recomeça o futuro sem esquecer o passado

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30 de agosto de 2014

sopra vento

Sopro contra o vento e o resultado é nenhum. Ele sopra mais que eu e eu desisto de lhe resistir. Deixo-me levar como se fosse uma folha de papel ainda por escrever e ele, o vento, sopra sopros de inspiração e o papel parece continua em branco mas voa de lugar em lugar sem parar. Pareceu-me ver nesse papel uma lamento de dor antiga mas vi logo era impossível porque isso poderia criar uma nova dor. Foi mesmo só reflexo de sol arrefecido pelo vento que deu rajada na hora errada.
Soprei contra o vento e o resultado foi nenhum. Despentei-me e solidarizei-me com ele e sorri como fez a folha de papel ainda por ser escrita e fui com ele ao seu sabor.
Sopra vento que eu sopro contigo, amor.


Sanzalando

29 de agosto de 2014

descobertas ao sol

Assim como menino bem comportado e arrumadinho coloquei ambos chinelos nos cantos superiores da toalha que estendi na areia escaldante da praia. Parece fizeram verão de propósito quando eu não posso veranear. Mas assim estendi a toalha, amarrei a azia no ego de mim, mergulhei num bem feito a água está gelada, e estiquei-me ao sol para ver se a cor pardalenta se pardalava num escaldão depenante.
Estendido desatei a divagar que nem delírio de febre gripada, dizem no verão é mais lixada que lixa grossa que nos lixa a vida das vontades e afins.
Mas divagando eu, num devagar para não cansar, quando descubro que a melhor solução para uma desarranjado amor é arranjar outro. Parece é comédia precisar dum amor para apagar outro, parece é usar gasolina para apagar um fogo. Também descobri que há coisas piores do que estar só, mas a gente precisa de décadas para as descobrir, o pior é que quando a gente as descobre é tarde de mais. Acho não há coisa pior que ser tarde demais.
Já com a toalha desarranjada da perfeição inicial descubro que é preferível viver junto e poder dizer obrigado amor.


Sanzalando

23 de agosto de 2014

a gente se ganha

Me deixa só seguir nessa praia como se fosse uma praia sem fim. É que assim o meu pensamento não tem que ser interrompido porque tem de virar na volta e o sol fica de frente e eu vou ter que fechar os olhos por causa dele e assim não verei com clareza as minhas ideias.
Toda a gente já teve um amor.
Vamos lá dar de barato e dizer que quase toda a gente para não pensarem que eu sou um todo universal sem defeito.
Afinal de contas amor não é assim um produto final, básico e barato. Apesar disso ele é muito mais, porém fácil, sem mistério, sem jogo de azar ou sorte. Não tem empate, ganha ou perde. Ele é doação, é querer.
Bem, com o sol eu não estava a ver que afinal no amor se ganha. A gente se ganha outra vez.

Sanzalando

22 de agosto de 2014

dançam as folhas

Dançam as folhas nas árvores num verão parece quer ser outono. Esse mar parece é água que saiu dum frigorífico.  Eu pálido vagabundo na areia que rasteja nos meus pés empurrada pelo que deveria ser brisa mas virou é parecido com ciclone.  Eu fico triste porque de vez em quando gostava de demolhar este corpo mas o frio ia me quebrar até na alma.
Este verão do meu contentamento virou outono de reflexão,  inverno de recolhimento. 
Quem sabe esse mar volta a aquecer, esse vento volta a ser brisa e esse sol volta a dar cor na minha pálida pele, assim como o meu sorriso seja um misto de alegria e felicidade. 


Sanzalando

21 de agosto de 2014

mar e cicatriz

Neste mar onde desaguam muitos rios e muitas lágrimas deram à costa, onde passeio o pensamento e onde alinhavo ideias e construo os meus sonhos e coloro as minhas ideias, dou comigo a perguntar-me porque não tenho notícias tuas e porque o meu telefone não toca quando estás a trabalhar. Porque será que fico assim com cara tão idiota como um adolescente que não sabe nem andar direito? Já sei que a seguir a minha consciência vai dizer que já não tenho idade para brincar ao amor assim, que o meu tempo era e não o é.
Mas o marulhar me leva estas ideias e me trás o sorriso, a descoberta pulsátil dum ser que cresce ainda, que ainda tem tempestades para chorar e de dias de sol para brilhar.
Por este mar eu me entrego em amor e fecho às feridas incuráveis que a saudade não permite cicatrizar.


Sanzalando

20 de agosto de 2014

sentimento de areia

Percorrendo a praia como quem corre atrás de mim chego à conclusão que ninguém me vai ver como realmente eu sou. Às vezes parece somos cegos, surdos e não sentimos o coração bater. Dessentimos mesmo pois se levassemos à letra o que vemos, ouvimos ou sentimos ia ser difícil ficar em pé.
Percorrendo a praia, mantendo a naturalidade, libertando o peso de palavras, pedindo desculpas a torto e a direito, conseguimos filosofar a vida na naturalidade e sem excesso de sentimentalismo.
Afinal de contas o que tiver que ser vai ser. Mas dois têm mais força que eu sozinho.
Percorrendo a praia como quem corre atrás de mim lembro-me de todos os esforços que fazemos e mesmo assim digo sorrindo que sou feliz.



Sanzalando

19 de agosto de 2014

saudade

Já me disseram, enquanto passeava pela praia e me recolhia do vento que teimosamente sopra, que não existe nada pior que a saudade. 
Eu vivo com saudades. Dos que foram. Dos que ficaram. Dos que mudaram. Dos que são os mesmos.
Mas pior que a saudade eu, tropeçando na areia, acho, é estar sozinho e não ter a quem comentar a saudade.
Eu conto-te a saudade


Sanzalando

18 de agosto de 2014

alma

O marulhar me embala enquanto me canta no ritmo do vai e vem das ondas de sueste. Pode ser bom ou mau ou um assim assim. É bom chegar à praia e ver a areia escaldante, o azul mar ondular e as cores dos guarda sois brincarem no emaranhado dos pensamentos e ser assaltado por gritos e gargalhadas vindo de tantos nadas.
Assim me lembro dos beijos que te roubei, das gargalhadas que me ofereceste e do brilho dos olhos que me devolveste.
Como é bom ter uma alma onde posso esconder todos estes meus mistérios e caminhar sem cair na rede dos universos inventados.
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Sanzalando

17 de agosto de 2014

ondas e ondas

Subindo e descendo as ondas do mar num boiar parece sou barco dou comigo a gritar que amo o que me acrescenta, o que me alivia ou faz sorrir. Em contraponto quase me afundo numa onda quando penso que detesto a indelicadeza, a agressão e até o ambiente pesado.
Assim sendo, aproveitando o sueste dou comigo a boiar na irregularidade da areia a dizer que amo este calor deste sol que me és.


Sanzalando

16 de agosto de 2014

um dia

Gasto passos num para lá e para cá ao longo do mar. Descubro que o meu universo é diferente, sou exigente e um amante infinitamente apaixonado por paixões que me criam saudades mesmo que eu não saiba de quê. Neste vagabundar pela areia vivo na angustia do incerto mesmo que perca a piada da futorologia. Afinal de contas concluo que sou um reflexo abstracto, sem norte ou sul, sem estrela ou sem sol.
Nada disto, sou apenas um vagabundo dentro de mim com tudo isto à mistura e muito mais que um dia irei descobrir.


Sanzalando

15 de agosto de 2014

caminhos

Caminho ao longo da praia num dia onde tudo pode ser. Pode levantar-se vento, pode ser dia de sol tórrido, pode ser dia de chorar, pode ser dia de sorrir. Hoje é um dia de incerteza total. Como, aliás, são todos os dias de futuro presente e ainda distante.
Caminho ao longo da praia tentando ver o meu rosto reflectido num espelho de água e as asas dos meus sonhos baterem rumo ao longe, no lugar onde os sonhos são relaidade.
Caminho ao longo da praia a teu lado, silêncio de ver as letras das palavras dentro das gotas de suor que havemos de suar se o calor se se mantiver. Moves as pernas inconscientemente seguindo algum pensamento que não ousas contar ou transparecer.
Caminhamos ao longo da praia a deixar correr o sorriso.


Sanzalando

13 de agosto de 2014

estendido na praia

Estendido na praia, barriga ao sol, assim numa coisa parecida de absorção de todos os raios solares possiveis, dou comigo a balancear de pensamentos em pensamentos, de ideias em ideias e de passado em passado, com os bem passados pelo caminho a olhar pelo vermelhidão da minha pele.
Assim dou comigo que num determinado ponto da minha vida, num de muitos, se eu tivesse aberto a boca para dizer o quase tudo que me ia na alma, o resto da minha vida podia ter sido diferente, mas como calei ou não disse quase nada vivo esta e dou-me bem.
Se eu um dia tivesse estado a beber um chá e a ler um livro em vez de ter ido ali num acolá qualquer, a minha vida poderia ter sido diferente, mas ficou esta e não me dou mal.
Eu sei que a vida não é fácil, nem um pouco mas também nem todas as noites são escuras. Há luares tão lindos.
Estendido na praia me esqueço de que a pele arde com o vento sol que tanto levou

Sanzalando

12 de agosto de 2014

culpas

Perdido numa praia de palavras eu poderia dizer que toda a culpa é tua. Se estou triste é porque tenho saudades tuas e não estás nesse momento a meu lado para me alegrares. Se estou de olhos semi-fechados é porque estou a imaginar onde estejas a fazer o que quer que seja. Se gargalhei foi porque me sorriste. Se me distraí numa qualquer tarefa foi porque te olhei. Simples, a culpa é tua.
Num novelo de palavras encontrado na praia revejo tantas coisas que já te disse desde que a dor do amor chegou, desde que o brilho dos olhos voltou a brilhar, desde que o sorriso voltou a ser ele mesmo.
Num molhe de palavras que entra praia adentro passeio ansiedade pelo momento que te vou ver e enroscar-me no teu perímetro.
Portanto a culpa é tua.


Sanzalando

11 de agosto de 2014

apenasmente

Pela areia da praia deambulo pensamentos soltos e sinto a minha alma soltar um grito como que a pedir socorro. Infelizmente não há socorro que valha a um coração inchado de amor. Vive-se até à explosão, mesmo que no meio de sorriso de felicidade haja choros escondidos por medos e vidas passadas. Sofre-se sorrindo por tempos perdidos em vãos pensamentos consumidos de lágrimas.
Pela areia da praia vejo, de barriga cheia, que sorrir faz bem à alma e à mente, mesmo que o mar me deixe fazer uma ou outra lágrima. Afinal de contas amar não é uma formula matemática em que entrem incompreensões e razões razoavelmente certas, nem integrais e outros factores mais.
Pela areia da praia sigo sem plano, nem o inclinado para a frente, porque acho que no amor sente-se e vive-se, apenasmente.

Sanzalando

10 de agosto de 2014

me deixo embalar

Me deixo embalar nas ondas porque digo que estou cansado, afirmando que é um erro, que não é assim, que não é este o tempo nem lugar para gastar a vida. Mas olho para o lado e repenso-me porque o nosso amor é uma amizade sem inveja, um sonho na realidade, um silêncio que tem tantas palavras como o barulho duma onda a rebentar na rocha em dia de mar chão.
Me deixo embalar e sorrio porque é bom amar assim



Sanzalando

8 de agosto de 2014

sentado a ver o mar

Sentado a olhar o mar dou comigo a astronautizar-me, isto é, a viver no mundo da lua. Dizem que o mundo às voltas anda e eu tento acreditar nisso porque é a única esperança que me resta para gostar da minha falta de jeito de gostar das pessoas.
Filosofo, deliro, alucino-me, sentado a olhar o mar, porque eu não tenho noção de amar por metades e estou cansado de perder pessoas pelos caminhos onde me esqueci de dar a mão.
Sentado a ver o mar dou comigo a tremer porque tenho medo que a vida seja como as flores, hoje viçosas e amanhã...
Sentado a ver o mar dou comigo a mandar-me para a sombra para não escaladar

Sanzalando

7 de agosto de 2014

na praia

Serenamente caminho na praia. Me distraio olhando por aqui e por ali como que a ver o tempo que passei. O presente é o instante e neste instante transformei toda a dor em amor. Assim num gesto de magia, bastou recordar de amigos, um por um, apelido e nome próprio. Cada passo e um nome. Chamei-lhe brincadeira de verão. Assim brinco na praia, enquanto uns têm a defesa nas armas, nas couraças, nos escudos e na blindagem, eu confio em mim e nos amigos e brinco de verão e sou feliz.
Serenamente caminho na praia sabendo que já não sou só, ambos somamos vida,mesmo que parcelas de diferenças, mesmo que fragmentos e complementos sejam distintos, completamo-nos e seguimos a praia como se ela fosse interminável.


Sanzalando

6 de agosto de 2014

percorro

Percorro o mar com os olhos a ver se vejo mais além do que dentro de mim. Sabes, às vezes dá vontade de desistir. Realmente passei muito tempo a pensar nisso mas chegas ao meu lado e eu volto a acreditar e durante tempos desisto de desistir. Mas depois neste marulhar de olhos reais volto a ver para dentro de mim e sinto outra vez essa vontade. Sorris-me e apago até um dia depois qualquer, sabendo que depois de uma chuva nasce um outro sol.
Percorro o mar com os olhos e tento recordar porque deitei tantas lágrimas quando agora sorrio. Sabes, acho que mudei. Acho recomecei-me e olho para a frente de verdade e vejo uma bateria de sonhos, uma pilha de tijolos chamados vida. Neste marulhar em que entrecruzei-me com o teu olhar renasci.
Percorro o mar com os olhos e só te vejo dentro da minha vida sorrindo.


Sanzalando

5 de agosto de 2014

olha o mar

Olha esse mar parece é lago. Olha esse azulverdinho que parece nem é ondulado pelo vento que teima em não parar.
É mais ou menos assim que eu me embalo neste capítulo da minha vida, neste mar chão onde ao teu lado parece eu namoro a vida, abraço a felicidade e me tornei amante da alegria.
Tivesse eu uma vela e com esta brisa, mais de vento que soprinho, eu velejava mar adentro até parar no teu coração assim seta dum Cupido da nova geração.
Olha só esse mar parece lago e eu calmo me boio na leveza dos pensamentos coloridos dum sorriso que deste na manhã cedo.


Sanzalando

4 de agosto de 2014

Caminho à beira mar coração

Caminho à beira mar como que a pensar na vida. Presente baseado na passado e olhar no futuro. O mar me marulha o som, me maresia o olfacto e me azula o olhar. O pensamento flui com a brisa. Este silêncio que me passeio não significa falta de palavras nem o excesso delas que se aglomeram num entulhar de ideias. Às vezes saber interpretar os silêncios é compreender que ele grita verdades enormes.
Assim caminho, longe de ti, contigo no coração, versos soltos mas toda a tua atenção.
Caminho-me por rumos que traçamos, desenhados em rascunhos mais ou menos geométricos de modo que viver em conjunto não seja assim num problema difícil de entender e sorrir.
Caminho à beira mar coração.

Sanzalando

2 de agosto de 2014

tropeçando

Tropeço em palavras que sei têm muitos significados e tento usar com o que penso. Assim sendo descrevo o equilíbrio que penso que tenho.
Tropeço em palavras que te descrevem e desenho-te de memória com base na imagem que tenho decorada.
Tropeço e digo, hoje não quero mais palavras porque assim me canso de tropeçar.


Sanzalando

1 de agosto de 2014

protesto vento

Pedalo em protesto contra o vento. Desconsegui ganhar. Primeiro eu me cansei a valer e em segundo ele continua a soprar e eu a arfar. Também foi a primeira vez que participei num protesto publico embora fosse só eu que sabia porque pedalava. Devagar é verdade. 
Mas deu para ver que criei a minha dor à minha imagem e semelhança, que o tempero do amor é a sua loucura igualzinha à propriamente dita loucura e que a saudade é directamente proporcional ao tempo do último beijo.
Protestando dou comigo a imaginar palavras de ordem em desordem de ideias e descortino no meio da multidão de ideias que a minha dor é a tua intensidade e que o meu receio é o retrato fiel da narração narrada no eu que somos.
Afinal de contas o cabelo nos olhos, as lágrimas de protecção e a força retrograda têm a haver com o vento e este com o volume do som do nosso amor.
Protesto contra o vento porque sim, apenas.



Sanzalando