Passeio à beira mar. Às vezes parece vou a dançar ao som do marulhar. Gingo o corpo numa festa de quem foge da água fria. O corpo aquecido do sol se arrepia do gelo da água.
Eu passeio à beira mar enquanto escrevo na memória palavras escritas à pressa. São palavras que saem dos dedos e se atropelam na memória à falta de papel. Coerência? Concordância? Sem sentido? Não importa. São apenas frases que intercalam as linhas dos sentimentos escritas em letras cor de sol e sabor de sal.
Eu passeio à beira mar escrevendo frases na memória como quem olha no retrovisor do passado, como quem recorda um amor separado no espaço, de tempo e distância, como quem saboreia um beijo adolescente gravado na memória como o início da vida.
Passeio na praia de mão dada com a saudade.
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