Me sento à beira mar, ouço a música do mar e adentrando-me em mim, com voz de silêncio procuro um caminho a seguir.
Olhando as plantas, lembrando-me da clorofila imagino-me pelo caminho da agricultura e florestas, por laboratórios de bicos de buzen e pipetas, conta gotas e outros tubinhos e decido-me que por aí não vou.
Imagino-me a contar números, somar e subtraí-los, multiplicar e ainda encontrar uma raiz quadrada, um que seja primo e digo-me que matemática não vai ser o meu lugar.
Olhei para um texto de Satre, não a Náusea, mas um outro com apontamentos de Simone de Beauvoir, em que me diz que o opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os oprimidos, para dizer-me que pela retórica política não me apanham.
Então vou contar vísceras, descrevê-las e situá-las, saber que vinte e cinco por centro dos nossos ossos estão nos pés, e pensarei num futuro, que em Medicina não vou ver-me.
Enfim, sentado à beira mar procurei uma quantas mais profissões e decidi que ainda era cedo para decidir.
O tempo passou. Matemáticamente certo. Biológicamente polido e médicamente irrepreensível.
Vesti-me com os raios de sol que ainda teimam em sorrir-me e esperei sentado uma decisão superior.
À beira mar encontrei uma estrada de alegria e a vida seguiu Biológica, Matemática e Medicamente assistida, sabendo que o medo matou muitas vocações.
Sanzalando