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15 de agosto de 2012

acaba o cacimbo

Sentado na varada, na cadeira de baloiço do avô, olho o tempo carregado, mal enxergo o céu cinzento e deleito em pensamentos de entardecer num quase adormecer.
Me disseram que de calendário hoje termina o cacimbo. Assim sem mais eu vou guardar na mala os casacos, as mantas e outras coisas que me taparam neste frio e direi amanhã, te aguenta que o calor chegou.  Vais ver se o amor, aquele sentimento ardente, profundo e intenso que nos deixa cego, que realça qualidades e esconde defeitos, que nos faz sentir especial, continuar a me dizer que é cacimbo, eu lhe agarro, embrulho em lágrimas, lhe amarro em sorrisos, lhe atiro num vazio até ele ver que derrete no calor.
Eu vou mentir e dizer que nunca fui atacado desse mal e muito menos me fui abaixo por essa coisa. Na verdade é mesmo só o cacimbo que dói. Tenho-lhe medo pois os pensamentos podem me torturar e dizer que o cacimbo não vai acabar mais mesmo que digam que ele acaba oficialmente hoje.
Aqui na varada, abrigado pela sombra do Senhor Serafim, coberto pela ternura da D. Leovegilda, eu me revejo num mundo coberto de ternura, numa estória de encantar em que a princesa vai bater na porta, sapato na mão e me dizer que está ali, veio quando o cacimbo se foi, e, apesar de não ser a mais bela de todas as rosas, tem o perfume perfeito de encantar. Logo logo o romantismo vai acordar, o isolamento da varanda vai ser levantado, o sol vai brilhar, os olhos vão voltar a ver mesmo se se avermelharem de felicidade.


Sanzalando

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