Me viste gatinhar, andar cambaleando e cair em choros sem dor enquanto aprendia a andar. Viste ser criança e adolescente. Viste os meus segredos e conheceste os meus medos. Testemunhaste as minhas alegrias e cúmplice das minhas tristezas.
Passados muitos anos, eu que penso sou o mesmo apesar das muitas mudanças, tentei esquecer, mesmo sabendo impossível, não tenho como deixar de ser assim. Não tem mais forma de viver de dizer sim e fazer não, de adiar e criar sonhos nas palavras que te digo. Não tenho mais forma de viver estas dores e engolir estas lágrimas carregadas de nostalgia e saudade. Sou o mesmo que tenta achar uma maneira de me fixar em ti quando diz que te esqueci.
Hoje fazes festa e eu me digo que dou mais uma chance a mim de apagar culpas, de afastar sentires, de abafar cansativos suspiros de monólogos soliloquiados.
Hoje fazes festa e nessa festa eu não tenho lugar porque te sou irreconhecível, porque te esqueceste de abrir os braços e me gritar quando eu estava distraído nas horas de juventude a fazer as coisas que me foram aparecendo e fazendo feliz num preço alto de pagar.
Me viste triste, grisalho, exausto, torcido de lembranças e sobrevivendo pela metade e te mantiveste calada.
Me viste chorando nos meus rasgos de neo-romantismo desabados em impulsos desequilibrados e te mantiveste serena.
Reconheço meus erros, pequenos e grandes e me redimo perante eles de modo que me curvo sobre ti num beijo de parabéns.
Sanzalando
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