recomeça o futuro sem esquecer o passado

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20 de janeiro de 2013

palavas de dúvida

Duvidamente tenho certezas que não são absolutas pelo facto que não me tenho como bruxo. Mas eu duvido que tu não te lembres do meu charme quanto te sentes só.
Duvido também que imaginas que estou a invadir o teu espaço quando a tristeza de bate na porta como se a solidão tivesse que ser triste.
Divido que alguma vez leia a carta que me prometo um dia escrever para te explicar que sou mais completo que o pedaço que conheceste.
Duvidamente soletro o teu nome na minha memória como se o estivesse a apagar letra a letra, lentamente para demorar um tempo a cimentar esse esquecimento, como que a apagar o sentir estranho do susto que fui naturalmente na tua vida.
Eu duvido que me sinta seguro nas palavras que duvido existirem e possam descrever tudo o que aconteceu como num qualquer filme de Hollyhood.
Eu duvido que tenha deixado de ser amor, mesmo que não seja o teu, apenas porque continuo a ter a minha essência. 
Eu duvido que tenha deixado de ser eu apenas porque tu o desejaste.
Eu duvido, por isso te digo um até já infinitamente pequeno de futuro


Sanzalando

19 de janeiro de 2013

existem palavras

Viver sob linhas tortas, enamorando rabiscos de amor, absorvendo tristezas e misturá-las com alegria, cultivar amizades e manter fidelidades e ainda conseguir manter um perfume sacrosanto de flores selvagens é obra de costas largas e paciência não medível, porem descrita em palavras simples de quem sempre viveu uma paixão sobre paixões.
Bordar carícias e afectos, manter solidariedade nas horas frágeis, permanecer firme e recto nas indecisões da vida, manter pureza e limpidez mesmo que a roseira nos crave nas mãos os seus picos, ver o arco-íris mesmo nos dias escuros em que temos que limpar os olhos inúmeras vezes, pode ser descrita por quem viveu uma paixão sobre paixões
Afinal as palavras existem mesmo quando os livros estão fechados.


Sanzalando

18 de janeiro de 2013

palavras para sonhar

Há sempre uma pequena hipótese do impossível acontecer. Hoje eu gostava de vestir-me de nuvem fingir ser o Peter Pan, de ter estrelas nos olhos brilhando e descobrir coisas novas em cada olhar. Gostava de ser um vulgar senhor Zé e receber um abraço apertado de amor e carinho junto ao comentário estás sempre na mesma. Gostava de poder passar na quitanda da Laurinda e roubar uma laranja da fazenda do Torres e correr como se fosse à frente da polícia.
Eu deveria ter feito valer a pena cada segundo de felicidade que já tive para que mais tarde, quando descobrsse que o bicho papão não é mais que fantasia mas que há bichos de verdade que são monstruosos, eu ainda podia sorrir de alegria.
Há sempre uma pequena hipótese do impossível ter palavras para se sonhar.

Sanzalando

17 de janeiro de 2013

palavras ao espelho


Calcorreando passeios dou comigo parado numa esquina qualquer dum lugar que nem sei onde é que é, que é que foi e o que um dia poderá vir a ser. 
Cheguei aqui, quase que vindo do nada, pelo menos que eu me lembre e deixo-me levar pelos pensamentos como se fosse uma andorinha voando aproveitando correntes. Dou comigo a dizer-me que o pior problema é o querer muito de uma pessoa e ela não conseguir alcançar. Pensamos a vida como se fosse novela ou filme americano de amor e paixão em que no final o cowboy não dá um beijo no cavalo e não fica com a moça bonita do bar de má fama ou em que o final é feliz e o futuro é perfeito. 
Não, a vida não é mesmo assim. É cruel. Somos obrigados a dar tudo de nós e não podemos dar apenas ilusões. Não podemos ficar pela metade.
Essa coisa de dar amor pela mesma quantidade que se recebe fica mesmo na imaginação até ao momento que alguém descobriu que que a restante metade está estragada. Não adianta chorar, implorar, suplicar, declarar, reconquistar. Perdido vai continuar. Não há maneira de reconstruir a destruição.
O que vale mesmo é que eu estava nessa esquina, vindo do nada, sem ir para lado nenhum e a vaguear por pensamentos enquanto me olhava ao espelho dum montra duma loja que fechou faz tanto tempo e que o pó não deixa ver nada com nitidez.


Sanzalando

15 de janeiro de 2013

palavras que nunca me disse

Sentado à secretária penso. Hoje já ouvi dores, ali e acolá. Todo o lado tem dor mas a pior dor é da alma e às vezes eu não consigo chegar perto dela. Sei que não é o meu ramo mas um sorriso podia ajudar e não consigo nem ter brilho no olhar e esboçar esse sorriso tão necessário. Finjo que arrumo um armário de ideias, um quarto de desilusões uma bagunçada de vazios, tiro toda aquele coisa velha que só ocupa espaço e para nada serve e mesmo assim falta o sorriso que falta naquele instante.
Isolado conclui que afinal ainda não tinha arrumado tudo, há sempre qualquer coisa escondida, há sempre qualquer fingida. O pior é que a gente sabe e naquele instante que tão necessitava não encontra.
Já sei que arrumar a bagunça da vida não é o mesmo que arrumar um quarto, tirar roupas, sapatos, experimentar e olhar não é o mesmo que olhar na alma e ver como é que ela está. Do quarto tira-se fora, arruma-se num outro canto até desaparecer para sempre da memória porque se fica na gaveta vai ocupar espaço e não cabe mais nada lá dentro. 
Da alma fica lá aquela marca, indelével e nem sempre facilmente buscável.
Depois há gente tentando entrar, interessante e o coração apenasmente não deixa.


Sanzalando

14 de janeiro de 2013

12 de janeiro de 2013

palavras debalde

Sabes o que significa um balde de água fria?
Eu sei de cor, salteado, soletrado e até de trás para frente e vice versa.
Mas eu te explico para não teres dúvidas e um dia não perderes a cabeça a te perguntar como é que isso de balde água fria.
É assim num mais ou menos de a gente sentir um calor no peito, nas mãos, na cabeça e até na alma. Essa coisa que até se pode chamar de sonho. Muitos, um ou poucos mais. Quantidade não é importante.   E vais alimentando cada um deles e eles crescendo, raízes aparentemente sólidas, flores lindas de aparecem na cabeça como impressas dum filme e assim num rapidamente tudo murcha, tudo gela como se tivesses entrado na idade do gelo.
Doutra maneira. Te imagina de amor verdadeiro, esperançado, vitaminado e vacinado. Forte mesmo parece é músculo de ferro. Numa rua qualquer, numa lugar qualquer, passa um carro de luxo e te leva o amor como um atropelamento num sinal vermelho e olhas para o lado e estás ali de cara solitária, desequilibrado à espera de compreender o que um segundo fez. Vem ambulância, ventiladores, desfibrilhadores e nada mais o salva. 
Tudo isso é um balde água fria!


Sanzalando