Faz conta sobrou dentro de mim um espaço grande, assim que nem casa assombrada de passados que não são para esquecer, de anoiteceres que não são para cair num escurecer de vez, de noites que não foram escuras de não ver, de madrugadas que não são rompidas como roupa velha, assim que nem previsão de um dia novo para o ocupar.
Neste espaço de casa grande tento caminhar lento, saborear as horas que vão passando sem comer o pó de esquecidos passados, sem reler impaciências nem desespero, porque lá fora está frio, faz calor, tem gente ou existe solidão.
Que nem sonhos que sonhei em que chorar era fácil, mas sem esforço as lacunas se foram ocupando de móveis, imóveis e outros sonhos importantes que mesmo sem importância deram razão a um sorriso, caminho num valor de intimidade, calor de identidade e sabor de felicidade.
Faz conta esta é a página dum livro que escrevi na memória com caligrafia de menino de escola.
Sanzalando