A Minha Sanzala

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31 de maio de 2020

eu e o sonho

Passeando pensamentos por aqui me vou distraindo da realidade que passa por ali. Não lhe fujo, finto-a para não andar de nome feito, isto é, com uma carranca de meter medo ao susto. Eu sei que a minha alma é antiga. Também não tanta assim. Um bocado pois eu nasci adulto e vou crescendo criança. Sempre estive um passo atrás. Não por medo, mas o herói estava a beira do abismo e deu um passo em frente. Eu compreendo a vida assim dum modo resumido. Essa miserável vida que alguns passam o dia a sonhar eu destilei do meu ser. Essa amarga vida que alguns fervem sem água, eu amarfanhei num buraco vazio do celeste azul da inexistência. Eu continuo com os meus sonhos juvenis até apagar a minha alma adulta.


Sanzalando

#comida


#comida sushi vegetais


#zulmarinho


30 de maio de 2020

eu e a saudade

Faz sol que nem lá. A pele da testa se descama parece é peixe depois de secar ao sol. Eu me sinto assim numa doença de saudade, numa raiva boa de saber que para lá do infinito está a minha alma apaixonada dançando ao sabor dum cacimbo quente. 
Como é que eu vou desconstruir frases para construir novas formas de dizer esta doença boa chamada saudade? Como é que eu vou dizer ao meu coração que o bater ritmado dele se parece com os pulsar da terra onde puseram a minha placenta? com que palavras eu vou suspirar o ar que deixei lá por respirar?


Sanzalando

29 de maio de 2020

#comida


#flores


eu e os vícios

Este sol deve andar a fazer-me mal. Se me emaranho na ideia de descobrir todos os vícios que corrompem este mundo acho que não tenho letras que cheguem no meu alfabeto para ultrapassar a ideia de Luís Veríssimo, que diz que todos os vícios começam pela letra C. Liamba incluída, uma vez que se chama cannabis sativa. Cigarro. Cerveja. Café. Cachaça. Computador. Chocolate. Sal que é cloreto de sódio. Açúcar que vem da Cana. Coito.
Até a cultura é viciante. Tudo começa por C. Perdi para Luís Veríssimo. Só preciso duma letra para falar de vícios e hoje não me apetece gastar os Cês.

Sanzalando

28 de maio de 2020

#flores


eu e o meu filme

Vai sol alto e meu corpo quente se desfaz numa pachorrenta forma de vagabundear pensamentos sem me deslocar. Hoje eu não estou no meu corpo. Ausentei-me para parte incerta de mim. Hoje optei por não viver. Hoje perdi o vi e fiquei-me a ver. Faz conta sou espectador do filme da minha vida. Hoje deixei a vida correr em piloto automático. Deixei a consciência de lado e deixei o meu corpo viver a vida dele. Faz conta não conheço ninguém neste filme. Desconheço até o enredo apesar de me enredar nesta poltrona da imaginação. Ups, quase deu vontade para puxar-me para dentro do meu corpo mas consegui me controlar e deixar correr um pouco mais de fita. Não era um momento de tortura, era só mesmo um teste de paciência. Isto é difícil. Não conhecendo o guião a vida não parece fácil. Mas acho aquele corpo está a desenrascar-se suave e docemente bem. Mas eu devia ter-me precavido e ido buscar um controlo remoto para poder voltar atrás se tivesse que ser. Eu não posso deixar o meu corpo machucar a minha consciência conscientemente. 
Acho melhor acabar este enredo e voltar para dentro de mim que o meu filme comigo tem mais emoção. Sentado aqui é perigoso...


Sanzalando

#comida


27 de maio de 2020

#desportivamente


#lugaresincriveis


eu e a adivinhação

Faz sol no entardecer. Amanhã estará um dia de felicidade. Bruxo? Não. Adivinho apenas porque basta o sol nascer para ser um dia de felicidade. Infelizes os que não vêem ou não querem sentir o sol. Até de noite sinto o sol.
A adivinhação vem-me das cicatrizes no tempo, esse ilusório período de vida gasto. Bem ou mal depende da cabeça de cada um. Aqui não me compete adivinhar a positividade ou negatividade nem ver se um sorriso é um esconderijo de lágrimas. Adivinho a vida e essa deixa-me feliz.
Só porque não vejo não quer dizer que não sinta ou não ame. Adivinho?!
Tudo o que imaginamos pode ser rotulado de exagero ou mágoa. A adivinhação faz-me crer na sorte e eu tenho sorte porque vejo ou sinto o sol, com exagero e sem mágoa. 


Sanzalando

26 de maio de 2020

#comida pitanga


eu e o olhar

Olha para mim a correr atrás dos pombos da praça. Olha para mim a correr atrás das gaivotas da praia. Olha para mim a correr atrás dos flamingos da ria. Olha só para mim. Achas eu desisto? Por mais gélida que seja a minha vida eu acho-a linda de viver. Já sei que sou o pior humano dos bons humanos que conheço. Na verdade eu sou um olhar transverso duma ilusão de vida. Olha bem para mim. Esta figurinha que transfigura o desespero em ânimo, que sorri quando parece devia chorar, que facilita o difícil, que vive o amanhã hoje.
Olha para mim, sobrevivente de mim.

Sanzalando

#zulmarinho


#flores


24 de maio de 2020

eu e a palavra

Vou por aí a falar sozinho, coisas da vida e da ausência dela. Eu preciso aprender a falar, mesmo das coisas que machucam, mesmo das coisas que dão tranquilidade. Vejo o zulmarinho tranquilo e preciso dessa tranquilidade para falar em palavras minhas o sentimento, a primeira palavra difícil de dizer. Amor. Não é engolir tudo, não é sufocar no peito a dor, sofrimento ou mágoa. Não é suportar o peso do mundo. Preciso palavras para entender o coração, o conforto e até a dor. 
Vou por aí a falar palavras sentidas numa hemorragia de conceitos abstractos, num colorido de lugares comuns com a capacidade de escutar a saudável leveza duma paixão.
Compro palavras simples, descomplexadas que traduzam o meu estado de alma.


Sanzalando

#zulmarinho


23 de maio de 2020

eu e a paz

Eu queria tanto ter paz.. Ter a tua paz. Ter a paz no sentido lato e geral do termo. Ter paz é poder dar e receber sem nada em troca. Pacificamente. É preciso ter paz, sem exigências, sem ir além de nem ficar aquém de. 
Eu preciso de ter esse estado de calma e tranquilidade, essa ausência de agitação ou perturbação.
Na verdade, em paz, consigo ver os que preocupa muita gente: a preocupação de mostrar a fachada porque o que têm dentro é um quase nada, é uma desimpressão marcada. 
Eu preciso de paz para poder dar os tantos primeiros passos que quero dar em qualquer sentido da vida.


Sanzalando

#lugaresincriveis desconfinados


#zulmarinho


22 de maio de 2020

#lugaresincriveis


eu e ansiedade

Ciclovagabundo-me por caminhos que nem sei onde me levam. Também não estou preocupado pois nalgum lugar vou parar. Até pode ser estatelado num chão qualquer. Mas paro e disso não tenho dúvidas. 
Quantas vezes eu já ouvi que não faço ideia do que faço por aqui, para além de inspirar e expirar, gastar o ar de quem gosta de viver? Principio da ansiedade. Falta uma gota de medo e ei-la.
Quantas vezes ouvi que a vida é um desastre? Outro alerta de que só falta um niquinho de inoperância e já lá está.
Falta-me dizer que a ansiedade é um estado emocional importante na vida. Antes de ser doença, é claro.
Na verdade, eu só me sinto perdido, quando me perco de mim e por enquanto ainda sei o caminho em que ciclovagabundo-me.


Sanzalando

21 de maio de 2020

#flores


eu e o desejo

Passeando-me na areia, pensamento sobre pensamento, como se caminhasse em passos incertos, vou atrás dos meus desejos. 
O que é um desejo? É um querer que eu devo ter. 
Eu sei que à noite as pessoas vêem as estrelas de modo diferente. Umas pelas figuras que desenham, outros pelo brilho, outros apenas porque sim. Mas todos pedem um desejo mental, quer acreditem quer não. Mal não faz, pensam. Mas aquelas pequenas luzes cintilantes podem ser desejos não satisfeitos que ficaram a pairar no éter. Digo eu que sou séptico. 
Um desejo é quase sempre um silêncio. Tem medo de entrar areia na engrenagem. Acreditem ou não. 
O meu maior desejo é nunca deixar de ser eu, é ter medo de esquecer-me quem sou.


Sanzalando

20 de maio de 2020

#flores


#flores


eu e a razão

Fintando estados de espíritos, coxeando ideias sem ter a preocupação de cair em dogmas e outras obstruções, vou-me enchendo de razão sem saber bem o que é que é a razão. Na verdade eu sempre fui muito mais adepto da emoção do que da razão. Mas se calhar por isso nem sempre consegui o que queria, havia razões que a minha consciência não sabia.
A razão vem da cabeça. Pensamento idealizado e maturado. Cabeça está acima do tórax. Razão acima do coração. Emoção. Têm razão os que me dizem que não terei grande carreira porque as emoções dominam-me. A minha carreira tem a dimensão que tem e não é comparável porque não tenho outra paralela. 
A razão pode ser um motivo. Por algum motivo eu tenho razão. Ou não.



Sanzalando

19 de maio de 2020

eu e o amor

Nos meus passeios mentais circulo por palavras. Hoje veio-me à cabeça o amor. Tem quem não sofreu de amor?  Desconsigo dizer porque não conheço ninguém. O amor não tem de ser por alguém. Tudo o que a gente faz deve ser por amor ou com amor. Amor é portanto tudo. E tem vezes que um pequeno nada nos faz sofrer. Mas amor por uma pessoa é além de grande sentimento uma enorme habilidade. Roubar assim um coração é processo lento e ao mesmo tempo tem de ser doce. Indolentemente não se consegue roubar nenhum amor. 
Nos meus pensamentos, transformado em recordações, sou imortal. Já morri tantas vezes por amor.


Sanzalando

#zulmarinho


#flores


#mangueira #cajueiro


18 de maio de 2020

eu e a normalidade

Passo a mão pela consciência. Lisinha, nem uma ruga ou um ponto áspero. 
Assim tento entrar noutra era. Na nova normalidade como já ouvi por aí.
O que é a normalidade. Ouvimos tantas vezes na vida que é normal. Perguntamos tantas coisas e tantas coisas nos respondem que é normal. Mas o que é a normalidade. Acho que é a associação de determinadas coisas que a maioria das pessoas faz. É normal que eu me sinta baralhado quando confronto certos pensamentos e certas ideologias e o normal. O supostamente normal aqui pode ser anormal ali. Que é que fazemos então para definir o normal? Quem decide os limites da normalidade? Quem são os normais da sociedade? São os que são todos iguais?
É normal que eu não saiba nem o que foi nem o que vai ser a nova normalidade.



Sanzalando

17 de maio de 2020

#flores


sigo praia fora

Sigo praia fora. Ninguém à minha volta. Minha caminhada meditada. Viro um, viro dois ou três pensamentos. Sigo em passo firme como se levasse comigo um sorriso que alguém me deu. Olho nos olhos que ninguém me olha. Alguém dirá solidão ao que me transpiro em reflexão. Os meus olhos castanhos albergam o meu universo, as minhas memórias albergam a minha vida e os meus sentidos albergam o meu futuro. Por mais que tentem ninguém me rouba o futuro nem o passado. Um não sei como vai ser pelo que ... o outro ninguém pode mexer.
Sigo praia fora soletrando pensamentos, vagarosamente porque parece tenho todo o tempo do mundo.
Afinal de contas só eu apenas pode apagar tudo. E não o faço porque só podia dar certo da forma como foi.
Sigo praia fora preparando o meu verão. Sem esquecer o confinamento social, rumo ao futuro da forma que ele for. Sorrindo.



Sanzalando

#zulmarinho


16 de maio de 2020

#flores


#comida


sou assim

Me deixo levar por dá cá aquela palha. Literalmente, o que não quer dizer correntemente. Eu acredito na boa fé das pessoas, eu aceito um dia mau bem como uma gripe mental. Eu, neste canto desta falésia que é a vida, vou meditando e aprendendo, vou sorrindo e gargalhando, vivendo. A vida é uma alegre estar neste mundo, com esta gente que nos rodeia, com este ar que por vezes é vento, tempestade ou apenasmente irrespirável. É a vida.
Todos são importantes na minha vida, mesmo aqueles que dizem que nem me podem ver, mesmo os que mudam de lugar quando chego. Todos são como aqueles que escalam montanhas para estar comigo. Importantes. Todos são as minhas insónias e os meus dormires serenos. Todos contribuem para que eu seja assim. Todos fazem parte da minha realidade. Mas há sempre uns e outros. Uns mais que outros, por mais igualitário que eu queira ser. Fazer parte do meu ser é ter um dia cruzado comigo. Vou fazer mais como. Sou assim, com defeito e bem feito.


Sanzalando

#comida - quando os amigos vão á lula


15 de maio de 2020

faz de conta

Faz de conta abriu o sol. Assim num brilho de fazer inveja a muitos dias de verão. Eu corri para a praia mais próxima e olhei o zulmarinho em meditação. Esvaziei-me de pensamentos e outros tormentos. Me deixei ir na vaga. Nem o meu mau humor me alucinou ou me apoquentou, essa coisa horrível que me persegue. Flui por aí. Acho cheguei a criança. Acho me lembrei de ser feliz despreocupado e adolescente. Acho lancei âncora na vida sorrindo, feliz e contente. Acho cheguei ao ponto que já nem falo, transparentizei-me por completo. Sem falar já meio mundo me entendeu. Outro meio está em vias disso.
Faz de conta abriu o sol de verão outra vez. Do tempo em que eu era criança. Mosquito picou? Faz mal não. Pica pica picou? Não faz mal não. É verão e tudo isso faz parte dele. Nem que seja só de faz de conta


Sanzalando

14 de maio de 2020

a minha música

Dizem que todos temos uma canção. Juro que não sei a minha. Fazendo um exercício de memória não me consigo lembrar duma. Le it be dos Beatles poderia ser. Mas só porque me lembro. Yellow Submarine porque me faz lembrar qualquer coisa como alô tamarino. Because I Love you, outro nome que me veio à memória. The Wall. E... mas eu não sei a música ou a letra de nenhuma. Devo ser coisa rara. Eu não tenho uma canção. Eu não tenho valores antigos? Não é por não ter uma canção que vou dizer que não tenho passado. Eu saí cá um despistado musical... 
Se não tenho uma canção como é que vou assobiar? Eu não nasci para a música nem ela tem algo para mim intrinsecamente. É que eu estou sempre com o rádio no on. Mas que música ouvi hoje? Não me lembro. Acho sou caso raro. Mas sou eu. Não vou fazer disto a minha ferida que não curou com o tempo. Ainda ninguém escreveu a minha música e ponto final.


Sanzalando

13 de maio de 2020

#flores


se eu tiver futuro

Se eu tenho a arte de fingir que tudo está bem mesmo que esteja morrendo é porque não quero ocupar o lugar do morto. Nem no carro nem na vida. Não quero estar ao lado da estória nem de lado para ela. Às vezes me custa pensar que eu podia ser outra coisa que não esta que sou. Era uma desilusão, até mesmo para mim. Tenho medo de ser uma madrugada a anunciar mau tempo, por isso todas as madrugadas eu arrumo as minhas ideias e medito num futuro próximo.
Se eu tivesse a arte de contador de estórias eu inventa-me uma real para contar-me e viver. Não mudava a minha passada, dava era uns retoques na futura. Mas eu não seria uma personagem de ficção, daquelas que prometem e não sabem o que é cumprir. Eu mudava a minha personagem futura mas mantinha a minha pessoa presente.
Se eu fosse uma estória de interesse não teria feridas por sarar nem abcessos por drenar, eu era já uma estória acabada. Isso era eu ser já uma estória sem futuro. 
Deixem-me continuar a minha estória sem saber como é que ela vai ser, incognitamente histórico.



Sanzalando

12 de maio de 2020

num lugar da minha estória

Hoje me sentei na falésia a olhar o mar. Desde aqui de cima, onde me sinto dono e senhor deste mundo, onde o horizonte é apenas o limite da minha visão, traço uma linha que passa mesmo a meio, entre o a Ponta do Noronha e a do Farol do Saco, deixo a minha imaginação seguir até ao limite da minha vida.
Desde o tempo do Senhor Bernardino, passando pelos Duarte de Almeida, Frotas e Tendinhas, Trindades e Madeiras, Luzes e Fonsecas, Torres e Faustinos, Duartes e Chalupas, outros tantos que a lista não ia mais ter fim, esta linha tem estoria e Histórias. Eu sou uma vírgula em toda esta História. Quem sabe todas as estórias que não estão misturadas na História? Eu sei, mesmo aquelas que não aconteceram nunca, mas nem por isso não deixam de ser verdades verdadeiras num cantinho dum coração qualquer só porque eu as misturei entre vírgulas e novos personagens.
Não sou tempo em que o Ginásio tinha futebol, porque se fosse, se calhar eu teria sido um grande jogador da bola, já que os outros clubes não me queriam por total e manifesta falta de jeito. Ninguém perdeu tempo a ver se eu ia adquirir.
Não sou do tempo em que havia História na Cidade. No meu tempo havia garinas, havia periodicamente mapundeiras que desciam a banhos, havia bilhar e uma garrafas para verter. Nada tinha estória a não ser a do próprio dia.
Não sou do tempo em que havia arredores para visitar. Era a minha cidade e a Mapunda. Fora isso mais nada me interessava, a nível da geografia local. E se fui na Praia Azul foi porque me levaram e ela ia também. Se fui na Praia Amélia idem aspas.
Hoje tenho pena de não ter ido a muitos lugares de postal ilustrado. Os lugares estão lá, eu é que não, por culpa minha.
As minhas estórias foram apenasmente criadas num labirinto de memórias inventadas, eu tracei uma linha recta ente a Ponta do Noronha e a do Saco Giraul, o resto é ficção

15-10-2018
num lugar da minha estória que um dia poderá ajudar à História.

Sanzalando

#lugaresincriveis


11 de maio de 2020

Ser eu

Faça sol ou esteja nublado eu faço mil estórias na minha cabeça. Eu tenho esperança que pelo menos uma delas um dia seja real. Eu gosto de me deixar levar pelos caminhos da imaginação, mesmo que ela muitas vezes me leve pelos caminhos da realidade. Nos meus sonhos, nas minhas ideias eu não tenho medo que elas me causem dano. Eu tenho medo é que o meu medo me cause prejuízo. Também nestas minhas deambulações vagabundas eu não julgo ninguém só porque não pensam que nem eu. Eu só gosto é de me imaginar e quase sempre feliz, mesmo que o sol não pareça querer brilhar. Não ganho nada em fazer as minhas estórias de céu nublado ou chuvosas. Às vezes eu desejo não saber que quase estive a um passo de ser outro. É, afinal de contas eu gosto mesmo é de ser eu.



Sanzalando

#flores


10 de maio de 2020

é sol

E tem trovoada no céu. Mas não é das minhas trovoadas. Daquelas que me faziam tremer de medo. Tenho sim saudades dos meus tempos de menino. Tenho medo de me esquecer desse tempo. Não te estou a dizer que era melhor ou pior. Te digo apenas que era o meu tempo aquele tempo. Vivi e deu-me prazer. Vou fazer mais como? Chorar? Voltar para trás em modo birra? Esquece. Tenho saudade saudável. Foi aquele tempo que ajudou eu ser como que nem agora. Aquelas trovoadas que me faziam tremer de medo, aquelas chuvas que pareciam era dilúvio ainda antes de eu saber bem o que é que isso era, fazem parte da minha vida. Eu sou essas estórias. Mas eu sou o hoje e esta trovoada é a minha presente trovoada. Vou zangar por isso? Vou sim, porque eu hoje queria era sol. É sempre mais bonito ser dia de sol.
Não faz mal. Dentro de mim é sol sempre.


Sanzalando

9 de maio de 2020

#mangueira #cajueiro


#flores


aula de português

Deixei passar o dia mundial da língua portuguesa. Devia estar muito ocupado a construir o meu carro de rolamentos ou a treinar os patins para as corridas da descida da rua dos pescadores. Como foi que podia deixar de lembrar o Dr. Moura que sabia o raio dos Lusíadas de cor e mais os sonetos e os poemas de toda a gente. Eu falava um verso e ele continuava parecia era livro a me fazer eco.
Eu pensava que tinha descoberto um poeta escondido e desconhecido num livro que o meu pai tinha deixado lá por casa antes de morrer. Eu nunca tinha ouvido falar dele e pensei, nos meus anos de traquina eu pensava, vou-lhe dar baile e decorei:
Aí ele olha para mim e remata até parecia era futebol bem treinado:
Me engasguei, dessoletrei-me na integra, enfiei-me num buraco e ouvi uma lição de Sebastião da Gama, um poeta que viveu depressa e depressa me deixei de armar em culto.




Sanzalando

8 de maio de 2020

olha o sol

Olha o sol que nasceu brilhante até parece quer imitar o meu sol de criança.
Olha eu a ver o zulmarinho até parece renasci feito homem maduro. Mas nada mudou. Apenas há a esperança. Também o sonho, a ideia e a meditação. Há a escrita, aquela que ninguém lê, ninguém quer ler ou alguma vez será entendida na entrelinha inexistente. 
Eu sou mesmo da escrita de esquina, do erro gramatical e letra esfarrapada dum texto sem rimas ou sem nexo aparente. Não sei onde junto o colibri com o ponto vírgula dum amor perfeito. Não sei onde o parágrafo não é o reflexo duma saudade interrompida dum coito de brincadeira de criança.
Eu sou um vagabundo de frases feitas, meias feitas e imperfeitas. Se eu fumasse escreveria na mortalha dum cigarro antes do fumar. jamais deixaria para a posteridade rascunhos nus e crus duma alma fabulosamente minha. Eu sou a imagem circunflexa dum poeta reticente.
Olha o sol que nasceu como quando eu era adolescente...


Sanzalando

#comida


7 de maio de 2020

#flores


vagabundar meditações

E dou comigo a vagabundar o pensamentos e memórias pela vida fora, transformado em romeiro numa romaria estática, paralisado numa contingência social para bem de todos. Tem vantagens e desvantagens. Consigo me suportar, ouvir e ajuizar. E parece nada mudou. A esperança que algo ia mudar não ocorreu. Por acaso ou ocaso da esperança. Algo paralisou a minha ideia e ficou a subsistência, a gente cabisbaixa e ao que aparenta, desmoralizada. Pouco sobrou da minha esperança. Acho ficou só a esperança do milagre espero ainda aconteça. 
Não desanimo nem me deixo adormecer na fraqueza incandescente do mal comum. Dou a volta ao pensamento, mastigo-me na raiva contida e medito na incoerência descabida do que podia ter sido e não fui.
Venha a noite e venha o dia, que por aqui ou por lá andarei, mais tarde saberei se valeu a pena ou não. 
E dou comigo a vagabundar-me numa meditação sem limites.



Sanzalando

6 de maio de 2020

#comida


eu, desconfinado

À terceira será de vez. Ou quem sabe precisarei de mais umas tantas outras.
É claro que vou ter de pedir paciência. Vou respirar fundo e manter-me calmo. Ninguém vai perceber o meu estado de ansiedade. Eu não sou transparente. Sou coerente e jamais mostrarei a minha insegurança ou o meu medo. Eu sou forte o suficiente para me segurar em mim. para mim parece não existir o difícil. parece. As aparências iludem. As minhas palavras, os meu sonhos e minha estórias são a incandescência do meu ferver sem fervor. Nem o brilho da tirania medíocre e ignorante me deixam ao sabor da insónia.
Conheço o peso das palavras e a minha pele o calor dos sentimentos. Sei-me humano mesmo no engano duma palavra mal falada.
Desconfinadamente jamais serei um finado feliz, mas um refinado refilão feliz.
Nada mudou. 
Num fim de tarde, vendo o pôr-do-sol, sei que mais nada sou que não seja o que sempre fui: Eu!


Sanzalando

5 de maio de 2020

#comida - e se por acaso aparecerem á porta,nisso é amizade


#flores


abraços

vamos fazer de conta. Por causa das coisas tem de ser num faz de conta. Imagina eu sou apaixonado por um abraço. Eu ia me sentir privado dessa paixão eu ia ficar doente. Doente de saudade, doente de insegurança, doente de esperança. Um abraço é isso tudo. Um abraço substitui tantas palavras e traduz tantos silêncios.
Virtualmente abraço-vos

Sanzalando

4 de maio de 2020

ontem foi dia da mãe

Caminhei por ai, perdidamente falando. Vagabundei-me por campos e mares. Encontrei-me. Tantas e tantas vezes igual que pensei não podia ser eu. Despreocupei-me com o que outros pensam porque eu tenho a liberdade de ser o meu infinito.
Na verdade eu repetiria todos os meus passos, todas as dores e todos os equívocos. Só assim eu seria o que sou. 
Tudo devo à minha mãe que me gerou. 



Sanzalando

3 de maio de 2020

#flores


viver

Pouco a pouco vou soltando amarras. Já não sei qual o meu porto. Já percorri meio mundo e não sei se tenho tempo para percorrer o que me falta. Mas sempre tenho arranjado tempo para sair de mim e ver, pensar e falar as muitas palavras que já esgotei.
Aos pouco soltei a saudade e os pensamentos tristes, a génese da depressão, a auto destruição. Aos poucos amandei-me com um ponto final na luta mental que me levava ao desequilíbrio. Encontrei-me comigo, fiz penso em feridas, sorri e pensei se ainda amo e sinto é porque a vida me quer. Vivo-a



Sanzalando

#comida sabores da terra e do mar


2 de maio de 2020

#flores em confinamento


#flores


quando vai passar

Olhei o sol de frente e lhe perguntei quando tudo isto passar. Eu sei que tudo tem um começo e um fim. Foi assim quando eu era criança, adolescente, jovem adulto e agora sénior adulto ia ser diferente? A saudade e a memória essas parece não passam. Não somem, ao menos as negativas, as que me enganei de ter. Essas aí deviam ser transferidas para um ponto esquecido do cérebro. 
Olhe o sol de frente e lhe agradeci de me deixar ser assim. Com vontade de ser assim. 
Um dia vai acabar e vai ficar uma memória algures numa outra qualquer saudade.



Sanzalando

1 de maio de 2020

prefácio do posfácio

Faz sol e ainda não vagabundo para fora de mim. Já não sei quando o voltarei a fazer como fazia, nem sei de alguma vez mais o vou fazer. Nada de especial, mudo-me para melhor. Muito melhor digo eu. 
É que com esta coisa do confinamento social eu optei por fazer um processo meditativo para me conhecer melhor. Sou muitas coisas, fui muitas coisas, serei outras tantas e dependendo das circunstâncias não sou nenhuma delas. Posso dizer que sou um sonhador, um pensador que sonha mais do que pensa, que retira muito peso da consciência voluntariamente. Sou alguém que vagabundeia pelas ruas da cidade, seja ela a do passado ou outra qualquer. Sou alguém que de olhos vendados vê as feridas sofridas desde que nasceu, sente o medo que elas sangrem a qualquer momento.
Sou um pensador e sonhador que vive em constante vazio emotivo em relação à incógnita construída na base da ansiedade.
Sou um sonhador pensador que se convence que vence demónios por mais fortes que eles sejam.
Sou um ser vivente desta vida contente.


Sanzalando

#monchique #1may


#1may #monchique


#1may bolo tacho #monchique


#1may


#1may


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