recomeça o futuro sem esquecer o passado

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4 de novembro de 2024

9 de Novembro

e no próximo sábado vou fazer mais como? vou dizer ou vou só olhar? Eu gosto das pessoas, não por elas mas sim pelo que elas me fazem sentir. Não é um olhar e está gostado. É mesmo por nós que lhe vemos com alma e coração. Tem razão que a razão não explica. Sente-se. Vou ficar calado e a lhes olhar, mais ou menos como que assim perdido no espaço do tempo.

Sanzalando

3 de novembro de 2024

cada dia

Cada dia que vai passando eu cresço. Não só na idade. E se choro, não é de saudade nem de dor. É por emoção, pois eu não sou um robot, uma máquina repetitiva de sorrimos e ideias geniais. Com a idade vamos aprendendo a ver as coisas como são e não como somos. Em criança acreditamos na imortalidade, desconhecemos a doença, ignoramos o limite. Com o tempo tudo isso vai chegando, tudo isso vai crescendo em nós. 
Como diz Luís Fernando Veríssimo, é melhor vivar cada dia como se fosse o último porque um dia nós acertamos.


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31 de outubro de 2024

Tesourinho musicais 18 - Conjunto Académico João Paulo


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Programa 41 - K'arranca às Quartas

Programa de Rádio com palavras, livros e música  - 30 de Outubro de 2024. 

tal e qual como se fosse em directo
Hoje falamos de sonhos, ouvimos música, a crónica ou coluna ou lá o que é que aquilo é, os tesourinhos Musicais que foram, Conjunto académico João Paulo, dos Maias e do Eça de Queiroz . 

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recapitulando

Matiné do Eurico. Talvez seja Marisol ou Joselito. Quem sabe eu tenha sorte e dê o do Cantiflas. Pode ser mesmo só qualquer coisa que tenha legendas e eu perceba. Não quero filmes com sangue e mortes. Morte só se for por amor. Acho que vou comprar bilhete para o balcão. Lá em baixo tem muita confusão e eu gosto de ver o filme no mais selecto sossego. Já sei que o filme é da Rita Pavoni e ela vai para o convento. Já sei eu vou chorar que nem ela. Ou será o Gianni Morandi a ir para a tropa e deixar a sua amada em terra. Non sou Digno de ti, mas em italiano que eu sou sei dizer e não sei como se escreve. Mas de qual destes todos eu gosto mais? Se eu não tivesse medo ia dizer que venha o diabo e escolha. 
Como é bom vir à matiné do Eurico no Domingo à tarde. Até parece a música do Nelson Ned. Te lembras como o guarda costa lhe tirou do palco, até parecia ele era criança? Que voz que ele tinha. 
Como é giro este cinema de balcão e plateia. Imagina os gajos lá em baixo levarem com papeis desde cá de cima. Mal comportados. 
Mas ainda não é domingo.

E tudo isto vem a propósito que no Domingo fui ao Cinema ver Os Papeis do Inglês e lá só estava gente que ia ao cinema do Eurico



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30 de outubro de 2024

Microfone Livre 05 Graig Rogers - K'arranca às Quartas


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Crónica 30 - Kárranca às Quartas


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Os Maias - Eça de Queiroz no K'arranca às Quartas


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tempos

A gravidade me curva como que apelando para que eu desça à terra e me horizontalize num eterno descanso. Contrariando a força do tempo, resisto e insisto que a vida é mais longa que a que tenho pelo que sobre a coluna vertical me seguro. O tempo parece que desaparece num exótico tempo de rapidez mal gasto, numa estrutura construída pelo próprio tempo, brilhando na juventude e empalidecendo em cada tempo usado que até parece descorado em pastel exoticamente mal definido.
O tempo, eterno enquanto dura e volátil quando deixado por sua conta e risco.


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29 de outubro de 2024

divago-me

São assim tantas de uma manhã de outono. Desde que me mudei para este aqui eu sinto as quatro estações do ano e alguns apeadeiros. Tem dias que estão as quatro ali nessas horas. 
Se achas que eu vou chorar o tempo das duas estações te enganas, porque a minha mãe mãe trabalhava na dos Caminhos de Ferro e passava a pé, todos os dias, na dos Correios e eu agora não vou mudar o mundo só por causa dessas estações. Tinha calor e tinha cacimbo e de vez em quando chovia. Frio era bué. Vendo bem as coisas os frio de lá é o calor daqui ao fim de tarde. 
Eu seu que me vulnerabilizei. Coisas que o tempo faz. No outono caem as folhas e eu caio de sorriso fechado no cinzento dia que tenho pela frente. Vou fazer mais como para não mostrar a minha dor? É, não lhe desvio o olhar e sigo em frente faz de conta é sempre verão, e verão que as coisas alegres acontecerão. Se assim não for hoje vai ser amanhã, ou depois.
Deixa só seguir as estações. Do ano ou do comboio, tanto faz desde que eu ganhe tempo para ter tempo sem fazer nenhum.


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28 de outubro de 2024

escrevo-me em dia de aniversário

Hoje é o meu aniversário e parece-me esquisito estar aqui a falar para mim mesmo, desenhar palavras para mim. Há quanto tempo eu não me escrevo ou eu não leio o que escrevi faz tempo? Na verdade, eu nem sei se gosto de me escrever e muito menos de me ler.
É estranho. Uma forma de ser feliz mas ao mesmo tempo uma forma crítica de me ver. Distorço-me, desfaço-me, desprego-me e nem parece fui eu quem me escreveu.
Será que quando eu me escrevo eu estou a pensar em mim ou sou simplesmente eu a pensar e eu não me conheço como leitor? Será que escolho as palavras que gosto de escrever e não as que eu gosto de ler? Ou simplesmente escrevo sem ter em conta que sou eu quem vai me ler? Será que me dou folga quando me escrevo e faço-me outro?
Tive muito tempo para me pensar nesse passado que vai longo e não tive tempo para me concluir. Acho mesmo que embora o tempo passe eu desconsigo saber quem me escreve, quem sou e quem serei. Sei apenas quem fui.
Desejo só que eu esteja bem, feliz e que segure as minhas recordações como forma de ser, como forma de estar e como serei.
Feliz aniversário para mim.


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26 de outubro de 2024

abraço congelado

Fica fechado na minha cabeça, no armário da memória, na prateleira dos arrependidos aquele último abraço que não te dei. Não sabia que me estavas a dizer adeus. Não imaginava que estavas a mandar-me embora de coração destroçado mas ar altivo para um sempre que vai quase na metade de um século. Pensei era mais uma das tuas caras de até amanhã que hoje estou zangada. Estranhei-me que um dia, outro e outro se passaram marcados por silêncio.
Tentei falar-te mas o silêncio e a ausência eram sólidas evidências.
Fiquei comum aperto do peito, uma dor nos braços e umas lágrimas nos olhos.
O tempo foi passando. O silêncio manteve-se. A dor no peito foi-se aliviando até ao ponto de eu já não lembrar mais, os braços fizeram outros movimentos e deram outros abraços. O tempo lento ia andando como que novos caminhos fossem desenhados na minha cabeça. Uma ou outra madrugada, um ou outro momento de solidão, vinha-me à memória a vontade daquele abraço que não dei.
Congelado no tempo ainda encontro esse tal abraço, conservado e pronto para ser usado. Como é possível que o tempo de conservação seja tão longo quando o abraço foi desperdiçado no esquecimento de há quase um século?


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24 de outubro de 2024

Programa 40 K'arranca âs Quartas

Programa de Rádio com palavras, livros e música  - 23 de Outubro de 2024. 

  tal e qual como se fosse em directo
Hoje falamos de outonos, ouvimos música, a crónica ou coluna ou lá o que é que aquilo é, os tesourinhos Musicais que foram, Madalena Iglésias, do livro falámos de Veríssimas e Luís Fernando Veríssimo. 

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eu e o outono de agora

Sinto o outono entrar em casa. O jardim avermelhou-se e as flores desapareceram. O perfume a terra húmida sobressai. As pessoas circulam caladas num parece introspectivam. As plantas preparam-se para o inverno. As pessoas se aquecem de carinhos como que adivinhando a solidão dos meses frios. 
O outono renova-se a cada ano. Não sei, pois não tenho estudos para isso, mas parece está fraco, empalidecido em relação a outros outonos. Ou será só os meus olhos cansados que já não enxergam como Outrora?

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23 de outubro de 2024

És musa

Atraente não são as curvas bonitas do corpo,
mas sim as curvas bonitas da alma.
Lindo mesmo é o olhar.
A transparência do sentir,
a lucidez do ver,
a suavidade do paladar,
a volta do vir
sem ter que olhar

És a musa que inspira.

Quem me dera ser o colo que te recebe.
Quem me dera ser a carícia que te dou.
Quem me dera ser o amor que te tenho.

És a musa que inspira

Cabelos ao vento
cabelos apanhados
livre pensamento
os que tenho pensado.



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22 de outubro de 2024

tormentos de quietude

Se a alma está cansada vamos fazer mais como? Dormir descansa o físico mas os pesadelos continuam a exasperar a alma. Ver o mar só num assim de estar faz virar o mar chão em calema. Olhar o céu azul faz virar o céu branco de construções de nuvens que parece é um aglomerado de confusas formas. 
Ficar calado o cérebro pensa pensamentos em forma de palavras e sobressalta a alma.
Fica só assim num canto, numa sombra da noite e deixa a alma repousar. Ela vai repousar nem que seja depois do cansaço. 
Se a alma está assim pensa no que lhe fizeste. Nada?! Se calhar foi isso. Não fizeste nada e ela se atormentou de quietude.


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21 de outubro de 2024

intimidade

Nada é mais íntimo que estar o meu silêncio a olhar para lado nenhum e desenhar sonhos numa mente que rapidamente se esquece.


Sanzalando

18 de outubro de 2024

E eis-nos novamente em queda livre ou voo planado

Circulando aos Quadrados numa Recta que é curva
o fim de uma trilogia

Já te disse não sei quantas vezes, talvez nunca directamente, mas deixei nas entrelinhas, o quanto eu te queria e desejava. Acho que o fiz de todas as formas possíveis e imaginadas, realistas e até abstratas formas usei.

Quem diria que iam passar séculos de silêncio e com a forte possibilidade de, não havendo trovoadas ou outras calamidades, serem outros tantos de silêncio desértico? Sabes aquele silêncio que pica nas pernas e que arrasta o cabelo de forma irritante para cima dos olhos.

Não imaginas as vezes que te imaginei encostada no meu peito a receber um afago ou um abraço. Quanto tempo demora um abraço? Os meus, imaginários duram a eternidade do silêncio e são tão calorosos como a profundidade do desconhecido fundo marinho. Te posso dizer que me deves uma vida, porque eu apenas sou corpo de um sonho sonhado na imaginação fértil de um adolescente que se perdeu na lonjura do tempo que passou depois do adeus.

O teu lugar favorito nunca o conheceste, porque nunca estiveste entre os meus braços naquele abraço.

Faço agora mais uma tentativa de encerrar um ciclo. Acho chegou uma hora de fechar uma porta e abrir outra, para seguir um caminho ainda não desenhado, porém desejado, por mim querido e ainda não encontrado. Não é tarefa fácil sair dum estado acomodado, dum pousio confortável, duns momentos felizes e importantes e começar do zero um outro incógnito e escuro, porque não tem esquisso, porque não tem com o quê de comparado nem testado. É totalmente novo ou então seria mais do mesmo.

Não vou precisar mudar de casa, de amigos, de lugar, de ares. É só mesmo mudar de palavras, de sentimentos escritos, de temas, de cores garridas tropicais para cinzentos outonais ou outras cores menos usadas. Há que mudar porque o mundo é feito de mudança.

Queria fazer as pazes dos meus pensamentos bagunçados, mesclados, mestiçados e pensar sem ansiedades nem despedidas, sem lágrimas nem saudades. Queria ter as palavras despidas de mim, ditas por um alguém que usasse as minhas letras.

Está na hora de fechar essa porta e voltar a um presente que embora passado tenha futuro.



Sanzalando