recomeça o futuro sem esquecer o passado

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22 de março de 2016

palavras em segredo

Descruzo palavras no vaguer de ideias com vontade de gritar aos quatros cantos deste redondo mundo  o que tenho de saudades tuas. Por vezes tenho medo de ser mal interpretado, encarado como fraco, vazio como ser único ou apenasmente um simplório com vontade de gritar.
Mas as palavras me fintam e o som rouco levado pelo vento destas praias desertas se perde em longos silêncios. Calado falo melhor com os olhos, aqueles olhos que tu olhas e vês que te sorriem, que te brilham e que te afagam num doce olhar.
E as palavras, num vocabulário minimalista, te segredam o quanto tenho saudades tuas mesmo quando acabo de te beijar.

Sanzalando

17 de março de 2016

Dei comigo

Dei comigo a caminhar ao deus dará num qualquer lado de cá. Ouvia o marulhar e me perguntava se tu eras capaz de ali na praia te deitares comigo e esquecer o mundo? 
E enquanto a gente conversava, dizia piadas sem rir, enchia o diálogo de lugares comuns, deixava escapar um segredo ou outro, dava as mãos e sussurrava um amor eterno?
E enquanto se falava de amor sentiamos o mundo girar sabendo que ninguém é de ferro e a ferrugem pode atacar?
E enquanto tudo isso o tempo se gastava sem risos de plásticos nem palavras de mentira.
Dei comigo a caminhar num por aí, ao deus dará.

Sanzalando

10 de março de 2016

Digo eu

Sigo no carreiro das palavras, silêncio dos pensamentos, ouvindo o mar como música de fundo. Não é o meu mar mas é a maresia deste mar que me liga ao mar de lá. É o silÊncio que me leva aos sons de lá. É a palavra que lá que me dá a força de cá.
Cruzo-me com alguém que me diz:
- Você faz-me pensar...
Sorri, como sempre sorrio quando as palavras não saem, brilhei os olhos como que espantado.
Desentendi.
- Escreve cada coisa...
Mais surpresa para os meus ombros.
Carrego palavras que digo a ti pelos cantos dum livro de poesia. Silêncios respiratórios que me fazem, como direi, pausas pensativas.
É verdade. A felicidade não se compra. Vive-se! Digo eu.


Sanzalando

3 de março de 2016

silêncio personificado

Eramos dois ou três a passear na areia das muitas cores, ouvindo o mar e deixando o pensamento pairar por sobre a maresia que nos chegava ao nariz.
Mais não eramos naquele extenso areal a saborear o silêncio de palavras. Dava para ver que até o pensamento das duas ou três pessoas estava em silêncio.
Um risco no céu azul denunciava a passagem dalgumas outras pessoas sobre nós lá nos dez mil metros de altura, pelo que cá em baixo era o silêncio deles também.
Éramos o silêncio personificado a ouvir o mar.


Sanzalando

1 de março de 2016

procuro palavras

Tento procurar nas palavras aquilo que sou. Momentos há que me sinto tão ruim que até parece sou brilhantemente maravilhoso, momentos tenho de loucura que não me lembro da lucidez da filosofia, momento vivos tenho que me acho cedo de mais para ser velho e sábio tarde de mais.
Procuro nas palavras o mistério de não me conhecer nem ter coragem de me ler.
Procuro nas palavras a alegria de não morrer de tristeza.
Procuro os parágrafos escondidos que não consegui escrever por medo ou vergonha.
Procuro-me nas palavras que te escrevo onde me sinto maravilhosamente feliz por estar vivo a procurá-las

Sanzalando