recomeça o futuro sem esquecer o passado

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16 de novembro de 2010

sento-me ao pé do mar

Sento-me ao pé do mar como se tivesse aberto uma janela, atirado para o lado todas as cortinas e conseguisse ver mais além do que a vista alcança. Foi um sentar assim abrupto, como quem atira as persianas para o lado como que com falta de ar. Á minha volta se encheu de luz, o ar limpo pela chuva acabada de cair deu-me uma visão mais profunda, mais perfeita como se eu estivesse a ver pela memória, já com todas as impurezas atiradas para o canto do esquecimento. Eu sentado perto do mar a ver o futuro, parte de mim que nem eu conheço ainda, a sentir a tua brisa, cheirar o teu perfume, acariciar a tua suavidade e sussurrar palavras que nunca soletrei.
Sento-me ao pé do mar e paro de respirar com medo que o tempo acabe, que o sonho termine ou que a ilusão caia por terra como um raio de luz se absorve na escuridão da noite longa da insónia permanente.
Sento-me ao pé do mar e vejo com os olhos fechados as manhãs de domingo em que, por ser cacimbo, vestia a roupa mais nova e lavada e procurava na cidade ver-te no tempo.
Sento-me ao pé do mar, olho para cima como quem olha para lado nenhum especial e vejo o tempo que esgotei a escrever tantas palavras na memória e que nunca tive oportunidade de te dizer.
Sento-me ao pé do mar e olho para ti como quem vê a eterna juventude.
Sorri porque estou sentado ao pé do mar com os olhos em ti.

foto retirada da net
Sanzalando

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