A Minha Sanzala

no fim desta página

31 de dezembro de 2011

Adeus 2011

Sejas bem vindo 2012
Uma carta que me escrevo
Caro amigo JCCarranca espero sinceramente que o ano de 2012 te traga muita, mas muita mesmo, felicidade, que as tuas lágrimas sejam, isso mesmo, de felicidade e de orgulho, que te traga muitas conquistas, gargalhadas, amores e amizades de verdadeiras verdades. Desejo que as pessoas que te rodeiam continuem a valer a pena e te continuem a rodear. Que continues a transbordar de amizades e de verdades. Eu sei que tiveste algumas decepções, alguns dissabores, algumas mágoas neste ano que termina. Mas te lembra que isso foi chuva que já choveu e esse fim de 2011 vai levar com essas coisas para as tumbas do esquecimento. Te lembra JCCarranca entra em 2012 assim como novidade nova de esperança renovada. Entra mesmo só com a realidade, base eterna que acredites te leve a bom porto. Que 2012 te traga tudo de bom, do melhor. Recebe um abraço aqui do teu ego JCCarranca.




Sanzalando

30 de dezembro de 2011

não sinto

Me sento aqui a olhar para lá do que a vista alcança, ouço música batida no coração num ritmo tropical e as coisas que eu sei costumam ficar claras quando amanhece.
Mas por curiosidade, breve momento da minha vida, eu não sinto nada. 
Nem alegria, nem tristeza. 
Me lembro da dor que tive, da lágrima que chorei, das palavras que calei, dos silêncios que ouvi. Realmente confuso e complexo é ser-se humano. Ir de um extremo ao outro e ainda parar para ter tempo de nada sentir. 
Afinal de contas quando eu morrer será de riso, será de ter feito isto e aquilo, de ter gasto todas as palavras num sentido vivido da vida, de ter escrito tudo o que tinha para escrever, de ter saltado todas as ondas do mar, de ter-te abraçado com o calor dum abraço de amor.
Mas agora não sinto nada. Nem alegria nem tristeza.
Vou descansar o corpo e deixar a alma respirar e voltar à vida quando tiver novos sentires.

Sanzalando

28 de dezembro de 2011

doce voz que se amarga

Se fosse noite estaria a olhar o tecto e imaginar quantas estrelas eu veria no hemisfério sul. Mas não é noite e eu não estou no hemisfério sul. Daqui eu posso mandar abraços, beijos, palavras meigas, quentes, doces  ou azedas, que faltará sempre o conforto da palavra em viva voz.
Saudade. Dor. Outra mais saudade. Tristeza. Amor. E mais uma vez dor. Solidão. Nostalgia. Repito saudade.
Como é possível sentir só um eu assim tanta coisa em simultâneo?
Já tentei tudo. Já li os livros todos que me aconselharam. Já reflecti sob chuva e sob sol. Me tornei apenas paciente. Mais ainda porque me disseram quer com o tempo melhorava. Aumentou a dose de paciÊncia. 
Saudade. Dor, Outra mais saudade e por aí fora.
Esperar, esperei. Juro. Aliás, espero! Mas se fosse noite eu diria que nada vejo pela escuridão.
Já tentei a substituição. Nada valeu. Saudade sobrou. Procurei novos rumos e outros aprumos e nada saiu do meu peito para além da saudade, da dor, da tristeza e do amor.
Minha voz doce se amarga e se embarga em frases simples, caladas tantas vezes.


Sanzalando

27 de dezembro de 2011

E ter na mente

Eu sei que vai chegar a hora de um dia partir. Até lá, não ficarei aqui sentado à espera. Não chorarei tempos perdidos. Não gritarei raivas contidas. Um dia partirei directo ao meu sonho e ele, sofridamente vivido ate agora, será uma realidade de me ter feliz.
No entanto até lá, sentado a olhar o zulmarinho, debruço-me no tempo, e recordo que se passaram mais 365 dias, 12 meses, não sei quantas horas, minutos, eternidades até, e me pergunto quantas vezes sorri e destes quantos eram os verdadeiros e quantos eram lágrimas disfarçadas?
Sentado por aqui, acertando pensamentos, arquivando desilusões, soterrando pesadelos, me pergunto quantos arrependimentos ficaram calados?
Me deixo destas coisas e sorrindo me banho numa chuva tropical que imagino esteja a cair lá onde a terra tem perfume.
Ai, afinal apenas tenho medo que esta espera um dia eu diga que foi em vão e que o eternamente mais não seja que ter na mente.


Sanzalando

26 de dezembro de 2011

O amanhã





Sanzalando

bassulei a tristeza

Dei berrida na minha face triste e lhe coloquei uma nova de sorriso bassulado em olhos brilhantes. Olhando esse zulmarinho, me chegou uma voz que disse, ao ritmo das ondas, que eu para ser feliz dependo apenasmente de mim. Aí, me colei um sorriso nos beiços, afugentei a tristeza e segui a vida que não parou a me esperar. 
Me perguntei o que seria a vida sem pequenas contrariedades, sem uma lágrima chorada, sem um aí soluçado. E o mar me respondeu que é assim que se aprende a crescer.
Sorri, de lábios e olhos brilhantes, caminhei, saltei um muro, outro de seguida e um pouco cansado sorri novamente e disse-me que a este lado já tinha chegado. Falta só continuar porque um dia eu vou conseguir chegar ao lado que eu quero estar. É, o ar que respiro é mais importante que tudo o resto porque se eu não lhe respirar não poderei estar aqui sorrindo a vida numa tarde fria em que sonho calor.



Sanzalando

25 de dezembro de 2011

Dia de Natal ou outra coisa qualquer

Não vi as renas nem ouvi o Pai Natal no seu gargalhar que lhe inventaram. Não vi neve nem coloridas lâmpadas cintilarem nas árvores, não vi artifícios nem outras invenções e contraversões que me faltam na memória. Mas também não vi nem senti o calor que tu me podias ter dado, não tivesses de costas voltadas para mim.
Já não sei quantas vezes olhei o tecto enquanto tentava dormir sonambuleando-te pela imaginação imagens de memórias, vividas, imaginadas ou apenasmente queridas de desejo. Mesmo assim não ouvi o Pai Natal nem o cavalgar das renas, nem os sinos, nem a cauda de cometa.
Afinal de contas foi apenas mais uma Noite de Natal que passou.
Devo de ter-me esquecido de lhe escrever uma carta. Não me lembro se lhe mandei mensagem por telemóvel. Não faço ideia se fiz sinais de fumo. Mas não ouvi o Pai Natal.

Sanzalando

23 de dezembro de 2011

Saudade

Vejo ao longe as luzes cintilantes de Natal. É festa, se esquece todo o ano que passou e haja festa. 
Mas eu aqui sentado, saboreando o frio do mar que aqui termina, que aqui me trás as novas desde o seu início, sinto saudade, essa saudade que alterou a minha vida, que me transformou os complexos, me cegou de futuros e me ignora no presente.
A saudade mudou-me bandeiras, transformou-me num filme em que não participei no argumento, que me tropeça o pensamento com recordações, que me desconstroi o passado dando-me um presente baralhado de cores cinzentas que tapam as garridas da alma.
Saudade. Palavra fácil de soletrar e que tão meigamente me escraviza nas debilidades mentais duma dor surda que me corrói.
Saudade, com que cor te pintarei? 
Não com as cintilantes cores do Natal. 
Não com os negros escuros do esquecimento. 
Não te pintarei. Sentir-te-ei eternamente.


Sanzalando

22 de dezembro de 2011

Perdón por ser médico: Me presento: Soy médico (perdón)

Perdón por ser médico: Me presento: Soy médico (perdón): Si lo siento, me arrepiento, soy médico y por ello tengo que pedir perdón. Pido perdón no solo por ser médico, mi delito es aún mas grave, ...

Pensar e Falar Angola

zulmarinho

Me sentei tantas vezes a ver o mar que lhe chamei de zulmarinho. Saboreei-o no perfume, na musicalidade e no descanso de ver o ondular das ondas se espreguiçando na areia.
Hoje me sento perto deste mesmo zulmarinho, que termina aqui e começa para lá da linha recta que é curva e se chama de horizonte, fechando os olhos para conseguir ver as minhas coisas de verdade.
Me parece que tem dias que o mundo desabou, que o céu caiu, que o frio gelou, que o calor queimou. Tem dias que, fechado em mim, me sinto perdido, que cai de mim, num qualquer canto da vida, quebrei-me, despedacei-me. Tem dias que dói o corpo, a alma, o coração e a consciência e que eu não me sinto inteiro.
Se não fosse assim um sufocante eu me deixava ficar aqui, eternamente perdido em pensamentos, juntando segredos, desconstruindo medos e me embalava nas ondas mentais e segui +para lá da linha recta que é curva e que chamam de horizonte.







Sanzalando

21 de dezembro de 2011

solitário

Me atraso em pensamentos vazios. Assim mesmo, porque nao deixo a minha vida caminhar nas rodas do tempo normal.. Talvez os ventos sejam outros e as coisas passem num sem volta a dar, na volta que eu descansei-me e me esqueci de lembrar. 
É, a vida é imprevisível, o que já é demais eu saber. Como é que vou segurar um qualquer amanhã sem me ter arrependido das coisas desfeitas dum ontem qualquer?
Navego num coração solitário, com erros, medos e tantas esperanças e mesmo assim me deixo atrasar num tempo continuado.
Me perco por aqui.
Me encontro num mais além.
Os ventos mudam e me disseram que com nordeste não case nem pesque. 
Perco-me navegando num coração solitário.


Sanzalando

19 de dezembro de 2011

entristeci

Me atiro para um canto onde eu não me veja, não saiba onde estou nem queira ser visto. Me escondo porque me tornei memória, porque me criei lembrança duma despedida que nunca tive. 
Aqui escondido faço versos que não ouço, explico erros que nunca cometi e entro nos tantos e quais porqûes. Vacilei. Entristeci. Mais uma vez noto que perdi um jogo que não joguei, me duvidei de todas as certezas que tinha. 
Me atiro para aqui num canto de lado nenhum, vejo ses, porquês, esperanças e outras tantas palavras bonitas. Mas não vejo um meu sonho realizado.
Porque o tempo passou tão rápido que não deu nem para eu me ouvir uma vez?
Tenho a certeza que se eu me tivesse ouvido, não teria me esquecido de te dizer todos os dias os bons dias e de ver que os nossos universos não são assim tão longe um do outro.
Me atirei para um canto para poder continuar esta solitária caminhada atrás dum sonho cada vez mais ténue.




Sanzalando

17 de dezembro de 2011

hoje

Olá, hoje de ti eu não queria grandes coisas, grandes planos ou planos assim assim. Hoje até nem queria que atendesses aos meus apelos, aos meus desejos e aos meus sonhos. Hoje apenas queria que retirasses o teu peso dos meus pensamentos, esse pesadelo que carrego em cada segundo do meu tempo, esse medo de não te ter constante. Hoje apenas queria ter uma pequena lembrança, uma memória frágil, um aceno de ternura. Hoje eu queria sorrir sem te olhar no pensamento, assobiar sem te ter como musa, cantar sem te ter como música. Hoje eu queria ser um eu apenas.



Sanzalando

16 de dezembro de 2011

Santaclausmente Árthemis


Sanzalando

tentei uma carta

Quase me rio quando tento descrever-te. Poderia começar por dizer que tinhas cara de boneca, nariz perfeito, boca primorosamente desenhada e uns olhos que expressam a alma. Rosto belo, para não dizer belíssimo que soaria a pomposidade demagógica. Na verdade não tens cara. Existes, mas não tens feições. Tudo isso são subjectividades e a tua beleza que para mim é tudo, para outros é nada. Ideias malucas da minha imaginação, dirão. Não és uma kianda porém és o reino, não és uma chuva tropical porém és uma nuvem de tempestade.
Afinal de contas, me perguntas tu no teu silêncio, a quem te quero descrever. A ninguém se não a mim mesmo. Não te tenho o retrato por isso te tenho na memória e te quero passar a real virtual e então me rio. Cada palavra que escolho é pior que outra escolhida anteriormente.
Mas não me interessa. Não te descrevo e apenas te escrevo e os outros que imaginem como eu te imaginei. 
Gargalhei mais uma vez porque te escrevi e não te disse que tinha saudades tuas.
Boas Festas, já agora, não me vá eu esquecer ou não ter tempo de te dizer. Lá arranquei mais uma página dentro de mim.




Sanzalando

15 de dezembro de 2011

refastelado na imaginação

Me refastelo na areia da praia aproveitando este raio de sol de inverno que hoje nasceu para mim. A voz enrouquecida duma garganta inflamada, um pingo continuo de nariz que parece mais uma torneira mal fechada, bem precisam deste raio de sol. Quase não me consigo mexer de tanta roupa que me aquece este arrepiado corpo. Mas hoje eu me refastelo na areia da praia da minha imaginação e navego nas ondas do mar porque eu preciso de ti, é necessário que eu te sinta. Não preciso das tuas prendas, não preciso das tuas perguntas. É mesmo só de ti. A tua imagem me chega para aconchegar a alma. O teu silêncio me serve. A ideia do teu perfume me acaricia. 
Aqui refastelado até parece que ouço os teu sinos, sinto a tua magia, o teu carinho.
Afinal de contas eu te amo mesmo quando me lembro da tua indiferença.


Sanzalando

11 de dezembro de 2011

DESISTIR?

Me atiro por um aí qualquer, sítio de memória ou apenas de saudade, e desato a correr atrás dos pensamentos e tantas vezes concluo coisa nenhuma ou tanta coisa que nem sei por onde comecei. 
Às vezes acho que foram autentica parvoíce acordar sonhos dos quais sai a correr atrás como se fosse um fim de mundo. Outras vezes acordo-me como se tivesse espezinhado o meu orgulho pelo facto de ter ido a correr atrás deles. 
Na verdade eu tento arrumar-me num modo de não me piorar, de desatar os tantos nós que fui atando, sem ter que piorar as coisas tantas que me separam dessa minha realidade. O problema sou eu, a persistência do pensamento, o querer de tanto amar, a força de tanto insistir como se tivesse um iman a repuxar-me.
Afinal de contas o que tens que não me deixas desistir de ti?


Sanzalando

10 de dezembro de 2011

coração encerrado para obras

Olho-me no espelho e encontro contradições. Observo os meus olhos e relembro-me dos tempos que tinham ainda brilho, enquanto agora reluz uma baça desilusão com um tempero de decepção e uma leve decoração de agonia. 
Perdido nestes pensamentos desnorteados se calhar deixo escapar uma lágrima já que sinto um certo sabor salgado no canto da boca. Não a vejo porque sem óculos não consigo ver para além de mim.
Apago a luz e na calada escuridão vou-me observando sempre com os olhos num amanhã que tenha rumo, norte virado para sul, páginas escritas num destino que penso estar vazio. Por agora ponho-me um letreiro que diga coração encerrado para obras.






Sanzalando

9 de dezembro de 2011

ORIENTALMENTE ÁRTHEMIS


Sanzalando

Reflexões facebookianas (12)

Fazer o certo, fazer o errado, mas fazer vivendo. Cansei-me de não tentar. JCCarranca reflectindo enquanto olha para a bússola da vida


Deixei de procurar monstros debaixo da cama quando descobri que as pessoas os têm dentro delas. JCCarranca reflectindo ao frio duma beira mar vazia


Se escrever me libertasse eu já era voador nato. JCCarranca reflectindo sobre o que lhe falta escrever



Eu queria fazer milagres. Eu queria transformar lágrimas em canções. Eu queria reflectir sem me sentir obrigado. JCCarranca reflectindo sobre a si


Podes pôr-me de lado. Desde que seja do teu. JCCarranca reflectindo sobre o lado do pôr do Sol



A minha alegria não ficou presas na poeira do tempo. JCCarranca reflectindo enquanto olha para o calendário




Às vezes é preciso uma boa queda para saber o que é bom estar de pé. JCCarranca reflectindo sobre o que corre mal

Sanzalando

7 de dezembro de 2011

procuro

Procuro palavras no meu dicionário mental. Procuro silêncios na noite escura. Procuro ideias na minha memória. Procuro passado na minha história. Procuro cores na minha vida.
Hoje encontro uma moleza que até dá dó. 
Palavras esqueci no passar do tempo.
Silêncios me assustam pela escura solidão.
A memória se vai apagando num transparentizar de tons ténues duma vida que passou sem história, descoloridamente.
Mas me esforço na procura e fico a saber que a saudade a gente apaga com amor, que as borboletas são flores que o vento convidou a dançar, que a gente consegue tudo e quando parece que não vai conseguir a gente inventa uma desculpa.
Procuro um rumo que me tire deste lado nenhum e me ponha no teu lado certo. 



Sanzalando

6 de dezembro de 2011

sentado à beira da estrada te olho

Cansado. Me sento sobre uma pedra que faz tempo está aqui ao lado da estrada como que a convidar para me sentar. Todos os dias lhe olho e todos os dias lhe tenho dado desprezo. Hoje não, foi diferente. Me sentei depois de sentir o apelo, o convite intrínseco dela. Na estrada faz tempo não passa carro nenhum, a poeira adormeceu sobre a terra batida e os arbustos que lhe ladeiam ainda estão cinzentos como à espera que a chuva, que não tarda, lhes lave para lhes dar o verde novo. Acho graça de estar aqui sentado e me lembrar de ver estas coisas. É um jeito que não consigo nem explicar, às nem entender. Ó minha terra como eu te acho linda. 
Aqui sentado acho que nunca te vi assim tão linda como te vejo hoje com estes olhos cansados. Até me sinto mais forte do que realmente sou, quando deixo cair esta lágrima que me enfarrusca o olhar. Desculpa, não te quero decepcionar com lamechismo. Sei que conheces os meus defeitos, as minhas faltas, essas coisas todas que com o passar dos anos não foram desaparecendo e aqui estou, sentado numa pedra da beira estrada a olhar-te carregada de pó que a chuva que ainda não caiu e não te lavou

Sanzalando

5 de dezembro de 2011

a culpa da desculpa

Me sento numa praia da minha imaginação que mais não é que uma memória dos tempos de menino. À minha frente finjo que tenho uma tela, na minha mão pincéis e uma paleta de cores garridas. Vou pintar um quadro com tantas memórias que me saltam na mente. Eu hesito. 
Olho para mais longe do que a minha vista alcança e num abanar de cabeça concluo que depois que o amor se instala não existe mais nada. Ideia fixa, diria. Suspendo memórias, conversações e outras convenções, bom-senso, incenso e outros perfumes, medos e memórias outras dolorosas e apenas encontro esperança, cores claras, esbatidas, finas, delicadas.
Olho para mais longe ainda e agradeço. Não por me ter paralisado, magoado ou afastado todas as minhas ideias num aparente quase nada aconteceu.
Regresso à realidade e me sinto mais forte e muito menos tolo. Que culpa tenho eu de amar-te?



Sanzalando

3 de dezembro de 2011

olhar atabalhoado

Me atiro atabalhoadamente por sobre a areia da praia da minha imaginação, assim numa nítida falta de coordenação motora provocada por muita falta de exercício e atordoado deambulo pelos pensamentos onde a verdade viva se esconde. Escondo-me de quem sou, do que sinto e principalmente do que me dói na alma. Afinal de contas toda esta atrapalhação mais não é que um esconderijo de mim, anulação completa do eu que sofre de nostalgia severa não dissimulada. 
Olhando as nódoas negras da vida tatuadas no franzino corpo que me transporta, olho de lado para tantas minhas coisas como repressões, vulnerabilidades e ameaças de medo escondido atrás da cortina do desejo.
Olhando em frente vejo que faz tempo não ligo a coisa nenhuma que me faça ter um brilhozinho nos olhos.



Sanzalando

2 de dezembro de 2011

SEXTAFEIRAMENTE ÁRTHEMIS



Sanzalando

Reflexões facebookianas (11)

O mar. Amar. Dizem que ambos são infinitos. JCCarranca reflectindo enquanto se lembra dos amigos

Minha vida seria muito mais fácil se eu tivesse a capacidade de seguir os conselhos que dou aos outros. JCCarranca reflectindo na idade que lhe resta de vida

Cada dia de espara é um dia que não vou recuperar. JCCarranca reflectindo sobre o sentido único da vida

As coisas estão tão ruins que até os sonhos dão errado. JCCarranca reflectindo sobre a lista de coisas ainda a fazer


Que solidão sentiria se a saudade me abandonasse. JCCarranca reflectindo enquanto soletra palavras com vida


As pessoas que gostarem do meu jeito de ser se aproximarão e as que não gostarem se afastarão, é simples. JCCarranca reflectindo enquanto procura marcas do tempo no espelho

Sanzalando

1 de dezembro de 2011

A arte na rua

Como hoje não me apetece atirar o meu corpo para sofrimentos linguísticos, a minha alma para estórias antigas, o meu pensamento para lágrimas sofridas, passearei por aí num misto de arte e entretenimento. Clica aqui


Sanzalando

28 de novembro de 2011

vagabundo-me

Vagabundando por saudades e nostalgias dou comigo num beco sem saída, de sorriso em riste, e em altos berros indago-me porque desconheço as razões das nossas aproximações não serem mais que meras intensões. Tantas vezes interrompidas, tantas vezes voltadas atrás, tantos cruzamentos desfeitos em coincidências.
Vagabundando-me indago-me porque habitas a minha solidão.



Sanzalando

26 de novembro de 2011

daqui veho, sinto e ouço o mar.. Apenas

Daqui vejo o mar. Daqui sinto o mar. Daqui ouço o mar. Mas daqui não me aqueço com este mar.
Na verdade o que eu gosto mesmo é de sentir. Sentir de verdade, intensamente. Amor. Paixão. Qualquer coisa que me faça tirar os pés do chão, qualquer coisa que se chegasse como as ondas de rádio eu colocaria em FM, no fundo da memória para não mais perder e com qualidade. Pode ser qualquer outra coisa desde que me faça o coração bater mais forte e me faça sentir borboletas voando na minha alma.
Daqui vejo o mar. Daqui sinto o mar. Daqui ouço o mar. Mas daqui não me aqueço com este mar.
Na verdade não sinto mais nada que cansaço, vazio, normal.

Sanzalando

O mar. Amar. Dizem que ambos são infinitos.


Sanzalando

23 de novembro de 2011

uma manhã de nostalgia

Me atiro no areal da nostalgia e disparo o olhar para a frente. Ainda há motivo para sorrir. 
Todas as manhãs dum amanhã. 
Eu sei que tudo é um temporário pretérito imperfeito lavado em lágrimas choradas em silêncios, gritos abafados pelo romper da madrugada, quarto minguante dum sonho que não cresceu e como tal não floresceu. 
Mas amanhã, noutra manhã, o sol vai brilhar, vai-me chegar para eu sentir, uma brisa suave do teu verão e a corrente de ar vai soprar num murmúrio que parece dizer que nos completamos. 
Espera só por uma manhã de amanhã.






Sanzalando

17 de novembro de 2011

porque te amo

Olho no espelho retrovisor da vida e me estanco em pensamentos lineares. 
Voltava a fazer tudo na mesma e de igual forma. Sem tirar nem pôr. Depois eu ia querer tudo outra vez, esperar as eternidades, chorar quando o tivesse já feito, gargalhar quando era de gargalhar. 
Mas se calhar, e aí começavam as contradições, não abdicava de tanta coisa só por amor. O teu perfume, as tuas verdades, as tuas desilusões e ilusões, iam ser pesadas. Deviam ser. 
Afinal de contas custou muito tanta coisa junta.
Reolho o retrovisor da vida e repenso que mesmo custando tanto quanto custou, mais do que eu imaginaria, eu voltava a fazer tudo igual. Porquê?
Porque te amo!

Sanzalando

15 de novembro de 2011

desgastando dias

Me sento por aqui nalgum qualquer canto da vida e deambulo os olhos por lugares nenhuns. Os pensamentos vão-se sobrepondo num abafar de ver quem é o mais forte. Sorrio, faço caras sérias, enrugo a testa, pisco os olhos, enfim, mimicamente me transporto ao longo deles.
Na verdade eu devo morrer uma vez por semana, renascer umas três ou quatro e choro um par deles. Com eles vou aprendendo um pouco, quer os dias quer os pensamentos vagabundos que me atropelam qualquer sossego.
E assim se passam as semanas e eu quase sem tempo para viver, sem tempo para fingir felicidade se a tristeza é real. 
Já sei, vivo cada dia, com o que tiver. 



Sanzalando

14 de novembro de 2011

Reflexões facebookianas (10)

Mesmo que eu seja forte o bastante, sempre hei-de ter uma fraqueza que me faça chorar em algum momento da vida. JCCarranca reflectindo sobre tanta coisa que ainda tem para fazer


Não importa o que digam sobre mim, sou especial a minha maneira. JCCarranca reflectindo enquanto relê o seu passado


A vida só corre para a frente quando soltarmos as amarras que nos prendem ao atrás. JCCarranca reflectindo enquanto lê tanta baboseira


E se me perguntarem como estou, direi apenas que estou indo e sem muita bagagem. Pesos desnecessários causam sempre dores desnecessárias. JCCarranca reflectindo sobre o dia a dia


Enquanto houver luz procurar-te-ei. JCCarranca reflectindo na falta que lhe fazes


Deveria haver um serviço de telessoluções com entregas ao domicílio em menos de meia hora. JCCarranca reflectindo sobre a problemática da interpretação incompreensível de certas gentes, que não querem ver o óbvio


Sanzalando

11 de novembro de 2011

36 anos de Independência

Bailarina negra
A noite
(Uma trompete, uma trompete)
fica no jazz
A noite
Sempre a noite
Sempre a indissolúvel noite
Sempre a trompete
Sempre a trépida trompete
Sempre o jazz
Sempre o xinguilante jazz
Um perfume de vida
esvoaça
adjaz
Serpente cabriolante
na ave-gesto da tua negra mão
Amor,
Vênus de quantas áfricas há,
vibrante e tonto, o ritmo no longe
preênsil endoudece
Amor
ritmo negro
no teu corpo negro
e os teus olhos
negros também
nos meus
são tantãs de fogo
amor.

António Jacinto

Sanzalando

10 de novembro de 2011

fisicamente

Adoro dormir porque sei que te vou encontrar nos meus sonhos. Pena mesmo é que eu gasto pouquíssimas horas a dormir. Assim tenho que te viver em imaginação, o que não é a mesma coisa, sabes. 
Ainda à pouco, refastelado no sofá, digerindo uma refeição, matucando em diálogos virtuais tidos nas últimas 24 horas, e que nem sempre eram corretos e leais, que me saltou a ideia do quando eu te deixei. Esta frase rebolou na minha cabeça de tantas formas e sentidos, descompostamente resvalou para e depois que eu te deixei. 
Sei que não é uma frase, é apenas o início duma frase, mas foram esses inícios que rebolaram na minha cabeça, parecia estavam numa máquina de lavar, rodando ora para um lado, ora para outro. Quando ficava mais à vista o quando te deixei, a continuação era mesmo a existência de uma não continuação que vinha. Entre o quando e o depois parece que não havia nada, um espaço vazio na minha cabeça que para além dum espaço branco, embora eu pudesse preencher, ficava a ausência até de palavrões e outras conjugações. Nesse espaço de não palavras estava um silêncio doloroso e uma imobilidade que me fez dormitar.
Levantei-me, revi datas, números soltos, parágrafos escritos no amarelado tempo caído no esquecimento e conclui que afinal não havia o quando nem o depois, apenasmente o fisicamente.


Sanzalando

5 de novembro de 2011

recordando um passado.


Num Giradiscos igual a este ouvi os meus vinis - Morandi, Rita Pavoni e depois o Silia, Zeca e José Mário Branca. Antes o meu pai ouvia aqui a suas centenas de EPs que iam do Max à popular música francesa onde davam os primeiros passos um tal de Aznavor, uma Piaf e mais uns tantos que a memória não guardou. Ah! e também ouvi um vinil, dele, uma tal Beatriz Costa a cantar o Arre Burro, noutro a Borracha do Rocha e muito mais tarde o Calhambeque da Helena Rocha. 
Aqui ouvia o relato da bola e ouvia a emissão da minha rádio empregadora.
Tantos anos depois venho encontrar o 'meu' velho rádio-giradiscos a servor de biblot no hall dum Hotel.
apeteceu-me cantarolar:
"Oh Rocha empresta a borracha 
tira a borracha da caixa
 
empresta a borracha oh Rocha
 
tira da caixa a borracha
 
apaga o lapes com a borracha do Rocha
 
e mata o Lopes com a rocha da borracha"



Sanzalando

Tanto mar 49

Sanzalando

2 de novembro de 2011

1 de novembro de 2011

Reflexões facebookianas (9)

Alguma coisa eu devo ter feito bem feito. Há ainda quem se lembra de mim. JCCarranca reflectindo enquanto caminha no vento solitário na praia




Seja como for. Seja! JCCarranca reflectindo enquanto olha para um mapa




O meu mundo é pequeno. Às vezes tem céu azul, outras está tempestade. Lá dentro tem sonhos de todos os tamanhos e pessoas, não muitas, as fundamentais. JCCarranca reflectindo-se na sombra do entardecer




Em vou te amar em todos os meus amores. JCCarranca reflectindo enquanto muda de rumo




Eu tenho milhões de motivos para não te amar, mas em todos estás lá. JCCarranca reflectindo enquanto vê que não caminha para sul




Ultimamnete tenho gostado de tudo. E de nada também. JCCarranca reflectindo se segue o GPS ou vai pela intuição




Às vezes a vida é tão intensa que nem faz sentido. JCCarranca reflectindo com tanta cultura absorvida




Eu não tenho velhos tempos. JCCarranca reflectindo no que tem pela frente




Um dia me disseram que os ventos erram os caminhos. JCCarranca reflectindo enquanto sobre o penhasco afasta o cabelo dos olhos



Sanzalando

31 de outubro de 2011

baralho de memória

Passeio no jardim, sob as bungavílias que fazem um carramachão que me protegem do sol e vou reflectindo no deus dará de ideias e sonhos.
Quem é feliz não conta, não espalha aos quatros cantos dum círculo de vida. Quem é feliz simplesmente se satisfaz em ser. Talvez por saber que felicidade anda colada em inveja. 
Quem é feliz não precisa provar a ninguém esse estado de alma, é-o. 
As pessoas felizes de mais, exuberantemente felizes, não me passaram nunca confiança, não me ligaram, porque talvez saibam que essa coisa de que a vida é uma festa e não existe erro na vida não é estado de alma que me sirva ou me brilhe nos olhos. 
Feliz é quem conhece o lado ruim e lhe respeita, é quem já foi infeliz pelo menos uma vez e não faz disso um alarido ensurdecedor.
Passeio no carramachão e sou feliz no passeio em que reflicto sobre ideias, sonhos, memórias e imagens que a memória me fez o favor de guardar.
O Zé, o Henrique, o Douglas, o Mané e tantos outros que de calções futebolávamos num campo de futebol feito na descida que ainda hoje não sei porquê ali jogávamos quando se andássemos 100 metros iamos ter um plano duma estrada também em que os carros iam ser poucos a nos incomodar.
A Maria, Irene, Isabel que passavam na rua como que a querer que a gente lhes olhasse, mas não havia nada que nos desviasse daquele jogo que era importante porque era simplesmente aquele jogo.
Sob o carramachão sorrio ideias e páro a olhar o Quiosque do Faustino a tentar saber como cheguei até aqui sem dar por nada.





Sanzalando

28 de outubro de 2011

envelheci

Envelheci. O tempo gasta e desgasta. É melhor começar outra vez.
Cresci. O tempo ensina muita coisa e desgasta outras. Agora sei que o saber não é como o dinheiro que se mantém fisicamente intacto mesmo depois dos mias infames intercâmbios. O saber é assim mais como uma roupa de corte fino e elegante em que o uso e a ostentação lhe vão gastando. Não é assim com os livros? As páginas amarelecem, descolam-se e desfazem-se, e aos poucos os olhos vão achando que as letras estão a se encolher num parece têm medo de serem lidas e o braço encurta-se para o levar para longe.
Cresci e amareleci os meus conhecimentos numas folhas de memórias de sítios que eu hoje lhes ia ver com outros olhos, outros veres. Há páginas coladas pela humidade que não são separadas pelo indicador num folhear simples. Nem a saliva posta na extremidade do dedo ajuda as folhas a se separarem. Se se abrissem ia ver saberes que se calhar eu queria esquecer, delicados desgostos rabiscados no pergaminho do coração com lágrimas contidas numa doença de amor ou outras estórias que me levariam a tremores e dissabores que os cinzentos cabelos não iam se aguentar na sua fragilidade e morreriam num chão perdidos para sempre.
Cresci e o saber, entorpecido pelo mimo, me continua a ler-se nas paginas amarelas da memória em estórias reais que mesmo que não tenham acontecido são verdadeiras..




Sanzalando

FELIZ ANIVERSÁRIO





Sanzalando

26 de outubro de 2011

na praia

Atirei o meu corpo para areia quente da praia. Os meus olhos não conseguem nem ver. Estão turvos de tantos pensamentos que rebolam na minha cabeça parece é cascata, uns atrás dos outros que até parece estão a fazer corrida para ver quem é pensado primeiro. Não precisava ser assim. Não era necessário que o amor doesse tanto como dói. 
Não era bem mais simples eu sorrir quando me lembrasse de ti? Imaginar o teu sorriso, o calor do teu abraço, o teu perfume natural e logo me abria um sorriso na cara que quem olha ia dizer ele está feliz.
Mas não. Tinha de doer, porque nunca poderei lembrar aquilo que não tive. E do mais feliz da terra passei num instante mais rápido que o tempo a despedaçar-me em tristeza. 
Eu sei que se ele não doesse a gente não lhe ia dar nem um bocado de valor, se calhar nem lhe ia sentir. Mas também não havia necessidade de me despedaçar assim. Tanto amor que eu tenho de deitar fora porque tu não lhe queres.
Ok. Vou dar um mergulho e me arrefecer os olhos numas braçadas até na jangada onde chegarei já quase sem folgo e não terei tempo de te pensar, mas apenas de tentar respirar.






Sanzalando

24 de outubro de 2011

o amor da minha vida

Me sentei na falésia, mesmo perto da Fortaleza, pés firmes numa pedra. 
Atirei os pensamentos para a baía e me deixei voar atrás deles como se quisesse ver-me por fora, lágrimas escorrendo na cara. Tinha machucado o coração. Meu coração adolescente tinha levado a sua centésima porrada de amor. Uma vez mais eu era ignorado e ali na falésia eu podia chorar que da marginal ninguém me ia ver. 
Me levantei e me dei comigo a dizer que ninguém escapa a um mal de amor. Me dei força e prometi nunca mais amar sem limites, me entregar de alma e coração. Meu amor passaria a ser só na superficialidade da pele. Me prometi com a convicção que eu sabia que ia cumprir, pelo moenos nos próximos minutos, enquanto me lembrasse deste terrível desgosto que me estava a afogar um coração adolescente.
Te digo que tinha feito muitos sonhos da gente juntinho numa varanda de cadeiras de baloiços a contar nos netos a aventuras que a gente ainda ia viver.
Me antecipei e não me vi num outro desgastante desgosto.
Depois de levantado, olhei a estradinha que passa lá em baixo, recta grande que é em curva, imaginei tantos lugares, alguns que até não tinha nunca ouvido falar porque não tinha ido na aula de geografia, se calhar. Acho até sonhei que ia escrever o nosso livro, um romance de amor daqueles que ferve só de olhar a capa. Mas, dizia, olhada a estradinha decidi que não ia mais sair daquela cidadezinha, não ia mais sofrer de amor e o meu mundo não ia mais para além do meu olhar.
E foi assim que nunca mais esqueci o amor da minha vida.





Sanzalando

21 de outubro de 2011

desbarato-me misticamente

Dou por mim a olhar as pessoas como se soubesse alguma coisa delas que nem elas mesmo sabiam. Assim como que lhes trespassava até à alma com o olhar de ver coisas que os olhos comuns nem conseguem fazer imaginar. E eu lhes via no interior bichos, sujos, peganhentos, coisas de outras vidas noutros planetas, fantasias minhas, dizia-me. Acho lhes conseguia ver a outra encadernação e não aquela que me mostravam. As cores não eras as reais de ver com olhar comum, não via ali brancos ou negros, apenas cores garridas de berrantes, riscadas de listas assimetricas num confuso circo de que apenas sobrava a tenda esfarrapada dum temporal doutro século mais antigo que a minha memória não tinha ainda registo.
O que elas não sabiam de si era-me assustador. Era terrível o dilema de lhes dizer ou não. Alguns corpos estavam enterrados fazia mais que muito tempo e eles próprios não sabiam. Ninguém me perdoaria se eu dissesse, desculpe, você não está aqui porque está sepultado há mais de um século. Ninguém me desculparia se soubesse que eu sei o que eles são e o que eram.
Dou por mim a olhar-me na escadaria da loucura, no afogamento da nostalgia e no enforcamento da memória.
Pé ante pé me afasto de mim. Desisto de olhar, apenas revejo as memórias, apontamentos soltos numa sebenta vermelha em que o U desenhado da capa mais não era que o U dum universo que eu não sei se existe, mas que me recordo, isso eu sei. Ultrapassado tempo do tempo não medido num relógio mecânico.




Sanzalando

20 de outubro de 2011

Reflexões facebookianas (8)

Não tenho ódio nem vontade de chorar. Em compensação também não tenho vontade. JCCarranca reflectindo enquanto arruma papeis queimados pelo tempo

Sorrio para os meus problemas e ignoro as minhas decepções. JCCarranca reflectindo enquanto queima anotações apagadas pelo tempo


Vou brindar ao amor partido, pois se for esperar pelo amor inteiro a bebida vai aquecer. JCCarranca reflectindo enquanto vê as horas passar sem relógio


Um dia tudo se desmorona e eu terei que sair de dentro dos meus sonhos para dar um jeito na vida real. JCCarranca reflectindo sobre um nevoeiro mental


Durante a noite parece que a distância aumenta, a tristeza triplica e a saudade se torna infinita. JCCarranca reflectindo na cama sobre a incerteza de um dia ter a certeza


Às vezes eu me perco, não me encontro por mais que me procure. JCCarranca reflectindo no beiral da janela da tarde


Cansei-me de ficar cansado do cansaço da vida. JCCarranca reflectindo enquanto muda de rumo


Passei o tempo a pensar na felicidade dos outros e esqueci-me que também tenho o direito de ser feliz. JCCarranca reflectindo enquanto revê as personagens da sua vida


Benvindo ao meu coração, mas toma cuidado, tem lá feridas que é abismo. JCCarranca reflectindo na vertente sul da saudade


Não me preocupo, não tenho pressa. O que é meu, encontrará um caminho para chegar até mim. JCCarranca reflectindo enquanto puxa lustro a alguns sonhos


Sanzalando

17 de outubro de 2011

prelúdio

Lá está ela, mais uma vez.
Não sei, não vou nunca saber, porque não dá para entender como ela não se cansa de me provocar. Parece que para ela tudo se passa como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever, que nessas escolhas eu erro. Ou melhor, até se podia prever, mas ela dispensa, dispersa, baralha e dá de novo.
Acredito que ela, lá no seu fundo, gosta dessas coisas. De se deixar ser apaixonada, de fazer com que me se jogue num rio onde ela não sabe se consego nadar. 
Ela não desiste e leva bóias escondidas para me atirar cada vez que eu me afogo.
E ela sabe se eu me afogar, me recupero. Estranho e que ela já me fez apanhar demais da vida e um dia se vai surpreender e eu lhe gritarei desisto que até lhe deixarei surda. 
Ela me provoca relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser substituta.
E quem não é? A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que me garante que  qualquer alguém não está somente servindo para tapar buracos, servindo de curativo paras feridas antigas? 
Ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Eu sei, mesmo não sendo o escolhido.
Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor para curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe para trás, fraco e sangrando. Daí  que se espera por alguém que venha me curar.
Às vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. 
E para ela? 
Por quem ela espera? E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. Mas ela também, tal que nem eu, se levanta e segue em frente. Não por ser forte, e sim pelo contrário… Por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você, eu e todos os outros, viemos ao mundo.

Sanzalando
recomeça o futuro sem esquecer o passado