Assim descalço sigo caminho rente ao mar. Ouço o marulhar e me lembro das vozes dos anteriores aos antepassados me contar estórias que eu não sei eram verdadeiras ou apenas delírio dos tempos mortos. Sei assim num fugazmente que se eu me calar eu vou morrer sufocado nas palavras que calei. Por isso agora vim ao mar gritar todas as vozes que ouço das palavras que um dia direi.
Delírio, pensam.
Loucura, imaginam.
Vertigem de vapores alcoólicos, sussurram.
Apenas palavras. Exercito letras, parágrafos e concluo ideias. São escritos de verão, dum tempo que não dá tempo para parar e pensar. Ouve-se e anda-se num embora para a frente que o tempo não pára.
Afinal de contas as palavras não acabam.
Sanzalando
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