A Minha Sanzala

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26 de abril de 2005

Prisões 38 - As prisões dos outros (II)

"Fio": Prisões

carranca
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As prisões de outros (II) Hoje, 20:08
Forum: Conversas de Café
Continuando a tentativa de libertação de outros, ao mesmo tempo que me vou libertando, eis-me de volta a um tema que havia ficado pendente.
citação:

-3)= O Acto Médico e sua consequente prescrição, presumo que comprovam o estado de saúde do doente, como interpreta a relutância de certos Médicos em
comprovarem o seu "Acto", por via documental, que atribui valor legal á situação
reconhecida?
"Se um médico abriu um tumor, ou tratou com faca uma ferida grave, ou curou um olho doente, receberá dez siclos de prata se o paciente for um homem livre, cinco siclos se for um descendente de plebeus, dois siclos se for um escravo. Se um médico abriu um tumor, ou tratou com faca uma ferida grave, e isso causou a morte da pessoa; se o médico fez o paciente perder o olho, então suas mãos serão cortadas, se se tratar de um homem livre. Se se tratar do escravo de um plebeu, ele deverá fornecer outro escravo." (Código de Hamurabi, Mesopotâmia, 1700 a.C.)
Tudo o resto terá a ver com mentalidades, do médico, do paciente e com as Finanças.
No entanto se a pergunta se dirige ao 'Relatório' que todo o médico deveria fazer...as minhas desculpas de ter levado a pergunta para o outro comprovativo.
Toda a observação médica deve estar de forma reprodutível, não só para futuros relatórios e observações mas também para defesa do médico. Se alguém o não faz...
É importante para todo o doente estar ciente de seus direitos perante médicos, dentistas e hospitais.
O doente tem direito de obter do seu médico todas as informações relativas ao diagnóstico, aos riscos e objetivos do tratamento indicado, conforme dispõe o Código de Ética Médica. É comum, porém cada vez menos, o médico deixar de prestar esclarecimentos aos doentes, ou a seus familiares, sob o argumento de que não entendem de medicina, no entanto, essa alegação não se justifica na medida em que pode e deve passar as informações em linguagem que possa ser entendida por leigos, não havendo necessidade de entrar em detalhes específicos da ciência médica.
voltari se me aprover
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Atende e bebe

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Atende conterra Hoje, 16:39
Forum: Conversas de Café
Como sabes estou longe do fim do zulmarinho que começa aí, pelo que hoje bebo contigo uma geladinha depois de ter virado um jarro de tinto e aviado uma posta mirandesa, via as novas tecnologias. Tu nem vais me reconhecer depois quando eu voltar para o fim do zumarinho, vou estar assim que nem parecido com o Bud Spencer. Mas te digo, conterra, nem um segundo ficst fora dos meus pensamentos. Anda, conerra, vamos verter umas quantas em sinal das amizades que nõ têm interrupção mesmo quando falta uma energia qualquer num fuzivel de cada um de nós.Não me importam hoje as marcas, devem ser é loiras e geladinhas. Alinhas?
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Prisões 38 - parar para pensar

"Fio": Prisões

carranca
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Parar para pensar Hoje, 16:24
Forum: Conversas de Café
Mas como posso escrever e livrar-me de novas prisões se estou preso nesta rede de contactos? Como posso reflectir se nunca mais fiquei sozinho, voluntariamente isolado? Não tenho tempo nem para ler, quanto mais para pensar.
Quantas vezes por dia param e pensam? Não estou a falar de deixar o pensamento vaguear enquanto estão no wc. Estou a falar de pensar, pensar mesmo. Reflectir sobre alguma coisa específica. Tentar chegar a alguma conclusão sobre alguma coisa. Levantar questões.
Alguém ao menos sabe do que estou para aqui a falar?Pois é disso que sinto falta.Por isso aqui estou, para lembrar que um dia voltarei ao pendentes.
Eu não quero que ninguém pense o mesmo que eu, já fico satisfeiro se alguém pensar.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

25 de abril de 2005


Apresento-vos o Papa Gaio I Posted by Hello

Prisões 37 - Contra o Principe encantado

"Fio": Prisões

carranca
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Contra o Príncipe Encantado Hoje, 22:09
Forum: Conversas de Café
Na minha liberdade de escrever o que me vai na gana, fruto de revoluções pernanentes, procuras insistentes, dar e baralhar de novo, mudo de diapasão, não para fugir, mas para esvoaçar a um vento qualquer.
Uma das grandes diferenças entre homem e mulher (a muito grosso modo, obviamente) é que os homens, emocionalmente menos complicados, sabem bem o que querem em termos de mulher, encontram-na rápido, ficam felizes com a descoberta e acomodam-se.Já as mulheres nunca têm a certeza de que tipo de homem estão à procura.
A maior prova disso é que os homens, quando reclamam das suas mulheres, é porque elas mudaram.
As mulheres, por outro lado, dizem: mas este homem nunca muda!
assim, levemente vou de nenufar em nenufar levando água ao meu moinho.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

24 de abril de 2005

Prisões 36 - As prisões dos outros (I)

"Fio": Prisões

carranca
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As prisões de outros (I) Hoje, 18:30
Forum: Conversas de Café
Há prisões que partem de conceitos e preconceitos. Duns e de outros encontro-me livre. Assim, na tentativa de libertar prisioneiros, usando neurónios, dedos e livros procuro as soluções para oferecer. Assim, começando sempre por um início tento fazer uma definição perceptível à não intelectualidade morosa e complicada de palavras por vezes sem significado.
Para muitos o acto médico é um simples exercício profissional, uma actividade para a qual se põe em prática os conhecimentos do saber médico. Este olhar que o define como acto técnico não permite revelar o componente sócio-cultural em que se subscreve.
Assim sendo, é necessário identificar os seguintes componentes:
- a intencionalidade tanto do médico como do paciente, explicita e implícita, que de uma ou outra maneira têm a haver com os conceitos e expectativas de vida e morte, assim como as interpretações sobre o corpo, a saúde e a doença;
- as práticas codificadas no saber médico dinamizadas a partir das intencionalidades do médico e do paciente;
- a ordem preestabelecida sobre a experiência, demarcando o espaço interior próprio e temporalidade definidas.
Todos estes componentes se articulam simultaneamente, para transcender o simples acto, o que nos permite reconhecer, em consequência, como um acto complexo.
Apesar desta complexidade, o acto se repete invariavelmente como um ritual, no interior do qual os participantes têm definido a sua actuação segundo a ordem preestabelecida.
O ritual se inicia no momento em que o paciente entra no gabinete médico, no momento em que a pessoa se converte em paciente.
Através de uma verdadeira objectividade o médico tenta limpar-se do campo intermédio da subjectividade, como que actuasse a partir de analogias, com a finalidade de diagnosticar com precisão, chegando à 'inquestionavel' verdade que legitima o diagnóstico como garante primordial para a cura.
No gabinete, este delírio guia o acto médico, o ritual que mais não é que o encontro do médico com a doença, marcado pela ausência de uma verdadeira interacção entre dois sujeitos, sabendo que a doença desfaz o ser humano.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Hoje é vespera de amanhã

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Hoje é véspera de amanhã Hoje, 17:03
Forum: Conversas de Café
Senta aqui, mermão, enquanto te conto uma estória de amanhã que pode não ter existido, porque hoje é só a véspera de amanhã.A um dia, outro se segue. Um corredor de dias assim em fila, parece a formiga no carreiro. Acaba um dia e se encosta a cabeça na almofada e fica mesmo só a brezzzzzzzz da cigarra, ensurdecendo os ouvidos que mais não fizeram que se ouvir a si mesmo. E assim como num repente chega outro dia. Vai sendo assim numa corrente sucessiva de presentes, de hojes ocos.Beberricando aqui e ali, preenchendo vazios solitários, monólogos monocórdicos e sonolentos.Manda vir mais outras para lubrificar a goela.Um livro que ficou mais um dia por abrir, um disco que não saiu da capa, um sorriso que ficou por dar, um abraço adiado. Um carreiro de presentes inertes com cheiro a bafio, esverdeados de bolor e sabor acre de azias digeridas.É assim um dia de Njau. Sabe que nasceu, foi criança mas não sabe onde e nem o que fez. Vadiou, disso se lembra. Escola? Aquela coisa que tem um patrício a botar falação sobre coisas que não viu? Vagamente parece ter uma ideia assim como penumbra nos pensamentos vagos. Sabe que sabe alguma coisa que não viu. Mas sabe de muito a que chamam vida vivida, aquela coisa mesmo sentida na carne, na pele. Já andou a ver um dia na vida de carpinteiro, quis fazer crescer a obra partindo do nada. Um dia a seguir ao outro, ripas, barrotes. Formas geométricas, perfeitas. Mas as suas mãos não foram feitas para isso. De tosco em tosco até ser convidado a dar à sola. Foi viver o dia na oficina dos carros, usando fato azul que preto mais preto já era. Mãos encardidas deixando marcas em todos os cantos e curvas como que a dizer que ali passou Njau. De marca em marca até sentir o céu como tecto e companheiro de todo o dia ou noite. Vagabundeou de bairro em bairro, de cidade em cidade, fez de tudo que o seu corpo podia. Viu seu corpo mudar, ganhar contornos de gente, pêlos crescendo, voz masculinizando. Aprendeu com mais velhos estórias da guerra, estórias da sobrevivência, lutou com o corpo em fugas, da polícia, da tropa de uns e de outros. Tirou mesmo o curso da sobrevivência na faculdade das milhentas ruas que calcorreou. Viveu cada dia como se fosse o último, medo de amanhã não ser dia de sorrir para a vida.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

23 de abril de 2005


da cor do zulmarinhoooooooooooooooooooo Posted by Hello

Bebo por todos porque estou no eílio sogral

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Bebo também por ti Hoje, 23:04
Forum: Conversas de Café
Hoje, mermão, vou ter que beber por ti. Por ti e por muitos avilos mais. Pois é, mrmão, hoje me meti no meu candongueiro e virei 800 km para longe do fim do zulmarinho. Hoje nem tem o cheiro da marzia, só se fosse engarafado, e esse ainda aí a passear por meio mundo antes de chegar a mim. Te aproveito para dizer, mermão, que hoe medi a minha popularidade. Verdade te digo, avilo do coração. Te conto como foi, não te escondendo mesmo nada.Então é assim, arranquei do fim do fim do zulmarinho e fui vendo que quanto mais me afastava dele mais carros eu via irem na direcção dele. Agora percebeste? Pois foi assim que medi. Agora aqui longe dele, sem loiras geladinhas, vou-me contentando com uns presuntos e postas de miranda e coisas do genero, mas desta vez acompanho com o Jonny Andante de 12 anos. Te saúdo, mermão.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Prisões 35 - Demografia parte-se em não sei quantos

"Fio": Prisões

carranca
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Demografia, parte não sei quantas Hoje, 22:48
Forum: Conversas de Café
Na minha liberdade de escolher por onde vou, por que rua sigo, para que norte ou sul avanço, retomo o tema da demografia. Um dia destes, se para tal estiver virado poderei caminhar para outras libertações, outros caminhos que ainda não asfaltados, escalfados ou estafados. Caminho para o umbigo de mim, livre que o 25 de há 31 anos me deu.

A situação actual é a seguinte: Nos países avançados alcançou-se um estado de maturação com a população. Nalguns países subdesenvolvidos não existe nenhum controlo de natalidade por razões políticas, ideológicas ou culturais pelo que a população vai crescendo de forma explosiva, duplicando em menos de 20 anos; nalguns países árabes inclusive se está a fomentar o crescimento da população. Na maioria dos países subdesenvolvidos, as campanhas a favor do controlo da natalidade estão a conseguir reduzir as taxas de fecundidade; apesar disso, como as gerações jovens que alcançam a idade fértil são muito mais numerosas que as que precederam, as taxas de crescimento da população continuarão muito altas durante mais umas dúzias de anos.
Existe um final? Haverá um limite ao crescimento, uma barreira impossível de ultrapassar? Alguns estudos científicos que consultei afirmam que estamos correndo na direcção de um precipício e que devemos interromper de imediato o esforço de crescimento.
Em 1970, o Clube de Roma, uma associação privada composta por empresários, cientistas e políticos, encarregou um grupo de investigadores do Massachusetts Institute of Technology da realização de um estudo sobre as tendências e os problemas económicos que ameaçam a sociedade global. Os resultados foram publicados em Março de 1972 com o título "Os Limites do Crescimento".
Será que esto no caminho certo?
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

22 de abril de 2005


no canto do olho Posted by Hello

Passeando de copo na mão

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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De copo na mão Hoje, 19:18
Forum: Conversas de Café
Pois é, mermão, hoje me deu para passear de copo, de loira estupidamente gelada, na mão. Vagadundei por aí, sitios soltos assim como que está a ver a coisa pela primeira vez. Não é que foi mesmo a primeira vez? Sabes, mermão, nos mesmos lugares por onde já andaste tantas vezes vais encontrar sempre coisas novas, mesmo que seja só o sorriso duma kota que te viu passar e disse bom dia. Mermão, de vez enquando tinha de parar para encher o copo. Te vou só dizer que foi mesmo um passeia de vagabundagem que deu przer. E sabes, mermão, foi sempre assim que na borda do zulmarinho, sempre a ouvir o cantar dele a fazer a serenata na areia da praia. Mermão, faltaste-me tu para companhia, iriamos os dois como que a conversar sobre coisas do início deste zulmarinho que fica lá onde a vista não alcança mas o coração não esquece.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Prisões 34 - Beethoven

"Fio": Prisões

carranca
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Mais uma que me prende Hoje, 19:10
Forum: Conversas de Café
Aproveitando a homenagem a Beethoven, aproveito para deixar este texto que me prende... a coincidência de nomes é mera dita cuja...
Podes dizer-me que não é fácil interpretar uma Sonata de Beethoven. É preciso sensibilidade, perícia e anos de muito de estudo.
Mas também poderás dizer que não é fácil "interpretar" O Grito, de Munch. É preciso sensibilidade, perícia e anos de muito de estudo.
Então, por que é que um falsário, que "repintou" O Grito exactamente como Munch o pintou, tendo sido necessário algum tempo para se verificar que era falsificação, não é considerado um tão grande artista quanto um maestro que executou exactamente a Sonata como Beethoven compôs?
Pior um é considerado um criminoso, o outro, virtuoso.
Aí tu argumentas: o maestro não se limita a reproduzir ou executar fielmente a obra de Beethoven. Ele interpreta. Ele impõe a sua própria visão.
Óptimo! Já posso até ver os cartazes: "Carlos Carranca interpreta Francisco Nóbrega, na Biblioteca Nacional".
Eu entro no palco, sozinho, luz directa sobre mim, e leio a minha versão modificada de Francisco Nóbrega. A minha visão. Tirei algumas vírgulas, para o texto ficar um pouco mais rápido, troquei algumas palavras, por estarem bolorentas, por outras que me são mais familiares, e até decidi que, afinal de contas, ele viu mal a estória e eu modifiquei mesmo o final.
O espectáculo dura somente umas duas horas e meia, sem direito a intervalo. Afinal, é um livro longo. E no final, sou aplaudido de pé.
"Carlos Carranca é o mais novo virtuoso da literatura, dizem as crónicas de arte dos jornais, ele trouxe Francisco Nóbrega ao século XXI com a mão firme de um mestre em sua arte".
Ah, quem me dera que se fosse assim tão fácil.
Para que eu, algum dia, seja considerado um bom artista, eu vou ter que de facto criar alguma coisa?
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

21 de abril de 2005

Muitas birras

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Muitas birras por favor Hoje, 19:45
Forum: Conversas de Café
Hoje, mermão, fui mesmo na beirinha do fim do zulmarinho. Lhe estava com saudade de sentir o sal que vem desdo o início dele até a mim. Depois, mermão, sentei na esplanada, bebi, enquanto te esperava. Nesse momento deu para ficar a olhar a linha recta que é curva e meditar, ver a terra que se reflete na Lua, quando tem lua nova, e deu até para sentir os cheiros, ver as poças de água nas estradas que já eram, sentir o bafo quente da vida que parece não ter fim. Mermão, enquanto não chegaste, deu mesmo para sentir que o lugar é lá mesmo, com todas as coisas boas e más que te venham na cabeça. O lugar, mermão é lá mesmo.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Prisões 33 - Artisticamente arquitectos

"Fio": Prisões

carranca
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Arquitectos e arte Hoje, 17:50
Forum: Conversas de Café
Na minha liberdade de dar, baralhar e tirar cartas da manga, ou mangas da cesta, apetece-me sair da demografia e continuar numa outra fotografia. Talvez babado com as palavras que me têm sido dirigidas ou digeridas, volto ao tema da polémica que de polémica não tem nada.
Uma vez, conversando com uma das muitas minhas amigas, que por acaso não é loira, tocou-se no tema arquitectos. Ela, que nunca tinha parado para pensar no assunto, não sabia que existia essa classe profissional. Na sua cabeça, eram os homens que via nas obras que levantavam o prédio por conta própria.
Não é uma inocência tão absurda esta. Há obras, comparativamente mais complexas do que qualquer construção humana, que são feitas por animais muito mais insignificantes.
Mas, com o meu ar professoral, fiz questão de ensiná-la o que era um arquitecto e qual a relação entre um arquitecto e os operários. Essa amiga é uma das pessoas mais inteligentes que já conheci. Ela ouviu tudo, entendeu mas não recebeu o que lhe disse. Para ela, o prédio, se era de alguém, era dos operários, que estavam lá, com a mão literalmente na massa, e não do arquitecto, que fez um desenhinho lá longe no escritório dele e pronto.
Naturalmente, nós, cultos, adultos e refinados, sabemos que a minha amiga está errada. O artista é o arquitecto. O prédio é criação sua. Os operários apenas executaram sua visão artística.
Ou será que estou a entender tudo errado?
Quero dizer que esta minha amiga tem apenas 5 anos, e se ela deixar voltarei com outras ideias dela, um dia destes ou daqueles
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

20 de abril de 2005

Prisões 32 - Demograficamente em parte dois

"Fio": Prisões

carranca
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Demograficamente em parte dois Hoje, 20:17
Forum: Conversas de Café
Enquanto há gente presa ainda em discussões artísticas eu vou libertando-me nesta prisão mais vasta que é o planeta que me acolhe. Graças a deus que não sou marciano, pois detestaria ser um homem de verde.

As sociedades agrícolas tradicionais necessitavam de altas taxas de fecundidade para compensar as altas taxas de mortalidade; a urbanização, a educação e mudanças económicas e sociais concomitantes causaram uma diminuição das taxas de mortalidade de menores de um ano pelo que as taxas de fecundidade começaram a declinar à medida que os filhos passaram a ser mais caros e menos valiosos em termos económicos.
Isto porém não é repetido em todos os países de uma igual forma. A velocidade das mudanças difere de um país para outro provocando assim grandes disparidades com importantes repercussões na distribuição das rendas. Nos países europeus, os avanços da medicina se têm estado a fazer ver, paulatinamente, nos últimos duzentos e cinquenta anos. As mudanças culturais e a mentalidade evoluíram de forma paralela, permitindo uma descida também da taxa de natalidade. Em consequência, ainda que a taxa de crescimento da população seja alta na Europa durante muito tempo, nunca se alcançará as características explosivas típicas dos actuais países subdesenvolvidos.
Nestes países as taxas de fecundidade e mortalidade são muito altas porém a diferença entre elas é muito estreita, pelo que a população se manterá estável por muitos anos. Esta foi a situação de todo o mundo até há trezentos anos, mantendo-se ainda em muitos países subdesenvolvidos estes parâmetros demográficos. Nos países subdesenvolvidos a taxa de mortalidade desce muito mais rapidamente que as taxas de natalidade e fecundidade e os avanços da medicina ocidental se estendem e aplicam com facilidade, porém as mudanças de mentalidade requerem muito mais tempo. Como consequência dessa disparidade a taxa de crescimento da população aumenta de forma explosiva. Nos países desenvolvidos, as mudanças culturais e os avanços técnicos de controlo da natalidade permitem uma descida das taxas de fecundidade e de crescimento. Finalmente, as sociedades maduras caracterizam-se por taxas demográficas muito baixas e população estável. Esta é a situação actual nos países mais desenvolvidos.
continuarei se a arte do engenho não se finar numa prisão sem grades
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Vamos fazer uma beberação

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Hoje, 18:07
Forum: Conversas de Café
Senta aí a meu lado, avilos, de todo o mundo e vamos mesmo fazer uma beberação. Pois é, muitas loiras geladas, muitas fantas de morango, muitos cacaus e muitos gengibres. Vamos mesmo fazer uma festa por que estar vivo é festa.Senta aí, avilos de todo o mundo, e vamos sentir o baloiçar deste mar que nos une quando parece que nos está a afastar. Mas imagina só, avilo, que é ele o unico condutor ininterruptivel, desculpa mesmo o palavrão, que nos liga fisicamente. Vpcês desse lado e nós desse lado que nem telefone do antigamente com caixa de fósforo e barbante.Mas não tem esquecimento de pagar as loiras geladas que eu bebo.Todos os avilos que tem aqui sentado merecem mesmo uma beberação. Vamos combinar mesmo. Estatísticamente falando quem faltar vai estar presente, pelo mesnos no pagamento das minhas loiras geladinhas.
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Carlos Carranca

19 de abril de 2005

Pito dourado

Enganei-me, pensei que era o fio Pito Dourado...Quem teve o prazer de me ver na SportTv na manhã de Domingo passado, 17, terá assistido a um capítulo da Celebre Novela Apito Dourado. Mas curiosamente, com o processo em curso, continua a ver-se tudo e mais alguma coisa no futebol português. Queira o Sporting, o Benfica, o Leiria e outros tantos que a Disciplina e a Arbitragem saiam do seio dos clubes, ou seja da sua LIGA e outros galos cantariam. Sentem-se os dirigentes, os HONESTOS, com o Secretário dos Desportos e falem abertamente, que vivemos numa sociedade de Direito, de tudo o que sabem e aceitem que os mandatos dos dirigentes não sejam repetitivos e outros galos cantariamPenso eu de que...
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Carlos Carranca

saudadessssssssssssssssssssssss Posted by Hello

Prisões 31 - Pensar o mundo de amanhã

"Fio": Prisões

carranca
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Pensar o mundo de amanhã Hoje, 19:46
Forum: Conversas de Café
Os ecologistas estimam que a Terra pode proporcionar alimento suficiente para um máximo de trinta milhões de indivíduos. Nos quatro milhões de anos que passaram desde a evolução do "homo erectus" ao homem actual, não se superou este valor. Possivelmente a população total do Paleolítico oscilaria entre os seis e os dez milhões de seres humanos. A revolução neolítica, há cerca de dez mil anos, mediante a aplicação de técnicas agrícolas e de produção pecuária permitiu a primeira grande expansão da espécie humana; calcula-se que a partir de então a população começou a crescer a um ritmo que se duplica a cada mil e setecentos anos. No início da nossa era calcula-se que viviam umas cento e cinquenta milhões de pessoas: uma terça parte no Império Romano, outra terceira parte no Império Chinês e a restante disseminada pelo planeta.
A Crise do Império Romano esteve associada às primeiras grandes epidemias que provocaram uma diminuição da população. No ano 1348 estende-se pela Europa a Peste Negra que se estima tenha reduzido a população europeia a um terço. Apesar disso, no ano 1600 a Terra tinha alcançado os quinhentos milhões de habitantes. A partir desse momento verifica-se a explosão demográfica e a população começa a duplicar-se a cada duzentos anos. Em 1800, alcançou-se os novecentos milhões de habitantes. Com o ritmo que se segue em 1900 se alcançaram os mil e seiscentos milhões; em 1960 havia cerca três mil milhões. Em meados de 1999 superaram-se os seis mil milhões de habitantes.
Felizmente a taxa de fertilidade está a diminuir em todo o mundo. As tendências actuais permitem predizer que a população mundial alcançará a estabilidade no ano 2110, quando existirem 10.529 milhões de habitantes na Terra. Porém até então a situação de desequilíbrio demográfico mundial continuará inevitavelmente a sua deterioração.
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Carlos Carranca

Conta teus sonhos

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Conta os sonhos Hoje, 19:32
Forum: Conversas de Café
Senta só aqui ao meu lado e segreda no meu ouvido as estórias que te estalam dentro do corpo. Mas não te esqueças de pagar as que eu beber. Conta as tuas vidas todas, segredos e fantasias, sonhos e medos, e viajemos unidos na Magia, ondulantemente ao sabor das ondas, embriagados no perfume que este zulmarinho trás de desde o início dele.Senta, camba, e começa a faladura que tenho os ouvidos em pulgas para ouvir o som melodioso da tua voz a confidenciar-me. Conta tudo mesmo a realidade que não aconteceu, só por mero acaso. Te ouço, camba, mesmo que às vezes eu te pareça que estou a nevegar sosinho na frescura desta birra gelada. Te ouço com a maior atenção deste e doutros mundos, porque te quero ouvir, porque a tua voz me sabe que nem música.Vês, camba, como esse zulmarinho ficou mais azul que parece transborda felicidade, só porque tu te sentaste aqui ao meu lado e me falas.Manda vir só mais outra, por agora, que eu te escuto.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

18 de abril de 2005

Deserto cervejeiro

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Deserto cervejeiro Hoje, 18:02
Forum: Conversas de Café
Aqui sentado, olhando o fim da terra, silêncio interropido pelo arritmo das ondas do zulmarinho, navego em sonhos das estórias que já falei, das vidas que vivi, dos amanhãs que estão aí não tardam nada.Bebo na companhia de mim, umas atrás de outras, afogando a solidão de viver num mundo que nem este mas que não tem outro, mesmo.Bebo hoje, não para refrescar a goela, mas simplesmente pelo prazer de beber umas e outras, estupidamente geladas, loiras. Sinto o cheiro da marzia, ouço as ondas e navego nos meus sonhos de fantasia real.Hoje bebo por mim!
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Prisões 30 - Afinal a arte divide-se em três

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carranca
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Afinal a arte parte-se em três Hoje, 17:56
Forum: Conversas de Café
Mas como me apetece continuar na arte, ou ARTE, eis-me aqui.
Sempre que posso vou aos concertos, ver bailados, óperas e teatro. Adoro, não percebendo nada do que se passa, mas ali fico no meu silêncio. O meu ouvido musical é mais duro que granito, a leveza dos corpos transcende a minha capacidade de ver para além do belo, as árias são imperceptíveis e os movimentos cénicos só se comparáveis com a realidade.
Deleito os sentidos. Gosto ou desgosto. Sem meio termo. Sem qualquer explicação plausível. Sem qualquer discurso dialéctico. Fico impressionado com a coragem que deve exigir subir a um palco.
A minha arte, graças a deus, não é executada ao vivo, perante público.
Eu nunca tenho esse electrizante contacto com a plateia ao vivo, que imagino seja um dos melhores momentos na vida de qualquer artista.
Mas será que esses artistas são realmente artistas?
se vier trovoada é porque assisto a um festival ao ar livre...
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Prisões 29 - E se todos fizessem como eu?

"Fio": Prisões

carranca
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Sou Mais Eu do Que o Mundo 17-04-2005 22:30
Forum: Conversas de Café
Egoísmo? Talvez sim, talvez não. Frase sem sugeito, verbo ou complementos. Frases que se juntam e se textualizam.
Há pessoas que combatem a alienação. São uns criminosos contra a humanidade. Sem a nossa alienação, o que seria de nós?
Para compreender a eleição papal, as pessoas e suas ideologias, tive que pesquisar bastante, em jornais e na Internet, já que não percebia mesmo nada do tema. Fiquei muito actualizado (ou seja, nada alienado) sobre o assunto: eleições num conclave.
Poucos assuntos poderão ser mais relevantes nesta altura. A vitória de um ou de outro terá um impacto direito em nossas vidas, uma vez que parece que o mundo vive a moralidade ditada por um dos 115.
Mas essa não alienação vai me ajudar no quê? Sou uma pessoa melhor por estar mais informado sobre a eleição ou escolha? Isso tornou-me mais maduro, mais sábio, mais coerente com o mundo? Em que é que isso vai ajudar-me na minha vida? Vou poder influenciar o curso dos acontecimentos?
Noutro dia, a minha mulher quis fazer-me um teste surpresa e pediu-me para dizer três coisas que ela não gostava comer. Eu não soube dizer nenhuma.
Saber que coisas a minha mulher não gosta de comer é um conhecimento infinitamente (repito, infinitamente) mais importante do que saber qualquer coisa sobre as eleições papais, inclusive o simples facto de que elas vão acontecer.
Quanto mais actualizado fico com o mundo, mais me distancio de mim. Sou mais eu do que o mundo a qualquer hora. Quem perde com esse processo de distanciamento sou eu, não o mundo. Está na hora de revertê-lo.
Eu quero explorar os meus mistérios e segredos.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

17 de abril de 2005

Prisões 28 - Se o mundo fizesse como eu?

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carranca
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E Se Todo Mundo Fizesse Como Eu? Hoje, 18:14
Forum: Conversas de Café
IMPORTANTE:
citação:
Alguns têm aqui vindo ler, outros escrevem e outros ainda questionam. Não
me compete dar respostas, não só porque não as quero dar como também não estou
para pensar, para 'entrar' em outros corpos e 'viver' as vidas desses mesmos
corpos.
Directa e indirectamente têm surgido também sugestões de temas. Como tais
temas têm que ser pensados, estruturados, elaborados, pode ser que um dia, se
para aí estiver virado, saiam da 'prisão' do meu pensamento e aparecem por
aqui.

Invariavelmente surge esta pergunta. É uma das objecções mais fracas que se pode fazer contra qualquer argumento ou ideia.
Imaginem um engenheiro/arquitecto a projectar um prédio, calcular todas as variáveis possíveis, forças do vento, erosão do solo, um sem número de premissas, e um intrometido aparece e pergunta: e se cair um meteorito no prédio?
Irritado diria o engenheiro: a probabilidade disso acontecer é tão pequena que não precisa ser calculada e nem mesmo levada em conta.
Eu digo mais: a possibilidade de um meteorito cair num prédio é infinitamente maior do que a de todas as pessoas adoptarem o meu estilo de vida, a minha maneira de pensar e viver. Até que porque a primeira é improvável e a segunda é impossível.
Não estou escrever para os outros. Não prego no deserto para modificar o comportamento dos homens.
Escrevo para mim mesmo. Exponho como cuido, como gostaria de cuidar, ou como penso a minha vida.
Tu, por favor, cuida da tua como achares melhor.
se algum dia me apetecer poderá acontecer voltar, ou não!
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Mermã, vem beber connosco

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Mermã, vem beber connosco 16-04-2005 00:38
Forum: Conversas de Café
Vem sentar aqui, mermã. Trás os teus livros, trás as tuas estórias e vem viajar connosco nos sonhos mágicos de magias pensativas e santitantes que fervilham nos cérebors de quem tem a capacidade de sonhar.Vem, mermã, mas não te esqueças de pagar as que eu beberei para olear a garganta de modo que tu fiques sentada a ouvir os estórias que são verdadeiras mesmo que não tenham acontecido.Senta aqui, mermã, olhando as mil cores do zulmarinho, sentido o perfume da marzia e ouvindo a sinfonia arritmada das ondas, do final do zulmarinho que tem o início dele lá depois da linha recta que é curva.Te conto, mermã, que anda a viajar neste fim do zulmarinho uma garrafa da água do início do zulmarinho, vai viajando até que um dia destes vai chegar nas minhas mãos e eu vou senti-la, perfumar-me na sua marzia, e sei, mermã, que dos meus olhos vão cair umas gotas iguais às desse mar que trago no peitoSenta, mermã, e bebe comigo as birras geladinhas e loiras.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

16 de abril de 2005

Prisões 27 - Preso à IMPORTÂNCIA, parte 3

"Fio": Prisões

carranca
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A arte desvistuada, parte(-se em) dois Hoje, 00:21
Forum: Conversas de Café
citação:

Somos artistas porque somos inúteis. Estamos fora da cadeia produtiva da
sociedade e temos orgulho disso.
Por um lado, eu poderia argumentar que os artistas têm os menores egos de todos, pois só eles encaram realmente de frente a inutilidade de seus esforços.
Por outro lado, convenhamos, que é piada! Qualquer um que conviva com um artista sabe que têm os maiores egos de todos. Eu sei, que às vezes são chatos de aturar, mas são ossos do ofício. Os jardineiros têm as mãos calejadas, os jóqueis têm as pernas arqueadas, os artistas têm os egos inflamados.
Não acredite em artistas tímidos e humildes. Existem artistas hipócritas, mas essa é outra estória.
É preciso muita coragem para encarar uma tela vazia, uma partitura em branco, um monitor do pc vazio, um bloco de pedra bruta, etc.
É preciso muita arrogância para achar que se pode ainda ter algo a dizer num campo onde já pastaram paquidermes como Mozart, Picasso ou Shakespeare, Camões ou Luandino, Pepetela e Ondjaki, etc.
É preciso muita segurança para não desabar ao primeiro (ou ao centésimo-nono) abanão que a vida, o público ou a crítica lhes dá.
Mais do que tudo, é preciso muito ego para dedicar uma vida ao inútil.
Outros fazem pão, cheiram e provam o resultado dos seus esforços. Outros se dedicam à medicina e vêem os seus doentes saindo do hospital curados de todos os tipos de doença que sejam curáveis.
Enquanto isso, um artista, que pode ser uma mulher brilhante intelectual e fisicamente pendura fotos numa parede. Outros escrevem sobre coisas que nunca aconteceram a pessoas que nunca existiram.
A arte, quando bem feita, é inútil. E é inútil tentar defini-la.
será que me safei bem? logo se verá.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

14 de abril de 2005


Na quentura de uma fogueira espero o sol nascer Posted by Hello

Prisões 26 - Preso à IMPORTÂNCIA, parte 2

"Fio": Prisões

carranca
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A arte desvirtuada Hoje, 19:16
Forum: Conversas de Café
citação:


Ninguém, ninguém mesmo, é tão importante quanto pensa ser - inclusive eu.Vejam
as injustiças da vida!
Só um artista sabe que sua actividade é 100% inútil. Ou deveria ser.
Quanto mais útil é a arte, menos arte é. A arte não pode servir nenhum propósito, seja provar uma teoria filosófica, defender um governo ou mesmo socorrer uma qualquer classe. A sua presença ou ausência não faz qualquer diferença.
A utilidade desvirtua a arte. O que distingue a agricultura da ópera é que uma é absolutamente vital para a nossa sobrevivência; a outra, nada.
Na verdade, as pessoas têm razão. Se, de repente, todos os trolhas, enfermeiros ou caixas de um banco desaparecessem, a sociedade viraria um caos.
Sem os apanhadores de lixo, daqui a dois dias não conseguiríamos andar pelas ruas.Mas se a todos os artistas e derivados (críticos de arte, professores de literatura, tentativas de escritores, etc) desaparecessem, nada de anormal aconteceria.
Sem todos os artistas plásticos, haveria apenas mais espaço nas praças, nas paredes das casas, nos museus, nas cadeiras vazias das Casas de Música, etc.
Somos artistas porque somos inúteis. Estamos fora da cadeia produtiva da sociedade e temos orgulho disso.
não vale bater que eu um dia destes digo mais alguma coisa se tiver para dizer
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

13 de abril de 2005

Prisões 25 - Preso à IMPORTÂNCIA

"Fio": Prisões

carranca
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Preso à IMPORTÂNCIA Hoje, 21:56
Forum: Conversas de Café
Tenho a impressão de que todos os profissionais acreditam, sinceramente, que a sua actividade profissional é a mais fundamental, indispensável e importante para o bom funcionamento do mundo.
Sim, claro, todo mundo é muito importante, mas se não fossem os canalizadores, nada estaria a funcionar como funciona, as pessoas ainda teriam que ir descarregar o conteúdo intestinal numa vala, tirar água do poço, etc, etc. Não há dúvida que os canalizadores são o elemento-chave da civilização.
Não te rias, que tu também deves pensar a mesma coisa sobre o teu ramo de actividade. "Mas o meu é realmente essencial!", dizes. Podes ficar certo que os pilotos de aviões, os condutores de autocarro e os engenheiros de telecomunicações acham a mesma coisa.
Não há profissão tão humilde em que os seus profissionais não se considerem fundamentais para o bom funcionamento da humanidade.
Ninguém, ninguém mesmo, é tão importante quanto pensa ser - inclusive eu.
Vejam as injustiças da vida!
se estiver para aí virado virei demonstrar que eu estou errado, ou certo, sei lá, ainda não pensei nisso...
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

12 de abril de 2005

Prisões 24 - Sair do Escuro

"Fio": Prisões

carranca
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Sair da Escuridão Hoje, 19:43
Forum: Conversas de Café
Os humanos, enquanto manada, são lamentáveis. Individualmente, alguns prestam.
Uma de muitas minhas amigas disse que me admirava pela minha abertura. Que a coisa mais digna de nota na minha personalidade era essa capacidade de me abrir para as pessoas e para o mundo, não ter medo de me mostrar.
Claro está que me ri. Aquilo era como que um elogio por eu ter cabeça, tronco e membros, algo inerente a mim e totalmente fora do meu controlo. Ao que ela respondeu, sempre muito lógica e clara, que ela admirava não as minhas qualidades, que custavam ou não esforço, mas as minhas qualidades que ela, por mais que tentasse, não conseguiria ter.
Eu mostro-me porque preciso. Eu mostro-me porque é assim que eu sou. Mais do que tudo, eu mostro-me porque essa é a melhor maneira de conhecer quem está à minha volta. Escancarando-me num todo, até à transparência.
Quando eu era adolescente, meu grande sonho era ser actor só para poder sair do anonimato, entrar num éter espacial, numa vida seguida por mil olhos, ser público. Hoje, felizmente, esse sonho passou porque apenas consigo representar o meu papel, a minha própria personagem.
Algumas pessoas têm medo de se mostrarem. O que ela vai pensar? Será que ela vai achar de mau gosto, péssimo ou ...? E se eu perder amigos?
Mas o objectivo é justamente esse!
A melhor coisa ao te mostrares é livrares-te daquelas pessoas que nunca foram realmente tuas, aquelas pessoas que amam mais os seus próprios preconceitos do que a ti, aquelas pessoas que, por força das convenções vigentes, simplesmente não vão conseguir gostar de ti e aceitar-te. Deixa-as seguirem a sua viagem. Quem se vai importar com elas?
Eu tento me concentrar em quem vale a pena.
Em um primeiro grupo estão aquelas pessoas que gostam de mim e continuam a gostar, que me aceitam e sempre aceitaram tal qual eu sou.
Ainda mais valiosas são as pessoas que gostam de mim apesar dos seus preconceitos, que me aceitam apesar de eu ir contra quase tudo o que acreditam. Essas diferenças de opinião não são importantes para esses meus heróis. Este nosso amor transborda e cobre os preconceitos, inunda as normas vigentes, afoga as convenções, varre do mapa as mesquinhices.
Por fim, o meu grande prazer é descobrir iguais onde menos espero. Pessoas que eu nem conhecia, com as quais eu nem falava, por quem eu não dava nada e de repente se revelam, apertam a minha mão e oferecem-me o seu apoio irrestrito. E eu penso: mas como, tu também és assim?
As primeiras pessoas já eram e continuam a ser os pilares de sustentação da minha vida e da minha sanidade.
As segundas ensinam-me todos os dias lições profundas de maturidade e amor. Porque, ao fim e ao cabo, se existe maturidade e se existe amor, pouco importa quem é comunista ou capitalista, monogâmico ou poligâmico, ateu ou crente. Saibam é serem eles mesmo!
As terceiras enriquecem a minha vida. Por serem semelhantes a mim, são o espelho onde me vejo, a experiência em que me baseio, o padrão no qual me meço.
É ao revelar-me que descubro quem vai dançar comigo e quem vai ficar encostado à parede.
É ao mostrar-me que descubro quem vai dar-me as mãos nesta viagem e quem vai parar na encruzilhada da vida.
Não tenho medo da rejeição. Ser rejeitado pelas pessoas pequenas só me faz é bem. Os pequenos se afastam por conta própria. O que me poupa o trabalho de espantá-los.
Assim, se não for espantado voltarei, com este ou outro tema qualquer que me dê na gana
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

11 de abril de 2005

Prisões 23 - Ver e desver

"Fio": Prisões

carranca
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Hoje, 15:10
Forum: Conversas de Café
Assim terminei a mensagem anterior:
citação:

Será esse meu destino? Será que a verdadeira liberdade só pode existir na
solidão?
A minha caminhada na direcção ao auto-conhecimento, à liberdade, à realização do meu potencial leva-me cada vez mais longe de certas pessoas. Não porque sou melhor ou mais inteligente, mas simplesmente porque sou menos preso às amarras mentais e culturais que ainda as prendem, que ainda as amarram ao passado cinzento, ou mesmo, ao mais colorido que ele tenha sido.
E esse processo é irreversível: pode ser desacelerado, desviado, até parado, mas não acredito que possa ser desfeito. Eu não poderei voltar atrás, ao homem que eu fui, porque se fui já era. Esse fui eu ontem e só tenho mesmo saudades do futuro.
E a cada passo que dou nessa direcção, no sentido da liberdade, eu me afasto mais e mais de quase todos, uns tantos.
Quem vê não consegue desver.
Fico a pensar que talvez esse seja esse o meu inevitável destino. Estou a caminhar nessa estrada há pouco tempo e só sinto os primeiros sintomas.
Começas por não ligar ao que as outras pessoas pensam ou esperam de ti. Isso é quase impossível para a maioria dos humanos, meus conhecidos que eu não sou estudioso da matéria, mas sempre foi relativamente fácil para mim.
Quem se preocupa com o que o vizinho vai pensar, constantemente tem que reflectir sobre o que o vizinho acha, o que ele pensa, o que ele quer. Quem se está nas tintas para o vizinho não perde tempo a pensar nele.
Quando tento pensar no vizinho, não consigo. Que será que o vizinho vai pensar disto e daquilo? Eu não tenho meios para o saber. A ponte entre a minha mente e a do vizinho tanto se esticou que se desmoronou.
Talvez esteja na hora de eu aprender alguma disciplina técnica. Tudo o que eu sei fazer envolve relacionamento com pessoas. Se eu perder a capacidade de me comunicar e relacionar com as pessoas, vou passar fome, vou viver na solidão suprema.
Não me incomodava muito ser eremita, mas o problema é que gosto muito de comer regularmente.
se não morrer à fome talvez volte
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Vamos 'buber'

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Vamos 'buber' Hoje, 14:11
Forum: Conversas de Café
Mermã, vamos beber e dar de bunda numa kizomba que não vei ter paração nem para respirar. Mermã, vomos ouvir as estórias de Africa desde o norte ao sul, vamos buscar, nem que seja na força, os conterras que estão no início do zulmarinho para lhes ouvir as estórias cheias de sorrisos ou de lágrimas, que as nossas aqui são as palavras sedentas de saudade que ditam o pulsar do coração. Vamos, mermã, farrar, transpirar a água desse zulmarinho que nos separa e nos une.Vamos colorir a semana com os tons da nossa pele a se metamorforizarem no compasso certo de uma dança que vai ser só nossa.Mas antes, mermã, deixa beber umas e outras para sentir a leveza do espírito na tua companhia.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Num sábado à tarde

"Fio": Pelos vistos aqui tambem não.......

carranca
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Num sábado à tarde qualquer 09-04-2005 18:57
Forum: Liceu Américo Tomás
Me sento debaixo do carramachão de bungavílias na Avenida, mesmo em frente dos Bombeiros. Não estou á espera que haja incêncio ou coisa que o valha, que não sou de ficar à espera da tristeza que essa vem depois. Estou sentado porque é sábado e como não tem mapundeiras para vigiar, não tem calor para saltar na praia, não tem frio para jogar aos 'cóbois' e porque esses avilos estão todos ou na Oasis, ou no Hotel Turismo, ou no Café Avenida ou ainda a jogar snooker lá no Sporting ao perde pagas e tás calado. Mas que faço eu aqui? me estão a perguntar vocês numa voz que só mesmo vocês ouviram. Pois é, estou só a ver o Leão Marinho na fonte a dar pulos e nadar jogando tanta água para fora que molha os que vêem mal. Eu com todo o espaço do mundo e ele tão grande e gordo ali confinado no metro de água. Mas é mesmo um Leão!
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

9 de abril de 2005

Prisões 22 - Patriotismo parte-se em três

"Fio": Prisões

carranca
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Pátria apátrida, parte não sei quantas Hoje, 18:33
Forum: Conversas de Café
Muitas vezes não sei se determinada atitude vai ser socialmente aceitável ou não. Se as pessoas ao lerem determinadas coisas vão balancear a cabeça e dizer: "Ah, este gajo passou-se !", ou se se vão levantar e fechar o fio, ofendidíssimas.
A capacidade de antecipar a reacção das pessoas é um conhecimento que estou a sentir esvair-se por entre meus pensamentos. Já não consigo saber o que ofende ou choca.
Há quem tenha um ódio brutal ao mundo como ele é. Há quem tenha orgulho de não conseguir manter um emprego, de não conseguir sustentar-se, de não conseguir funcionar em sociedade, de não se adequar às regras de um mundo todo errado.
Eu não sou assim. Pelo menos, ainda não. Não tenho ódio no coração. Por ninguém, nem pelo mundo. O mundo não é perfeito, as pessoas ainda andam acorrentadas aos seus inúmeros preconceitos, mas há pelo menos liberdade de opinião e comportamento, quem quer viver de forma alternativa não é queimado numa fogueira, as coisas estão a ficar melhor.
Talvez eu não tenha feitio para isso. Eu não quero abandonar a sociedade e enfiar-me numa cabana deserta no meio do nada. Entendo que, talvez quem o tenha feito, não fizesse isso porque queria, mas porque não tivesse tido outra alternativa.
Em termos mundanos, sociais, o insucesso deles foi se calhar enorme. Talvez nunca tivessem conseguido manter um emprego decente, se calhar tiveram casamentos fracassados, se calhar não resistiam a um rabo de saia mais espevitado. Mas, num outro se calhar, olhavam para o mundo com uma lucidez insuportável, embora não conseguissem sustentar-se nele minimamente. O que mais poderiam fazer em sociedade? O que a companhia dos outros homens lhes acrescentaria? Foram-se isolar no meio do mato e para lá andam.
Ou talvez se tenham isolado porque já estavam isolados, porque estavam tão distantes de seus companheiros que já não eram compreensíveis. Não conseguiam entender o que as pessoas a sua volta queriam, esperavam, desejavam. A comunicação se rompera.
Será esse meu destino? Será que a verdadeira liberdade só pode existir na solidão?
se não me isolar voltarei
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

8 de abril de 2005

Uma vista de Alfama


Uma outra vista do Junior em Alfama


Junior vendo uma rua de Alfama/Lisboa Posted by Hello

desconheço o autor mas...lindo Posted by Hello

e no zulmarinho temos festa Posted by Hello

A fenda...lá embaixo está o zulmarinho Posted by Hello

Beberei até encher a cara

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Beberei até encher a cara Hoje, 12:22
Forum: Conversas de Café
Senta aqui a meu lado, avilo, tu que estás aí sentado no início do zulmarinho, manda vir umas quantas para derramarmos enquanto eu conseguir falar-te sem que as gotas de zulmarinho não me comecem a cair dos olhos mais lindos que eu tenho. Não perguntes nada, não digas nada e no teu silêncio fica só a ouvir porque tu sabes o que eu te estou a falar, na concomitância do que eu te vou dizendo. Te parece complicado? Bebe só que ao tempo que a goela ficar mais oleada tu vais entender mais o que eu te vou dizer.Se precisares, mermão, manda-se ligar o ar concessionado para ficares mais à fresca e com maior capacidade de entender.Pois é, mermão, passaram dois dias que pelos 28 anos seguidos não dou o beijo de parabéns a uma nossa amiga, que te gosta muito mas que por coisas do destino não tem o mesmo gosto em relação a este teu avilo que te faz escutar estas lamentações antigas que são presente em cada dia de toda uma vida que foi passando segundo a segundo. Se calhar, mermão, tu desde aí do início do zulmarinho tiveste oportunidade de, com as tecnologias da moda poder dizer nela essas palavras que todos gostamos de ouvir nesses dias e eu aqui tão perto se fizesse isso te digo que não só o zulmarinho virava calema como se calhar o peso todo dele ia cair em cima de mim me esmagando ao ponto de não poder estar aqui a derramar umas e outras como quem quer afogar a lembrança amarelecida e constantemente avivada do presente cardíaco.Vamos, mermão, vamos beber até encher a cara e depois mais logo vamos fazer uma serenata ao luar, mesmo que o nosso camba não nos queira acompanhar na viola com medo que as nossas vozes estalem os vidros da vizinhança.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Prisões 21 - Patriotismo parte-se em dois

"Fio": Prisões

carranca
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Pátria apátrida Hoje, 12:06
Forum: Conversas de Café
Mantendo o tema da minha mensagem anterior, porque me apetece manter o ritmo do pensamento, a seriedade do assunto, a libertação de um medo conformista continuo na senda da pátria.
Um homem mede-se pelos seus amigos e inimigos.
Defendo teorias bem radicais. É natural que algumas pessoas discordem radicalmente de mim e considerem as minhas ideias imbecilidades descomunais. Elas muito me honram.
Agora, o que eu faço com as pessoas que simplesmente não escutam?
Muitas vezes, os surdos até acham que concordam comigo. Outras acham que discordam. Naturalmente, não podem fazer nem uma coisa nem outra, pois nunca me ouviram.
Os que acham que concordam são os piores. Já me 'cansei' de receber elogios (em privado, os malandros não se querem expor) dizendo-me que estou certíssimo, o mundo é mesmo uma treta. E eu pergunto: onde será que eu disse isso, onde será que eu fiz uma crítica ao mundo?
Eu escrevo que precisamos amar mais a humanidade e menos as nossas tribos, e vêm-me dizer que estou certíssimo, o mundo é mesmo uma treta. Eu falo que precisamos de nos pôr acima de conceitos pequenos e limitados, como ser católico, ser portista, ser europeu, ser africano ou asiatico e amar mais o Homem com H maiúsculo e vêm-me dizer que realmente deve ser um sofrimento para mim morar aqui onde moro.
E eu pergunto: o que faço com leitores assim? Eu explico de novo? Repito-me? Entro em guerra? Insulto? Adiantará alguma coisa? Eles nunca me irão entender. Porque eles não querem entender. Provavelmente porque não conseguem sequer ouvir.
Os leitores que ainda não perceberam que não estou a escrever contra o mundo ou mesmo sobre o mundo, nunca vão entender. Não sei que textos estão a ler, mas meus não são certamente. Não sei com quem estão a tentar dialogar, mas comigo não é certamente. Não sei que críticas ao mundo são essas que pensam estar a rebentar, mas não são minhas.
Ainda mais importante, não sei porque voltam e insistem em ler e contestar. Mas voltam.
Aparentemente, essa pessoa que estão a ler, com quem estão a dialogar, é um ser humano bastante desagradável, arrogante, egocêntrico e revolucionário, que odeia o mundo e tudo o que é mundano, que anda aos tiros aos Estados Unidos da América, que não aceita, alegremente e sem critério algum, nada do que vem de fora e que renega toda a História. Uma pessoa assim é a inimiga número um da liberdade. Uma pessoa assim se mo apontam na rua eu bato e viro-o em carne picada.
E, longo suspiro, aparentemente essa pessoa sou eu, que só eu sei se existe ou não!
Quem fala o rame-rame que toda a gente quer ouvir nunca é mal-interpretado. Aliás, tu nem precisas acabar de ouvir para saberes o que essas pessoas estão a dizer. Só falam o óbvio, o esperado, o lugar-comum. Como dizia, um dos meus autores favoritos, ser grande é ser-se mal-interpretado.
É o meu consolo.
se sobreviver um dia destes poderei estar de volta
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Escrevo num guardanapo

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Escrevo no guadanapo e bebo 07-04-2005 23:49
Forum: Conversas de Café
Pois, mermão, nem todos os dias são dias de tempo, nem todo o tempo há um segundo livre. Assim, mermão, contemplando o zulmarinho saboreando uma birra geladerrima escrevo num guardanapo, para depois não me esquecer:LUTA PELAS TUAS IDEIAS QUE ELAS NÃO LUTAM POR TI!
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

6 de abril de 2005


As mil curvas até ao zulmarinho Posted by Hello

as festas do marrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr Posted by Hello

Prisões 20 - Patriotismo ou o que seja

"Fio": Prisões

carranca
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Baralhando e dando um novo Hoje, 21:14
Forum: Conversas de Café
Com toda a gente já sentada, portanto entrada, apetece-me variar e caminhar para o patriotismo que pode ser visto de muitas maneiras, não só em relação directa com a pátria mas com uma série de pátrias.
Sempre estive preparado para que as pessoas discordassem veementemente de mim. Parece-me que as pessoas só conseguem pensar em termos tribais, pequenos, limitados. Um discurso universal, humanista, de liberdade total, que tenta pensar na nossa espécie como um todo, é algo aparentemente tão radical que ninguém discorda; nem apreendem.
Nunca penso, por exemplo, que odeio ou desgosto do Manuel. Eu penso que todos nós deveríamos amar menos as nossas tribos e amar mais a humanidade no seu todo. O Manuel é-me indiferente, assim como qualquer outra abstracção geopolítica impessoal, mas amo os maneis, tanto quanto amo as marias. E amar realmente a humanidade é a melhor maneira de amar realmente tanto os maneis como as marias.
Alguém me disse, ou se calhar só pensou: "Tu criticas os americanos porque eles têm excesso de orgulho no seus país. Muito provavelmente os holandeses devem pensar que têm um óptimo país e devem ter orgulho no seu, mas não os vais criticar por isso, pois não?"
Eu fico com vontade de arrancar os cabelos que ainda me restam. Se acho ridículo americanos e portugueses serem patriotas (com ou sem razão), por que não acharia ridículo os holandeses serem patriotas também? Será que não entendem que estou a falar não de portugueses, americanos ou holandeses, mas de seres humanos?
Não somos todos iguais?
um dia destes, se estiver para aí virado, continuarei a minha cruzada apátrida
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Carlos Carranca

5 de abril de 2005

Prisões 19 - Não ter medo de gostar de quem não gosta de nós

"Fio": Prisões

carranca
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Não Ter Medo de Gostar de Quem Não Gosta de Nós (parte II) Hoje, 17:47
Forum: Conversas de Café
Em 25 de Março escrevi:
citação:
A maioria das pessoas espera ser 'amada' por todo mundo o tempo todo. Talvez por
isso, quando encontramos alguém que não gosta de nós, ficamos tão chocados.
Quebra uma das nossas expectativas sociais mais básicas

Hoje apetece-me voltar atrás e continuar o raciocínio que então interrompi.
Comigo era o contrário. Sempre fui uma criança absolutamente insuportável, pelo menos para mim mesmo. Quase fui expulso do liceu por mau comportamento, o que não quer dizer que era um vilão, malcriado, ordinário no sentido prejurativo, faltava muito, falava muito, alto e sempre, era hiperactivo e achava-me um super dotado e outras coisas mais. Em suma, estava razoavelmente habituado a encontrar adolescente de estratos sociais diferentes e adultos que me não suportavam. Mas eu não levava isso como ofensa. Para mim, era um facto da vida: depois do dia, vem a noite, há adultos que gostam de mim e adultos que não, etc.
Eu gostava da Lucialina por ela ser diferente, independente, inteligente, senhora do seu nariz. Eu gostava dela, e ainda gosto, por ela ser quem era e quem é. A opinião pessoal dela sobre mim era e continua a ser irrelevante.
Se eu já era assim na infância, não vou deixar de ser assim hoje. Caramba, estava até desestimulado
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Bebo pois

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Bebo pois então Hoje, 17:25
Forum: Conversas de Café
Que bebo sim e sem pestanejar. Desde que esteja bem geladinha, acompanhado pela música das ondas do zulmarinho a se espreguiçar na areia como lagarto em dia de sol, vendo o verde azul da linha recta que é curva, balouçado no arco íris que na ponta não tem pote de ouro mas tem lá mesmo a terra que viu nascer o zulmarinho que acaba aqui, eu bebo as geladinhas todas que me pagarem.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Prisões 18 - Prefácio em pósfacio

"Fio": Prisões

carranca
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Um prefácio que aparece num meio-fácio 04-04-2005 21:17
Forum: Conversas de Café
Muitas são as prisões que nos encarceram em padrões pré-estabelecidos, represam nossos instintos quais barragens e suas albufeiras, tolhem nossa perspectiva e impedem-nos de ver o que está do outro lado da montanha. Prisões são as ideias feitas, os preconceitos, os costumes, as tradições. O conformismo, a mesquinharia, a intolerância, a pequenez.Há muito que sento o peso das bolas de ferro no meu tornozelo. Eu, que sempre fui livre-pensador e contemplativo, estava stressado e irritadiço, mais preocupado com o futuro e com a carreira do que com o presente, com a literatura, com o facto de ser feliz e procurar encontrar o pote de ouro no fim de um arco-íris de magia e sonhos.
Apetece-me dar um pontapé no balde da minha vida, largar a profissão, parar de me preocupar. Trabalhar pouco e ganhar pouco, mas pagar as minhas contas e ter tempo livre para voar pelas ruas, olhar os sons, cheirar as cores, provar a chuva.
Fiquei surpreso com a quantidade de bolas de ferro que temos que serrar do tornozelo. Algumas ainda carrego. A maioria, todos nós temos de carregar.
A ideia destes meus textos é compartilhar com outras pessoas esse processo de libertação pelo qual ainda estou a tentar passar. E, para me libertar, é preciso antes saber do quê, então o processo de libertação passa, também, por uma consciencialização sobre as prisões que nos cercam e limitam. Tentar liberta-me delas, ou não, e seguir viagem.
Ser egocêntrico é inevitável. Ser vaidoso se calhar também o é. O desafio é ser egocêntrico sem ser egoísta. Ser vaidoso sem mostrar vaidade. Tento e tentarei falar sempre só de mim, num eu que pode ser ficcional ou não, só eu o saberei, pois falar no geral, ou falar para ti, leitor, seria defecar uma regra. Longe de mim.
Não espero que ninguém concorde comigo. Sou radical, utópico e tento levar as coisas até às últimas consequências. Tenho tentado, sim, causar impacto, gerar dúvidas, simpatias e empatias, começar discussões, levantar polémicas, remexer preconceitos e, sobretudo, encontrar meus iguais.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

3 de abril de 2005

Prisões 17 - Finalizando a Realidade

"Fio": Prisões

carranca
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Finalizando a Realidade porque é Real Hoje, 12:19
Forum: Conversas de Café
citação:

Por exemplo, não há nada pior do que a sensação de impotência em meio a uma
crise. Uma pessoa que eu amo está morrendo em um quarto de hospital e não há
literalmente nada que eu possa fazer. Isso é de enlouquecer.
Foi assim que terminei a mensagem anterior. Pois então cabe-me agora concluir o raciocínio e libertar-me da realidade real.
Já os religiosos têm uma ilusão em que se podem agarrar. Não estão impotentes. Não, senhor. Se rezarem bem, se rezarem muito, se rezarem direitinho, pode ser até que deus ache que vale a pena salvar aquela vida. Assim, pelo menos, utilizando o lobby divino, ocupam as suas mentes e afastam o desespero. Já a mim só resta andar em círculos pelos corredores do hospital, ler, procurar soluções sabendo que elas não existem, evitar o desespero da impotência.
Quase sempre acreditamos, ou queremos acreditar nessas ilusões contra todas as evidências, contra toda a nossa experiência. Quase sempre estamos a ser enganados em consciência. Mas sem essas ilusões a vida seria simplesmente insuportável.
Chega de nos iludirmos inconscientemente. Os nossos cérebros são armas poderosas. A realidade criada por nós pode ser tão poderosa quanto a realidade que nos foi imposta através dos sentidos.Cabe a nós escolher onde queremos viver.
Realmente acabei de falar na REALIDADE porque é real que até ela tenha um fim.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Debates

Debates
Quando há debates?
O debate interessa a dois tipos de pessoas: as que querem convencer as outras de alguma coisa e as que se preocupam com o que as outras pensam delas. Não me enquadro em nenhuma dessas categorias.
Não me importo, sinceramente, com o que pensam de mim. Podem pensar que sou louco, imoral, mentiroso, hipócrita, lesa-pátria, provocador, revolucionário, reacionário, fruto da Geração espôntanea, etc. Tudo isso só me diverte e podem crer que muito. Quem me lê sabe que sou algumas vezes insultado, outras tantas rotulado e raramente, nos últimos tempos que já têm meses, respondo. Rio sozinho e prossigo a minha viagem.
As poucas vezes em que respondo (tirando, claro, quando fraquejo e cedo às provocações, pois sou humano) é sempre para clarificar alguma dúvida sincera ou um ponto que acho que foi honestamente mal interpretado. A insultos, não respondo ou tento não responder com a mesma linguagem. Argumentos lógicos, pró e contra minhas posições, eu ignoro. Acham que vou perder um segundo que seja do meu sono só porque alguém acha que as minhas opiniões são levianas ou não convencionais? Sinceramente, quero que se lixem. Tendo em conta que não tomem o poder e retirem a minha liberdade de expressão, podem achar o que quiserem.
Defendo a minha postura só de quem quiser impedir-me de praticá-la.
Se algumas das minhas ideias são polémicas não são para discutir ou para chocar. Elas são o meu projecto de vida, a minha tarefa interior de desbravamento, uma aventura absolutamente pessoal, em busca de maior felicidade e liberdade, em busca do melhor modo possível de viver a minha própria vida, a minha maneira de mostrar que Angola é um PAÍS, que tem a sua cultura, os seus erros, os potencias de crescimento, numa palavra: que existo eu e ANGOLA.
Estou só a falar de mim, só de mim, e de mais ninguém. Não por arrogância, pois arrogância seria falar para todos, pregar as minhas verdades pessoais para serem aplicadas à vida de pessoas que nem conheço. Também não por humildade, pois poucas coisas são mais intrinsecamente desprezíveis do que a humildade. Mas por ser prático e por realismo. Mal consigo conhecer-me, mal consigo resolver a minha vida, quiçá outras.
Sempre que eu emito uma opinião enfática, alguém vira-se para mim, com a maior cara de desagrado do mundo e diz, em tom de crítica: essa é a TUA opinião, não é? (cuidando do tom de voz para dar um sentido reprovador).
E eu respondo: "não, essa foi a opinião daquele careca que está a passar ali. Agora eu vou dizer a sua opinião e a minha só a darei no final da conversa, para causar mais impacto..."
É óbvio que sempre que abro a boca, ou teclo, estou só a dar a minha opinião. Por mais enfático que eu seja, ou possa parecer, é sempre só de mim que estou a falar. Não estou a manifestar as opiniões de outros, combinadas com outros ou encomendadas por outros; não estou dizer como as pessoas deveriam viver as suas vidas, manifestar os seus pensamentos, amar ou odiar, etc.
Exponho minhas ideias aqui por alguns motivos.
1 - porque gosto de pensar/escrever e é a única coisa que por aqui posso fazer. É a minha vaidade.
2 - escrever é a melhor forma de terapia e de auto-conhecimento. Através da palavra escrita nós inventamos-nos e descobrimo-nos .
3 - para tentar conhecer outras pessoas que estejam numa sintonia parecida com a minha, E, claro, confessando bem cinicamente, para conhecer pessoas interessantes e inteligentes, receber conhecimentos, aprender coisas boas e más e conhecer gente malvada .
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Remantendo a relaidade porque é real

"Fio": Prisões

carranca
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Remantendo a Realidade porque é Real 02-04-2005 15:04
Forum: Conversas de Café
Não me apetece baralhar e dar de novo pelo que me mantenho no Real.Este mundo, Sanzalangola e outros sites, não é real pois é um mundo criado por computadores. Mas o nosso real não é um mundo criado por (sic) deus? Qual é a diferença entre viver em um mundo criado por um deus ou um mundo criado pelos super computadores do presente ou do futuro? Qual a diferença entre uma realidade manipulada por um qualquer Mr.Smith, para melhor controlar os humanos, e uma realidade manipulada por um ser que destrói cidades e mata pessoas ao seu bel-prazer, faz chover catástrofes, dá secas e assopra ventos fortes, para manter seus seguidores sempre em estado de submissão, terror e expectativa?Mais uma vez, a diferença é apenas de procedência. Só muda a assinatura do autor do projecto. Um é tão real, tão válido, tão concreto quanto o outro. Seria muito arbitrário dizermos que deus pode criar realidades, mas o pobre Mr. Smith não.Se o animal que nos foi servido como bife foi abatido no Norte ou no Sul, se o nosso mundo foi criado aleatoriamente em um big bang, se é a sexta versão de um programa criado para um computador ou se é a segunda versão de um mundo criado por deus (parece que a primeira ele não gostou e afogou todo mundo, salvando-se Noé e o que ele conseguiu meter na Arca)... O nosso mundo é o nosso mundo.Por tudo o que sabemos, todo nosso universo pode existir dentro do núcleo de uma célula de uma bactéria no estômago de alguém.E daí? Por isso, não é real? A maioria da humanidade só consegue fazer sentido de suas existências acreditando em ilusões. Seja a ilusão de um deus que veio para nos salvar, ou a ilusão de que uma grande mão invisível cuidará de tudo, ou a ilusão de que, inevitavelmente, o povo ganhará a luta de classes, etc.Há também as pequenas ilusões. O nosso casamento vai melhorar dando a volta que há muito estamos a desejar que dê, vou encontrar o homem/mulher perfeitos, o meu marido vai (subitamente!) parar de me dar porrada, esta fase má vai ser ultrapassada com um estalido dos dedos, aquela promoção vai ser promulgada, vou-me reformar ganhando bem e que nunca mais terei que me preocupar com trabalho ou dinheiro, meu segundo ou terceiro casamento vai ser muito melhor do que o primeiro, as pessoas irão ler estes meus escritos e suas vidas serão transformadas, mesmo aqueles que não aceitam conselhos ou ideias para uma vida melhor. Etc.Por exemplo, não há nada pior do que a sensação de impotência em meio a uma crise. Uma pessoa que eu amo está morrendo em um quarto de hospital e não há literalmente nada que eu possa fazer. Isso é de enlouquecer.
se não sair deste estado de loucura pode ser que volte ou talvez não.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Vamos noutras que eu conto

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Vamos noutras que eu te conto 02-04-2005 14:43
Forum: Conversas de Café
Pois é, mermão, ontem fui jantar no Restaurante de uma camba que é mesmo do Calulo e que mesmo que sendo do mato é um cinco estrelas todas doiradas. Mas te dizia, mermão, que fui lá com outros cambas que mais não eram que o Xico e o Dornelas mais a Cláudia. Não ouvimos nem sentimos o zulmarinho, estivemos mesmo como que dentro dele no desfiar de missangas feitas palavras. Assuntos foram mais que muitos, mermão. Bebemos por quem ontem fazia anos e também por aqueles que já fizeram e aindo pelos que hão de fazer. Que falamos mal de alguns, que ninguém tenha mesmo dúvidas porque falámos mesmo. Até da gente própria a gente falou mal. Mas te digo, mermão, que foi bom, assim como recarregar baterias, desenrolar a goela de modos que possas falar que nem mais páras. Mesmo foi pena que o RuiC tinha que fechar e os olhos já estavam mais para lá do que para cá. Te digo, mermão, foi dado mais um passo para a navegação da Magia que é quando as velas das nossas vidas se cruzam nas palavras.Por isso, mermão, hoje bebo e se não tiver quem paga eu mesmo faço o sacrifício e pago eu.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

1 de abril de 2005

Para quem se der ao trabalho de ler

"Fio": Como ignorar karipandes, apêndices e quejandos

carranca
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Hoje, 12:37
Forum: Conversas de Café
Pois não sei se serei lido pelo Caluanda1 depois do que li na sua última mensagem neste fio. Mas apeteceu-me e se me apetece escrevo e logo se verá o que acontece.
Conversas a Esmo
(Se Não tiver nada para fazer vá faze-lo noutro lado)
Tento ser sincero e directo, não escondendo o que penso, seja no sentido político, religioso ou moral. Quem me lê sabe (ou deveria saber) disso.
Algumas coisas engraçadas já me aconteceram. Entro no MSN (tentando não ficar muito tempo) e aparece quase sempre alguém que não conheço e diz "oi" ou "tudo bem?" ou ainda "donde teclas" (eu sei que existem outras pessoas que têm o meu nick lá, mas bloqueado, para ver só se estou em alguma conspiração).
Para mim, se alguém inicia um contacto é porque tem algo a dizer. Nunca passaria pela minha cabeça começar a conversar com alguém sem ter algo específico em mente.
Então, para facilitar e quebrar o gelo, eu pergunto: "Diga" ou "O que posso fazer por si?" ou "O que deseja?", todo tipo de abertura para que a pessoa se sinta livre para dizer o que quer dizer.
Qual é a minha grande surpresa quando descubro que a maioria das pessoas simplesmente não têm nada a dizer. Nada.
Eu faço a pergunta e elas congelam:
Como assim o que eu quero? Não quero nada. Só conversar.
Sim. Conversar. Sobre o quê?
Hã...
Aí eu fico calado, para dar tempo a pessoa, para ver se ela arranja o que dizer. Via de regra, nada acontece. A pessoa desconecta-se sem dizer palavra, muda.
E eu fico a pensar: será que o bronco sou eu?
Uma amiga minha, por exemplo, dizia que um dos meus piores traços era que ela me ligava e eu atendia dizendo: "Diga." Ou "Sim?" Por algum motivo que me escapa, ela considerava isso ofensivo.
Noutro dia, um outro amigo impressionado com o prolixidade do que escrevo perguntou se eu já tinha tido a síndrome da folha em branco. Não entendo bem como se manifesta essa síndrome. Eu só escrevo quando preciso, quando tenho alguma coisa a dizer que não pode esperar. Quer dizer, sempre que sento para escrever, é porque já tenho um assunto premente a tratar ou sei que algo vai "sair".
Para sofrer da síndrome da folha em branco, a pessoa precisa unir duas coisas: a vontade de escrever com falta de assunto. E não entendo como essas duas coisas podem existir juntas.
Se eu não tenho assunto, porque vou querer tentar escrever?
Vou é andar ao sol, ler um livro, dormir, qualquer coisa menos encarar a folha branca, assustadora.
Então, se não tenho assunto, vou querer conversar para quê? Sobre o quê?
Entendo que as pessoas leiam o que escrevo, me admirem, me odeiem e queiram um contacto pessoal, quanto mais não seja à distância do quase impossível. Isso é desnecessário. Pior, é perigoso. Admiramos, ou detestamos o trabalho de uma pessoa, mas nada indica que iremos admirar ou detestar aquela pessoa também. Quase sempre é o oposto
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Prisões 16 - REALIDADE ponto três

"Fio": Prisões

carranca
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Remantendo a Realidade Hoje, 11:26
Forum: Conversas de Café
Pois é, como há coisas que não entendo vou 'batendo' na mesma tecla até ver se consigo entender e daí libertar-me para outra Realidade.
Não defendo uma fuga da realidade. O mundo é tudo o que temos e, em geral, vale a pena ser vivido. Mas defendo sempre a busca da felicidade. Assim como acho que não podemos permitir que a verdade estrague a nossa felicidade, também não devemos deixar que a realidade o faça. Entre a realidade e a felicidade, eu escolho sempre a segunda.
A realidade não é mais do que o modo como nosso cérebro filtra as informações obtidas pelos nossos sentidos. Quer dizer, a dura realidade impõe-se aos nossos sentidos, mas é nosso cérebro que domina e descodifica os sentidos.
Afinal, o que é realidade? Não quero ser chato, mas se um bife se parece com um bife, tem gosto de bife, tem cheiro de bife e tem textura de bife, bem, então não há maneira de um bife ser mais bife do que esse bife. Se o bife é tudo isso porque ele é um bife mesmo ou porque ele é um complexíssimo programa que simula um bife, isso é um mero detalhe. É uma consideração tão inútil como ficar a tentar imaginar que aquele boi, ou vaca, foi morto num Matadouro do Norte ou do Sul. Se o bife é bom, a procedência é irrelevante.
Isto de escrever à hora do almoço tem uma coisas destas. Veremos se sobreviverei ao bife!
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Nos anos do Quelhas

Porque o Fernando Quelhas faz hoje anos e porque recebi pelo Correio uma prenda maravilhosa da MCD, escrevi:

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Hoje, 11:06
Forum: Conversas de Café
Sento nesta mesa onde tenho por hábito me sentar, bebo as birras geladas que alguém as vai pagar, falo, sonho, navego e sinto o perfume de mar que vem do zulmarinho, trazido desde lá do início dele. Hoje, mermão, tenho mais razões para me sentar aqui e falar, mesmo se não tiver ninguém na escuta mas ao menos eu libertei a vontade de transmitir ao mundo que estou grato de seres mermão, avilo e camba. Me sento, mermão, saboreio tudo o que está à volta e que vem mesmo de lá do início do Zulmarinho do nosso contentamento.Hoje, na tua companhia, leio «Contos Tradicionais Santomenenses», «Vida Verdadeira de Domingos Xavier», «Macabunda» e «Nosso Musseque», estes três últimos do camba Luandino. E sabes porque hoje leio isto tudo, mermão? Porque chegou na volta do correio. Quando a AMIZADE faz destas coisas que mais podemos querer do MUNDO?Bebo, mermão, para poder estar mais perto de ti, lá no início do zulmarinho.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca
recomeça o futuro sem esquecer o passado