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30 de agosto de 2005

Anatomia no Zulmarinho


"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Anatomia no Zulmarinho Hoje, 17:29
Forum: Conversas de Café
Mermão, vamos aviar umas e outras aproveitando o calor que aqui ainda se faz sentir, abafando o cacimbo daí.
Contemplando o brilho do zulmarinho, hoje bordejado de branco, tal a espuma das suas ondas assim como que querendo atirar na areia toda a força que ele trás desde o início dele, que parece estar a dizer que lá é que está a força.Senta, mermão, e vamos falar até ao fim da manha, início da tarde que é como quem diz sem hora marcada que o tempo é coisa que não falta aos vadios da vida.
Sabes, mermão, sinto o perfume das picadas, o correr das mulolas, o barulho estridente do romper da aurora, a calmaria do laranja de quando o sol vai dormir lá no outro lado da linha recta que é curva. É verdade, essas coisas todas me correm nas veias e nas artérias como pensamentos navegando no meu sangue.Já te imaginaste com um pensamento nascido do lado direito do coração, dá a volta no pulmão para ficar mais arejado, mais solto e mais livre, volta no coração, daí é mandado para o cérebro, faz lá umas raviangas, bassula na meninge, desce de novo no coração, volta no pulmão e depois te percorre todo o corpo como ele fosse um mapa das estradas e te enche de sorriso na boca, olhos e cara.
Mermão, acredita no que te digo, e manda vir mais umas e outras.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

28 de agosto de 2005

Silêncio no Zulmarinho


"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Silêncio no Zulmarinho Hoje, 21:21
Forum: Conversas de Café
Mermão,a vida também é feita de silêncios, de isolamentos e de sonhos sonhados na solidão. Bebo as geladas que fazes o favor de pagar, inspiro o perfume da maresia, ondulo-me no marulhar do zulmarinho que se espraia aqui no fim dele e navego em magias fantasmagóricas de vidas sonhadas, sempre à espera do momento certo, da chamada hora hagá.
Me desculpas pelo facto de não ter culpa de não me sentar na tua mesa e te contar as estórias que me fervilham os neurónios e fazem as gotas salgadas deslizarem pela cara enrugada do tempo seco da seca que espero por te abraçar?
Tu sabes, mermão, que mesmo que não converse contigo ou sobre ti, eu penso em ti. Cada gota deste zulmarinho que termina aqui veio daí de ao pé de ti e me trás uma novidade nova, redondamente fresca.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

26 de agosto de 2005

Novo Amor no Zulmarinho


"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Amor no Zulmarinho Hoje, 20:15
Forum: Conversas de Café
Mandem vir umas quantas para mim, bem geladinhas, não olho ao número. O que eu quero é mesmo o sabor, quero é lubrificar a goela e poder estar horas a contar estórias, verdadeiras ou não. Mas mesmo as que o não sejam, não serão de mentira, simplesmente ainda não aconteceram.
Hoje o que me apetecia era deixar-te por aí sentado a saborear com os olhos o zulmarinho que aqui termina, mas a minha amizade para contigo não permite que te deixe em branco.Não era capaz de te dizer esta frase, mermão: eu vou limpar as gavetas e tirar tudo que lhe diga respeito da minha vida. Tu sabes que lá no início desse zulmarinho que tu olhas esbugalhado está mesmo a minha vida.
Mermão, não te assustes. Eu não regredi.
Apenas gostava de pegar em todas as nossas conversas produzidas na fase aguda da minha dor de cotovelo e revoltar a conversar, para dar um fim a este meu momento: se eu tenho que morrer um dia, eu quero morrer de amor.
E tu sabes, mermão qual é o meu verdadeiro amor!
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

24 de agosto de 2005

Um cinema no Zulmarinho


Fio": Um café na Esplanada

carranca
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um filme no Zulmarinho Hoje, 23:16
Forum: Conversas de Café
Hoje, mermão, te converso em viva voz. Porque hoje, mermão, tiveste mesmo o carinho de vir aqui só mesmo para dar um Kandando neste teu amigo que te gosta muito.
Certo que não tivemos tempo para verter umas e outras porque o teu tempo é curto. Mas troxeste-me o ar de lá do lado de lá da linha recta que é curva. E curioso é que a gente se encontrou mesmo no final do zulmarinho que começa lá, de onde tu vieste para me dar um abraço que não fosse a força da nossa amizade eu tinha as costelas feitas num caco.
Ouvindo o marulhar das ondas falamos dela, falamos deles. Falámos simplesmente.
Obrigado, mermão.
Partiste e eu fiquei mergulhado nos pensamentos. Lembrei-me dela. Só pensei nela. Verti umas e outras a pensar nela.
Mas olha, mermão, também tenho saudades de ler os recortes da Sebenta de capa encarnada. Que será feito da Sebenta?
Mas voltando a ela, mermão, te digo que eu abri a porta e ela entrou. Por um momento eu pensei que tinha entrado pela porta que ela apenas entreabriu. Mas não. Eu, que pensava controlar toda e qualquer situação da qual eu fazia parte, fui dominado por ela e por aquela sua maneira de conseguir misturar adjectivos completamente antagónicos e ainda assim soar a conversa coerente. Em resumo, deixemos de karicocó, falemos de Sócrates, não desse mas do filósofo mesmo, arrepiamos caminho, despenteamos um pouco, compramos o periódico e demoramos uma eternidade em conversas, tais os truques do Matateu, e não pagas as birras loiras que era suposto eu beber.
Admito que eu estou submisso, que perdi o jogo e que ela me tem, mais uma vez, na palma da sua mão. Estou entregue, à mingua, atado e desarmado.
Misturei ideias, saladei frutos do imaginário real, tentei desarmar-me de sonhos e ideias, tentei ver o zulmarinho mais azul e mais salgado, mas volto a ter o cinema da imaginação no mesmo filme.
Repito o que eu disse milhentas vezes: eu tentei com todas as minhas forças odiar-te, mas acontece que eu sou um fraco em relação a ti.
Só por causa disso vou verter mais umas e outras bem geladinhas.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

22 de agosto de 2005

Uma prenda no Zulmarinho


fotos by Di

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Um presente no Zulmarinho Hoje, 19:56
Forum: Conversas de Café
Me sento na Esplanada com os olhos fixamente fixados no zulmarinho que parece uma cama de rede embalando-se na brisa que finge que corre e vou vertendo umas e outras geladinhas. Penso vagarosamente porque vagarmente quero viver e falar-te de tantas coisas que de repente me parece que deu uma branca na tola que nem sei se quer o que penso. Mas com esforço consigo pensar, não atingindo a linha recta que é curva se não só com o olhar.
Mermão, amanhã eu vou dar-me um presente, como faço sempre que me apetece. Não, amanhã não é o meu aniversário, mas isso não vem directamente ao caso, o que importa é que me gosto de presentear. E te digo mais, mermão, acabo de fazer um cartão para acompanhar o dito cujo mimo. Eis o teor da dedicatória:
"De mim para mim, com muito carinho e amor, por tudo o que eu significo para mim mesmo e pelos esforços empreendidos no sentido de fazer-me a cada dia mais feliz. Eu me amo. Aproveite o presente, pois eu mereço!"
Acredita, avilo, eu adoro as minhas prendas. Com a grande vantagem que eu nunca erro na escolha, não preciso devolver, trocar o número, nem o modelo nem a cor, além de ser sempre algo que eu quero muito. Super prático. Coloco o pacote ricamente ornamentado, faço uma cara de surpresa ao abrir o embrulho e, não raro, fico emocionado em saber que alguém me ama tanto assim.
Vou-me dar presentes até o último dia da minha vida.
Minha mãe chama isso de egoísmo.
Eu chamo de "merecida parcela nos lucros da empresa que sou eu".
Vai mais uma para degustar
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

20 de agosto de 2005

Sonhando no Zulmarinho


"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Sonhando no Zulmarinho Hoje, 12:53
Forum: Conversas de Café
Mermão, hoje vais manter uma sempre bem geladinha à minha frente, para eu olear a goela enquanto falo da semana que passou, esta ou outra qualquer, e não quero ficar com a voz rouca que depois não vais ouvir.
Bom, a semana foi normal... descobri que eu sou 50%, (hahaha te digo isto sem maiores explicações). No mais foi tudo comum, normalmente normal. Estive para ir ao teatro no auditório e não fui, porque fui chamado para uma jantarada mas atrasei-me muito e acabei não indo, o que é coisa que está cada vez a ser mais normal do que é hábito. Ah, novidade: tive minha primeira consulta com o psiquiatra e adivinha o que ele me disse, camba? Que eu sou normal! Hahahahahahahaha! Nunca ouvi asneira maior... ele acha o quê? Que por eu não usar drogas e nem ter ido longe demais nos meus planos suicidas, me faz ser uma pessoa normal? Ele precisa de um psiquiatra...!
Mudando de assunto... hoje meu sábado vai ser bom. Vou entrar dentro do zulmarinho, nadar nele até à linha recta que é curva e lá chegado dizer adeus aos amigos que estão lá no início dele e gritar com todos os meus pulmões que lhes tenho saudades, depois irei a uma feira do livro e comprarei o Guião Original do Filme do Exorcista... muito bom....e raro!
Não, mermão, não mudei de leituras, simplesmente quero estar a par de técnicas necessárias para certos fantasmas que circulam por aí.
Depois, camba, viajar na música, fechar os olhos, e por uns momentos me imaginar cantando e dançando com os olhos fechados, e noutros momentos eu puxarei uma garina que fazer um twist com ela...de repente a parada desliga (o sonho desliga automaticamente depois de um tempo), depois saio daquele sonho e fico com os olhos fechados pensado que realmente fiz essas coisas e que ia ter um magotes de gente me olhando e rindo na minha cara... Abro os olhos! E graças a Deus foi só imaginação... Ufa!!
Falta-me ver hoje o zulmarinho
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

18 de agosto de 2005

cacimbo no zulmarinho



"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Cacimbo no zulmarinho Hoje, 23:22
Forum: Conversas de Café
Mermão, vamos aviar umas e outras e esperar que amanheça para a gente ver a linha recta que é curva. Daqui, se olhando o zulmarinho numa noite negra de breu nem lhe vemos, só ouvimos e lhe cheiramos. Faz conta estamos de olhos fechados, sentados num pedra qualquer mesmo lá no início dele. Vais ver nos teus sentidos o perfume da noite do cacimbo, o reumático da humidade te dar um andar pouco prático, e depois, quando amanhancer vamos ver as mulembas deitar as línguas de fora qual criança traquina. Por agora vê só as crianças passear de barco com vela nessa baía criando um futuro.
Olha, mermão, estando aqui um calor dos quintos dos infernos, vamos beber uma bem geladinha para ficarmos igual ao de lá: geladinhos que até dá saudade.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

17 de agosto de 2005

Zulmarinho com mamãe


"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Zulmarinho com mamãe Hoje, 18:38
Forum: Conversas de Café
Senta aqui e vamos verter umas quantas enquanto vemos D. Madalena dar uns passos mesmo na beirinha do final do Zulmarinho.
Olha-lhe só e vê os passos dela curtos, pausados e o olhar dela a seguir a linha recta que é curva. Olha com toda a tua atenção e lhe vê como ela escuta o marulhar desse mar a lhe molhar os tornozelos. Enquanto lhe vês e escutas vê se consegues escutar o pensamento dela e me conta. Lá vai D. Madalena no seu passo lento e ritmado dos muitos anos que passaram, mas vai serena. Peso do tempo lhe vergando as costas, olhos cansados de ver longe. Como ela caminha na borda do final do zulmarinho, parece que levita. Vais ver ela voa com o pensamento dela mesmo.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

16 de agosto de 2005

Veleiros no Zulmarinho


"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Veleioros no zulmarinho Hoje, 16:54
Forum: Conversas de Café
Que te conto hoje, mermão?
Que a birra está gelada, tu sabes!
Que aqui tá calor de assar ananases e aí cacimbo que para andares precisas de GPS, tu também sabes!
Que estou com saudades do depois da linha recta que é curva, também não te é novidade!
Que te falo então, mermão?
Te vou falar dos veleiros que passeiam na areia onde se espraia o zulmarinho aqui no fim dele?
Só te digo, mermão, que tem cada veleiro de fazer os olhos ficarem em bico que nem grão e fazem esquecer que os anos vão passando por sobre esta carcaça. Esses veleiros, mermão, andam cada vez com velas cada vez mais pequenas desnundando ainda mais o casco. E depois, mermão, se a gente se distrai cai nos buracos que as crianças fazem nas sua brincadeiras, a gente se magoa e perde o veleiro de vista.
Já estás a dizer que não vale cobiçar veleiros alheios.
Olhar não gasta e não provoca indigestão, sabendo que não tem que cuidar da manutenção de tais veleiros. Me deu uma sede, mermão que até sou capaz de virar mais uma duzia de birras bem geladas, sentado na areia do final do zulmarinho

Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

14 de agosto de 2005

Poesia no Zulmarinho

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Hoje, 23:47
Forum: Conversas de Café
Que te vou contar hoje, mermão?Olha, mermão, como dizia o poeta hoje é domingo dia de fazer nada, te leio em voz alta um poema.
Álvaro de Campos
Grandes
Grandes são os desertos, e tudo é deserto.
Não são algumas toneladas de pedras ou tijolos ao alto
Que disfarçam o solo, o tal solo que é tudo.
Grandes são os desertos e as almas desertas e grandes
Desertas porque não passa por elas senão elas mesmas,
Grandes porque de ali se vê tudo, e tudo morreu.
Grandes são os desertos, minha alma!
Grandes são os desertos.

Não tirei bilhete para a vida,
Errei a porta do sentimento,
Não houve vontade ou ocasião que eu não perdesse.
Hoje não me resta, em vésperas de viagem,
Com a mala aberta esperando a arrumação adiada,
Sentado na cadeira em companhia com as camisas que não cabem,
Hoje não me resta (à parte o incômodo de estar assim sentado)
Senão saber isto: Grandes são os desertos, e tudo é deserto.
Grande é a vida, e não vale a pena haver vida,

Arrumo melhor a mala com os olhos de pensar em arrumar
Que com arrumação das mãos factícias (e creio que digo bem)
Acendo o cigarro para adiar a viagem,
Para adiar todas as viagens.
Para adiar o universo inteiro.

Volta amanhã, realidade!
Basta por hoje, gentes!
Adia-te, presente absoluto!
Mais vale não ser que ser assim.
Comprem chocolates à criança a quem sucedi por erro,
E tirem a tabuleta porque amanhã é infinito.
Mas tenho que arrumar mala, Tenho por força que arrumar a mala,
A mala.
Não posso levar as camisas na hipótese e a mala na razão.
Sim, toda a vida tenho tido que arrumar a mala.
Mas também, toda a vida, tenho ficado sentado sobre o canto das camisas empilhadas,
A ruminar, como um boi que não chegou a Ápis, destino.
Tenho que arrumar a mala de ser.
Tenho que existir a arrumar malas.
A cinza do cigarro cai sobre a camisa de cima do monte.
Olho para o lado, verifico que estou a dormir.
Sei só que tenho que arrumar a mala,
E que os desertos são grandes e tudo é deserto,
E qualquer parábola a respeito disto, mas dessa é que já me esqueci.
Ergo-me de repente todos os Césares.
Vou definitivamente arrumar a mala.
Arre, hei de arrumá-la e fechá-la;
Hei de vê-la levar de aqui,
Hei de existir independentemente dela.
Grandes são os desertos e tudo é deserto,
Salvo erro, naturalmente.
Pobre da alma humana com oásis só no deserto ao lado!
Mais vale arrumar a mala.
Fim.

Agora, mermão, olhemos o zulmarinho de cá com o pensamento no do início dele e bebemos até a o infinito ser finito.

Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Amor no Zulmarinho


"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Amor no Zulmarinho Hoje, 00:05
Forum: Conversas de Café
Mermão, paga aí umas quantas bem geladinhas para lubrificar a goela enquanto te conto mais um pensamento que não é nem passatempo nem passamento.
Eles já se tinham visto milhares de vezes, mas nunca tiveram a chance de trocar uma palavra, se muito, uma breve troca de olhar sem ficar registado na retina, na memória recente ou passada. No ritmo frenético de uma cidade, aliado à total ausência de motivos para se falarem, não tinha surgido, até então, nenhuma chance de se conhecerem. Mas cruzavam-se milhentas vezes. Muitas vezes se viram no cinema, na paragem do machimbombo, na caminhada para a ilha, na beira do zulmarinho, mesmo lá no início dele, na sorvetaria, na praça, na feira, na rua. Eles moravam na mesma rua da cidade, eles sempre se olhavam, mas nunca se viam. Se alguma pessoa tivesse funcionado como um elo de ligação entre os dois, muito provavelmente eles se tinham casado, tamanhas as coincidências de gostos, estilos e temperamentos, que eu não estaria aqui a contar-te esta estória.
Tas admirado de eu hoje te estar a contar uma estória que parece ter cabeça e pés? Não te admires, mermão, que muita coisa anda escondida atrás das birras geladas que me pagas e eu devoro atrás de um sabor autêntico.
Também havia uma crónica e reincidente maré de azar no amor, que ambos enfrentavam, há um bom tempo. Ele tinha o defeito de ser instável nessa coisa de amor. Conquistava e estava já a pensar noutra caminhada, isso era superior às suas forças e vontades. Ela, mermão, tinha o pensamento no futuro, ela só pensava mesmo nas aulas, na perfeição, no ser um ser superior. Era mesmo o estigma que se lhe colava mesmo que de verdade não tivesse nada.
E seguiam eles pela vida, naquela técnica da tentativa em busca de um acerto que lhes permitisse o que todo mundo sonha: uma história de amor.
Acontece que amores de cinema proliferam por aí, mas não adiantam muito. Amor de filme de verdade, bem dirigido, com uma boa fotografia, direcção de arte, banda sonora e elenco de luxo é coisa rara no mercado. Mas eles queriam, eu quero e tu, mermão, muito provavelmente, também queres. A sina do ser humano é perseguir coisas, geralmente inatingíveis. Uns se contentam com o que lhes é oferecido. Outros, mermão, buscam mais e quase sempre terminam de mãos vazias. Poucos felizardos encontram o pote de ouro no final do arco-íris.
Se destino realmente existisse, eu diria que o daqueles dois foi colocado em linhas paralelas e, mermão, paralelas, a gente aprende na escola, que nunca se cruzam. Mas eu se fosse o dono do destino, por mero capricho e por pura diversão, faria com que aqueles dois caminhos se fundissem, porque a vida sem uma bela história de amor não passa de um filme de quinta categoria, que não vale sequer o preço do bilhete.
Me perguntas, mermão, o que tem a estória a ver connosco? Eu te respondo, mermão, que tem tudo, mesmo quando parece não ter a haver nada.
Mas hoje dentro do zulmarinho, sem a prótese dos olhos, mermão, o meu coração tremeu porque viu paraecia um fantasma desde os outros tempos.
Por isso mesmo, mermão, hoje vou virar uma grade delas para ver se me restabeleço.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

12 de agosto de 2005

Enfabuladamente azul


"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Enfabuladamente azul Hoje, 21:49
Forum: Conversas de Café
Senta aí, mermão, enquanto bebo uma birra loira supergelada que até arrefece os quintos do inferno.
Hoje, mermão, estive todo dentro do zulmarinho recebendo as energias positivas que vêem desde lá do início dele e te digo que estou com força que nem Tarzan do Namibe, pulando de welwitchia em welwitchia á procura de uma Jane com guita.
Manda vir mais uma outra, para eu te contar as minhas estórias que são sem cabeça e sem pés, mas que eu gosto de te contar pois são verdadeiras mesmo que não tenham acontecido.
Mermão, hoje quero falar de AMIZADE...
Porque ainda existe tanto preconceito nas amizades entre homens e mulheres? Porque tem que haver sempre alguma coisa a mais nesse negócio? Não pode ser só amizade? Tenho muitos amigos mulheres, que são só AMIGOS (*) mesmo, nunca tive nada com nenhuma delas, além disso mesmo. E digo mais é um tipo de amizade diferente porque não existe competição, o que dificilmente acontece na amizade com outros homens. Se tu contas, mermão, um segredo para um amigo ele não vai saltar por aí espalhar o referido dito cujo para todo mundo. É mais fácil de perceber quando a amizade é verdadeira. Agora, por que algumas pessoas não entendem o lance da amizade? Porque o mundo ainda é tão machista que não entende esse tipo de amizade? Será que tu, mermão, me podes responder?
Sabes, mermão é que eu cansei de tentar entender.
(*) = amizade não tem sexo. É assim como anjo!
Assim, mermão, entrando no azul que agora é escuro porque está contagiado com a noite de sexta-feira, vou destilando dentro de mim um sabor azul de maresia.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

11 de agosto de 2005

Asteriscos no zulmarinho


"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Um asterisco no Zulmarinho Hoje, 22:36
Forum: Conversas de Café

**************
Hoje era só o que me ocorria pensar.
Umas birras depois já estou com vontade de te falar mais coisas, mermão.
Mas olhando no zulmarinho que termina aqui e tem o seu início lá do outro lado da linha recta que é curva, fico assim absorto numa paz que nem qualquer irrequietude é capaz de mexer com ela, mermão.
Sabes, mermão qual é a desvantagem de a velocidade da luz ser mais rápida que a do som? Pensa aí, mermão, enquanto saboreio esta geladinha.
Pensa com qualidade.
Desconsegues descortinar a desvantagem?
Mermão, como não quero que esquentes a tola e ponhas a fever os teus parcos neurónios, te vou dizer. Agarra aí para eu não ter que te explicar com desenhos. A desvantagem, mermão, é que olhando para um homem tu só vês a sua falta de inteligência quando ele abre a boca.
Manda aí uma outra loira bem geladinha e gostosa.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

10 de agosto de 2005

Uma cabana no Zulmarinho



"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Uma cabana no zulmarinho Hoje, 19:57
Forum: Conversas de Café
Senta, mermão. Vamos verter umas quantas loiras geladas e super amarelas, contrastando com o zulmarinho. Lhe olhamos nos olhos e lhe vemos o brilho. Assim fossem os homens, mermão.
Hoje, vais ouvir com a atenção que te mereço e tu achas que me deves dar. O resto, mermão, não entra nesta contabilidade.
Eu tenho o coração vermelho e o que eu penso é o espelho do que se passa por lá. No mais, não me defino porque nem eu mesmo sei quem eu sou. O que eu posso fazer é oferecer alguns fragmentos da minha maneira de estar e pensar e tu, mermão, fazes o juízo que quiseres. Não dou um centavo para os conceitos e preconceitos alheios. Acredito nos homens, e escusas de fazer essa cara, porque tambéma acredito nas mulheres. estava a falar do género, mermão. Tu a a tua mania de tirar conclusões onde elas não estão. Tiro as minhas próprias conclusões sobre tudo. Odeio gente hipócrita. Adoro gente do bem. Quando sobrar dinheiro, quero aprender francês. Quando sobrar tempo, quero aprender a tocar piano. Dou a vida por um prato de arroz à pato. Gostava de conhecer os cinco continentes. Quantos tu conheces, mermão? Adoro dormir. Quando eu ficar velhinho, quero uma casa com varanda e cadeira de baloiço e ficar a ler todas as coisas que pensei, mermão, e ver quanto era ingénuo...
Vou morar de frente para o zulmarinho, mesmo no início dele, nem que seja numa cabana. Prontos, mermão, te filosofei mesmo quanto eu queria.Manda vir mais umas quantas
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

9 de agosto de 2005

Educação no zulmarinho


"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Educação no zulmarinho Hoje, 21:45
Forum: Conversas de Café
Mermão, antes de te falar vou fazer um cumprimento aos presentes, aos ausentes e aos outros também. Agora, como vem sendo hábito, mermão te cravo uma birra geladinha, me sento virado para o fim do zulmarinho que por acaso termina aqui, mas que bem pode terminar onde ele mesmo quiser. Sabes, mermão, nós aqui sentados, falando ao sabor do vento de palavras e ideias, de sonhos e magias, de esperança porque amanhã é outro dia e isso é que é importante, e vemos que há por aqui e por ali gente que só está bem se encontra os seus egoismos e seus ódios de estimação, nem que seja frente ao espelho. Mermão, faz comigo uma vénia aos presentes e ausentes e aos outros também. Educação faz-nos bem. Ter modos faz-nos bem. Sermos próprios faz-nos bem. Sabes, mermão, que ser clone deve ser uma trabalheira, quando já se ser ele mesmo custa para caraças.
Olhando para o zulmarinho te cravo outra birra gelada que o vento está de feição para sonhos mais que bons

Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

8 de agosto de 2005

Um e-mail que me deu prazer ter recebido

Assim dá gosto continuar a escrever:

Carranca
Então para efeitos de reserva cá vai
Mermão hoje recebi um
mail de gente algarvia. É leitor recente destas prosas, mas sabe-lhe bem um birra geladinha e do zulmarinho nem lhe é preciso dizer muito que ele sente logo do que estamos a falar. E ontem a propósito das pausas que servem, por vezes, para tirar umas lições falei de uma frase: "Quando eu tinha a tua idade eu queria mudar o Mundo, não consegui. Agora eu tento mudar-me a mim, vamos ver..."
Falava eu da vida de um "guerrilheiro". E neste cruzar de palavras e diferentes opiniões dava-me ele a versão do Buda ( em linguagem boçal que no original não seria assim): "...é que se te conseguires mudar, então o mundo fica com menos um filho da mãe".
Assim, mermão, falando de coisas que nem borboleta que voa no horizonte com destino incerto porque o certo é que o destino é ele mesmo um destino, há sempre alguém que antes, certamente olhando para o zulmarinho com uma birra fresquinha já meia bebida, tinha pensado no mesmo.
E se, afinal, a conclusão é a mesma, então, te repito, mermão, "...vamos ver"
Anonimo Cartucho



Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Saboreando-te, zulmarinho



"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Saboreando-te, zulmarinho Hoje, 22:19
Forum: Conversas de Café
Mermão, hoje te escrevo porque é Natal. Pelo menos hoje foi para mim. Chegou correio vindo de lá do início do zulmarinho com umas prendas que se eu te contasse ficavas ai a babar de inveja. Por isso, mermão, te acompanho com a birra gelada que chegou de lá. Hoje vai ser só esta, saboreada, degustada em cada gota que ela passar na goela.
Hoje estou pegado no zulmarinho que nem açúcar queimado sobre umas natas frias. Tão pegado como o azul ao verde, ou ao contrário, que numa outra maneira te direi que estou nas nuvens. Feliz e contente.
Não, mermão, saltei as páginas do jornal transformado em pasquim, saltei a folha dos desenhos animados.
Hoje estou mesmo contente quem nem trovoada me ia tirar ao sério.
Hoje, mermão saboreando ESTA bem geladinha, olho-me ao espelho e vejo-me feliz, sinto-me como um pincel de barba passando pela minha cara suave e docemente, numa carícia só possível nas quentes águas do zulmarinho, no início dele mesmo, para além da linha recta que é curva.
Saboreio-te.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

7 de agosto de 2005

As pausas do zulmarinho


"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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As pausas do zulmarinho Hoje, 19:33
Forum: Conversas de Café
As pausas que me apetecem fazer, as voltas que me apetecem dar, as horas que me apetecem estar a olhar para o zulmarinho e não ter que pensar com o coração amargurado.As pausas servem, por vezes, para tirar umas lições. Tudo depende dos bares e restaurantes, das pessoas que estão na nossa mesa, que se sentam para umas garfadas e umas e outras birras geladas. Podemos tirar até lições de vida... Acabam por vir lembranças à cabeça sem querer, entre uma cerveja e outra, pensamos na vida, no que se fez, no que se deixou de fazer... se valeu a pena... ou não. Um assunto banal, sobre a carreira académica, acabou por suscitar perguntas sobre a luta armada, um tema interessante para mim, uma época marcante na minha história de vida, passada, presente e futura. No meio da conversa lembrei-me de um livro lido há tempo, sobre a vida de um 'guerrilheiro' onde estava esta frase: "Quando eu tinha a tua idade eu queria mudar o Mundo, não consegui. Agora eu tento mudar-me a mim, vamos ver...". Estas coisas podem não fazer nenhum sentido para quem me lê, mas eu faço-me a seguinte pergunta: "O que eu faço para mudar a nossa realidade?" O que tenho de fazer para não ter que me sentar à mesa de certas pessoas? Como me anular de certa gente? Como fazer para que o meu nome não apareça num mistura que não é do meu agrado, sem ter que me afastar de quem eu realmente gosto e que fazem o favor de gostarem de mim?
Está mesmo a ficar difícil manter os nervos calmos.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

6 de agosto de 2005

Poesia no Zulmarinho


"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Poesia no zulmarinho Hoje, 20:09
Forum: Conversas de Café
Hoje, mermão, sou eu que vou colocar qualquer coisa no quadro de cortiça.Bebericando as sempres frescas birras loiras, olhando o zulmarinho que hoje está assim como que revoltado, ondas que me chamam para os mergulhos e sem vontade de dentro dele sair. Voltei a ser o puto que não podia passar sem estar dentro dele mesmo. Saltos, mergulhos, boleias na crista da onda, joventudo no espírito, vontade de não crescer e não sentir que o zulmarinho daqui não tem a temperatura de lá do início dele. Mas o calor de fora supera qualquer tremideira que possa acontecer. Assim, mermão, de birra vou viajando com os olhos nas ondas da juventude que trago dentro de mim.Hoje mermão, te deixo o recado no quadro de cortiça:
Contas e mais contas.
Aquilo que fiz ontem
Somado ao que faço hoje
É igual ao que serei amanhã.
Tirando noves fora
Vai sobrar um.
Esse um é a questão.A
cho que não vai sobrar nada,
Zero é o que vales.
Ó matemática,
Na minha vida és inútil!
Uma birra gelada faxavor.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

5 de agosto de 2005

Filosofia do zulmarinho


"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Filosofia do zulmarinho Hoje, 19:05
Forum: Conversas de Café
Mermão, está aqui um calor que nem forno de padaria. Pelos ao vento que mais que não é que brisa, me sento contigo enquanto vejo esses cambas ai a divagar, a ofuscar a cabeça em filosofias e teorias e coisas e tal que se esquecem que a vida é mesmo para ser vivida e não há tempo para se aprender a viver. Um dia, mermão, vais fazer o balancete e deu mesmo cacete que é o mesmo que dizer que ficaste assim como que hirto e morto sem te dares conta disso mesmo.
Mermão, manda vir umas quantas e aproveita para dizer ao zulmarinho para se agitar um pouco mais para trazer as novidades de lá do início dele com mais aceleração e aproveitar para salpicar os meus pelos desnudos que apresento à brisa e cada vez estão mais que parecem ser de neve.
Mermão, enquanto outros se cruzam em palavras descruzadas e diferentes opiniões que mais não são que vivências por vezes irreais e coisas que tais, a gente vai aqui vivendo a paixão de estar enamorado com a vida, sem lápis e sem borracha, falando de coisas assim que nem borboleta que voa no horizinte com destino incerto porque o certo é que o destino é ele mesmo um destino.
Vamos banhar o corpo enrugado na água cálida desse zulmarinho para depois rebolar na areia onde ele se espraia e ficar que nem croquete?
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

4 de agosto de 2005

Namorando o zulnarinho


"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Namorando o zulmarinho Hoje, 21:37
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Mermão, aproveito um minuto de intervalo para te falar e conversar, verter uma ou duas birras geladas e saborear a maresia que vem das ondas do zulmarinho que tem festa lá no início dele mesmo. Não é costume, mermão conversarmos sobre a mesma coisa duas vezes seguidas. Mas hoje, mermão, vamos ter que voltar a continuar a falar da paixão e do namoro. A falar da dor que fatalmente segue a paixão, por ela é efémera e se dilui nos segundos, nas horas ou nos dias. Nessa dor, mermão, física ou espiritual, se afogam lágrimas, se abafam raivas e ódios. Tens razão, mermão, quando dizes que durante a paixão tudo tem melhor sabor. Não sou eu que vou discordar de ti. Mas te lembro sempre que após a diluição fica a água que dissolve o cloreto de sódio que te cai pelo rosto em forma de lágrima. No namoro, mermão, como no namoro que tenho com esse zulmarinho do meu encantamento, não há ódios, impulsos, travagens bruscas e acelerações rápidas, há cumplicidades, complementos, amor em forma de palavras ou de silêncios, trocas de olhar cúmplices, sorrisos matreiros e mãos que acariciam o sonho. Mermão, paga ainda mais outra que a goela começa a ficar seca e a voz rouca.Agora, mermão, vamos agarrar os 156 anos do kimbo e vamos na farra, sem maka e sem combu.

Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

3 de agosto de 2005

Namorar é preciso



"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Namorar sem paixão Hoje, 18:10
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Enquanto te esperava, mermão, para aviarmos umas e outras, na troca de palavras com sentido, nem que seja o único, eu fui lendo umas coisitas. Não, mermão, não estou a devorar a Torre do Tombo nem outra Livroteca qualquer. Estou mesmo só a ler a vida. Sabes que o zulmarinho transmite essa serenidade de ver a vida, de sentir a vida em cada segundo dela mesmo. Ele está sempre a dizer que há vida para além da linha recta que é curva, que há vidas mesmo ao lado da minha e da tua. Te dizia eu que estava a ler um artigo que se chama "namorar é preciso". Mermão, sempre me considerei um apaixonado por tudo o que faço e pela vida no que tem de tudo, mesmo que às vezes apeteça dar um soco no céu da boca e zarpar de um arranha céus esquecendo a asa delta e coisas do género. Às vezes a gente fala em paixão, para aqui e para ali. Que bom estar apaixonado e coisa e tal. Na verdade a gente devia falar em «namoro».
Tas a ver, mermão, que a paixão tem uma conotação sexual, arrebatadora, com muita teatralidade...? O namoro não. Quem namora tem vontade de agradar o seu parceiro, querer estar bem, cultivar a beleza, o respeito, ficas alegre, mostras-te em forma...
Me estás a seguir no teu raciocínio lento?
Estou-te a dizer que para o nosso dia-a-dia devemos namorar tudo e todos, estar sempre bem com a vida, sentir arrepios com pequenas coisas, insignificantes, mas importantes. Jogar um charme para cada um que cruzar o caminho, seja ele quem for... Nada de sexo ou sensualidade, apenas namoro!
Tas mesmo a ver o meu filme, mermão?
Vamos lá, manda vir mais umas quantas que as que vierem são sempre poucas.
Birra acima e birra abaixo.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

2 de agosto de 2005

Cacimbo no cérebro


"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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cacimbo no cérebro Hoje, 21:14
Forum: Conversas de Café
Senta aí, mermão. Vamos verter umas quantas, das bem geladas para olear a goela quando a loira por lá passar. Vamos conversar mesmo que tenhas de ficar em silêncio para eu falar e tu pores esses ouvidos lá na atenção toda. Mermão, podes olhar, sentir com os olhos, cheirar, saborear o zulmarinho que está aqui no fim dele a trazer na sua garupa ondas que parecem caraculo porém estas que são brancas, nem que sejam só para chatear. That is the question.
Tás a ver que até que parece que sei falar estrangeiro.
Me conta aí, mermão, o que a gente espera de um amigo? Que nos encontremos unidos ou dominados? Te repito, mermão, that is the question! Estaremos unidos, mermão, com fervor e euforia de poder compartilhar uma cena para alegrar nossos corações, ou estaremos dominados por um portal dessa coisa da internet, coisa e tal? Quando vemos, mermão, que se avizinham tempestades, vemos que o ódio e a raiva se apoderam mais rapidamente que o amor e o carinho. A soberba e a inveja, mermão, invadem as nossas mentes, revoltando o nosso cérebro e transformamos pixeis em letras de um monitor enraivecido. A gula, mermão, a fome de sobressair, a falta de memória e a pressa de tirar conclusões rápidas, fazem o cérebro ter que parece é cacimbo.
Mermão, fiquei que parece é febre de tanto pensar, que acho que vou emborcar duas de uma vez só. Me acomponhas?
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

1 de agosto de 2005

de post em post


"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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De post em post Hoje, 21:42
Forum: Conversas de Café
Pois que é mesmo assim, mermão. Bebe-se e depois se anda de post em post parece que tudo virou a dobrar.
Mas sabes, mermão, que se eu pudesse ver o que tu vês, sentir o que tu sentes...mermão eu era assim como que a elegância da vida. Não, mermão, não falo do peso, falo mesmo de levar a vida com elegância, num pé ante pé, mas firme e certo. Um sorriso nos beiços, uma gargalhada no olhar. Eu, mermão, tenho que olear a garganta para poder conversar contigo, para poder contar-te as minhas estórias. Sempre com o tal do medo de que parece mal, não calha bem e coisa e tal. Mas parece mas não é. Sabes que hoje me apetecia fazer tatuagens no corpo todo, assim do estilo 1969 AMOR de Mãe e coisas do género. Mas não faço porque me coloquei de castigo. Sou mau e mereço ser castigado.
Olha, mermão, acabo por ler Luandino, ouvir P. Flores, saborear mucua, cheirar o cacimbo. Mesmo quando ele não está aqui. Sabes porquê, mermão, porque abomino normalidades e banalidades, gosto de ser ímpar.
Manda mas é uma birra bem geladinha para eu olhar de frente esse zulmarinho que está aqui está a me engolir parece é cobra.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Dilemas de um mês por ano

Começa hoje o mês de agosto. Aqui para os lados do fim do zulmarinho meio mundo vai de férias. Metade desse mundo escolhe o Algarve para ir. 1/4 destes quer ter o prazer de ter a minha companhia numa mesa qualquer. Portanto como faço parte da outra metade que não vai de férias tenho um dilema: ou engordo e mato saudades com muito sono misturado ou vou dizendo que não. Enfim, dilemas de um mês por ano.
Meus amigos, assim sendo não estranhem alguma ausência. è que um homem não é de ferro e de algum lado vai vergar. Espero que só seja deste!
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Mais um piri-piri


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