Me disseram que quando é para dar certo até os ventos sopram a favor. Mas aqui na esquina do Liceu sopra vento e é do contra.
Recordei cara a cara, nome a nome, tique a tique, todos os que se cruzaram comigo e o engraçado é que cada nome, cada cara, cada tique era intercalada com o teu nome, a tua cara e o teu tique. Fiquei zangado e coincidentemente soprou vento de rajada. Mais zangado fiquei porque a laca que segurava a minha franja não foi suficiente para a segurar e lá se me vieram os cabelos para os olhos e me toldou a vista. Desconcentrei-me. Misturei nomes, caras e tiques e estava quase a reiniciar tudo outra vez, quando decidi que seria ignorante refazer-me, machucar-me só para te intercalar no nome dos outros.
Olhei para o Liceu, eu sei é férias e está cacimbo e não está lá ninguém, nem tu que já deves ter estudado os livros todos do próximo ano, mas dizia, que olhei no Liceu e me ocorreu que até eu morrer eu não vou nem te esquecer nem se quer cansar-me de te pensar.
Eu sei tu querias atenção e eu distraidamente te dei amor. Tretas, me dizes em silêncio. Eu sei, acabei de inventar para me ocupar. Tu querias carinho e eu nada te dei. Também deves estar lembrada que nunca deixaste. O vento continua forte. E é do contra. Mais fácil mesmo é eu caminhar até ao outro lado do parque infantil e ver se tem com quem conversar coisas de miúdos mesmo que ainda não é tempo de crescer e sofrer dessas coisas de adultos.
Sanzalando
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