recomeça o futuro sem esquecer o passado

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31 de janeiro de 2017

sem sol

Vou vagabundeando sem nexo, lógica ou ideia alguma. Não medito. Vagabundo-me por inteiro. Se o sol hoje não deu ar da sua graça porque raio de graça havia eu de me dar. Não me interessa se passeio-me física ou metafóricamente. Vagabundo-me por caminhos desenhados por palavras. Antagónico sol que me deprimes. Por minha mera sorte em vez de chorar gargalho-me com satisfação, prazer de olhos brilhantes. Porque vivo.
Sem nexo vagabundo-me de olhos fechados para te sentir mesmo quando não estás a meu lado. Sorrio para esquecer que o sol hoje não deu graça.



Sanzalando

24 de janeiro de 2017

educar o pensamento

Deambulo o corpo pela areia tentando acompanhar uma linha de pensamento desde o seu início, pelo menos até um intervalo. Desconsigo de todo. Salta-me deste para aquele pensamento num tempo que nem dá tempo de reagir. Caminho lento para contrabalançar a rapidez dele.
- Chorei? Sim, mas é claro. Sofri? Como não?! É verdade, houve dias que eu pensei que o mundo ia acabar e que faltou pouco para eu ver a noite virar um dia contínuo, sem ritmo e sem melodia, sem poesia e sem brilho. Houve dias que senti a voz estremecer e não era de paixão, era mesmo a loucura ali à porta.
Mas que raio de pensamento é este que este caminhar me está a trazer? 
Mudo o passo. Vou ao ritmo duma salsa que trauteio mentalmente. Nenhum sofrimento foi maior que a minha vontade de mudar e, zás.
- Olha como o mar é azul. É o zulmarinho a me festejar. Olha como é lindo este caminhar sobre as ondas até à linha recta que é curva e um dia me vai levar até ao outro lado deste mar.
Sorri.
Tenho que educar este pensamento e mantê-lo assim.


Sanzalando

23 de janeiro de 2017

livre pensar

Deixo o meu corpo  fixo num canto da praia, abrigado do inverso sol que arrefece a alma, enquanto o meu pensamento vagabundear num interminável novelo de ideias, sonhos e simples pensamentos. Faço sempre a conta que é a última vez. Porque um dia vai ser e eu não quero ser apanhado desprevenido e com a certeza que ninguém passa na minha vida assim só porque sim, aconteceu. Eu sei que há coisas e pessoas incomparáveis. Tudo o é. O Presente e pronto.
Sim, neste corpo, aqui num canto, fiz a morada de sentimentos que o pensamento lhes vive


Sanzalando

20 de janeiro de 2017

faz conta

Faz conta eu me meti dentro do frio e deixei-me gelar, deixando ficar o corpo rígido em pensamentos voláteis por uma eternidade sem fim à vista, assim num modo de estar acordado sonhando coisas de antes, de agora e de amanhã.
Faz conta eu era a eternidade sorrindo, corpo gelado porém cabeça livre de ver tão longe como longa é a imaginação.
Faz de conta eu era mar de ondas interligadas noutros mares, sonhos sonhados noutros lugares, vidas vividas noutros ares, abraços abraçados noutros amores, sorrisos sorrindo flores.
Faz conta eu sou sempre eu.


Sanzalando

18 de janeiro de 2017

reflectindo

Sentado na rocha da praia, adormecido pelo marulhar das pequenas ondas deste inverso de sol, dou comigo a viver as minhas vidas. Eu sou pedaços de quem me abrigou na vida, na amizade e mesmo na ignorância, no bater de pé. Eu sou pedaços que as pessoas que cruzaram os meus caminhos deixaram ficar . Eu pensava que era pedaços de quase fim, porém sinto que sou a parte luminosa dum farol, o sorriso restante duma gargalhada, o brilho intenso dum olhar, a sabedoria estagnada de cada amanhecer que vivi.
Sentado na rocha da praia me sinto navegar nos sonhos, desejos e esperanças. 


Sanzalando

13 de janeiro de 2017

Está sol de inverno

Está sol de inverno. Abrigo-me da humidade caminhando antes do fim da tarde. Tropeço em pequenos torrões de areia molhada revolta por alguém na brincadeira. Vou distraído, pensando na vida, passada e futura que a presente está aqui, na minha forma de viver o hoje.
Tem vezes que desgosto da dificuldade de falar coisas simples como eu gosto de ti. Mas a vida nem sempre corre a direito e se assim fosse era monótono e se calhar levava à desistência. Às vezes há que inventar olhares, acreditares ou apenas mudar de ares. 
Tem vezes que se mediarmos cérebro e coração e confessar as palavras caladas tudo fica tão claro como esta tarde de sol em dia de inverno.


Sanzalando

11 de janeiro de 2017

morri, mas não

Deixo-me seguir frio fora como rio gelado segue seu caminho. Soletro mantras, recito poemas decorados na escola de tempos que já lá vão, medito sobre mim e sobe nada que sobretudo levo vestido.
Recordo passagens que decorei em sebentas de capa vermelha, em folhas avulsas e em resmas de pixeis. Morri de amores, morri de saudades, morri de vaidades e quem sabe ciúmes. Mas aqui continuo eu a vagabundear-me por palavras e silêncios, a tempo inteiro ou destempo, vivo e sorrindo em cada olhar trocado na cumplicidade de amores imperfeitos que tentamos aperfeiçoar em cada gesto simples de vida.


Sanzalando

10 de janeiro de 2017

Insónia, sonho e silêncio

Faz frio. Figura de estilo: frio de rachar. Eu tremo. Não sei se é apenas do frio se também com o virus que se alojou em mim e não me quer largar. Mas tremo. Já sei que daqui a pouco vão-me doer músculos que nem sei que os tinha.
Mas mesmo assim aproveito o tempo para meditar. Está sol, dia claro, vejo melhor os horizontes da minha memória.
Há um monte de coisas em mim que não sei se algum dia eu vou-me conseguir explicar. Se falar da insónia, misturado com os meus sonhos e amalgama de silêncios vai dar assim numa mistura de egoísmo, com forretice e medo do mundo. 
Explico-me, se conseguir. 
Tenho insónia porque não quero deixar de pensar em mim, logo sou-me egoísta.
Sobre os meus sonhos não falo para não os gastar e não os perder de vista ou da mão.
Através do silêncio tento dizer ao mundo que está errado porque violento mesmo na palavra dos santos sábios.
Faz frio e eu medito tremendo.


Sanzalando

6 de janeiro de 2017

Eis-me sempre igual.

Sentado à beira mar, como se não existisse mais mundo, vagabundei-me por memórias, recordações e imaginações.
Que necessidade temos nós de viver expectativas alheias?
Pequenos olhares estranhos são suficientes para nos sentirmos desconfortáveis. Uma dança mal dançada e lá estamos nós ruborizados de vergonha. Uma barriguinha a sobressair da camisa e lá estamos nós a imaginar ginásios e dietas.
Aqui, à beira mar sentado, de olhos posto em mim sorrio. Afinal de contas nada me envergonha, nada me entristece e nada me pesa na consciência. Ensinaram-me a viver bem comigo, com as minhas recordações, memórias e imaginações, tal qual que eu as invento, sem rodeios, brilhantes ou serpentinas. Eis-me sempre igual.


Sanzalando

4 de janeiro de 2017

2017 'faz favor'

Pedido em sons entrei em 2017.
Bom Ano!
Tudo de Bom!
Saudações!
Mas comecei o ano ao som de trompas e trompetes e, se não eram estes o nome dos instrumentos, eram de sopro que eu sei porque vi pala além dos ouvir.
E estava na rua.
Som e ar livre.
Vagabundo, como sempre. Desejado.

Sanzalando