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13 de janeiro de 2025

estória de antigamente que me apetece contar hoje

Neste mês a minha mãe fazia anos. E não sei se por isso se por outra coisa qualquer lembrei-me duma estória dela. Melhor dizendo, passada com ela e só ela era capaz. Não é bem assim mas fica bonito eu dizer. Eu, que sou filho dela tenho uma parecida que se passou no Porto e por causa do cimbalino mas isso é outra estória. Hoje a personagem é a minha mãe. 
A senhora minha mãe adorava feijão macunde. Era com atum era com ovos ou peixe frito. Ela gostava mesmo de feijão macunde. Mas eu reparei que fazia meses ela não comia nem tinha em casa feijão macunde. Me intriguei mas calauda porque eu nem estava muito em casa e não podia arranjar maka. Desde que chegou no puto vindo lá da terra africana dela nunca mais comeu feijão macunde? Estava a me fazer confusão na cabeça. Um dia, não sei quanto tempo depois, mas tinha passado tempo, eu encontrei uma lata de feijão macunde lá em casa. Encorajei-me e lhe atirei:
- Mãe, temos feijão macunde para o almoço?
- Agora temos. - respondeu-me ela com um sorriso de felicidade.
- Que aconteceu. Pensei que cá no puto não havia esse feijão... - perguntei assim feito ignorante mas sabia que havia.
- Sabes que abriu ali na esquina um super-mini-mercado em que a gente compra as coisas da prateleira e não precisa de pedir ao patrão ou empregado as coisas?
- Sim, mãe, eu sei que os mini-mercados estão a abrir em montes de sítio e com isso vai levar ao desemprego os empregados da mercearia. - respondi assim a dar uma de politico esclarecido.
- É, mas ali na mercearia do Sr. Alfredo, nunca me quiseram vender o feijão macunde, ainda por cima diziam que só tinham ao litro. Eles estavam a gozar sempre na minha cara, a dizer que não tinham e se tivessem vendiam ao litro. - aqui a voz dela já dava mostra de certa irritação. - Ali no super-mini-mercado têm latas a dar com fartura e eu trouxe.
- Mãe, o Sr. Alfredo sempre teve esse feijão
- Eu sei que sim porque eu via. Mas nunca me quis vender. - tom bem irritado
- Mãe, ele não sabia o que era feijão macunde. Ele tinha feijão frade ou ciclista como muitos chamam aqui. Ele nem imagina que o feijão frade é o que querias ao pedir feijão macunde. Porque nunca me perguntaste? - eu a querer se didático e mostrar a minha integração...
- Burros!
e então ele nunca mais foi à mercearia do Sr. Alfredo e voltou a comer feijão frade com atum ou peixe frito.

( mãe: beijos muitos desde aqui)
os nomes foram alterados porém a estória e o super-mini-mercado são verdadeiros

Sanzalando

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