplicares para eu te olhar nos olhos e verificar se falas verdade. Não a tua verdade mas verdadeira verdade.
Pé ante pé, desequilibradamente fui derrubado por uma onda que me fez rebolar como um pequeno tronco de madeira apodrecida por tanto sal, até à areia castanha duma onda anterior e me lembrei que zulmarinho deve de andar de avessas comigos. Lhe pago toas as dívidas, sr dom Zulmarinho, de letra grande de respeito e consideração. Mesmo até as dívidas sentimentais. Sr. Dom Zulmarinho eu sei que não conheço as pessoas, nem mesmo as que nasceram dum pedaço de mim, nem outras faz tempo lhes levo ao colo, num por assim dizer. Mas achas eu mereço teu castigo de me tombares ou gelares assim quando te apetece?
Pé ante pé, te abandono, zulmarinho para mais logo, num amanhã qualquer, voltar e te conversar sabendo que não tenho as sete vidas dum qualquer vadio gato.
Pé ante pé, hoje te deixo aqui.


Sanzalando

17 de julho de 2013

olhadamente

Olho o zulmarinho e parece me convida a lhe mergulhar de cabeça e se calhar até de olhos fechados. É mesmo só confiança que lhe está a abusar de mim. Ele ainda pensa é dono de mim, mas um dia ele vai ter um desânimo, vai ficar assim cabeça em água que nem o corpo dele mesmo, ou então vira mesmo um seco e árido deserto de esperança em me apanhar.
Lhe resisto hoje. Não lhe entro pelas ondas acima. Não lhe abano os braços em direcção a sul. Hoje não lhe dou confiança, lhe dou só e apenas o meu olhar desde longe. Ele vai-se irritar e eu vou estar aqui a lhe instigar em palavras pensadas e retidas.
Olho desde aqui e não lhe respondo nem com um piscar de olhos até ele sentir saudade.


Sanzalando

16 de julho de 2013

é das estrelas

Olha só para mim a olhar o zulmarinho. Me disseste faz tempo não me vês. Ando escondido, fugido e outras palavras que agora não apetece nem repetir porque até parecia estava a te imitar. Eu estou aqui a olhar, a olhar-me, a ver, a ver-me. Tem horas é silêncio e outras é falatório, tem momentos me vês e tem outras em que eu pareço transparência e não estrago nem a paisagem e até não sabes eu estou aqui. Mas eu estou sempre a olhar o zulmarinho e lhe esperar onda após onda para escolher a onda mais bonita. É verdade, eu também gosto de olhar as estrelas, elas são o mais próximo que eu consigo ver do infinito, do céu, do lado de lá de eu conseguir chegar.
Acho elas foram feitas assim para os dias de tristeza, para os dias sem rumo, para os dias em que de noite a gente se possa admirar do nosso pequeno tamanho. Quer tenha nuvens quer seja céu limpo elas estão lá, cintilantes, perfeitos pontos brilhantes onde, por coincidência mais alguém pode olhar para o mesmo ponto e a gente nem se vê. Pois é, tu vais dizer que enlouquei de tanto zulmarinho que até já converso com as estrelas. De verdade que eu converso. Até converso, pois tudo o que acontece, dizem, é das estrelas.


Sanzalando

15 de julho de 2013

vadio roseiral

Me sento no zulmarinho, fato banho pareço Tarzan. Olho e consigo ver assim mais ou menos até à linha que me diz que do outro lado existe um lado de lá. Na areia tem espaço para mim e mais um qualquer alguém que ainda não sei quem escolhi sem cair no erro de um dia me arrepender de ter escolhido em vez de ser o tal, o que não se arrepende, o que não joga fora as chances de ser o que é antes de ficar como tal e qual pensa que é. 
Me sento no zulmarinho e tento arrancar sorrisos de futuro descomplicado, daqueles que eu gosto e se me esqueço dos olhos inchados das lágrimas contidas ou choradas para dentro, assim do modo invertido.
Me sento no zulmarinho e ao sabor das ondas recorto fragmentos de amor que colo na memória com rosas de porcelana e rosas de roseiral vadio.


Sanzalando

14 de julho de 2013

madrugadamente

Hoje, madrugadamente, quando a manhã ia a meio, é preciso não esquecer é dia de domingo, quer queiram, quer não, eu também tenho direito na preguiça, dizia mais o quê? ah, peguei na bicla, bicicleta ou mais inglesmente na bique, e arrepanhando forças fui passear, desafiar o sol a sair de trás das nuvens que ao domingo ele é que não pode dormir até tarde e deixar a gente cacimbar outra vez. Mas qual mais o quê. Ele ficou lá, eu transpirei por entre estradas, caminhos e ervas das que arranham as pernas desnudas de atleta que nem de todos os fins de semana.
Lá fui, me insultando, falar mais coisas que andas uma vida a te prejudicar e agora queres ficar saudável para quando os bichos te comerem não ficarem que nem envenenados, ouvir-me gritar que a cama é bem melhor que dar força na corrente que me empurra subida a cima. Mas fui trepidamente arejar os olhos pelas praias que mesmo em dia de não sol ficam amontoadas de gente que parece são formigas desalinhadas em toalhas de todas as cores. 
O zulmarinho continua da cor dele, mais leve que ontem, as ondas estão mais paradas que ontem e eu continuo sem palavras mágicas para dar força nos pedais para nestas madrugadas de manhã vai a meio olhar os verdes campos acastanhados dum verão que não sei vem ou vai passar ao lado.



Sanzalando

13 de julho de 2013

e tinha de ser hoje

E tinha que ser hoje? Zulmarinho virou cinzentomarinho e ainda por cima cacimba parece lhe quer fazer cobertura doce por cima. Hoje que eu queria ver kiandas, lhes assobiar palavras de engatar, lhes dizer coisas bonitas ou pelos menos os olhos lavar, num cinzentomarinho nunca ouvi dizer as havia. Olha para mim a perder o dia de hoje a perdoar-me inimigos, a elogiar-me em palavras eloquentes, a lutar por causas, a batalhar por questões apenas porque o tempo tem de ser gasto e o cinzentomarinho assim não me dá ganas.
E tinha mesmo de ser hoje? Vais ver ainda dizem eu cacimbei também ou andei a cheirar gasolina.
É, se continuar assim a minha vida ainda muda e eu nem dou conta e quando precisar chorar vou ter que inventar lágrimas cinzentas para não confundir o cinzentomarinho com as minhas azullágrimas.
E se fosse hoje que eu ficasse sem palavras na cabeça? Ias ver o cinzentomarinho virar zulmarinho de sol amareloquente. 
Mas tinha de ser hoje?



Sanzalando

12 de julho de 2013

protegido do vento

Protegido do vento que teima em me empurrar e afastar do zulmarinho, seguro os lamentos que não lamentei porque não tinha motivos para os ter, as lágrimas que não chorei porque não me apeteceu ou porque a surpresa foi tão grande que elas secaram antes de serem feitas e deixo os olhos fixos num futuro carregado de luz e sons. 
Protegido do vento deixo o meu corpo embarcar num sono tranquilo, num anestésico sonhar com dias futuros, num acordar presente cheio de sorrisos, esquecendo que houve outros ontens, limpando a memória de trevas e farpas e canto palavras que as kiandas um dia vão assobiar na outra margem do zulmarinho.
Protegido do vento não vou estampar um sorriso falso nem uma vontade louca de não acordar. É a vida nos seus ciclos repetitivos e cheios de graça.
Protegido do vento atiro para o céu perguntas e ouço ecos de respostas.
Protegido de todos os ventos sublinho as palavras inesquecíveis, imortais e marcantes e digo que não há pontes, não há diques mas há imaginação que me liga lá, onde a minha placenta secou ao vento.


Sanzalando

11 de julho de 2013

sem arte por causa do sol - insolação

Subitamente dou comigo a nadar num indeterminável nadar sem graça, num decepcionante desperdício de energia como a que despendi na primeira vez que me desiludi. 
Subitamente, também, dou comigo dorido de músculos que nem imaginava que tinha, como da primeira vez que me apaixonei e corri a cidade para te ver em cada esquina que pudesses passar. 
De raiva em raiva, de desilusão em desilusão, de dor em dor, porque das coisas boas a gente nem imagina que teve ou tem, construí a minha vida, edifiquei o meu mundo como se fosse um prédio de bases sólidas, alicerce de palavras, tijolos de frases, vivências de tubos e arames. Construí o meu mundo de arte, misericórdia e espectáculo  onde não vendi bilhetes para assistência, onde não deixei espaço para a impaciência, onde estendi a rede para deitar a solidão, onde um dia depositarei o peso do meu fracasso, os escombros dos meus exemplos e o lixo das minhas palavras. 
Que ninguém ouse devolver ou ocupar. 
Subitamente e desapercebidamente deixo para trás o zulmarinho, cansado do esforço despendido, olho as gafes, os papeis que voam em direcção a lado nenhum, desprendidos do tempo e do espaço e eu insisto num nada que sou, no monstro vivo que em mim habito, nas fotos que não devolvi à maquina porque as tirei horrivelmente. Afinal de contas eu sou um produto do mundo, felizmente biodesagradável e forçado pelo meu autor a dizer palavras de verão.
Subitamente, ainda, dou comigo a pedir desculpa porque eu não existo, mas sou fruto da imaginação dum gajo que um dia prometeu que ia aprender a escrever e a falar e nunca mais cumpre e nem se cala.



Sanzalando

10 de julho de 2013

Reflexões facebookianas (25)

Da minha existência, quantos dias eu vivi?! JCCarranca reflectindo enquanto se prepara para o que der e vier.

Eu já fui e voltei atrás no tempo umas mil e quinhentas vezes, já tentei entender os motivos para cada passo errado que dei e para cada lágrima que derrubei e desconsegui. JCCarranca reflectindo enquanto espera um taxi

Hoje eu estava no quarto arrumando as minhas coisas e encontrei a minha alma. JCCarranca reflectindo enquanto arruma uns livros

Eu acredito nas casualidades, nos encontros, nas passagens. JCCarranca reflectindo estendido ao sol numa praia deserta pelo vento

Como me posso perder se não sei para onde vou? JCCarranca reflectindo enquanto pedala

Talvez eu não diga o que sinto, talvez eu não mostre que me importo, talvez sim ou talvez não. JCCarranca reflectindo enquanto decide se atravessa a rua ou não

Tenho tanto que fazer para conseguir sair do nada em que me tornei. JCCarranca reflectindo enquanto deixa o vento fazer rastas nos seus cabelos

O céu azul é o telhado do mundo inteiro. JCCarranca reflectindo emquanto se estende numa praia

Sanzalando

9 de julho de 2013

nadando para lado nenhum

Olha só eu a nadar no zulmarinho. Parece fui feito aqui. Parece este é o meu mundo. Tivesse eu barbatanas, escamas e capacidade pulmonar e ias ver se não era agora que eu começava a nadar em direcção ao sul. Hoje nem o vento é brisa e a corrente nem sei de que lado vem. Nado, parece nasci aqui. 
Tu me conheces, tu sabes que eu não ia falar só porque tenho palavras para dizer. Se estou a falar é mesmo porque sim. Porque tenho muitos metros para nadar, se tivesse só um eu não ia conseguir nem me deitar parece é bóia, quanto mais nadar. Mas eu tenho muitas palavras que escondem os meus segredos, outras frases que camuflam os medos e outros parágrafos que mais não são que degredos de mim.
Aqui a nadar consegues ver a minha vontade, mesmo neste corpo disforme, nesta cor pálida e neste sorriso que nem amarelo pardo quase parvo. Talvez o mundo nem saiba eu existo. Mas eu tenho palavras que afogam a minha agonia em cada respiração. Eu quero dizer tantas palavras que elas acabam se atrapalhando na boca e num electrocutado modo de dizer nem eu as entendo. Nado, sem destino, como treinando para a odisseia que um dia jurei cumprir e não tenho palavras para afogar essa jura, nem cara que consiga decepcionar a minha alma por não ter tentado.
Nado no zulmarinho sem arte, sem misericórdia e sem piedade, só porque enquanto nado não digo palavra para não me afogar.


Sanzalando

8 de julho de 2013

trocas de verão

Sopra calor que nem vento cheio de luz e olho o zulmarinho limpo e de águas calmamente claras e bonitas. Tivesse eu trazido uma toalha, uma cesta de vime, umas formigas e aqui fazia um piquenique enquanto meditava do que poderia encontrar para lá da linha recta que é curva e que só consigo imaginar de memórias. 
Não, não atiraria papeis para o lado, nem garrafas de plástico nem de vidro, nem tampas e nem tanpinhas, nem chuinga e nem cascas de ginguba. Não deixaria a minha memória sujar-se de coisas banais. Só queria ver o que existe depois da linha, para além da minha imaginação.
Sabor a maresia, perfume salgado aqui estou a contemplar-te sem uma cesta de vime nem uma toalha aos quadrados.
Masco chiunga, depois de ter descascado e comido umas gingubas, bebido uma birra estupidamente imaginária, continuo a ter a memória soprada pelo calor e a clareza dum sonho.


Sanzalando

7 de julho de 2013

as ovelhas de memória

Olha o zulmarinho parece pasto de ovelhas, tantas são as ondinhas brancas na sua área que parece mesmo é rebanho a pastar num pasto azul. Mas eu não vim aqui para contar carneiros nem afins. Eu vim aqui mesmo para ver os meus sonhos, se possível banhar as minhas ideias e receber mukandas que possam chegar desde lá, do sul, da linha que me separa do que eu consigo ver para o que eu posso só imaginar com imagens de memória.
Parece mesmo que cada vez mais não tem essa do nós. É mesmo tudo separado. Tu do lado de lá e eu do lado de cá. Acho mesmo é melhor eu não insistir pois parece aula de ginástica para perder barriga mas dói tudo que é mexivel e a barriga continua igual. Assim como mais uma vez eu me habituo à ideia de não fazer mais parte da tua vida, embora tu continues a fazer da minha de forma obcecada. De verdade que tem horas eu penso que o sueste me avariou e eu já não faço parte desse lado de lá da linha eu imagino de memória. Se fosse um filme aparecia a palavra FIM ou de end se fosse americano como os filmes que me levavam à matiné de domingo de tarde, no cinema do Eurico.
Olha o zulmarinho a dar-me saudades de todos os dias da minha vida. Eu sei que não sei disfarçar e não consigo destrocar este coração mole por outro assim como carrancudo e nas tintas para essa coisa de nostalgia e solilóquios de saudade.
Pronto, me diz um dos meus eus que é mesmo do sueste que me assopra para o norte e eu na minha leveza de ser lá vou, contrariado.



Sanzalando

6 de julho de 2013

do cimo da falésia

Do cimo da falésia olho o zulmarinho. Me atiro ou fico só mesmo daqui a lhe olhar? Parece estou a ouvir um coro a gritar: salta, salta! Ao ritmo de palmas. Eu olho em redor e não está mais ninguém se não todos os meus eus aqui junto a mim. Salto uma ova, digo eu do alto do meu egoísmo. Não é pela altura que dessa eu não tenho nem medo nem pavor. É mesmo só pelo vento que sopra vindo do sul e ainda me leva mais para norte. E depois fico afectado pelo sueste. Não, não e não, repito para todos os meus eus. Entreolho-me e num ápice decido que enlouquei de tanto sol.
Do cimo da falésia olho o zulmarinho.


Sanzalando

5 de julho de 2013

faz sol e faz vento

Tem sol que queima ao mesmo tempo que venteia que me despenteia e não me deixa olhar direito o zulmarinho. Assim não tenho ideia de como ele está de quente ou gelado, de quantas braçadas eu aguentaria dar, de quantos metros eu me iria aproximar da linha que se afasta quando me aproximo. Mesmo melhor é prender o cabelo, amarrar este vazio como se não faltasse nada e não pensar que me falta um bocado de mim que perdi num dia qualquer lá para trás umas tantas vezes.
Tem sol e faz vento e aquilo que me aclama é o mesmo que me desassossega nesta vida de duração indeterminada.
Tem sol e faz vento e não me atiro no zulmarinho porque ainda poderia sair a voar que nem avião de papel, que a gente não sabe nunca onde vai parar. 
Faz conta hoje não estive aqui, porque faz sol e faz vento.

Sanzalando

4 de julho de 2013

falando sério

Cá estou eu a apanhar sol na moleira apenas protegido pela antiga farta cabeleira que agora rareia. O zulmarinho visto daqui parece ferve mas se lhe chego perto até arrepia na espinha parece é gelo a entrar na carne como faca entra na manteiga derretida. Já sei que estás a pensar que eu hoje estou virado para frases feitas. De facto já fiz tantas que já não sei mesmo que lado é que está a imaginação, a memória e a inspiração para eu te falar sem transpirações deste sol que me torra pensa eu sou pão de tem dois dias.
Falando-te de coisas mais sérias, é verdade que tens razão que eu escrevo mentiras no meu diário para viver as verdades sem ninguém mais ficar a saber.
Mais sério ainda é a gargalhada que eu vou dar depois de conseguir entrar nesse zulmarinho e tentar lhe abraçar só num abraço e chegar lá, ao horizonte dos meus sonhos.


Sanzalando

2 de julho de 2013

gostar de mim

Dei para ai uma centena de braçadas. Respiro ofegante e vejo que a linha de horizonte está à mesma distância de há pouco. Parei a pensar e decidi não continuar. Regredi nas braçadas e voltei a terra firme. Em pé olho para lá da imaginação. Não darei cabo da cabeça para estoirar o coração nem vice versa.
Me sento na areia e continuo a olhar sem direcção. Queria gostar um pouco menos de mim, queria que o coração não batesse tão forte, queria apagar a memória. Queria continuar aqui sentado a olhar para lado nenhum.
Faz sol e o vento é brisa. Não quero pensar de mais quero fazer mais. Mas tenho de gostar menos de mim. Quero correr atrás de tudo o que já perdi e não sei porquê, ficando só para trás o que deixei porque sim.
Sentado na areia recordo as braçadas que dei, o regresso e continuo a gostar de mim.


Sanzalando

1 de julho de 2013

deliriamente

Olho desde aqui para o zulmarinho que parece vai dormir, tão calmo e sereno. Espero ele sonhe comigo, espero ele me embale numa serenata de tranquilidade durante as minhas horas de pausa. 
É, sabem eu preciso descansar, repousar ideias, acalmar sonhos e adormecer desejos? Imaginam-me imortal desumanamente?
Aqui, na minha mortalidade, olhando o zulmarinho vejo que a saudade tem duas caras. Olhem bem para ela. Reparem que ela mostra solidão e tristeza, assim como que misturada pela luz da memória e ganha um contorno de felicidade. 
Já estou a ouvir me chamarem de louco, já ouvi a gargalhada de desprezo, de faz pouco. Já estou a ouvir que eu quero parecer romântico e por isso falo de solidão e felicidade numa mistura a perder de vista. Já vi que não posso ser um qualquer eu que às vezes pensa.
Pois é, alguém me diz agora ao ouvido que o amor é uma saudade constante. Só pode ser sereia porque olhando para todo o lado só me vejo e ao zulmarinho que um dia nadarei sem lhe tocar.


Sanzalando
recomeça o futuro sem esquecer o passado