Sentado à secretária penso. Hoje já ouvi dores, ali e acolá. Todo o lado tem dor mas a pior dor é da alma e às vezes eu não consigo chegar perto dela. Sei que não é o meu ramo mas um sorriso podia ajudar e não consigo nem ter brilho no olhar e esboçar esse sorriso tão necessário. Finjo que arrumo um armário de ideias, um quarto de desilusões uma bagunçada de vazios, tiro toda aquele coisa velha que só ocupa espaço e para nada serve e mesmo assim falta o sorriso que falta naquele instante.
Isolado conclui que afinal ainda não tinha arrumado tudo, há sempre qualquer coisa escondida, há sempre qualquer fingida. O pior é que a gente sabe e naquele instante que tão necessitava não encontra.
Já sei que arrumar a bagunça da vida não é o mesmo que arrumar um quarto, tirar roupas, sapatos, experimentar e olhar não é o mesmo que olhar na alma e ver como é que ela está. Do quarto tira-se fora, arruma-se num outro canto até desaparecer para sempre da memória porque se fica na gaveta vai ocupar espaço e não cabe mais nada lá dentro.
Da alma fica lá aquela marca, indelével e nem sempre facilmente buscável.
Depois há gente tentando entrar, interessante e o coração apenasmente não deixa.
Sanzalando
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