recomeça o futuro sem esquecer o passado

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12 de novembro de 2015

Estou a precisar de férias

Me encontrava eu a aqui a caminhar dum lugar para outro mais ou menos sem sentido nenhum, ouvindo o marulhar e saboreando o suave perfume da maresia, quando dou comigo a dizer o teorema de Bolsano: não se vai dum sitio a outro sem passar nos pontos intermédios. Ai me lembrei do Pitágoras e doutros tantos mais. Pifei, disse-me baixinho.
Pé ante pé saí de dentro de mim, olhei-me com olhos de ciência e à distancia mais ou menos segura disse La Palice que disse mais ou menos qualquer coisa que se ele não estivesse morto estaria vivo.
Voltei a olhar o mar que tinha ondas de surf, sorri e afastei-me.
Estou a precisar de férias. Vou fazer meditação transcendental. Coisas que se me virem por aí a levitar podem ter a certeza que não sou eu porque eu estarei a olhar de fora de mim para mim.

Sanzalando

11 de novembro de 2015

silabas de praia

Saltitando palavras como quem brinca na praia deserta vou meditando silabas como se fosse um linguista de silêncios.
Adeus. Palavra que eu não sabia nem o que era. Até ao dia em que partiu gente que nem teve tempo de me dizer.
Obrigado. Palavra sentida com alma e coração que sempre disse nunca por obrigação.
Gosto. Um gostar de força, de sentimento, de alegria, de festa.
Solto palavras ao sabor das ondas que um dia jurei apanhar mas elas me fogem por entre os dedos. Perfume de maresia que me entra no corpo nesta praia deserta que nunca pensei usar antes de agradecer ter gostado.


Sanzalando

10 de novembro de 2015

Uma estória de sofá que não escrevi

Me sentei no sofá e meditei.
Assim num mais sem menos me lembrei que faz tempo te convidei para um cinema. Somos assim uns amigos que de vez em quando falamos coisas horríveis e tudo dá errado. Mas é só porque a gente se conhece faz de cor e salteado.
Na verdade cada vez que a gente tenta ser mais que isso de verdadeiros amigos sai confusão da grossa que até vira um campo de batalha de feridos e mortos e alguns a se salvarem.
Mas lá fomos ao cinema. Sem pipocas e outras modernices de ver cinema.
Respiramos tranquilos e com vontade de nos sentarmos num sofá a ouvir uma musica ou quem sabe saborear um sono relaxante depois de um copo de vinho e dois dedos de conversa.
Não demos as mãos nem falámos de passados. Não nos beijamos nem choramos saudades.
Fui tudo tão diferente que até parece evoluímos para um patamar que não tem posse nem amos e senhores, nem suores nem outros dissabores.
Não, deixamos de ter um amor tipo yo-yo e passamos a ser mesmo amigos.
Meu nome Albertino e teu Josefa nasceram para isso, para não ter nada de orgânico, para ser um silêncio de paixão, uma alegria de companhia, um livro de devorar lentamente na compreensão.
Me sentei no sofá e meditei que faz tempo não escrevia uma estória de sofá.


Sanzalando

4 de novembro de 2015

como parei aqui

E assim de repente perdi palavras e me perguntei: como vim parar aqui?
A resposta foi óbvia. Segui o coração! Taxativamente.
Larguei a marginal, a Torre do Tombo, a Oásis, Avenida, Impala e segui o coração. Simplesmente fácil.
É a estória mais antiga do mundo. Segui o coração da adolescência. Mas na verdade é que não moro mais no meu passado. Esse foi um caminho de passagem para chegar aqui, ao hoje. Fui atrás do coração. Fui desejando, querendo, procurando. Ambição é boa quando integra. Sonhei
Fiz. Faço e não espero. Segui o coração. Sigo o coração. Sigo a mágica e com todo o coração eu acredito no amor.


Sanzalando

3 de novembro de 2015

golpe de vida

Recorrendo da memória, procurando na imaginação, sentido nos sentidos, me pergunto se a vida que tenho é a que sonhei.
Nem por sonhos, diria baixinho com medo que entre areia na engrenagem. Já dei tantas voltas às rotundas da vida, já tive tantos sonhos, tantas partidas e tantos regressos, tantos desejos  e tantos medos que me apetece até dizer que não é preciso sofrer para saber o que é melhor para mim.
Mas olhando bem, vasculhando tudo, hoje digo à boca cheia que sim: sou feliz. Podia estar melhor? Podia. Mas se calhar não estava-o.
Recorrendo à memória sinto saudade. Mas feliz. Felizmente, acrescento.
Já percorri uns tantos mares, já chorei umas quantas lágrimas que agora sorrio de saudade. Felizmente. 
Enfim, é um golpe de vida que vivo.


Sanzalando