recomeça o futuro sem esquecer o passado

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28 de julho de 2017

Divagações dum dia de verão 18

Acho o vento foi para outras paragens, deixando os corpos musculados e os bem torneados vagabundarem pela areia das mil cores do zulmarinho que mansamente também se espraia por aqui em marés de verbo encher ou vazar. Eu, sento-me aqui abrigado na sombra de memórias, idealizando mantras e replicando meditações, como que a querer viver cada segundo como se fosse hora, na forma de ter mais tempo para sorrir feliz em cada tempo de verão.
O corpo queimado, do sol e do tempo vivido, bronzeado de passado, esperança de futuro e a viver o presente com intensidade de uma qualquer manhã de verão, me deixo enredar em filmes que nunca filmei, livros que não escrevi mas em vida que fui vivendo.
O marulhar me embala ritmado. A maresia me perfuma. Na cara um sorriso. É verão do meu contentamento porque em cada abraço eu sinto que gosto deste mundo


Sanzalando

26 de julho de 2017

Divagações dum dia de verão 17

Sopra vento do norte. Eu quase diria era Agosto em Julho. Quase, porque não me lembro esses pormenores para fazer afirmações assertivas dessas. É verão, está vento chato e isso chateia-me.
Assim sendo, recolho-me num canto, olha a linha recta que é curva deste zulmarinho de espanto e medito. Ou simplesmente vagabundo pensamentos como que a encher pneus.
Levanto-me e quase regresso a casa. Para onde vou? Tenho tanto para fazer. Fazer mesmo o quê? Ficar longe dos meus pensamentos, por exemplo. Deixo-me ser infantil por pedaços de tempo. Quando eu crescer logo terei tempo para deixar de ser assim. 
Acho eu, porque é verão e está vento como em Agosto do lado de cá, cacimbo do lado de lá.
No verão não consigo imaginar o silêncio, nunca me tornei silêncio nem mesmo quando vivo o passado da memória.
Há o silvo do vento, há o barulhos dos que têm pressa para lado nenhum, há os que reclamam que sim ou não. Há o calor de verão que anima.


Sanzalando

24 de julho de 2017

divagações dum dia de verão 16

Havias de ver as nuvens a desaparecer quando falo de ti ao mar.
Sabes, verão, quando entro no zulmarinho e sinto que fico um bocado mais perto do lado de lá, até me brilham os olhos. E se ela olha para mim, ao mesmo tempo, acho ela consegue ver o que eu estou a pensar. Ela e o o lado de lá são os pensamentos mais lindos que eu consigo ter. Transparentizo-me na alma e coração. Os olhos reflectem-me a alma.
Sopra uma brisa devagarinho. Mais carícia que brisa e se ouço alguém dizer que esta vida está difícil é que eu penso que ela, a vida, está farta de nós. De nos aturar nas fazes menos claras.


Sanzalando

22 de julho de 2017

divagações dum dia de verão 15

Como é sábado é madrugada para levantar. Não levantou-se o vento, levanto-me eu atraído pela selva de luz do sol. Sinto-me bem. Com olhos de ver vejo o que posso á minha volta. O zulmarinho ali está, sereno, sem ar de cordeiro nem de fera. Ele mesmo estendendo-se até à linha recta que é curva e que me separa o que vejo do que sinto. Troco palavras simples por grãos de areia. Brinco na areia. Podia dançar. Conversar e dançar na areia dum dia de verão. As garotas estão divinais nos seus biquinis de cores garridas. Os rapazes jogam à bola. Hoje todos se levantaram de madrugada, antes do vento.
Eu hoje imaginava estar aqui sozinho a ver o zulmarinho e sonhar sonhos de vida e dou comigo a divertir-me à grande com toda esta alegria de cores e brilhos numa madrugada de sábado em que nos levantámos antes do vento.
Hoje é verão dum beco à procura de saída.


Sanzalando

17 de julho de 2017

divagações dum dia de verão 14

O vento foi de férias para outras paragens que nem me interessa saber quais, porque na verdade tudo melhora quando parece que não damos importância, quando não somos nada mas temos todos os sonhos do mundo.
Hoje serei chef, de estrela mexilhão ou Michelin que não me interessa desde que eu seja o que neste momento me apetece ser. Vou fazer um prato grumet, estilo francês, decoração latina e sabores franceses. Apetitoso?
Pouco me importa desde que eu goste do que esteja a fazer.
O Óleo queimou? Parvo ajudante de mim me saí. Um Chef não deixa queimar o óleo. É científico.
É verão e me apetece fazer o que gosto.
Mas hoje andam por aqui a reclamar, é tempo, é dor é parvo. É verão e vou fazer mais o quê?


Sanzalando

14 de julho de 2017

divagações dum dia de verão 13

Afinal de contas o que é que é o verão? Aqui no Algarve? Faz Sol e faz Vento? 
Bem vistas as coisas aqui é assim um beira do fim do mundo. Um quase lá que não existe excepto naqueles meses. Um lugar onde não vive ninguém. Um lugar onde é uma chatice o tanto ano que existe que não naqueles meses.
Sem ser naqueles meses não há carros. Qualquer lugar está ali, inerte, isolado, solitário qual deserto. Sem ser naqueles meses as pessoas são pagas, mal, para aguentar o lugar até chegar àqueles meses, sorriem porque têm tempo até ao tempo daqueles meses, as pessoas se juntam à beira do rio, nas esplanadas vazias, nas esquinas desertas a conversar sobre tudo e sobre quase nada porque têm tempo até chegar àqueles meses.
Sem ser naqueles meses as tantas praias estão limpas, vazias e o olhar se deixa navegar por silêncios marulhados em perfumes de maresia, o ar respira-se sem o perfume de gasolina, o coração bate lentamente e os sorrisos se estampam nas caras enquanto as gaivotas não têm dificuldade em escolher um lugar para se espraiarem no areal.
Depois chegam aqueles meses... e CV conversa com JCC numa noite escaldante dum subúrbio esquecido por aqueles que descem à descoberta como os antigos navegadores para espalhar a palavra confusão nas mentes dos dementes que aquentam os outros meses.

Sanzalando

12 de julho de 2017

divagações dum dia de verão 12

Quem foi que apagou o sol hoje? Faxavor devolver. Tem gente que tirou férias para torrar feito pão em torradeira e já não basta o vento ainda lhe escondem o brilho?
Na verdade com tanto vento acho não sobrou palavras para usar. Acho a praia desariou, varrida constantemente por essa força aborrecida.
Mas quem é que foi que inventou o vento?
Afinal de contas eu gosto é de verão, sol a sério, mar quente e muitas ideias na cabeça a fervilhar..



Sanzalando

11 de julho de 2017

divagações dum dia de verão 11

Sol tórrido queimando-me as ideias e aquecendo os pensamentos. Vento forte varrendo as palavras que parecem saem silenciosas da minha boca. É assim que vai o verão, fazendo-nos sem força, anémica vontade de fazer o que quer que seja, desentender o que sou ou que queria ser. Abrigado do tórrido sol e escondido do forte vento, escolhendo as minhas fases, numa forma indelicada de ligar ao sentimento raiva que vai nascendo com o despentear dos poucos cabelos que resistem. Guardando as coisas dentro de mim, o medo de encontrar um domador para os meus temores, conteúdos para preencher o vazio, imagino que o meu passado não é a memória do que vivi mas sim as recordações que fui montando ao longo do passado numa constante mudança presente. 
O sol tórrido e o vento forte conquistam espaço e eu desato a gritar que é tempo de arrumar o caos e sonhar claro para lá do zulmarinho

Sanzalando

5 de julho de 2017

divagações dum dia de verão 10

Sol timidamente estendido sob a areia da minha praia. Vento forte arrastando grãos de areia em direcção ao meu corpo, tal como agulhas disparadas duma qualquer arma. Abrigo-me, encolho-me num canto recatado, protegido por uma pedra de séculos de memória. Eu quase sem nenhuma, quase sem passado e do presente resta um medo de passar a entender e deixar de sentir. O zulmarinho ondula num marulhar de ira, quem sabe de protesto.
É verão numa tarde de vento quente.


Sanzalando

3 de julho de 2017

divagações dum dia de verão 09

Hoje não há brisa. O tórrido sol queima a areia da praia que nem dá para a pisar a caminho do meu canto ounde gosto de me sentar a ouvir o marulhar das águas empurradas pelo sueste. Saltito como lagarto em deserto usando memórias de passado. Assobio para abafar os ais e uis que grito em forma de pensamento. Chego ao meu miradouro. Desperto a minha atenção para além dos horizontes visuais. Sussurro mantras como que a chamar memórias que possam estar escondidas nas camadas da vida vivida. Assopro poeiras, limpo velhas teias de aranha que mais não são que bichos imaginados em tempestuosos passados. Assim já limpo, já recomposto no presente, projecto os pensamentos e me dou comigo a fazer-me perguntas cujas resposta vou dando cândida e vagarosamente.
Um dia de verão, calor tórrido e memórias refrescadas. Mergulho o corpo na água gelada. Purifico-me em sorrisos, brilho dos olhos de criança que continuo a ser.
No céu há estrelas velhas e novas que logo à noite brilharão a minha escuridão


Sanzalando

1 de julho de 2017

divagações dum dia de verão 08

É verão. faz vento. Está quente, agradavel mas despenteavel. Sento-me aqui a ver o mar que hoje resolveu estar parece é lago. Nem o marulhar me chega aos ouvidos. Neste momento só me apetecia olhar nos olhos e sentir a respiração de quem me abraça com o coração. O desejo aumenta só de pensar nisto. Mas não me apareces no horizonte do meu olhar e nem se eu ultrapassasse a visão da linha recta que é curva eu te veria. Tu estás no meu pensamento e eu nem sei se consigo abrir os olhos porque tenho medo que fujas por eles. 
Faz vento. Está quente. Está mar chãi sem marulhar mas existe um sabor a maresia no ar. És o meu ar.


Sanzalando