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14 de janeiro de 2018

ser mar

Era noite cerrada, daqueles noites que para ver a gente cerra os olhos e mesmo assim não vê mais que um pouco à frente do nariz. O vento soprava forte. Gélido que nem sorvete de água na geleira. Fui sentir o mar. Fui ver o mar. O marulhar era sereno e o azul devia ser negro porque ele estava da cor do não se ver nada também.
Sentei-me numa pedra a saborear aquele momento, a ouvir o marulhar, sem intenção de tirar com ele a conversa e o saber de outros dias. Não dava para saber se eu estava assim perto dele para lhe segredar os meus medos e as minhas esperanças. Juro que me apetecia tocar no mar e senti-lo ali onde não o via porém ouvia.
É, este mar tem a faculdade de me ter fácil, de me levar a olhá-lo mesmo quando a escuridão me impede e o esforço do tempo é enorme.
Esse mar tem a capacidade de me fazer ser poesia, prosa ou filosofia, ser grito ou silêncio, ser sussurro, carícia ou arranhão. Esse mar me faz ser sol, chuva ou nevoeiro. Mesmo quando eu quero fugir ele faz-me ser como ele: mar.

Sanzalando

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