A Minha Sanzala

no fim desta página

23 de agosto de 2009

domingo um pouco triste


um dedo porque a direita está engessada e ao peito. Palavras difíceis de soletrar assim numa esquerda mental. Calor impossível de suportar numa coceira de gritos mentais.
Mais um verão em que pergunto: porque eu?
Mas antes eu que outro qualquer...
talves a meio de Setembro eu possa voltar...

Sanzalando

21 de agosto de 2009

agora quero

Recebi uma carícia tua e regressei a casa trazendo nos olhos aquele brilhozinho. Não foi mais que uma carícia mas deu para ver a paisagem com outro olhar, ouvir as canções do silêncio, dançar as danças das árvores. Deu para ver que as árvores estão verdes, frondosas, que a sua sombra é uma dádiva dos céus e um caminho a todos os lugares.

Depois de ter recebido a tua carícia duvido que volte a ser igual ao que era porque jamais serei um retorno ao passado. Este é um degrau do futuro. Na verdade há degraus degradados, há escadas desventradas como as há novinhas em folha. Tá na hora de procurar estas últimas e me lembrar, num misto de saudade e desgosto, todas as escadas que tentei subir, mesmo que estivessem podres.

Agora é hora de começar a ouvir as palavras da tua boca, as que soam livres, pinceladas de esperança e esquecer as palavras que não ouvi ou as que me soaram agrestes, facas no meu coração.

Agora, que sarei as feridas, que perdi a loucura, quero-te mais que nunca, em carícias de vida com sabor a felicidade. Quero amar-te em todo o tempo do mundo.



Sanzalando

20 de agosto de 2009

quanto tempo tem uma carícia

Quantos segundos dura uma carícia? Não têm tempo as carícias? Às vezes um segundo é uma vida, mesmo que dela seja apenas um instante. Basta ter os olhos com amor e a perfeição da luz iluminando a felicidade e logo se completa a existência do sentido. É simples. É claro. Apenas não é eterno.

É este o tempo exacto duma carícia!

E o resto do tempo ou o é de esperança ou teremos os olhos fechados e sem capacidade de sonhar.

Por uma carícia tua podem chamar-me de louco, sonhador ou inocente.

Serei, desde que receba uma carícia tua.


Sanzalando

19 de agosto de 2009

uma carícia, a primeira

Fizeste-me uma carícia, foi a primeira que eu adivinho de muitas. Estremeci num misto de alegria e de dúvida, como quem não está habituado a mimos e só a azares. Dizem que as casualidades não existem e eu me rio porque me tenho alicerçado em coincidências, infelizmente sempre negativas para o meu lado, como se eu tivesse nascido do outro lado do lado certo. É um sinal. Não pode ser sempre o sinal menos. Daí a dúvida. Mas a alegria surge porque já vejo que o sinal está obliquo, não verdadeiramente horizontal. Tanta má sorte um dia se esgota. Já parece uma anedota de mau gosto mas insistente.

Mas a verdade é que cá canta a carícia. Mínima mas não deixa de a ser. É o principio duma estória recente que um dia vai ter um final feliz como as histórias do meu tempo de criança.

Assim me fico num sorriso de casualidade, numa mensagem de sentido quase positivo, num copo de água que me matou a sede por uns momentos. Assim fui o feliz protagonista da minha estória quase sempre cinzenta e que se vai clareando com o brilho dos olhos com que olho em frente.

Fizeste-me uma carícia, foi a primeira, e os meus olhos brilharam.


Sanzalando

18 de agosto de 2009

1º carícia

Nesta tua carícia, sinal de existência, me fizeste esquecer o inferno sustenido do esforço relativo que tem sido viver sem ti. Neste momento fizeste-me ouvir vezes sem conta a canção da lágrima no canto do olho, mesmo quando não tenho rádio comigo, fizeste-me renascer como um conjunto de sons de alegria contagiando gente conhecida e desconhecida, sendo que cada canção é uma história de amor sempre diferente em que a personagem principal mais não sou que eu.

Mas mantenho o sabor desta tua carícia, fugaz e com o amargo sabor de ter sido apenas uma carícia. Mas afinal de contas foi uma carícia, quase te podia contar como primeira. Tenho a certeza que não foi a ultima porque sei foi a semente duma floresta de carícias que vão-me nascer na alma.


Sanzalando

17 de agosto de 2009

renasce o sol?

Começa nova era. Acho que o sol está a começar a nascer. Mesmo que pela frente tenha tantas nuvens ainda.

Pode ser só um achar e como todos os achares ser um engano no fim de ver o achar bem de perto.

Quanto tempo já passou desde que eu estive assim num pertinho com o teu tu? Anos? Vagamente anos, que eu não quero lacrimejar de saudade. Se eu fosse simpático te dizia que parece ter sido ontem, mas sinto foi há muito mais tempo, indiscutidamente. E quem me ia dizer que eu seria o que sou neste caminho descaminhado de sentido, num arrastar-te até ao fim do mundo de pensamentos e prosas. Sempre colado no teu pensamento, depenicando detalhes da tua existência salteada de equívocos.

Mas agora devolves o sorriso ao meu rosto, como devolvesses uma dívida antiga, como falasses as palavras que eu guardei numa caixa de tesouros marcada num mapa com um X da minha vida. Paraste imprescindível na minha vida, já não como um prego no sapato, mas como uma carícia permanente de confidencialidade, de cumplicidade e de outras idades que me não soletram nos lábios embarcados de satisfação.

Te posso dizer que te quero ainda mais?


Sanzalando

16 de agosto de 2009

Ao pé coxinho

Faz conta estou a saltar à macaca. Atiro a pedrinha num quadrado e ao pé coxinho lá vou eu buscar e voltar, sem pisar o risco e sem cair. Melhor ainda, pareço uma galinha a depenicar as sementes no chão.
Nada disso. Nenhum dos exemplos me imita neste momento. Descobri mesmo é que sou cego, surdo e mudo da mão esquerda.
Pensava eu ainda era jovem e fui em futebois, num remate superiormente defendido com uma chapada delicada na bola, de mão direita como que a fingir estava a lhe afastar mas estava era a me proteger, doeu que gritei um ui que acho todo o mundo e arredores lhe ouviu. Levado no hospital veio o veredito: fractura do rádio direito.
em resumo: nuns tempos não vai haver relato porque custa depenicar as letras com um só dedo da mão até agora desconhecida. Para além do incómodo e do esforço.

Sanzalando

15 de agosto de 2009

hoje um texto de Vera LÚCIA, minha amiga

VINHA AO TEU ENCONTRO

Vinha vindo ao longo da vida e vinha ao teu encontro.

Por isso é que a vida sempre me pareceu bela e generosa.

Mas quando às vezes, sopravam os ventos adversos, havia qualquer coisa que, em meio da tormenta, falava ao meu coração. Era como a luz de um farol rasgando o nevoeiro, a noite, o temporal.

Vinha ao teu encontro.

Eras tu que eu sentia, como um encanto obscuro, uma fascinação misteriosa, além do horizonte.

E era a tua sombra que, às vezes, me fazia parar um pouco, junto do homem que passava.

E porque era a tua sombra fugaz apenas que me detivera, junto do homem que passava, logo o deixava passar.

E seguia a minha estrada, em busca do teu amor: o outro era apenas um caminho para o teu amor.

Vinha ao teu encontro… Como se seguisse na rota duma estrela, como se fosse no rumo do sol. Vinha ao teu encontro na certeza de encontrar-te, porque eras a promessa do meu destino. Sabia que existias e vinha vindo ao teu encontro, embora ignorasse se eras uma flor ou uma fonte, um raio de luar, uma nota de música, uma paisagem, um silêncio, um sonho.

Sabia que existias e vinha ao teu encontro, ao longo da vida. Assim, agora que te encontrei, tenho a certeza de que sempre estiveste em minha vida, de que sempre caminhámos juntos, pois vivias dentro do meu sonho. Agora tenho a certeza que vinha

vindo ao longo da vida, caminhando ao teu encontro, como se seguisse na rota duma estrela – iluminada por sua luz distante.

Vera Lúcia


Sanzalando

14 de agosto de 2009

fronteiras

Me sento num sentar de estar tranquilo a pensar nas coisas de dentro e me esquecer que o tórrido calor me assa por fora. Me adormeço nos pensamentos vagueantes das coisas que nem sei se deviam ser pensadas ou se por incertezas certas nem deviam florir na massa cinzenta das minhas eternas dúvidas. Mas afinal de contas o amor tem limites? Quem é que foi que lhe limitou fronteiras se ele mesmo não sabe os seus limites? É claro que estou a falar do verdadeiro amor que é o único que existe porque o que é a fingir não pode ser amor mais que interesse ou outros significados que vão dar mais ou menos ao mesmo. Me lembrei num repente que pelo menos uma fronteira o amor, que é verdadeiro, tem. Se queres tanto o fruto desse amor é impossível não o desejares. Acho que esse verdadeiro amor fica tatuado no coração, se for esse o lugar do amor, ou noutro sítio se for noutro sítio o lugar do amor. O amor não esquece se for verdadeiro. Outra fronteira.

Bolas que acho que eu hoje vou adormecer de dormir mesmo para não estar aqui a adormecido nos pensamentos vagabundos.

O amor tem um ponto que é o ponto máximo e esse tu sabes qual é que é quando lhe chegas. Será?


Sanzalando

13 de agosto de 2009

é obvio

Me sento no sentir do zulmarinho e com a certeza de que precisa ir embora. Eu acho que estou a precisar de novos sentires, buscar outros ares que me arrefeçam os ossos e me destrofiem os pensamentos.Eu preciso dum lugar onde encontre outras árvores que cresçam num parece que não param, onde as sombras sejam refrescantes sombras ou assim pareçam. Eu preciso dum lugar onde eu possa ressuscitar-me nos sentidos.

Não estou a fugir de ti nem do teu suave aroma que me invade a memória, nem do teu odor quente duma noite de verão, nem da tua chuva de palavras com sabor a trovoada. Eu só precisa de mudar de ares, saltar e dançar num voltar a rir de satisfação.

Me sento no sentir do zulmarinho como que cansado de sonhar com o que poderia ter sido e não foi e com vontade de sonhar sem ser de memória. Por isso preciso mudar de lugar e sorrir com lábios com cor de riso, cara com sabor a riso e olhos com ar de riso.

Já sei, vou sair deste lugar a correr numa surpresa até para mim. Mais cedo ou mais tarde. É óbvio!


Sanzalando

12 de agosto de 2009

discuto-me

Serenamente discuto-me. Ouço o zulmarinho enquanto tento ver-me desde o interior para fora, enquanto tento derrubar os muros que param os meus sonhos, as pedras que me tapam o horizonte e o meu eu que distorce a realidade.

Ouvindo o marulhar caminho por sonhos e razões, presentes, passados e futuros, lágrimas e sorrisos, recordações de cetezas e afogamentos das incertezas.

Sentido o perfume da maresia dilato-me em caprichos que me levam para além da realidade presente num plano nobre dum futuro mais que ansiado.

Saboreando a frescura do zulmarinho, boiando em universos de beleza desigual, balanceado em medos inexplicáveis, trapezista sem rede no balancear da dúvida, me deixo levar nas imagens que me recordo do intervalo do pestanejar, adolescência feliz gasta no tempo errado, portas abertas num escancarar de ventos e correntes de ar.

Discuto-me para me conhecer

Sanzalando

11 de agosto de 2009

por aqui

Por aqui, num vai e vem interminável, mais minuto menos hora, debaixo da torreira do sol, abrigado da chuva, cabelos ao vento, tronco num ou encasacado, por aqui ando. Às vezes decepcionando o que amo ou amando o que decepcionei, outras olhando ao espelho tentando descobrir o que sou, quem sou e por onde quero ir e não fui. Aqui, já tive certezas, já desapareci, me arrependi, chorei e gargalhei. Às vezes menti, falei verdades, omiti e me calei, fingi, dei importância sem importância, construi a destruição de frases em meias palavras. Aqui, num vai e vem, por vezes parado, já fiz juras de amor, verti lágrimas, calei tristezas, apregoei alegrias sem sal.

Por aqui já tantas coisas fiz que seria impossível me lembrar de todas. Não me lembro de nenhum ataque de riso, por exemplo.

Cheiro de maresia, marulhar de zulmarinho, versos feito prosa e vice versa, saudades, nostalgia, tantas palavras faladas num solilóquio que a saudável loucura me trouxe por aqui cantei num sussurro calado mentalmente.

Por aqui já contei estórias que não queria apenas para me esquecer das que queria ter vivido mas não tive tempo ou oportunidade.

Por aqui, pés na água, vi filmes mudos onde entravam amigos, conhecidos e outros que nem existiram mas fazem parte da minha vida, real ou imaginária.

Por aqui, sempre num aqui estarei para contar as verdades que podem não ter existido, podem não ter acontecido. Por aqui, ao sol, ao vento ou à chuva, me poderás encontrar vertendo lágrimas, soltando gargalhadas, vivendo a vida tal e qual eu acho ela é.

Por aqui.



Sanzalando

10 de agosto de 2009

verão sub-veraneado

Me sento e sopro contra o vento como que a tentar ver se ele pára. Mas desconsigo e a areia fina que parece rasteja me pica nas pernas parece é alfinete. Vais ver é a praia a tentar me mostrar agressividade por eu lhe pisar a areia. O Zulmarinho continua calmo num rebentar na praia em mini-ondas alheado da areia fina que lhe caminha rastejando sobre ele em direcção ao longe vindo daqui.
Sentado e adormecido sei que acordo soterrado feito duna. Sei de imaginação e de recordar tempos de criança a andar de burra na marginal em dia igual a este. Me sacudia e parecia eu era croquete enrolado na areia depois do banho de zulmarinho. Acho hoje vou ficar igual. Pelo menos de imaginação.
Será que os peixes também sabem o que é o vento? Mas não levam com lixa de areia a lhes lixar a pele. Me vou esconder numa gruta qualquer e virar pré-histórico.
Não. Como ia viver assim na sub-escuridão do verão?



Sanzalando

9 de agosto de 2009

Os meus já's


Caminho pesado sobre a areia da praia. O zulmarinho me molha os pés nos seus movimentos balanceados de vai e vem das suas pequenas ondas de tranquilidade. Eu tranquilo me converso com ele na esperança que a minha voz, um dia, cedo ou tarde, chegue lá no início dele.

A praia está lisa do vento que lhe varreu ontem todo o dia, a areia está mole da maré cheia que lhe molhou de noite. Agora, mole e lisa me serve de suporte de pensamentos sussurrados enquanto caminho.

Na verdade já escondi amores com medo dos perder, assim como já os perdi por tão escondidos que estavam. O zulmarinho parece que me ouviu porque me responmdeu com uma onda mais altiva que eu não estava à espera e me molhou num salpicar bem forte.

Já segurei as mãos de alguém com medo e por medo já tive alturas que nem as mãos sentia. O zulmarinho parece que recuou e me deixou caminhar em seco.

Já passei noites a chorar que nem consegui dormir e já deitem em noites que não dormi por estar feliz. Veio um brisa que me trouxe o perfume da maresia.

Enfim, já acreditei em amores perfeitos e já os descobri a inexistência. O zulmarinho parece-me aqui mais claro.

Um dia, um dia qualquer, estas minhas vozes vão chegar lá, onde ele começa, e vai começar um novo ciclo de JÁs na minha vida.



Sanzalando

8 de agosto de 2009

saudades de mim

Aqui estou de olhos fechados fazendo um lusco-fusco neste dia de sol. Tento imitar o entardecer para poder ver a saudade, tantas vezes compartilhada e outras tantas solitariamente sentida.

Hoje acordei com a sensação que não sou eterno e num arrepio me senti saudade. Nunca tinha tido saudades de mim. Pelo menos que eu me lembre. E foi hoje que me lembrei de todas as minhas ganas, raivas e medos, todos os meus sonhos pesados e pesadelos sonhados. E foi hoje que senti uma dor de estar sozinho nas minhas ilusões.

Quantas horas eu terei perdido a sonhar sonhos que eu hoje já nem me recordo? Quantos dias terei eu suspirado por amores que eu hoje já nem me lembro a cor dos olhos que eu amei? Quantas semanas terei eu desperdiçado irremediavelmente num olhar de espelho a ver se eu era outro que nem eu, cavaleiro herói de espada na mão feito conto de fadas e príncipes?

Hoje acordei com saudades de mim. Recordei o bater do meu coração, recordei o ver dos meus olhos, recordei o sentir do meu cérebro.

Hoje acordei com medo de me enganar.


Sanzalando

7 de agosto de 2009

adeus num fim que não existe

Se eu me deixo dizer-te adeus definitivamente é como que pôr um ponto final num parágrafo sem travessão. E tu sabes que sou incapaz de dar um final aos sonhos que terminam num infindável número de manhãs quentes, perfumes garridos e cores queimadas pelo sol. Não quero e odiaria fazê-lo, porque ir-me-ia afogar na tristeza dum amor apagado pelo tempo e as minhas pupilas deixariam de ter o brilho da esperança e o reflexo dos ponteiros dum relógio atrasado. Talvez o meu coração se agonizasse num prenúncio de morte sofrida e os meus abraços não tivessem mais o calor para te aquecer nas noites frias e longas do inverno como se fosse um final do mundo.

Afinal de contas eu não tenho destino, não tenho fim. Acho-me o ruído duma lágrima que cai da cara, por vezes triste por vezes alegre, da vida e como assim não posso pôr fim como quem fecha um capítulo em mil pedaços. Não posso dizer adeus como se fosse uma queda em grande impacto a bater no chão.

Jamais te direi adeus, jamais de porei um fim. Poderei chorar-te amargamente, fechar os olhos tristemente, calar-me por rouquidão, mas amar-te será eternamente.


Sanzalando

6 de agosto de 2009

me deixo

Me deixo caminhar de olhos vendados numa venda de sonhos e ilusões e me deixo levar pela sensação de ouvir a tua voz na minha alma e me sinto voar de realidade em realidade como se em equilibrio numa corda da vida.
Me deixo caminhar como num voo planado de imaginação, fio condutor da vida sem saber se louco ou adormecido que sonha.
Me deixo embalar no marulhar azul duma maresia embriagante de sonhos.
Me deixo. Apenas me deixo mais uma vez embalar por ti.
Um dia, eu me deixo, apenas me deixo.

Sanzalando

5 de agosto de 2009

rotinas

Olho o zulmarinho como que a lhe dizer adeus. Acordei hoje com a sensação dum provisório que me tem assustado todo o dia. Mas eu lhe vou dizer adeus mais porquê? Ele termina aqui mesmo onde é que estou, mas se prolonga até lá no início dele que eu quase já nem sei onde é que é mas que lhe vou descobrir outra vez um dia, mais tarde ou mais cedo. E eu tenho a sensação que é a última vez que lhe vejo? Acho louquei-me integralmente louco. Vais ver foi a rotina que congelou o meu coração e me acomodou nestes pensamentos de adeus até depois. Vais ver que os sorrisos virados forçadas gargalhadas saídas dos meus lábios se converteram em lágrimas do meu consciente adormecido.

Vais ver eu penso o zulmarinho é um mar de duvidas.

Acho hoje eu tirei o dia para me lutar numa guerra de silêncios surdos da saudade em ferida.

Se eu dissesse adeus acho anoitecia de vez para mim…



Sanzalando

4 de agosto de 2009

Me sento aqui

Me sento assim num deus dará, onde possa estar nos corredores da minha cabeça e reviver os filmes da vida que eu vivi misturado com os que eu quero viver e atabalhoado como os que gostaria de viver. Mas sinto a maresia que me entranha até na alma, ouço o marulhar como que me embala e navego nas ondas como quem balouça ao sabor do vento imaginário das ilusões. Me sento aqui e vou derrubando muros que tentam travar os meus sonhos, recolhendo pedras que me tentam travar a caminhada, alargando estradas que me tentam afunilar numa realidade destorcida. Me sento por aqui, sobre os meus sonhos e as minhas ilusões, meus passados e futuros, minhas certezas e incertezas e navego-me neste mar grande. Me sento aqui e desconheço a realidade real porque só sei a realidade que eu quero ter, sou um trapezista sem rede que balança entre o medo de não ter e o futuro propriamente dito.

Me sento aqui e sem pestanejar exploro as minhas portas que abro com o esboço dum sorriso, esquiço de alegria, projecto de ser gente um dia.

Me sento aqui e te levo comigo nesta minha caminhada por mim.


Sanzalando

2 de agosto de 2009

a minha pele


Me sento onde consigo ver, cheirar e quase viver o zulmarinho. O ponto onde ele termina. Para cima daqui não há mais.
Ele começa lá embaixo e termina mesmo aqui, onde a minha pele lhe pode tocar, onde toda esse superficie pode enrolar a minha pele, onde é acariciada por ele. Essa pele que me proteje e que é sensivel, forte e ao mesmo tempo fragil, tão forte que é capaz de me proteger em ventos e chuvas, frios e calores e tão frágil capaz de se arrepiar numa carícia.
Eu, o zulmarinho e a minha pele.

Sanzalando
recomeça o futuro sem esquecer o passado