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2 de fevereiro de 2011

com ou sem óculos,bebo um café banal

Sobre o nariz coloquei os óculos. Tento ver para lá da linha do horizonte e, porque me disseram, sei que não a verei, se não assim como a vejo agora. É que depois daquela linha é o abismo, não existe nada. Vazio absoluto, me garantiram. Tiro os óculos e a névoa se instala num automatismo impressionante e a linha do horizonte que deixei de ver deixa de me preocupar. Ponho os óculos, de ver ao perto e não vejo para além duma palavra porque as outras calei e não soletrei. Retiro aqueles e ponho os de ver ao longe e nada porque a chuva mental cega-me. 
Bebo um café e tiro outro para ti e ambos, na beira da cama, conversaremos sobre coisas banais como fazem os casais nos domingos cinzentos de qualquer dia da semana.
Falo-te dos meus sonhos e tu finges que ouves assim como eu darei toda a atenção quando tu falares, mesmo que eu não te ouça.
Ponho os óculos progressivos e espero progressivamente ver qualquer coisa que valha a pena.

Sanzalando

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