A Minha Sanzala

no fim desta página

31 de maio de 2008

desde aqui

Aqui estou sentado neste passeio, meio calcetado, meio esburacado, meio cimentado, meio feito ou meio por fazer. Chamo-lhe passeio porque assim me apetece, já que nele passeio as minhas ideias, as minhas palavras, os meus silêncios e onde umas vezes por outra pingo as minhas lágrimas. Ele é a minha sala sem paredes de colorido mutante. do cinzento ao berrante, cores cremes, cores de olhos chorosos, janelas de alma. Daqui posso chegar onde quero, travestir-me noutro corpo, maquilhar-me na cara de momento, ser pensante ou pedante. Desde aqui posso tocar o céu ou enterrar-me na areia. Posso ir onde quero, até fugir-me de mim.
Desde aqui posso percorrer pensamentos como quem salta de liana em liana, viajar sem bilhete e sem destino, poso ir e voltar ou só voltar mesmo sem ter ido.
Desde aqui posso imaginar e viver um mundo imaginário, viajar no tempo e dançar num compasso de caprichos.
Neste passeio onde me passeio posso viver, reviver e inventar.
Desde aqui posso caminhar descalço pelas tuas imagens, sentir o conforto do teu íntimo.
Desde aqui posso chorar-te pela distância quilométrica que estás de mim.

Sanzalando

29 de maio de 2008

Frases soltas (7)


Às vezes penso que o amor é mais frio que a morte, outras vezes que a sede é um sofrimento premeditado.


Sanzalando

27 de maio de 2008

Frases soltas (5)


A minha esperança é como o sol, não me deixa abrir os olhos e afasta as sombras para trás



Sanzalando

26 de maio de 2008

25 de maio de 2008

Frases soltas (3)


Eu sei que à noite segue o dia, que o dia acaba com os sonhos, que os sonhos se concluem na realidade, que esta substitui a ilusão, que a ilusão suplanta a saudade que existe porque há companhia que alimenta a amizade necessária para o desejo que limita a paixão, parágrafo final do amor.
Tudo isto é mais que sabido, porém ninguém sabe onde começa

Sanzalando

24 de maio de 2008

Obrigado Calito

«esta era para o sanzalando de há dias, o 37. Mas os de hoje, como sempre, voltaram a tirar-me do sério. Mas tu gostas de ser assim e pelo que leio és assim desde tenra idade.
Um abraço daquele tamanho
Calito»
Sanzalando

22 de maio de 2008

Frases soltas (1)


Passeio pelos passeios da imaginação ao encontro da minha linha que está ali ao alcance dum quase nada.

Sanzalando

21 de maio de 2008

Ócio do povo

Sigo, parado no corpo, com os olhos no sentido dos ponteiros do relógio em busca de nadas e vejo coisa nenhuma. Aqui sentado viajo pelo mundo, chego onde me leva a imaginação, sem ocupar espaço sem abusar do tempo.
Quem me diz porque é que o ócio, actividade de contemplação contemplativa, é considerado uma afronta ?
Sòria que diz que o ócio é o exercício contínuo da liberdade; o ocioso não pode trabalhar pois tudo o que faz é por prazer.
Vamos a ver quem vai dizer que o gajo é doido e preguiçoso. ..
Um tal de Toffler diz que no século XXI o povo estará liberto de uma série de coisas e que a grande industria seria o lazer.
Mas afinal de contas onde estou eu mesmo, perdido neste passeio sem limites?
Já sei, a olhar para lugar nenhum...
Sanzalando

20 de maio de 2008

é de tarde

É de tarde e como todas as tardes avançam sem dar por isso não sinto a tranquilidade esperada. Deve de ser é causado porque sinto saudades da história esquecida, do regresso à vida na engrenagem estampada duma foto que mostra um relógio parado nas 5 horas. Pois é, se é fotografia o relógio está mesmo é mais que parado.
Mas acho que o tempo se adiantou e parou no presente, neste momento em que te olho e te falo as coisas no silêncio irrequieto, anedotas forçadas em rimas difíceis, jogo de palavras na mistura da cintura.
Hoje me trago no passado vivo que dei conta, na magnitude da lentidão.
Saboreio um café. Olho para a direita e para a esquerda. Atravesso a rua em segurança, jogo as mãos à cabeça, do chapéu tiro um cigarro como num passe de mágica, leio um jornal da época.
É de tarde, cruzo as pernas, dou um olhar tranquilo pelo dia, risco uma ou duas coisitas insignificantes e dou-me por feliz.


Sanzalando

19 de maio de 2008

37 - Estórias no Sofá - Outrodependência

Faz tempo caminho a meu lado. Assim mesmo. Vamos andando e vamos conversando, vamo-nos pondo ao corrente das coisas, mesmo daquelas que deviam passar despercebidas. Um dia destes gravei-me este diálogo que te conto para não julgares que eu estou louco. Gosto mesmo é de gostar de mim e de me compreender.
- Boa noite!
- És tu, pá? Que susto, me cumprimentares assim num repente sem dares sinal antes!
- Ok, desculpa só, mas duma outra vez eu vou fingir tou a tossir e tu não vais dar esse salto de susto. Mas afinal de conta estavas a pensar em mais o quê para te assustares assim? Estavas com um ar muito de outro lado pelo que decidi te acordar desse pensamento em que dormias um pesadelo.
- Mas não era para me interromperes… devias deixar-me estar a congeminar-me.
- Não te entendo! Se te interrompo é porque sim, se não te ligo é porque não te ligo e coisas e mais tal. Mas que parecia te querias deitar desta vida abaixo isso te digo que parecia mesmo.
- É, se calhar eu não quero mesmo é viver…
- Epá! Mas eu quero!
- Tu e essa tua mania que não podes viver sem mim…
- Mais ou menos isso!
- Mas estou cansado de sofrer…
- É uma época que facilmente superamos, o tempo passa depressa e tudo vai ser esquecido e ainda nos vamos rir disto tudo.
- Mas faz tempo que não lhe ouço a voz, que não lhe sinto o perfume, que não lhe toco a alma…
- Mas…


aqui se fez um longo silêncio entre os dois eus

- Mas tenta ver a coisa pelo meu lado. Eu estou bem, o futuro aparenta me sorrir…
- Por ti????
- Sim, por mim. Que espanto é esse? Eu nunca conto?
- Agora não… eu até parece que sofro de ‘outrodependência’… é sempre por ti… nunca é como eu quero… basta!



Sanzalando

17 de maio de 2008

Hoje fui de carro

Passeei, porém hoje fui de carro que o corpo cansado não me deixa andar sobre mim.
Vidro aberto, cotovelo sobre a porta e dedos sobre a boca, num gesto de ex-fumador, rolos de pensamentos se iam desenrolando sobre mim ao mesmo tempo que a ex-farta cabeleira polvava o espaço com os seus tentáculos cada vez mais escassos. Os olhos entreabertos, se escondendo do vento, davam-me de certeza o ar de quem ia a viver com intensidade este lote de pensamentos.
Eu. Só eu e o vento. O rádio ligado passava completamente despercebido. Era mesmo só o eu visível e o meu eu invisível, assim como dois desconhecidos que se encontraram ao acaso. Não havia necessidade de palavras, entendiam-se.
Lembro-me dalguns pensamentos doutros momentos e outros eram completamente novos como se tivessem sido pensados por outra cabeça, se calhar eram da minha inconsciência visível ou da minha consciência invisível. Venha algum outro e escolha.
Não suspirava. Pelo menos não me lembro. Porque é que eu não deixo de pensar? Valerá a pena? Constantemente me repito na pergunta sem resposta como se fosse um degrau para uma novo rolo de pensamentos. O que é a minha vida? Conjunto incompleto de pensamentos arquivados num monte anárquico. Só pode. Valerá a pena?
E o carro segue o seu caminho como se soubesse para onde ir, eu olho e desconheço para onde vou mas me deixo ir.


Sanzalando

16 de maio de 2008

Palavras vagabundas

Me passeio no passeio, num para cima e para baixo mesmo sabendo que ele é plano, matutanto pensamentos que a cabeça não é de estar parada num vagabundear de loucas ideias, imagens e arrepiantes sons.
Pois passeando neste passeio fatela, o que me perturbará? Só mesmo um pneu dum vagabundo carro sobre um charco de água.
Afinal de contas eu quero dizer-te tanta coisa, dizer-te as palavras que só tu e eu conhecemos e entendemos, abraçar-te em ondas como se tivesse atirado uma pedra num mar de imaginação, escaldar-me no teu sol e beijar-te como quem fuma um cigarro.
Tanta coisa, tanta.
Na verdade mesmo, enquanto me passeio neste passeio carregado de buracos, vou delineando linhas que afinal já outros te escreveram.
Mas nada perturba este olhar que me persegue na loucura de amar-te.

Sanzalando

15 de maio de 2008

um dia a menos

Sempre por aqui à espera que passe o vento. Às vezes ele passa e com ele chega a tua voz, chegam as tuas palavras e com elas o sorriso à minha cara. Outras vezes o vento não passa, me despenteio e mal consigo ter os olhos abertos pelo que me sento num olhar de procura, cordilheira de esperanças, palavras antigas sempre caladas.
É um viver de cada dia que deixou marcas.
É um caminho feito de vento e carregado de pequenos nadas.

Sanzalando

13 de maio de 2008

Aqui estou

Aqui estou num olhar carregado de esperança, talvez porque eu seja mesmo a esperança e me tenha esquecido que o era.
Aqui estou eu suspirando em dó bemol por um amor ingénuo carregado de bolor abrilhantado pela luz da lua numa forma de luar silencioso.
Aqui estou respirando ares enfurecidos porque canto a tua canção, leio a tua luz, sinto o teu perfume e acaricio-me nas tuas mãos que não vejo.
Aqui estou eu à espera do teu beijo ou alguma outra coisa no lugar dele.
Aqui estou esperançado, suspirando em respirações ofegantes por um teu olhar, um chamar mesmo que calado.

Sanzalando

12 de maio de 2008

Pr'aqui estou

Pr’aqui estou carregando o silêncio desconfiado da insatisfação, perguntando-me quantas ideias brilhantes já floriram em mim? Quantos fantasmas regressaram prisioneiros à minha liberdade?
Pr’aqui estou perguntando no silêncio apagado da minha existência quantas flores nasceram cada vez que eu disse o teu nome?
Pr’aqui estou sem saber se o teu rosto está marcado pelo tempo, se os teus beijos ainda têm a brisa dos meus encantos.
Pr’aqui estou vivendo em ti, linhas invisíveis que formam em alas por onde caminho direito a ti.
Pr’aqui estou nesta paixão mental carregado de carícias de silêncio.

Sanzalando

11 de maio de 2008

troca de olhar

Procurei, sentado neste passeio meio esburacado, o meu lado assassino. Aquele que mata as ideias que caiem no esquecimento, aquelas que caladamente me choram aos gritos no espelho da alma, que me filosofam de medo e de espanto nos sorrisos que me esqueci de sorrir, aquelas que complicaram os meus desejos por não terem aparecido.
Procurei e desencontrei-me numa troca de olhar por carícias.


Sanzalando

10 de maio de 2008

e a vida corre

Na minha cabeça faz frio de manhã, as tardes são aborrecidas e as noites insuportáveis na sua luta infindável para ver se paralisam a vida. Imóvel e invisível está o tempo, escondido na passagem. E a vida corre igual, circular, vulgar no seu eterno de novo nada se passa.
E cá estou eu sentado no lancil do passeio a olhar a sempre mesma paisagem, a carregar a mente de reviveres, uns cinzentos como dias de chuva, outros brilhantes dias de sol. Não importa o dia nem a hora.
E a vida corre igual, circular, vulgar no seu eterno de novo nada se passa, às vezes interrompido por um matar de tempo sem significado.


Sanzalando

8 de maio de 2008

Serenidade

Eu perguntar-me-ia porque estou tão sereno hoje?
Sinto-me que nem a espuma do mar que vem acariciar a areia como só ele sabe acariciar naqueles dias de mar preguiçoso.
É, faz bem de vez em quando preguiçar. Dizem os entendidos e acho que os outros estão de acordo.
Ao mesmo tempo sinto-me na quietude de menino que parece está a esconder alguma traquinice feita ou por fazer.
Aqui no sereno do anoitecer apetecia-me sussurrar estórias não inventadas, porque se até os meus erros já estão descritos nos livros dos eruditos quanto mais as minhas estórias de encher tempo.
Não sou capaz de ser inventor, de dar vida às coisas que passaram, de criar ares e outras atmosferas.
Acho vou só ficar mesmo dentro deste sereno estar no sereno da noite e olhar-te pela calada da imaginação.
Sanzalando

7 de maio de 2008

Há dias roucos

Há dias assim, como dias há que o não são.
Uma frase.
Conjunto de palavras que não terão significado se ditas em voz rouca complicada de ilusão. A palavra precisa de espaço silencioso para ser compreendida, mas às vezes tanto silêncio cala a própria palavra.
Pois é, há dias em que o desencanto abandona de forma premeditada a palavra como luzes que não brilham, sorrisos que desaparecem, amores sem retorno.
Há dias em que a palavra parece ter morrido de morte asfixiada.
Há dias assim, como se o fossem de desengano em que as palavras são arrancadas da boca e abafadas num silêncio deixado atrás dum olhar mortiço.

Sanzalando

6 de maio de 2008

É assim

Passeio de lage, calcetado, cimentado, esventrado, pouco me importa desde que tenha um lancil onde eu possa me sentar e deixar as minhas palavras serem levadas pelo vento na volta da circunferência da terra assim num a modos de dizer as coisas infinitamente.
Mas desde já te afirmo aqui, sublinhando cada palavra com uma lágrima, se um dia me vires insensível é porque deveria estar com dores, se me vires embriagado é de certeza absoluta por amor, se me vires cego é por causa dos horrores.
Portanto e assim sendo que mais eu te posso esconder?
É assim, num dia como um hoje, em que te posso abrir as portas das minhas palavras, das minhas imagens, sonhos, desejos, amores e desamores.
É assim, num dia como um hoje, em que eu te posso ser dezenas de personagens, desde o desinspirado ao mais afortunado dos inspirados, do feliz ao mais desgraçado pessoalismo crente de que não há infelicidade maior, do surpreendente ao esperado.
Afinal de contas só é preciso que haja um passeio onde eu me passeio, nem que seja com o olhar das palavras.
Sanzalando

5 de maio de 2008

(1) - Não acredito que já tenham inventado


É! Há dias que não apetece falar, não apetece dizer-te ao ouvido as coisas que tu querias ouvir, não apetece navegar por mares usados de abuso.

É! Por isso nestes dias me socorro das coisas que eu gostova de ter inventado.

Não! Não tem dia marcado, nem hora na nova agenda de a gente falar tanta coisa mas ir ser ouvida só assim na hora certa.

Tem um dia ou outro. Ou não!


Sanzalando

4 de maio de 2008

Ao 7º dia publicou

Me sento aqui no lancil deste passeio meio esburacado, ou será que o passeio está só meio feito e por isso me parece meio esventrado? Não, num primeiro mundo nada fica por fazer nem se deixa estragar assim.
Mas isso é irrelevante, não fora o facto de eu ter que procurar um lugar mais liso para me sentar de modo a não ficar irremediavelmente dorido nas partes abundantes e nadegueiras.
Mas aqui sentado estava a pensar que bloguear é uma tarefa lixada com todas as letras e requer uma atitude insubornável.
Eu sei que tenho malhado abusivamente na minha vertente sentimental, no meu desenraizamento sócio-cultural, nas minhas lágrimas por falta dum quê que só eu sei mesmo o que é e nem tenho a certeza que existe, mesmo eu sentindo-o dentro de mim.
Por esta razão o bloguear é ainda mais lixado, com todas as letras das palavras portuguesas sinónimas desta.
Mas estava eu aqui sentado como um gajo velho, cansado, pronto a vomitar umas tantas lágrimas em forma de palavras que se vão formando assim num mar de ideias na minha tola, naufrago de mim, fantasma de rumo, e não consegui deixar de parar para pensar um pouco. Sei que me vão pedir sempre um nível mais alto de palavras, uma oceano de ideias, umas luzes na escuridão, uns olhares directos, uns sorrisos na tristeza, e ninguém se vai lembrar dos sacrifícios, do que eu vou pagar em custos directos e indirectos no meu corpo.
É verdade que não estou à espera de um cêntimo por palavra nem transporto a fantasia de fazer um livro das minhas palavras sabendo que há milhares de prateleiras carregadas de coisas inúteis e más. Também é verdade que não sou o bloguer presunçoso que aqui vai estampando o seu estado de alma real.
Aqui sentado neste passeio esburacado diariamente começo do zero até atingir o zero mais que absoluto.

Sanzalando

3 de maio de 2008

olhar perfumado

Encosto a cabeça na almofada e me cheira a perfume carregado de tropicalidade.
Não pronuncio palavra porque me navego nas ondas do odor e começo a perceber que deixei passar o momento de as ter dito.
Esforço-me e não encontro o tempo perdido.
Assim, num silêncio de odores, percorro sensações. Pétala ante pétala procuro a origem do perfumado odor.
Imagino-te que me vieste visitar, traduzir-me os teus silêncios.
Olho-me, olho-te num não te ver mas sentido.

Sanzalando

2 de maio de 2008

olhares sonolentos

Hoje pareceu-me ver-te ao acordar.
Já sei: sou eu a buscar-te, embrenhado em ideias e filosofias dialécticas, rebeldando-me contra a tua ausência de mim convencendo-me que não existes.
Já sei: entre consciências e objectos de ciência antiga confirmo-me que és mais uma realidade do sonho.
Já sei: em lugares de amores existenciais em áreas de vazio extremo busco-te na reflexão.
Afinal de contas ainda me falta passar esta e outra ponte.

Sanzalando

1 de maio de 2008

Ontem e Hoje andei aqui

http://umvoocegoanada.blogspot.com/2008/04/s-leonardo-da-galafura-iii.html
http://www.sanabria.com.es/sanabria_historia/sanabria_historia_1.html Com frequencia a estória dos povos não se escreve com as mesmas palavras que a estória dos seus reis.

A estória destes povos eu não conheço mas lhe reconheço a beleza e a posição geográfica.



Sanzalando
recomeça o futuro sem esquecer o passado