Faz tempo não me vejo no espelho. Não é no espelho de pentear ou de ver a roupa caiu bem. É mesmo no espelho de ver por dentro. Como é que eu estou? Feliz? Sorridente? Choroso? Enfim, como me vai a vida. Falta de tempo não conta porque ele simplesmente voa na velocidade de um tempo que eu não tenho mais velocidade de lhe acompanhar.
Saudades do tempo profissional? Saudades da adolescência? Somente saudades?
Olhando bem no espelho de mim eu desconsigo responder claramente. A neblina embacia o pensamento. Tenho saudades de gente, tenho saudades de muita coisa. Não tenho saudades de trabalhar porque isso significava que alguém não estava bem. Vou dizer tudo isso mais como? Desconsigo ter saudades da adolescência porque eu sei esse tempo não volta e o que eu sou hoje devo nesse tempo. Vou ter saudades de hoje? Eu tenho saudades de futuro, esse mistério que é daqui a pouco ou mais logo num dia qualquer. Vou tirar esse espelho e me olhar só de fora. Estou bem.
Obrigado a mim e a quem me acompanha nesta caminhada de escrever letras vagabundas, perdidas no tempo sem tempo marcado.