14 de abril de 2025

a minha cidade de tormento

Sento-me à mesa, resignado. Coração partido, lágrima escondida no brilho do olhar, como se restasse alguma esperança que o tempo parasse e tu me olhasses como eu te olhava na minha remota adolescência. Obrigo-me a não pensar-te e a tentar que a tua memória se esfume. Tu és passado e no passado deves ficar. Mas no meu pensamento, no secreto momento de solidão, vens à tona, atormentar-me a mona. Cidade ruim de cheiro a mar, quadriculadamente colada a mim como que num abraço eterno. 
Não quero lembrar-me de ti mas cada vez que te esqueço é assim como uma morte súbita em que me agarro a farrapos de lembrança e ressuscito na solidão em que me transformaste.
Um dia, cidade, eu partirei e tu desaparecerás da memória de quem te gostou perdidamente e assim deixarás de existir.


Sanzalando

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