Calcorreando passeios dou comigo parado numa esquina qualquer dum lugar que nem sei onde é que é, que é que foi e o que um dia poderá vir a ser.
Cheguei aqui, quase que vindo do nada, pelo menos que eu me lembre e deixo-me levar pelos pensamentos como se fosse uma andorinha voando aproveitando correntes. Dou comigo a dizer-me que o pior problema é o querer muito de uma pessoa e ela não conseguir alcançar. Pensamos a vida como se fosse novela ou filme americano de amor e paixão em que no final o cowboy não dá um beijo no cavalo e não fica com a moça bonita do bar de má fama ou em que o final é feliz e o futuro é perfeito.
Não, a vida não é mesmo assim. É cruel. Somos obrigados a dar tudo de nós e não podemos dar apenas ilusões. Não podemos ficar pela metade.
Essa coisa de dar amor pela mesma quantidade que se recebe fica mesmo na imaginação até ao momento que alguém descobriu que que a restante metade está estragada. Não adianta chorar, implorar, suplicar, declarar, reconquistar. Perdido vai continuar. Não há maneira de reconstruir a destruição.
O que vale mesmo é que eu estava nessa esquina, vindo do nada, sem ir para lado nenhum e a vaguear por pensamentos enquanto me olhava ao espelho dum montra duma loja que fechou faz tanto tempo e que o pó não deixa ver nada com nitidez.
Sanzalando
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