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5 de agosto de 2010

Soletrando

O mar se atira na rocha como quem não tem medo de se magoar. Parece ele quer atirar para longe as pedras que se lhe atravessam no caminho. Eu queria sem assim como nem o mar. Teimosamente me atirava contra as minhas ideias até elas se moverem em direcção à realidade que eu sonho. Mas eu não tenho a força do mar e nem a sua teimosia. E dos meus sonhos eu apenas sei soletrar ideias soltas porque faz tempo eu já perdi a fronteira entre essas duas minhas realidades. Sonho e vida. Acho ambas se misturam como se mistura o silêncio das pedras na quietude do meu deserto que faz tempo não sei mais é amarelo ou dourado.
Aqui fico soletrando sonho de realidade e realidade de sonho. Um dia vou conseguir dizer sem me enganar, sem deixar a língua se enrolar na emoção e sem que uma lágrima me caia dos olhos e se misture nesse mar que é meu sangue.


Sanzalando

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