A Minha Sanzala

no fim desta página

31 de janeiro de 2021

memórias e agora

Apesar do vento frio lá fora está um sol parece é verão. Me mantenho aqui no aconchego, faz conta não me apetece sair. Brilha sol que me encantas e finjo não precisar do calor da lareira. Assim, neste brilhante dia de inverno madito sucintamente porque é domingo, dia de descanso e não estou para grandes vagabundações mentais.
Me imagino nos meus 18 anos feitos faz muito tempo. Recuei no tempo e parei na memória dessa altura. Na altura em que passeavas na rua como que a desfilares encantos e eu, na minha varanda te via e desafiava a imaginação num beijo que nunca dei. Quantas noites perdi nessa altura em sonhos acordados contigo? Te vi distribuir sorrisos, te senti cravares no meu coração um amor profundo e na dança dos dias me ignorares de encantos e desencontros.
As nossas vidas não brilharam como brilha o sol lá fora. As nossas vidas não se aqueceram uma à outra e nunca mais se cruzaram. Fez-se um frio entre nós que nem o frio dum inverno por aqui. Mas sei cada um é feliz no seu lugar e instante.

Sanzalando

30 de janeiro de 2021

constato

Hoje não acendo a lareira mesmo que arrefeça à noite. Não está o frio de lá porque aqui faz mesmo muito mais frio. Mas eu sou forte e me vou aguentar. Não quero estar hipnotizado a olhar para a anarquia dançante das chamas. Quero estar mesmo só a olhar para os meus pensamentos e com eles divagar por esse mundo fora ao som duma música qualquer. 
Hoje eu sei que o mundo está dividido nas pessoas que sabem que amar é uma necessidade básica, de primeira necessidade, e as que fingem que não. Estas não sentem sabor nem cheiro e da boca só sai mau hálito. Eu sei disto porque aqui me divago em meditações e científicas conclusões. Tem gente que é apenas o seu próprio retrato, lhes falta a alma, o por dentro, a essência.
Queres dizer que é por causa do frio que eu estou assim. Desconsegues. Eu não tenho medo nem do frio nem de ser um pensador divagante. Constato e vou por aí fora rumo a outra ideia.


Sanzalando

#comida


29 de janeiro de 2021

eu sou agora

Olha só para mim. Mas olha com olhos de ver e sentir. Eu sei que o frio já não é mais o frio  que me congelava a alma e acinzentava as ideias e o pensamento. Mas náo é também o frio de lá. Não é mais o tempo de adolescente. Cresci a ver bem das coisas. Digo eu que não sou de intrigar. Mas te pedia para me olhares bem com olhos de ver e sentir. 
Te lembras como é que eu era nesse antigamente que faz história pessoal e intransmissível?
Eu já só faço uma ideia. Mas faz de conta eu me lembro que já tive dias cinzentos escuros na minha vida e de uma hora para a outra houve alguém que me arrepiou e mudou todo o sentimento ruim que eu tinha ou possa ter existido. Não tem hora marcada ou encontro programado. Apareceu assim num devagar de quanto menos esperar. Me inventou o sorrir, me criou o acreditar e me explicou o inexplicavel. Foi assim eu virei o este eu eu sou agora.


Sanzalando

28 de janeiro de 2021

#mangueira


recordando-me

E se mantendo o tempo assim, olho pela janela e brilhante se encontra o dia me enganado no quente que imagino sentiria se estivesse lá fora. Assim, perdidamente a olhar para lugares comuns dou comigo a imaginar como é que terá sido o dia em que te vi pela primeira vez. Na verdade eu só tenho a memória de como penso que foi. Gostava de rever como se revê num filme. Devo feito cara de parvo, devo ter empalidecido, devo ter feito aquele riso de circunstancia irritante, devo ter soletrado num gaguejar palavras em vez de falar com a minha verdadeira voz.
O teu sorriso, esse guardo bem na memória, com a tua cara de 15 anos. O teu ar de quem torce mas não quebra. A tua personalidade de quem merece o universo e só dão um lugar. Tudo aquilo que encheu o meu coração, me lembro como hoje. Mas a minha reacção não. Assim não vale que eu saio a perder nesta batalha pensante em que eu não dou em ver o arco-íris da minha felicidade.

Sanzalando

27 de janeiro de 2021

#mangueira


#lugaresincriveis


tem dias

Olhando pela janela da sala que ainda não arrefeceu porque faz um dia que não acendo a lareira, imagino o zulmarinho onduladamente livre se espraiando na areia. Eu sei  que às vezes a gente espera coisas, mas o que a gente precisa é só de dar à gente mesmo um pouco da nossa atenção e que por vezes a falta de coragem faz com que se perca momentos incríveis da vida. 
Tem dias que parece não sei o que fazer e só apetece ficar deitado e quase nem respirar para não cansar e não saber que há pessoas que estão só ali porque lhes sou útil. Tem dias que a idade chega mais um bocado e a paciência parece é inversamente proporcional a ela.
Tem dias que o que faz falta é mesmo só o sol do lado de lá-


Sanzalando

26 de janeiro de 2021

desabafo

Hoje deixo apagar a lareira porque o sol brilhou que nem imitação barata do sol de lá de baixo. Se eu pudesse ia ver o zulmarinho e lhe ia desabafar as minhas mágoas, gargalhar os meus risos e falar as minhas palavras soletradas em letra audível. Mas eu não posso porque cumpro as leis que dizem que eu devo ficar em casa e eu fico. Assim, pensando no zulmarinho que me tem saudades, no calor imitado do sol, eu vou por mim dentro desafiando pensamentos, sabendo que o amor próprio não se constrói numa noite, que exige esforço e dedicação, tempo e paciência. Vou sendo amável e compreensivo para comigo de modo que consiga saborear aquilo que construi.
Sabendo que um dia desaparecerei e que poucos notarão a minha falta, é sabido que levarei comigo tantas palavras que não tive tempo de dizer, tantos pensamentos pensados que não viram a luz do dia. Ficará nalgumas memórias, ficará no amor eterno.


Sanzalando

25 de janeiro de 2021

filosofando-me

Tenho de arranjar maneira de me aquecer sem dar cabo das árvores. Esta lareira para me deixar confortável consome que nem queimadas da minha juventude. Me lembro criança a olhar para longe e delirar a ver a noite invadida por aquelas labaredas serra a cima. Aqui sentado, longe o início do zulmarinho, num exílio voluntário e comodista, a olhar para uma lareira que arde em labaredas anarquicamente dançantes, harmoniosas chamas que às vezes parecem brincar comigo, a vaguear pensamentos como que a gastá-los tal a rapidez com que passam por mim. 
Já não sei se por hábito, ou por ser vulgar vagabundar ideias feitas, acho eu gostava mais do tempo em que  via a grandeza dos outros mesmo não a havendo, quando eu imaginava erros sem os cometer, em que sonhava poesia mesmo sem rima. 
Eu sei que sou uma mistura de cores e palavras soltas, um solitário porém não um isolado, um sonhador onde cabem todos os sonhos e todas as pessoas que um dia tive o privilégio de conhecer ou penas me cruzar.
É, aqui na lareira dá-me para ser assim, um filósofo que mora dentro de mim a toda a hora.

Sanzalando

#mangueira


23 de janeiro de 2021

#comida


#flores


dias

Arrefeceu e chove. Não dá para ir ver o zulmarinho nem me embalar no seu marulhar ou me perfumar na sua maresia. Me dizem ele está calemado. Eu tranquilo aqui na lareira me desfaço em saudade enquanto vagabundo-me por caminhos do pensamento, uns escolhidos e outros que me aparecem nem sei eu de onde. Eu estou satisfeito e pronto para morrer hoje? Nem pensar. Ainda estou ocupado a fazer coisas e ainda não estou realizado para parar. Acho estou pronto é para  recomeçar. Acho que que um final só é feliz se não o houver.

Sanzalando

22 de janeiro de 2021

é a vida

E vou controlando o calor da minha lareira consoante o frio que vou sentindo. Mais lenha, mais ou menos ar e lá me mantenho numa temperatura agradavelmente suportada. Pensar arrefece porque me mantenho aqui sentado a vagabundar. Eu sou um peão da vida. Ela me controla. É a vida. É da vida. Se eu levantar o volume da música para abafar o som dos meus pensamentos remeto-me à saudade e o meu coração chora. Se desligo a música ouço-me pensar e caio na saudade dum tempo vivido com calor. É a vida. É a minha vida.


Sanzalando

21 de janeiro de 2021

livre pensar

Se está frio e o mundo se confinou vou fazer mais o quê para além de estar à lareira vagabundado por lugares idos ou por ir, pensamentos pensados ou a pensar, ideias tidas ou a ter, lugares comuns ou banalidades? Me anima a dança das chamas na sua anarquia delgada e assimétrica. Se eu soubesse uns mantras eu lhes cantava ao ritmo das chamas da minha lareira. Olhando a janela vejo que passa uma nuvem cinzenta carregada de água que irá deitar num lugar que nem tento saber qual. É rotina imaginar as nuvens passeando livremente pelos céus e ver as suas múltiplas formas e disformas alternando com céu limpo. Do lado de cá da janela não vejo o zulmarinho, apenasmente o posso imaginar e a julgar pelo que ouvi dizer ele hoje está que nem bravo, a calema lhe chegou e ele galga até na praia toda. Aqui, neste quente aquecido pela lenha da minha lareira, não tem tanto faz ou pouco importa. Aqui existe um amor que não acabou, uma vida que não terminou, um sorriso que não se fechou porque existe um vagabundo a pensar solto. Aqui existe um carinho grande, um ser feliz que felizmente vive, um mágico que nada sabe de magia, porque se deixa livremente passear pelos caminhos livres da vida. Não tem como parar esta liberdade de pensar.

 
Sanzalando

20 de janeiro de 2021

assim para dar

E aqui à lareira lá vou eu vagabundando-me por ideias soltas e caminhos vadios. Em algum sítio, pequeno lugar que seja, alguém me procura ou procura algo que eu possa ajudar. Tem de haver. O mundo não é assim tão tão que não haja alguém que precise de mim ou de algo meu. Orgulho não tenho para dar porque já o gastei em saudade e dor. Tempo também não porque já usei mais do que tenho de sobra. Coragem também não porque acho me falta alguma. Força acho não há nem para mim. Mas tem de haver alguma coisa. Amor. É isso, eu tenho e até para distribuir por aí. Pensei eu aqui à volta da lareira, vagabundando entre ideias e caminhos. 


Sanzalando

19 de janeiro de 2021

temporizado

E hoje além do frio chegou a chuva. Já tinha saudades de ver chover e continuo a sentir saudades do cheiro da minha infância: a terra depois de chover. Há coisas que eu sei não é imaginação e esta saudade é bem real. Há coisas que nos tocam tão profundamente que não precisam nos tocar para sabermos que existem. Esta é uma delas e pronto final sobre isto. Bem vistas as coisas e depois de eu falar disso me lembrei que tenho saudade dos tempos de criança em que as raspadelas das canelas eram assim como agora são as carícias. Tenho saudade do tempo em que eu olhava para a lua e me imaginava a passear com ela e ver a noite sobre os seus reflexos. E já agora também tenho saudades do tempo em que eu não sentia cansado nem preocupado depois de não fazer nada. Não tenho saudades de me irritar de estar na minha pele com desejo de voltar e ser um outro que o tempo não gastou.

Sanzalando

18 de janeiro de 2021

#pordosol


#caminhos #lugaresincriveis


o bicho

E com o aumento do frio tive de reacender a lareira. Vejo o dançar das labaredas e me deixo vaguear por sorrisos que sorrio sem tino que até parece virei maluquinho. Mas este dançar anacrónico faz-me pensar em toda a matemática que andei a estudar e que não sei se existe uma fórmula que preveja estas chamas no espaço e no momento. E fico para ali a conjecturar teorias, ypslons e xizes, elevações ao quadrado e integrais. Nada. Não acerto uma. Confino-me à ignorância momentânea e sorrio. 

Há quem ande por aí a vaguear sem saber a formula mágica de passar ao lado desta pandemia e por ele paro o meu sorriso. Um que abusivamente vai ocupar o lugar de alguém que teve todos os cuidados porém inadvertidamente foi apanhado por um bicho que procura um momento que pode ser único do baixar a defesa. Bicho de tão pouco tamanho que até parece é maior que muitas inteligências raras que por aí abundam. E tem gente que só procura como fazer para contornar aquilo que foi pensado para lhe defender. Não do bicho, só mesmo das complicações que ele pode causar, directa ou indirectamente. Tem gente que se calhar precisa levar no corpo, viver mesmo sem ter qualquer liberdade porque o bicho parece tem mais inteligência. 

A dança das chamas, aleatórias, me acalmam e me dizem que outra ditadura não, pois sou agora mais inteligente do que era faz anos passados e não é por causa duma centena de zerados mentais que eu vou ficar sem a minha liberdade de pensar.


Sanzalando

17 de janeiro de 2021

16 de janeiro de 2021

solidão acariciada

Mantive hoje a lareira apagada porque por cá o sol brilha quase a imitar o de lá. Mas não faz calor, o que me deixa assim um bocado a dar para o tristinho feliz. Sabes aquela ideia de chegar a um fim sem enloucar, acreditando primeiro em mim e depois pensando que o que faço é para a minha paz. Interior e exterior. Eu sei se o sol fosse como o de lá eu não estaria por aqui a vagabundar-me por monólogos que não me levam a lado nenhum. Mas cada um tem o sol que tem e pouco ou nada há a fazer. A vida tem cor embora não seja aquela cor berrante da minha mocidade, o colorido da minha adolescência nem a cor espampanante a quer dar nas vistas da minha maturação precoce. Não tenho sol para isso nem este sol me leva a imaginar esse caminho apaixonadamente louco que foram os dias que já vivi. Não acendo a lareira porque o sol brilha num inverno de solidão acariciada.

Sanzalando

#imbondeiro #mangueira


#caminhos


#lugaresincriveis


15 de janeiro de 2021

Soma de sorrisos

E hoje ainda não acendi a lareira. Faz sol de brilhante porem de não aquecimento. Aqueço-me com os olhos, com a esperança do dia bonito que tenho pela frente. As pessoas sorriem. Que lindo é ver gente sorrindo. Vejo-o nos olhos. Não preciso ver a cara de paisagem, de fotografia ou de fingimento. Os olhos são o melhor espelho da alma. Desde os meus tempos de criança, desde os tempos em que eu não sabia o que era lareira, dos tempos que era feliz e nem o imaginava, que eu sei que os olhos são a transparência da gente. Se eu me pudesse teletransportar para quem me ensinou isto eu ia ter uma cara de criança, um sorriso eterno que se apagaria nunca, soubesse o que sei hoje. Mas, aproveitando o sol que brilha fingindo é outra estação, vou driblando uns tantos maus pensamentos, apagando umas quantas irritações à flor da pele, ressalvando uns poucos erros gramaticais ou apenasmente vocais no tom.
É, hoje estou para amar. Não tenho problemas em dizer que amo todo o meu passado, mesmo que algum possa ter sido mal passado e outro igual se tenha queimado no forno da vida. 
Somo os meus sorrisos todos do passado e sou o de hoje.




Sanzalando

14 de janeiro de 2021

a minha lareira

Hoje abri as janelas e não acendi a lareira. Faz frio porém está sol e eu tenho de deixar de estar aqui fechado a cheirar a fumo. Quero ser um pensador de ar livre... mas com este frio bem me arrependo. Prefiro ser um pensador aquecido. Mas ianda o pensar é livre e eu sou livre para o deixar ir por unas aís sem ter de justificar por que fui. Mesmo aqueles pensamentos que não tiveram um final feliz têm o direito de ser pensados porque são meus, mesmo que eu os tenha chorado e esvaziados na minhas lágrimas. Aqueles que eu cantei na minha voz sem voz de cantar foram livres de serem entoados. Aqueles que eu pensei à noite e me esqueci têm todo o direito de um dia serem re-pensados. Eu não tenho de limitar o meu pensamento ao fumo duma lareira. Mas tenho a obrigação de me sentir feliz nem que para isso tenha de fechar a janela e acender a lareira.


Sanzalando

#mangueira


13 de janeiro de 2021

instante

E aquecido neste ar por uma lareira que teimo manter acesa para que possa divagar em mares de pensamentos, oceanos de sonhos e rios de palavras. Neste pequeno instante, o suficiente para me matar as saudades que te sinto num ferver de desejo. Já não te vejo desde a outra ponta do sofá e já não te ouço desde o ultimo suspiro que te dirigi. Levanto o olhar e tento sustê-lo na horizontal na tentativa vã de te ver do outro lado do horizonte, para lá das nuvens que me encurtam a distância visual, para lá da minha alma dormente. Foi apenas mais um instantinho, o suficiente para te dizer que te quero como ontem num amanhã de sol, que te desejo mesmo no enrolado frio com que me tapo das dores do corpo. Afogo-me em afagos de carinho num manto de saudades.



Sanzalando

#lugaresincriveis no Algarve tambem


12 de janeiro de 2021

#culturageneral


#lugaresincriveis


livre

E se queima lenha nesta lareira de inverno no hemisfério norte enquanto a minha arejada tola vai-se vagabundando em pensamentos soltos, paragáficos ou textualizados. Pouco me importa desde que eu seja livre de os trazer à mente. Tantas flores e plantas que cuidei e que murcharam enquanto outras, com o mesmo carinho e tratamento florem por aqui sem estação do ano nem apeadeiro local. Quanta luz entra em salas que fechei nas tardes frias deste inverno? Quantas brisas viraram tempestades mentais nas minhas vagabundagens? Quantas vezes me abandonei para me sentir só e desconsegui? E os sorrisos que viraram lágrimas e vice versa? Mas eu sou livre de ter à mão de semear os meus pensamentos, o meu refrescado sorriso e as minhas frases simplesmente simpáticas. É a vontade de poder ser livre que aquece o meu coração. 


Sanzalando

11 de janeiro de 2021

assim e depois

Mantendo a lareira acesa até me esqueço em que altura do ano eu estou. Às vezes até me dou comigo a viver para lá da minha visão, no tropical calor da minha terra. Não é fácil acordar desse divagar mental. Não é dócil nem meigo e nem delicado. É abrupto entrar na realidade, nos meus abraços, sorrisos e frases simples de pensamentos divagados. É, somos recompensados pela erudição, educação, disciplina e clareza. A realidade é isto, sem ses ou outras condicionantes. Estes valores são a nossa sina. 
Eu sou assim e vou fazer mais como então?

Sanzalando

#zulmarinho


#lugaresincriveis


10 de janeiro de 2021

pensamentos que ainda não pensei

E o frio deu forte que nem a lenha que tenho consegue aquecer. Acho que este frio tem um nome: saudade. Só pode ser porque frio que é frio desaparece com uma mantinha nas pernas. este não desaparece nem de noite nem de dia. A lareira parece é pequena para tanto frio assim. Com frio como posso ter tempo para pensar? Só penso frio e pensamento frio não parece uma ideia genial. Eu sei que assim tenho tempo para descansar os poucos pensamentos que ainda não pensei.


Sanzalando

8 de janeiro de 2021

Fui chipado e não sabia


A hoje uma aplicação deu-lhe para me dizer por onde andei. Eu não tenho chip mas chipei-me com esta modernice de alguém saber onde estou mesmo que eu não saiba. E daqui me ter lembrado que a vacina contra o SARS-COV2 mais não seria que a implantação dum chip para isto e aquilo. Mas mais para quê. Conferi 2019 e estava certo também e ainda não havia essa do COVID19. Foi um ano que andei pouco, que não deixei que os meus olhos absorvessem outras paisagens, outras gentes e culturas. Foi um ano que mais uma vez o meu coração latejou porque não foi lá em baixo que nem aparece neste mapa por onde andei. Foi mais um ano em que de ausência mais cresceu a minha saudade. E foi neste mapa que eu descobri onde fica a linha recta que é curva e não me deixa olhar para o meu destino.
Fiquei a saber que caminhei 106 km (24 h), que fiz 7 141 km (308 h) de carro, 1 392 km (100 h) de bicicleta, que fui a 60 restaurantes, a 29 lojas fazer compras e que visitei montes de sítios, sendo apenas um fora de Portugal. E preciso de chip para quê? 



Sanzalando

7 de janeiro de 2021

vagabundo da mente e não um vadio demente

Aqui está frio. Lá está calor. À lareira está quentinho mimado. Assim posso meditar sobre tudo e sobre nada com descanso da mente e do físico. Vou só vagabundar-me sem ideias e sem preconceitos. Vou, assim num deus dará. Não tenho que ouvir estórias nem lhes fazer. Não preciso principio nem fim. Vagabundo na mente como num aleatório estado do mesmo sítio. Se ouvir o capuchinho vermelho o mau da fita é o lobo. Hoje não preciso de estórias. Nem de ideias. Vou sem fazer ideia para onde. Imagino-me um vagabundo da mente e não um vadio demente.


Sanzalando

6 de janeiro de 2021

saudade

Hoje desconsigo ficar sem lareira bem acesa e forte. Faz frio que até a alma se congela se não a cuido e depois eu não posso olhar para as minhas estrelas mentais e poderei sentir outras coisas para além da saudade. Saudade não é tristeza. Saudade é desabafo mental, é memória que vem à superfície para a gente olhar no dentro de nós mesmo. Hoje somos um somatório de saudades, mesmo daquelas que nós não sabemos que temos. Tem dias que nós vamos dormir para não sentir saudade e acaba por sonhar essa saudade. Destino ou fado da memória.

Sanzalando

5 de janeiro de 2021

#desportivamente 2020


lareira

E a lareira pouco me aquece com o frio que sinto. Mas mantendo-me ocupado em deambulações pensantes finjo-me sentir bem e confortável. Não é um fingir de mentira, é só mesmo uma constatação de que a realidade não se pode sobrepor ao meu estado de espírito. Sabes que mesmo á noite o zulmarinho é azul? As pessoas se enamoram não importa a altura do ano ou as estações? A escuridão se apaga ao acender da luz? À luz do sol pouca tristeza se apega? As sombras não me metem medo mesmo que às vezes me assustem? Tudo isto são silhuetas da existência, mostras de vida. Todos os sonhos cabem na vida, mesmo quando a lareira parece se apagar.


Sanzalando

4 de janeiro de 2021

#imbondeiro


momentos

E hoje quase era enganado pela visão. O sol brilhou como quando era verão. O corpo ao entrar na rua estremeceu e me lembrou era inverno no lado de cá. Arrepiei caminho e me sentei novamente a olhar as labaredas dançantes da minha lareira e fui de pensamento em pensamento como se fosse o primeiro dia da minha vida. É que é para nós, humanos, difícil entender que a vida é finita. Custa entender que cada momento é vida, que cada momento é esperança. É que a gente não pode perder cada segundo daquilo nos prende cá: a vida. Altos e baixos são momentos insignificantes por mais tempo que tenham. Antes que finde vou viver, mesmo ao frio aquecido da minha lareira.


Sanzalando

3 de janeiro de 2021

simples

Calorzinho bom nesta sala virada meditatório. Assim eu vou conseguir deixar-me navegar por pensamentos calmos e serenos, como serena quero a minha vida. Eu acho, num por assim dizer, que cada um merece receber o amor que quer dar. Reciprocidade. Palavra cara porém não custosa de dar. Não há necessidade de haver guindastes ou gruas para ir buscar na profundeza dos desespero um gajo. Uma pessoa dá, recebe igual em troca. Assim simples e sem ter de mendigar ou solicitar com vénia e faz favor. A vida tem de ser simples ou simplesmente a gente se afunda.


Sanzalando

2 de janeiro de 2021

sábado num fim de tarde encalorado

Quanta lenha vou precisar para manter a lareira acesa este inverno? Eu preciso mesmo é de me manter quente para poder deixar o meu pensamento vagabundear por aí, sem arrepios e nem mendigando aconchego em colos alheios. Gosto-me quando penso tontarias, quando meto os pés pelas mãos em datas e alturas. É sinal que já vivi um bom bocado e que essa base fez-me ser o que sou agora. Amanhã logo se verá, tal como a lenha.
Na verdade hoje faz anos que eu vagabundei na minha cidade, de noncacos ou de burra, a pé ou de citroen. Não me lembro quantos anos nem me lembro como é que foi. Sei que foi que percorri todas aquelas ruas num fim de tarde com o pensamento nela. Já não sei se trocamos palavras ou frases, sei só que passeamos o que chamavam o passeio dos tristes. E nós ali tão felizes. Eu devo ter dito qualquer coisa engraçada porque me lembro que rias. Ou rias apenas porque estavas feliz? Não importa a não ser o facto de rires e seres feliz.
Era sábado num fim de tarde encarolado.


Sanzalando

#lugaresincriveis


#selfie


#zulmarinho


#lugaresincriveis


1 de janeiro de 2021

#comida


e chegou 2021

Sentado à lareira, mantinha sobre as pernas, mantendo-me quente como se estivesse lá nos meu sul, embora a sensação térmica não se compare com a sensação mental. Hoje já fui ver o meu zulmarinho, aquele caminho que um dia me levará para lá, onde não estarei à lareira mas à beira dum horizonte infindável, descrevendo passados e presentes de outrora. Hoje já fui fazer exercício para não obesidar o meu corpo físico deteriorando a mente em esforço. Agora aqui, neste quente aconchegado e belo me delicio a navegar por mim, a rever os momentos que quero recordar para sempre, um bom vinho bebido, uma música que não sai do ouvido, os amigos que estão na memória, as ilusões que sobraram. 
Hoje, aqui sentado, festejo a chegada do ano novo, aquele em que eu serei o meu herói, capaz de derrotar o inimigo invisível chamado tempo, que nos desgasta e consome.
Hoje, aqui sentado, relembro o ano passado e todas as coisas que com ele aprendi. Há humanidade.


Sanzalando

#zulmarinho


Podcasts

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