recomeça o futuro sem esquecer o passado

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30 de novembro de 2024

se não tivesse sido assim?

Te recordo na minha imaginação, te revejo na dimensão em que te deixei de ver. 
Olho para trás e fico a imaginar o calor de fogo que faríamos se tivéssemos continuado com a chama acesa que um dia, de um só sopro, apagaste.
O que restou desse tempo são palavras que vou recortando à minha memória, textos nunca escritos nem lágrimas nuca choradas.
Não tivemos a nossa oportunidade, não deste tempo ao tempo para mostrar que poderias ser feliz segurando-me na mão e guiar o meu instinto pelas estradas agrestes da vida. O que nos poderia ter acontecido se tivéssemos permanecido mais uns tempos de mãos dadas? Talvez eu não estivesse à procura de palavras, talvez eu não roubasse à memória sonhos sonhados numa varanda virada para ti.
Perdemos a morada, ganhamos duas, distantes no tempo e no espaço.
Eu escrevo. E tu, que fazes?


Sanzalando

28 de novembro de 2024

metáfora de espera

A espera pode ser metaforicamente comparada a muitas coisas que evocam a sensação de paciência, incerteza e desejo.

1. Uma semente no inverno

A espera é como uma semente enterrada na terra fria, invisível, mas cheia de potencial. Ainda que o momento pareça estático, silencioso ou até vazio, a vida prepara-se para nascer quando a primavera chegar.


2. Um relógio sem ponteiros

A espera é como um relógio sem ponteiros, onde o tempo parece congelado, mas não para de existir. 


3. Uma vela ao vento

A espera é como uma chama que luta contra o vento — frágil, mas persistente, mantendo a esperança viva mesmo diante da incerteza de se manter acesa


4. O horizonte no fim do mar

A espera é como olhar para o horizonte enquanto navega; mesmo sabendo que ele está longe, seguimos em frente com a promessa de existir algo oara lá da linha visível.


5. Uma chávena de chá frio

A espera pode ser comparada ao momento em que você precisa deixar o chá arrefecer antes de beber, ter a paciência para apreciar o seu gosto, sem pressa ou ansiedade.


Essas metáforas transmitem a ideia de que, na espera, há uma mistura de frustração e esperança, mas também um espaço para aprendizado e amadurecimento.

25 de novembro de 2024

Meus retalhos 33

Quantas vezes o meu mundo desabou que nem tremor de terra seguido de marmoto? Cada cirurgia mal sucedida, cada tratamento sem resultado, cada vida perdida e eu morria um pedaço. 
- Mas vocês estão preparados para isso! tantas vezes ouvi esta barbaridade. Como é possível alguém estar preparado para o desaire?
Não. Gastei o meu jogo de cintura, desconseguia aguentar o peso de tanto desleixo e de tanta falta de responsabilidade. Não gostei de ver o que tanto me havia custado conseguir ir ladeira abaixo como carrinho de rolamentos, inércia apenas. Tudo à minha volta muda. Eu não mudo. Aceito tudo o que sempre aceitei. À minha volta tudo estava diferente e eu não conseguia ver desabar o monumento e permanecer de braços cruzados. Protestei. Contestei. Perdi e saí. Fechei todas as portas, perdi o fio condutor, segui outros rumos e não me peçam para levantar de novo a bandeira que carreguei tantos anos e que deixaram estragar.


Sanzalando

23 de novembro de 2024

Meus retalhos 32

São cinco da tarde. Hora de um café e se calhar de um bolo. Vou ao bar, sereno e calmo porque a tarde assim estava e eu assim me sentia, apesar de ter uns dias a me sentir cansado. Mas eu estava bem. No trajecto para o bar acendi o meu cigarro. Na altura ainda fumava que nem uma fábrica em produção contínua. A minha colega de urgência chama-me e diz que temos que ir operar. 
- Ok. Vamos. que remédio se era essa a minha missão.
E lá fomos os dois fazer uma cirurgia que se prolongou até quase às 20. Nem café nem bolo. No fim da cirurgia, ainda não tínhamos acabado, sinto um forte dor nas costas, região da omoplata esquerda. Sem dizer nada aguentei até que terminámos a cirurgia. Não me recordo se era eu a operar ou era ela. Era indiferente. Mal conseguia respirar e disse-lhe:
- Enquanto escreves os papeis eu vou à radiologia.
Não sei se me respondeu ou não porque mal falei segui. Na minha cabeça as contas de somar e subtrair diagnósticos em causa própria foram sendo anulados ao ponto de ter só um quando cheguei lá.
Pedi e o técnico prontamente acedeu e lá fomos para o não respire e já pode respirar. 
A imagem chegou ao monitor de grande resolução. Mal a olhei e a pouca esperança que tinha desapareceu que nem éter. Não se esfumou porque éter não deita fumo. Sentei-me na cadeira mais próxima. Olhei mil vezes para o nome a confirmar que era o meu.
Por trás de nós, de mim e do técnico, passa o radiologista, mãos atrás das costas, não imaginando que aquele Rx era meu pois é meu hábito ir in loco ver imagens, não só pela maior nitidez mas porque o diálogo com quem faz imagens trás luz e pode haver necessidade de fazer numa outra posição. Ele não para, porém a olhar para o monitor dispara:
- ...esse gajo está f***
Se eu já não estava a pensar fiquei assim como que petrificado a dizer-me que era impossível, nem sei bem o quê. O sangue estava congelado. O pensamento estava paralisado, a reacção tinha desaparecido.
O técnico levantou-se, penso que foi ter com o radiologista pois este num instante regressa e olha com olhos de ver, aumenta e diminui a imagem e diz-me
- esse gajo pode estar com sorte. Parece que é uma tuberculose. Silva, faz-lhe um TAC. dito isto voltou a desaparecer
Eu, o dito cujo gajo, continuava a olhar para o monitor com esperança que a imagem mudasse. Na verdade não sei bem porque continuava a olhar. Pensamentos é que não tinha.
Levaram-me para o TAC, fiz o dito, mas continuava a não ter reacção nem pensamento.
A imagem veio para o monitor. Todos andavam para trás e para a frente com a sequencia de imagens. Eu olhava e via a mesma imagem. Se sentia dor essa naqueles instantes era imperceptível ou desaparecera pelo cérebro vazio. 
Alguém chamou um pneumologista que eu nem sabia que estava por lá. Se é que estava. Todo o mundo olhava para o monitor e falavam. Eu atrás, sem conseguir ver mais nada ouvia mas não interpretava. Petrificado, atendi o telefone da minha colega a perguntar onde eu estava. Localizei-me. Ela veio ter connosco. Calou-se, falou com todos os que olhavam serenamente para aquelas imagens coo se fosse um filme lindo de se ver, e disse-me:
- vai para casa e amanhã de manhã vens cá para fazer uma broncoscopia. 
- como? toda a minha capacidade de raciocínio e compreensão estavam naquelas imagens que não me saiam da cabeça.
...
era mesmo tuberculose 'apenas'

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20 de novembro de 2024

Tesourinhos musicais 20 Os Ekos


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Crónica 33


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Circulando aos Quadrados por Anabela Quelhas

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Programa K'arranca às Quartas 44

Programa de Rádio com palavras, livros e música  - 20 de Novembro de 2024.  tal e qual como se fosse em directo
Hoje tivemos os Karetus como convidados que nos falaram do seu Álbum Modas e em especial da sua versão de Laurinda, o single mais badalado para já, ouvimos música, a crónica ou coluna ou lá o que é que aquilo sobre educação, os tesourinhos Musicais que foram os Kiezos, já que há dois dias Angola fez 49 anos como País, de As Intermitências da Morte de Saramago. 

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Texto de Eduardo Ribeiro na Apresentação do Livro 3

Palavras soltas

Nada me dá mais prazer do que estar hoje aqui, a apresentar mais um livro de um conterrâneo meu, de um excelente profissional émulo de Hipócrates, Galeno e al-Razi (Rhazes), de um amigo, que após quase trinta anos de se ter fixado nesta terra que fez sua, bem à imagem da sua Moçâmedes, se apresenta aos seus leitores com um terceiro volume a tecer loas a uma outra cidade, entre o mar e o deserto, onde, com uns dois anitos, se veio a fixar e a fazer sua, aí crescendo e a sonhar com a vida.

De facto, este é o último de uma trilogia iniciada em 2016 com estórias soltas e palavras vadias, muitos delírios ao sabor das ondas do zulmarinho da terra quadriculada onde o autor cresceu, circulando sempre, na sua imaginação, pela cidade quadriculadamente desenhada.

Palavras. Só palavras. Os livros que compõem a trilogia são palavras vagabundas a que se agarra, na descoberta de memórias, saudades, recordações, lágrimas, tristezas e tantas alegrias. Tudo isso numa cidade imaginária que já não existe, já só existe, mesmo, no seu imaginário. E a imaginação do autor é fértil, caminhando por pensamentos e palavras soltas, muitas vezes sem destino ou simplesmente libertando-se das amarras que o tempo amarrou, com palavras que parecem querer sufocá-lo, estranguladas que ficam na garganta ou na ponta de um lápis mal afiado.

Imaginando-se sentado na escadaria do tribunal com a extensa avenida da Praia do Bonfim a seus pés, de areia vermelha que não levanta pó, a recordar as fontes e as gazelas de bronze e, lá em baixo, as buganvílias a fazerem um túnel de sombra onde aos domingos os mais velhos passeiam ao fim da tarde, o quiosque do Faustino, a fonte da foca, lá bem no fundo o campo de futebol, o autor não faz senão usar as palavras escritas nas folhas soltas da recordação.

 

Quantas vezes não percorremos nós essa avenida de alto a baixo ou de baixo para cima ou simplesmente a atravessámos para ir para a Praia das Miragens?

 

JCC revela bem como traz tatuada na alma essa avenida feita jardim com o caramanchão de buganvílias que o deixaram repousar nas tardes de muito calor a meditar sonhos que mais tarde lhe vieram a fazer falta. Tudo nas palavras do autor.

 

Outras vezes imagina-se na marginal, num dos arcos da praia das miragens ou sob as casuarinas ao lado do Clube Náutico, a olhar para a baía, a apreciar o zulmarinho, a cheirar a maresia, a sentir o sabor salgado da beira-mar, ou na falésia, de costas voltadas para a igreja onde foi batizado (como muitos de nós foram), tendo o mar como música de fundo ao ritmo das palavras.

 

Palavras, palavras, sempre por ali a degustar palavras como quem saboreia o vento num dia de calor.

 

Com elas percorre desertos, desenha silêncios e rabisca coisas de pensar. Vai por ali pregando, com elas, aos quatros cantos dum quadrado, as sabedorias que acumulou, as crenças em que acreditou e as fés que o alimentaram.

 

Gosta mesmo de se sentar tranquilo a pensar que a quadriculada cidade é grande, a perder de vista, de como é tão bom deixar a imaginação voar para lá das páginas dos livros e das sebentas.

 

Sente-se como um velho que coleciona palavras em vez de objetos brilhantes. As histórias são os seus tesouros mais preciosos, embora, como diz, a sua preciosidade esteja em não ter grande história, mas não deixa de as passar para o papel na sua tentativa de ser eterno.

Desde menino, aliás, que se enamorou das palavras. Apeteceu-lhe um dia, teria para aí uns dez anos, ir ter com o Zé Côco à Tipografia Namibe, que também havia sido do pai, e assim, sem mais nem menos, disse-lhe que estava a pensar escrever um livro de estórias, que fazia tempo guardava na memória. De cigarro na boca, Zé Coco pergunta-lhe se é poesia e põe termo à conversa dizendo que ali se faziam só livros de faturas e de remessa.

Mas o nosso embrião de escritor não se conforma. Resolve ir falar com o filho Beto, na esperança de que este o entendesse. Mal o vê, Beto dispara:

- Diz lá Chuinga, que é que queres?

 

Chuinga bem lhe explica tudo direitinho:

 

- Quero fazer um livro de muitas letras para os adultos lerem depois do pôr-do-sol na varanda, como faz o meu avô.

 

A resposta foi demolidora:

 

- Não Chuinga. Primeiro tens de crescer e aprender a escrever, fazer os trabalhos de casa, ler muito e depois inventar para escrever.

 

O nosso Chuinga, hoje o escritor aqui presente, achava que já estava tudo inventado e que era só escrever e lançar em livro, por isso não gostou do que ouviu, e mais desapontado ficou quando ouviu o resto:

 

-Te digo, Chuinga, vai prá escola e fica com muita atenção. Vais ver que o que escreveste não é literatura para sair em livro.

 

Ele foi-se embora e, segundo ele, ainda por cá anda a ver se aprende.

 

O pai, que o Autor perdeu com 4 anos, havia sido o fundador da tipografia e do jornal ‘O Namibe’ e era correspondente do jornal ‘O Lobito’, por isso ele achava que, não tendo o pai tido tempo de lhe ensinar as palavras para ele as usar, por via de morte prematura tinha o Autor 4 anos, havia-lhe, porém, passado nos genes a habilidade de as usar, «para descrever a sua enorme vontade de ser feliz, as coisas boas que dão certo e os sonhos de alegria feitos», como ele tão assertivamente assegura no livro segundo da trilogia do zulmarinho.  

 

Quem sabe? Se calhar herdou mesmo os genes do pai, porque, como diz no prefácio outro moçamedense, o Tomás Lima Coelho,

 

«a obra, toda ela, é um mar de nostalgia doce, de alguém que ama a vida e a aceita como ela é, como ela vem, sem ansiedades, raivas ou rancores, porque entre o nascimento e a morte há toda uma vida para se viver».

 

Nesse mar de nostalgia doce, continua o Tomás no prefácio, «o zulmarinho de que fala, um neologismo que o autor criou, é um ponto de união, um mar chão, de ondas mansas, de afetos, um enorme hífen que faz com que Angola e Portugal sejam uma só palavra, um só sentimento, uma saudade serena».

 

Não queria terminar sem mencionar mais dois aspetos interessantes. Um deles é a sua passagem pelo rádio Clube de Moçâmedes. Queria ser aprendiz de técnico de som do RCM. O Ivo, o diretor, olhou-o de alto a baixo e perguntou: é só um dia? Não, disse ele. Eu quero viver esta vida.

 

Não foi a vida, mas lá ficou uns anitos na sonoplastia do RCM, com a paciência do Sousa Santos e do Mendes, que lhe ensinaram a mexer nos botões e nas bobinas. Outra paixão do Autor, alicerce da sua presença nos dias de hoje, desde há uns meses, aos microfones da Rádio Portimão. Um ciclo que se encerra, que vem confirmar, mais uma vez, como a sua existência tem passado, passado esse que é a sua memória transfigurada em presente.

 

Desde criança que se foi moldando a uma imagem de liberdade. Cito-o:

 

«Dei comigo a dizer-me que o que não largo tenho de carregar, o que carrego pesa, e o que pesa lixa-me. Ora, assim vestido, assim alegre, fui largando consciências. Umas mais pesadas que outras. E olhando-me no reflexo das montras, fui vendo a imagem do ser livre que me fui tornando».

 

Pode ser livre, sim, mas está nostalgicamente amarrado à cidade quadriculada, como vimos. Mas há uma outra amarra, mais asfixiante, que vem até aos dias de hoje. Tropeçamos a cada passo com as memórias de uma paixão antiga, com a nostalgia de uma paixão adolescente não declarada, não concretizada, por alguém que conheceu, e amou, na terra do zulmarinho. Amou e morreu de amores por ela, vendo nela a luz que o fazia morrer de amor e ressuscitar de paixão. Sim, porque ele não concebe a vida sem essa de morrer de amor e por ela teve desencadeados no peito inúmeros incêndios.

 

Ele mesmo se interroga se, em vez de amor, isto não será doença. Chega a ter esperança que, como dizem, o tempo cura tudo, mas não é assim, reconhece ele próprio. Ele bem queria ser curado de morte de amor, mas nada. A certa altura clama pela ajuda de alguém que o salve da melancolia, das velhas canções e da nostalgia.

 

Percebe-se na obra - aliás, em toda a trilogia - esta angústia de um amor não consumado, não partilhado, nunca mais encontrado, perdido no tempo, mas não na memória, nem no coração, nem na alma. A nostalgia de alguém de quem se tornou amante sem o objeto desse amor se dar conta. De facto, a nostalgia por alguém que nunca teve, a não ser na imaginação, e agora na memória.

 

Eu diria, até, que sem esta miragem de adolescência, num sonho que não cumpriu, a Trilogia do Zulmarinho não existiria. Sentado na escadaria do tribunal, na falésia ou na marginal, ele viajou ao seu passado e recantou todas as músicas, todas as canções que ouviram juntos, ele mais ela, nos bancos do jardim, na varanda de casa, no sofá da sala, ou nos passeios de carro de fim da tarde, querendo voltar sempre àquele momento em que não se despediram, o que foi mau, mas, pior, nunca mais se cruzaram.

 

O que é que aconteceu realmente? O autor medita nas palavras que não terá dito ou devia ter ouvido, no gesto que fez ou no silêncio que guardou, enfim, no branco neutro de uma qualquer desculpa, no cinzento-claro da ignorância. Mas continua sem resposta. Não sabe o que aconteceu. Mas continua a sonhar que um dia a vai encontrar para ser capaz de lhe dizer adeus. Há dor de quem parte e de quem fica. Dessa vez ficou ele.

 

«Partiste e não tiveste tempo de dizer adeus», resume, melancólico.

 

Melancolia que perpassa por toda a trilogia. Sem a necessidade desta catarse, esta viagem imaginada à terra do zulmarinho não teria provavelmente acontecido.

 

Enfim, pode ser que esteja enganado, mas a verdade é que, tendo o próprio autor confessado que uma das coisas de que gosta é ver os outros a descobrirem coisas que ele nunca disse, estou tranquilo e sinto-me desculpado! De qualquer forma, os leitores de JCCarranca agradecem esta viagem imaginária a uma terra inesquecível, só quem lá viveu pode entender, e tudo graças, provavelmente, à saudade de um amor eterno.

 

Termino auspiciando que, a estas palavras vadias da trilogia do zulmarinho, se seguirão outras, porventura mais diretamente relacionadas com a atividade profissional desenvolvida no campo da medicina, como as curtas histórias a que chamas retalhos soltos no Algarve, com que acabas, caríssimo amigo, este terceiro volume que são, no fundo, prenúncio de uma vontade de continuar sanzalando.

 

Ficamos todos à espera.

 

Muitos parabéns e muitas felicidades.

Eduardo Ribeiro




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19 de novembro de 2024

eu tal e qual

Deito-me na areia da praia, olho o mar, vejo a lua reflectida como que a querer ser fotografada, deixo-me levar por fantasias, por sonhos, desejos e outros quereres que não me largam faz tanto tempo que eu já não sei se são sonhos ou calcificações mentais.
Deixo o corpo relaxado sobre a areia neste outono quase de verão, mas real na vida, e navego por idades que desperdicei, que gastei, que usei e poucas em que abusei. Gosto-me de ver. Saboreio-me de sentir. Desejo-me de viver.

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13 de novembro de 2024

As Intermitências da Morte José Saramago


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Tesourinhos Musicais 20 - Os Kiezos


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Crónica 32


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Entrevista com os Karetus no Programa K'arranca às Quartas


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K'arranca às Quartas 43

Programa de Rádio com palavras, livros e música  - 13 de Novembro de 2024.  tal e qual como se fosse em directo
Hoje tivemos os Karetus como convidados que nos falaram do seu Álbum Modas e em especial da sua versão de Laurinda, o single mais badalado para já, ouvimos música, a crónica ou coluna ou lá o que é que aquilo sobre educação, os tesourinhos Musicais que foram os Kiezos, já que há dois dias Angola fez 49 anos como País, de As Intermitências da Morte de Saramago. 

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9 de Novembro de 2024




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6 de novembro de 2024

Tesourinos Musicais 19 Mário Simões Quarteto


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Crónica 31


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Programa 42 K'arranca às Quartas

Programa de Rádio com palavras, livros e música  - 06 de Novembro de 2024. 

tal e qual como se fosse em directo
Hoje falamos de bom e mau, ouvimos música, a crónica ou coluna ou lá o que é que aquilo sobre Novembro e o outono, os tesourinhos Musicais que foram o Conjunto Mário Sérgio, de Herculano, o introduttor do romance histórico em Portugal, do liberal e intelectual que morreu em Santarém . 

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Os inesquecíveis

A vida continuará seu dia a dia, enquanto eu continuarei a tentar esquecer alguém inesquecível. Temos todos um certo nó na memória quando queremos esquecer algo que é inesquecível. Por isso a inesquecibilidade do dito.
Tenho nós. Apertados alguns, outros mais laços, porem continuam a fazer parte do mesmo conjunto, Os inesquecíveis. Eu bem que não queria lembrar-me certos alguéns. Coisa pouca. é certo. Mas o facto é que volta e meia lá me vem à cabeça, assim como que a rodopiar em bobine cinematográfica os inesquecíveis que quero esquecer. 
Vou fazer mais como? Volto a pôr na prateleira para mais tarde me esquecer, sabendo antemão que mais cedo ou mais tarde eles tomam-me conta dos minutos. Infalivelmente. Fecho os olhos e vejo-os. Tapo os ouvidos e ouço-os. Olho para lado nenhum e lá estão eles aprumados prontos a recordar que fizeram parte de algum momento da minha vida. 
São poucos. Mas o facto é que são. Os inesquecíveis de mim para mais tarde recordar. É certo e sabido


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4 de novembro de 2024

9 de Novembro

e no próximo sábado vou fazer mais como? vou dizer ou vou só olhar? Eu gosto das pessoas, não por elas mas sim pelo que elas me fazem sentir. Não é um olhar e está gostado. É mesmo por nós que lhe vemos com alma e coração. Tem razão que a razão não explica. Sente-se. Vou ficar calado e a lhes olhar, mais ou menos como que assim perdido no espaço do tempo.

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3 de novembro de 2024

cada dia

Cada dia que vai passando eu cresço. Não só na idade. E se choro, não é de saudade nem de dor. É por emoção, pois eu não sou um robot, uma máquina repetitiva de sorrimos e ideias geniais. Com a idade vamos aprendendo a ver as coisas como são e não como somos. Em criança acreditamos na imortalidade, desconhecemos a doença, ignoramos o limite. Com o tempo tudo isso vai chegando, tudo isso vai crescendo em nós. 
Como diz Luís Fernando Veríssimo, é melhor vivar cada dia como se fosse o último porque um dia nós acertamos.


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