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20 de dezembro de 2024

o velhinho Anglia

Caminho lento, passeio fora. Não vim fazer uma caminhada desportiva. Vim só andar. Passear. Se fosse há muitos anos atrás, ia na avenida e sob o caramanchão de buganvílias, passeava neste fim de tarde. Ou então ia para o picadeiro da minha cidade natal e aí os carros já sabiam que aquela rua a esta hora é para passear a pé e até tinham muito cuidado. Mas neste tempo de agora, nesta altura que eu passeio sob frio e ar de quem vai chover, tenho de ir no passeio pois os carros agora andam muito e os condutores não cuidam de ver por onde andam. Simplesmente andam com pressa de chegar mesmo que esse chegar seja a lugar nenhum em especial. Acho ninguém vê quando têm um volante na mão. Aqui no passeio eu sei vou seguro. 
Olho para os carros que passam. O carro da minha infância não vai passar. Certo e sabido por mim assinado e selado. Mas num repente parei, olhei em frente e pareceu-me ver um Anglia. Tal e qual. era da minha idade de ver carros e brincar com as matrículas. Deixei o olhar cair sob esse carro e segui-o. Não era um Anglia. Era um Toyata novinho que me fez a memória voltar para o velhinho Anglia da minha idade. A sua frente só pode ser cópia ou a minha imaginação queimou qualquer coisa.



Sanzalando

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