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11 de novembro de 2014

fui que sou

Usei as letras que sabia para construir uma prisão onde me aprisionei. Todas as palavras serviram de grades. Todos os parágrafos eram vedações. Eu, solitário, sobrevivi. Desmontei letra a letra tudo o que desconstrui. Soltei amarras e voei. Livre pelos quatro cantos duma existÊncia. 
Umas vezes tenho medo de não ser quem acho que sou, com pavor de não saber reconstruir-me em cada desfaçatez, de não ver-me livre dos abismos intragáveis que inventei e de me apodrecer no reflexo dum espelho.
Já fui apenas um corpo com vida.
Já gastei o corpo nas vagas da inércia.
Já me varri para debaixo do tapete com medo do vazio existencial.
Livremente sorri e deixei-me levar pela alegria. 
Desmontei a minha prisão, soltei as minhas grades e arranquei as vedações.
Existo integralmente.


Sanzalando

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