Eu se calhar queria escrever uma estória de memórias. Eu queria me descrever, assim mais ao menos desde que nasci até no aqui deste instante.
Mas tem tantas coisas que eu já esqueci que vou só ficar numa estória de lembranças. Essas que a minha cabeça se lembra, essas que deram lugar ao presente e quem sabe eu vou usar no futuro. Uns aí vão só pensar eu eu sou assim que só tem coisas boas, que nunca esfolou joelhos, nunca morreu de amores, nunca sofreu dor de alma. É que tem coisas que eu já nem me lembro como é que vou escrever de memória? Se escrever linearmente vão ver que a minha caminhada foi cheia de curvas, cheia de coisas que são agora surpreendentes mas que na altura eu achei era só mesmo normalidade.
Eu tive dificuldade em deixar a adolescência. Eu queria continuar a ser inocente, assim como que um anjo sem asas e muito bem comportado. Eu não tinha um bando, eu tinha um quarteto de amigos que armávamos a barraca e riamos que nem perdidamente. Brincávamos na rua até noite dentro. Hoje me olho e são essas as únicas lembranças que tenho.
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