Hoje me sentei a recordar enquanto me deixava embalar no marulhar das ondas a bater nas rochas que me servem de poltrona deste reino de fingir. Afinal de contas que são 20 anos de idade e mais 32 de experiência?
Antes falava de alto, sublinhava alegria em felicidade, pouco a pouco, num quase sem dar por isso entrei nas ruas da confusão e me perdi nas vielas dum amor.
Antes fugia do asfalto em busca do grito de guerra, da voz toldada em encadernação revolucionária, aos poucos, num quase sem dar por isso, me refastelei no sofá e ouvi as melodias de grafonolas modernas.
Antes, tropeçava nas pedras da vida e sorria, aos poucos, num quase sem dar por nada, comecei a sentir dores que faziam coxear a alma.
Antes, pegava na bicicleta e corria mundos de sonhos, aos poucos e poucos, já sem dar por nada, me sento numa pedra e me embalo ao som do mar num quase adormecer.