A Minha Sanzala

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27 de setembro de 2017

sorrindo outono

Sorrindo, tornando o outono romântico, quem sabe alegre e bonito e não aquele em que na fria noite, metade da cama está vazia e só restam memórias das tantas conversas havidas entre ambos. Não aquele em que o peito doi, os olhos nada olham e a alma clama por uma carícia.
Não! É mesmo aquele outono em que a amor é fazer parte um do outro, não por obrigação, mas por ele mesmo. Por Amor. Aquele em que o outro corpo é seu, o seu porto seguro, aquele que passa para o seu rosto a felicidade, apenas num clique de olhar, de tocar de sentir.
Olha, o mar continua azulinho que nem o zulmarinho de verão, mesmo que sirva apenas para olhar. A luz do pôr do sol continua divinalmente da cor do fogo.
Eu sei que as flores se foram ou se vão. Eu sei que o ar deixa de estar de feição. Eu sei que a melancolia invade todos os poros. Porém, mantenho-me sorridente porque espero que cada dia continue a passar, como ele mesmo, mesmo que tenha de pôr uma pergola que antes eu chamava de toldo.

Sanzalando

26 de setembro de 2017

outono positivo

Tantas vezes dou comigo a tropeçar em palavras, como se só eu as entendesse. Outras vezes, não sei se muitas ou nem tanto, pouco importa a quantidade, tenho medo que alguém veja as minhas palavras, como se elas fossem o meu rosto e se esquecem que por detrás existem raízes, sentimentos sedimentados em tempos longos. 
Às vezes, 10 pessoas me dizem bom dia e eu retribuo sem dar importância ou me lembrar mais tarde. Mas há uma que passa por mim e diz algo desagradável. A força desta negatividade persegue-me porque parece é grande, enorme. Mas felizmente eu vou buscar aqueles 10 bons dias, simpáticos, simples e sem importância, e neutralizo aquela força negativa.
Outras vezes, porque é outono, penso que estou como as folhas das árvores, em queda, porém, revivo cada momento como se não houvesse outro e sorridente vou vendo um paralelo, ou abrindo desdobráveis e recupero o folego dos meus tempos de criança sonhadora.


Sanzalando

24 de setembro de 2017

Fotografando Domingo de Outono

Porque nem sempre apetece deixar palavras por aí, nem navegar por sonhos ou estórias soltas. Às vezes apetece só andar por aí num aqui.


































Sanzalando

22 de setembro de 2017

eis-me chegado ao outono deste ano

Ao longo dos tempos, tempos longos, fui aprendendo algumas coisas. O outono não me assusta, a idade não me surpreende, a tristeza não me afoga e a vida vou vivendo-a com um sorriso nos lábios. Outra das coisas que aprendi é que a felicidade não tem nenhuma relação com os que as pessoas possam aprovar ou não. Importa mesmo é ser feliz, com o sol brilhante ou com céu cinzento.
Esfolei joelhos nos carros de rolamentos, em patins de rua e nas bicicletas sem travações e outras distracções. Chorei amores e desamores em vazios tempos de solidão. Cantei canções que inventei em momentos de paixão. Sorri e gargalhei nas mais diversas ocasiões. Em todas aprendi 




Sanzalando

19 de setembro de 2017

outono geográfico

Na aula de geografia me tinham dito ainda era Verão. Outono é daqui a uma semana, mais coisa menos coisa. Mas nem já o tempo segue o tempo de escola.
Vais ver é porque estamos subjugados ao saco de plástico, ao dinheiro de plástico e à beleza de plástico implantada nas partes eróticas do corpo.
Acho vou segurar a respiração e cometer um suicídio ecológico, livrar-me de mim, triturador da humanidade serena e calma, organismo oco servido enlatado, embrulhado em conservantes e temperados com corantes de lugares exóticos como laboratórios.
è outono e eu estou melancólico e assim ficarei até que as folhas das árvores caiam e sejam substituídas por plásticos, que a conta chegue ao zero e seja substituídas por moedas e os implantes se esvaziem em reais desperdícios de gente humana


Sanzalando

18 de setembro de 2017

as minhas metades

Me deixo embalar na brisa outunal que teima em soprar. Visto um casaco de malha. Mais como um aconchego do que propriamente por frio. Parece-me que metade de mim grita e outra metade se mantém em silêncio. Este outono, como todos os outros outonos, me deixam melancólico. Mais ou menos como se metade de mim partisse com as aves e a outra metade ficasse com o meu passado.
Me deixo embalar neste sol de fingir, nem aquece nem arrefece, e fico com metade de mim a julgar que sou o que penso e a outra metade a dizer que sou o que pareço.
Me canso neste tempo de melancolia pensando que metade de mim é um abrigo e a outra metade é um deserto.
Mas a brisa me trás de volta num arrepio que me despenteia porque metade de mim é amor e a outra metade também deve ser.

Sanzalando

16 de setembro de 2017

assassinando saudades

O sol de verão já não era o quente sol de dias atrás. A areia da praia onde o zulmarinho termina já não tinha o brilho de semanas atrás. O zulmarinho continuava nuns tons verdes como era todo o tempo passado até nos dias de hoje, e se prolongava para lá da linha recta que é curva, começando na miragem duma praia cheia de gente e toldo azul. Hoje devia ter acordado cor de cacimbo lá no seu início, enquanto aqui no seu fim acordou desbrilhado de reflexos frouxos. 
Mas tu caminhas ao meu lado, sorriso largo por vezes matreiro que não da para adivinhar o que esconde. Só dá mesmo vontade de te fazer feliz para manter esse sorriso enigmático à minha vista.
Não sopra brisa transformada em vento nem me despenteia suavamente o cabelo ralado pelo tempo. O marulhar é suave como suave deve estar lá no vazio inicio dele.
Gargalhaste porque te lembraste de qualquer coisa. 
Já sei, te lembraste de Bauleth, do Rui Monteiro da Costa, do Matela, do Travassos ou do Leopoldo, os guardas redes que te lembras dos jogos da bola do velho campo junto da estação dos comboios. 
Não, não pode ser porque nesse tempo não eras nascida e não nasceste lá, onde o zulmarinho começa e me trás estes segredos.
Já sei, te lembraste da minha saudade de me levar aos lugares comuns onde um dia eu esfolei joelhos, parti a cabeça ou perdi o coração.


ps: me esqueci de meter o Bitacaia ali no meio. Logo ele parecia era de plástico

Sanzalando

12 de setembro de 2017

adeus Zé David

E hoje perdi um amigo. Daquelas perdas que a gente não pensa possa acontecer. Não espera que a vida faça essas surpresas.
Zé David, me fizeste rir tantas vezes quando me apetecia chorar, me deste força quando a fraqueza tomava o meu corpo e minha mente de assalto. Hoje me ligaram e disseram que havias partido. Assim de surpresa. Vendo bem, contigo nada era surpresa. Viva a vida, Zé David, é só o que te posso dizer neste momento de vazio.

Sanzalando

8 de setembro de 2017

meditação

Sento-me na beira da estrada e me deixo embrulhar em pensamentos. Vou meditando, trocando ideias por sonhos e vice versa, perdido por vezes e achado outras tantas. Me deixo ir de pensamento em pensamento como se viajasse dentro de mim, da minha estória, do meu passado real e imaginário, do meu futuro como se fosse presente. Vagueio-me vagabundando ao calhas. Tudo porque pensei que tinha chegado o tempo de pensar no meu bem, no meu bem estar, no meu estar presente de ser eu próprio, de dar primazia a mim mesmo. Presentear-me com a minha presença.
Faço uma escala entre sonhos, desejos, vidas, passados, presentes, quereres. Tento escalar. Prego a prego desorganizo-me. Ordem alfabética, não me satisfaz. Importância, não consigo dar mais e menos. 
Sorri. Para mim, entenda-se.
Não posso esquecer-me de me dar atenção, às vezes. Eu tenho de viver para mim também. Sem falsa modéstia. 
Se eu não for autor da minha felicidade, quem irá ser?


Sanzalando

5 de setembro de 2017

Re-introdução ao deus-dará

Carregando os sonhos que sempre sonhei, recordando os que vivamente vivi, suavizando os amargos sonhos que sofri, me deixo levar neste caminho que uns pensam é uma passagem, outros uma constante e outros uma mera ilusão óptica. Eu, não preocupado com definições, cá vou indo por ela, a vida, sorrindo, chorando, gargalhando ou simplesmente tentando ser feliz, sempre.
Cá vou correndo por tanto que há por trás dum te quero ou te gosto, cá sigo eu atrás dos meus sonhos, umas vezes com a positividade dum não, outras nem sei porque corro. Cá vou eu esquecendo os meus medos, agarrado aos sonhos, de modo que não me enfraqueça num qualquer desvario temporal, num qualquer tropeção de confiança ou numa armadilha imperceptível


Sanzalando
recomeça o futuro sem esquecer o passado