Estava sentado debaixo do caramanchão de buganvílias que um dia resolveste fazer no teu quintal. Faz uma lixeira que a tua filha todas as 6 horas da madrugada vem varrer para que tu não notes. Não sei mesmo já se são só as flores ou se também as folhas se deixam cair num desanimar de tempo. Num repente me lembrei de ti, avô. Vinhas tu no teu fato, do teu sempre trabalho, nas tuas horas sempre certas, me atiraste os braços e eu te disparei uma pergunta com a minha voz de criança, de meia dúzia de anos:
- Que me trouxeste?
-Nada. Me respondeste invariavelmente porque sabias que eu ia te revistar todos os bolsos e ia, invariavelmente, encontrar um caramelo, um rebuçado ou uma chuinga num dos teus bolsos. Sempre num bolso diferente para dificultar a minha paciência.
De imediato te retribuía com um beijo. Era o preço que eu tinha que te pagar por esta carícia.
Me lembro que todas as noites desse tempo de criança, me acompanhavas ao quarto e antes de te recolheres ao teu, conferias a minha posição e me aconchegavas a roupa de cama.
Me lembro que isso durou uns poucos anos. Hoje, ao recordar tudo isso sinto o desejo que tudo voltasse numa repetição moderna, actualizada e de preferência com muitos capítulos. Foram muitos insuficientes esses poucos anos.
Hoje, caminhando ao longo do zulmarinho, eu grizalhado, me custa saber que não estás aqui, que não me vais fazer as cócegas que adoravas fazer quando me apanhavas distraído num olhar para um futuro indefinido através da janela da velha marquise, não me vais perguntar se fiz os trabalhos da escola, não me vais fazer as perguntas de História.
Um dia assim, que já nem me lembro que tempo fazia, deixei de ver-te. Assim o mais do mesmo que já tinha acontecido com o meu pai estava a acontecer-me com o avô. Me lembro de ver a avó chorar. Não sei se mais alguém chorava lágrimas que se vissem, mas tenho a certeza que muitas lágrimas caladas ganharam liberdade. A mim me disseram só que tu tinhas partido e agora eras mais uma estrela do céu. Eu, nessa noite, escolhi a estrela que eras tu. Já te mudei de posição no céu algumas vezes, mas ainda lá estás para eu te olhar e te falar as nossas coisas.
Um dia, alguém me vai ter de explicar porque é que as pessoas boas partem assim num definitivamente sem um dizer de até já. E será bom que tenham uma explicação muito boa que me convença.
- Que me trouxeste?
-Nada. Me respondeste invariavelmente porque sabias que eu ia te revistar todos os bolsos e ia, invariavelmente, encontrar um caramelo, um rebuçado ou uma chuinga num dos teus bolsos. Sempre num bolso diferente para dificultar a minha paciência.
De imediato te retribuía com um beijo. Era o preço que eu tinha que te pagar por esta carícia.
Me lembro que todas as noites desse tempo de criança, me acompanhavas ao quarto e antes de te recolheres ao teu, conferias a minha posição e me aconchegavas a roupa de cama.
Me lembro que isso durou uns poucos anos. Hoje, ao recordar tudo isso sinto o desejo que tudo voltasse numa repetição moderna, actualizada e de preferência com muitos capítulos. Foram muitos insuficientes esses poucos anos.
Hoje, caminhando ao longo do zulmarinho, eu grizalhado, me custa saber que não estás aqui, que não me vais fazer as cócegas que adoravas fazer quando me apanhavas distraído num olhar para um futuro indefinido através da janela da velha marquise, não me vais perguntar se fiz os trabalhos da escola, não me vais fazer as perguntas de História.
Um dia assim, que já nem me lembro que tempo fazia, deixei de ver-te. Assim o mais do mesmo que já tinha acontecido com o meu pai estava a acontecer-me com o avô. Me lembro de ver a avó chorar. Não sei se mais alguém chorava lágrimas que se vissem, mas tenho a certeza que muitas lágrimas caladas ganharam liberdade. A mim me disseram só que tu tinhas partido e agora eras mais uma estrela do céu. Eu, nessa noite, escolhi a estrela que eras tu. Já te mudei de posição no céu algumas vezes, mas ainda lá estás para eu te olhar e te falar as nossas coisas.
Um dia, alguém me vai ter de explicar porque é que as pessoas boas partem assim num definitivamente sem um dizer de até já. E será bom que tenham uma explicação muito boa que me convença.
Sanzalando
Hola, cordial saludo. Desde Barranquilla, Colombia, envío un caluroso saludo y mis felicitaciones por tan buen blog. Te invito a que visites el mio donde están consignados mis poemas.
ResponderEliminarwww.mandalaspoemas.blogspot.com
Un abrazo,
Víctor
hoje, domingo, dia de menos coisas para fazer, encontrei o seu blog.
ResponderEliminarRelembrei a minha infância, com a minha avó, e as horas que passávamos debaixo duma frondosa mangueira, recordando coisas passadas, porque havia sempre histórias para contar.
Gostei muito!
Vera lucia
Que saudades da infância.
ResponderEliminarQue conto lindo!