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4 de fevereiro de 2010

instantaneamente retratado

Se tu tivesses um rosto era com ele que eu estaria sempre a pensar, a sonhar pelos caminhos da vida, recantos duma esquina, sombras duma saudade. Por instantes, pareceu-me avistar-te pala lá do mar que vejo desta minha solidão, deste deserto inundado de lágrimas que fiquei por chorar. Mas tu não tens um rosto porque o que eu sei já deve estar mais que muito mudado. Até eu quando me olho ao espelho já nem me reconheço. Só sei de mim quando caminho e, desligado da sombra larga, penso que ainda sou o menino tímido, calado, deixado de lado que fora noutros tempos. Para ti já não tenho rosto nem corpo, amalgama de gente que um dia conheceste e rapidamente esqueceste. Outrora pele e osso, hoje muita pele para o mesmo osso. Outrora calado agora quezilento, amuado quando não zangado.

Neste breve instante até parece que acordei a alma adormecida dum qualquer desenho animado, pintando um auto-retrato, caricaturado é certo, porém reconhecível ou quase. Ai, instantes que instantaneamente me recordam as águas que passaram por este rio de memória.


Sanzalando

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