recomeça o futuro sem esquecer o passado

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26 de fevereiro de 2015

Faz sol de vento frio

Faz sol de vento frio que sopra sei lá de onde. Tremo ao mesmo tempo que me incomoda olhar em frente, para o lado onde ele se vai deitar. Nunca se está satisfeito. Caramba para mim e mais eu que nem sei mais como ficar.
Olha só para mim. É necessário sonhar para saber que a estrada vai para mais além do desejo, mais para lá do querer e depois do desejar.
Olha só para mim e fica a saber que a solidão desmorou daqui, foi num céu de outros sois que não o sol que agora brilha. mesmo refrescado pelo vento frio que sopra sei lá de onde.
Olha só para mim e repara que as flores dançam ao sabor do vento e eu aqui direito, tremendo não vacilante, sorrindo porem não abusante, não desviei um risco do trajecto de ser feliz.
Faz sol de vento frio.

Sanzalando

24 de fevereiro de 2015

palavras: gosti

Palavras usadas e abusadas, intervaladas em silêncios, umas vezes sombrios e outras vezes solarengos, desalinham-me na cabeça num constante dizer que estou aqui, que não parti para outra dimensão, com nexo e sem ele, me destruí e me reconstruí numa nova composição de cores, riscos e arabescos, de abraços e sorrisos, de esquinas dobradas ao ranger de dentes, em equações matemáticas não práticas nem reumáticas. Palavras que usam letras abusadas, vogais mudas e outras caladas, sentido prático de dizer vivo-me feliz num acordar diário, numa sebenta rascunhada ou num dia de trabalho suado.
Palavras usadas, abusadas e pouco caladas para dizer: gosti!


Sanzalando

21 de fevereiro de 2015

perdido

Perdido no ar sério que me impus, caminhei em direção a lado nenhum como se fosse o dono e senhor do meu mundo.
Sorriste-me. Levianamente, diga-se. Provocadoramente, entendi.
Senti-me com a vida cheia, sem o vazio da minha porque deixei de sentir-me vazio por não te ter. Estavas aqui. Frente ao meu olhar. Sorrindo
Perdido no ar sério acabei por sorrir. Para nós, momento de ternura.


Sanzalando

19 de fevereiro de 2015

penso eu

Pego na balança e tento ver qual a quantidade de amor é que cabe num abraço. Te peço um abraço e tu dizes que o teu é maior que o meu. Empatamos acho eu.
Pego numa fita métrica e tento medir o amor que sinto e dou comigo a fazer contar de somar.
Agarro num medidor e tento quantificar os litros de amor que cabem num olhar e dou comigo a pensar que alguns pensam que pensam e outros não sabem nem o que é amor.
Dou comigo a pensar que eu preciso, perto ou longe, é de amar.


Sanzalando

17 de fevereiro de 2015

esqueci

Perdido em letras, silabas e frases, parágrafos e capítulos, textos e prosas, vagabundei esquecimentos e desvontades, sendo que a minha maior mágoa era não ter escrito um texto que merecesse ser guardado como referência. Nem que fosse um texto como mau, uma coisa qualquer num qualquer papel amassado atirado numa cacimba e afundado até aos confins do mundo.
Deixei passar datas, títulos e ocasiões, deixei de dançar no baile da imaginação, de rolar descida abaixo nos rolamentos da infância crescida, de rir só porque sim e soletrar pronuncias doutras brincadeiras, sendo que a minha maior mágoa foi não ter escrito nunca um texto na memória futura.
Brinquei em roupas de cores garridas, milflores e bocas de sino e não me lembrei de contar estorinhas de soletrar nas noites caladas das quentes noites tropicais nem escrever um texto a dizer-me que sim.
Esqueci-me de me lembrar de gastar umas palavras de vez em quando neste bairro que um dia eu cresci com ele.
Esqueci porque me lembrei de ti num constante lembrar, sem ter um texto para te ler em qualquer hora do dia.


Sanzalando

10 de fevereiro de 2015

alfabeto

Peguei no alfabeto e escolhi as letras que nunca usei. Veriquei que não era analfabeto e assim não me insultei. Parei, peguei em sílabas e contei. Versátil palavras escritas num qualquer vão ou verão,  desde que não chova. Tanta as são as palavras por soletrar que as deixo soltas.
Afinal de contas porque quero guardar eu palavras se te tenho para as ouvir?
Alfabeto.


Sanzalando