recomeça o futuro sem esquecer o passado

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31 de dezembro de 2022

#momentos


Em final de ano - recomeço


Me olho com o olhar mais crítico e me pergunto se devo fazer o balanço deste ano. Na verdade eu sinto necessidade de ter uma conversa construtiva comigo. Não sobre um assunto em particular, mas pela generalidade. Na minha idade, assim a dar para o decadente, na minha vida provinciana de lugares comuns, no meu modo de estar deteriorado porque perdidas as mil formas de fazer tudo ao mesmo tempo, eu preciso conversar-me, para que o meu cérebro não pense como um vegetal, para que o meu corpo não esteja ancorado em nenhum porto seguro mas apenas enraizado na minha ideia de vida, para que os meus projectos não se transformem em cenas pensadas na comodidade dum qualquer sofá.
Este ano fiz cerca de 820 km de bicicleta, 91 encontros de padel, 75 km de caminhada, vivi cerca de 15 dias a mais de 2500 metros de altitude com os seus problemas de adaptação e publiquei o meu segundo livro: Zulmarinho, delírios ao sabor das ondas. 
De nada em especial se somarmos os dias inúteis que perdi, as horas que me senti um solitário triste vagueando no meio da multidão alegre e divertida, as frustações laborais que sempre se sobrepõem aos meus sucessos. 
Eu se calhar gostava de ter a ingenuidade e descultura de outrora, continuar com a essência da estranheza e fascinado com a curiosidade de saber e conhecer.
Nesta conversa a ter, iria tentar não ser um actor, representar o meu próprio papel mesmo que para isso eu tenha de admitir estar errado. 
Eu, degenerado, me sinto culpado de prometer-me ser sempre melhor e acabar todos os anos com a sensação de que afinal não o fui. Falta-me ligar à placenta, enraizar novos tempos e desamarrar todas as âncoras e ferros.
Bom ano, também para mim.



Sanzalando

#lugaresincriveis


29 de dezembro de 2022

acho eu

Zulmarinho, delirios ao sabor das ondas o meu segundo livro deixou-me assim num modo de off, em que me vou reconstruindo sobre um baralho de ilusões, uma amálgama de sentimentos, uma lamaçal de ideias que se sobrevalorizam uns sobre outros em cada instante. Eu gostava de chegar aqui e conseguir ppor palavras explicar o que me vai na alma. Desconsigo, porque não me desejo repetir, porque não quero chorar nem embandeirar em arco de vaidade.
Eu acho entrei na minha sombra e não consigo acender a luz do sol, sair desse zulmarinho e entrar noutro qualquer caminho. Acho vou ter que esperar para o ano que vem.

Sanzalando

28 de dezembro de 2022

Rescaldo do Zulmarinho

Fazendo o rescaldo do lançamento do Zulmarinho, delírios sobre as ondas, ainda estou em fase de assimilação.
Elogiaram o Homem que sou, com defeitos e virtudes. Surpreenderam-me nas palavras e na presença. As solicitações decorrem num ritmo que direi surpreendente. 
Transparentizo-me sem me identificar. Mostro-me sem ser descarado ou exagerado. Invento sem ser fantástico ou transcendente, exagerado ou irreal. Deixo-me correr nas nas palavras, poéticas sem ser lamechas ou doente de amores.

Ainda não me consigo desligar da emoção de ver mais 'um filho' sair de mim para o mundo, com todos os receios do que podem dizer ou achar. 
Outro virá. Melhor? Pior? Não sei porque ainda não decidi o que gostava que ele fosse. Se calhar vai ser como os outros: independente da minha vontade. Nome? Desconheço. Para o ano logo verei. Por enquanto ficarei no cimo da falésia a olhar o zulmarinho que aqui termina e lá começa.


Sanzalando

17 de dezembro de 2022

a minha apresentação ao Livro

A minha apresentação ao livro

 


 

E aqui estamos para apresentar o meu segundo ponto de vista desta trilogia que é a vida. Nascemos, vivemos e morremos.

Eu, o Imbondeiro e o livro. Eu, as letras e as minhas estórias que conto sem serem contáveis. Não são contos, porque não fazem de conta, não tem nexo nem significado especial. Conto, novela ou romance. Trilogias. Vidas. Agora eu estou aqui, o imbondeiro está lá em casa e o livro está à vossa disposição. Deixa de ser meu e passa a ser de quem o lê, de quem nele se reveja ou apenas de quem o critica. Na forma ou conteúdo.

Fisicamente o livro também é uma trilogia. Foi pensado num avulso por caminhos, carreiros ou auto-estradas da minha vida. Foi elaborado segundo uma ordem anárquica de liberdade de pensamento. Foi impresso numa forma linda de ser apresentado, apreciado e gostava eu, ser devorado.

Não contem que seja a minha biografia, nem um compendio de estórias ou de História. Vou dizer-vos que é um somatório de saudades, de recordações, reais ou fictícias, verdadeiras ou sonhadas. Pouco me importa a veracidade desde que seja útil como companhia no acto solitário de leitura.

A cidade que tantas vezes retrato não existe. É uma miragem do meu tempo que o sol plantou no desrto. É um oásis da minha cabeça vazia, dos meus momentos de nostalgia ou da minha própria solidão. Aquela cidade foi ultrapassada pelo tempo porque o tempo a fez crescer, mudar de habitantes, mudar de características porque o tempo outros tempos trouxe.

Esta minha nova cidade de Portimão já não é a cidade que encontrei quando aqui cheguei em 1996. Mudou, cresceu e transforma-se de tal forma que quando eu a deixar, partir para a parte final da trilogia da vida, não será igual há que é hoje.

Os tempos são trilogias. Eram, são e serão.

 

O zulmarinho agora é vosso:

- apesar de ser uma homenagem que faço aos meus professores, sabendo que a memória fez-me esquecer de alguns;

- apesar de ser momentos de reflexão e meditação pessoal;

- apesar de ter uma carta escrita por mim à minha terra de nascimento



Sanzalando

Passagem de testemunho





Sanzalando

15 de dezembro de 2022

Zulmarinho parte 2 de que serão três

Se agora faz frio e está a chover eu não preciso de muito: um café ou um copo de tinto, um livro e passeio pela memória ao saber das páginas.
Se por acaso fizer calor, uma cerveja, um livro e zulmarinharei por mares outrora navegados



Sanzalando

14 de dezembro de 2022

transparentizo-me

Como imagino que deve ser difícil viver o que se imagina ser, escrevo. Escrevendo vou libertando os meus eus nas palavras, dando-lhes espírito, largas à imaginação e deixo-as voar livremente. Às vezes elas agrupam-se em parágrafos, estes em textos e estes em forma de livro vivem juntos, podendo ser lidas separadamente. 
Como é-me difícil ter uma oralidade clara, transmitir através da palavra oralmente dita uma ideia ou um pensamento, vou-me transparecendo em frases, em ideias escritas e desnudado delas agradeço o que tenho de agradecer, abraço o que devo abraçar e elogio o que deve ser elogiado. 
Não são contos de era uma vez... são estórias, às vezes sem princípio mas sempre presente um princípio: ajudar, nem que seja a gastar o tempo vazio.




Sanzalando

#imbondeiro


10 de dezembro de 2022

#lugaresincriveis


Zulmarinho, delírios ao sabor das ondas

E agora começa a preparação mental para a exposição das minhas letras transformadas em passos, caminhos, carreiros ou auto-estradas. 
Não é uma biografia, não é um conto, não é História. É um somatório de saudades, lembranças e de caminhos que me trouxeram até aqui. Há estórias da minha cidade quadriculada. Reais ou fictícias. Seja a verdade uma miragem, um oásis ou uma ideia pré-concebida, a minha cidade ali está desenhada, descodificada.
A minha cidade não existe. A cidade de hoje não é nem nunca poderia ser a cidade de então. A de amanhã não será como a de hoje. Mau seria o mundo se não fosse um mundo de mudança. A minha cidade de hoje não é a cidade que encontrei quando cá cheguei e espero que quando for a minha hora de partir ela seja diferente do que é hoje. Nós somos mudança mesmo que tenhamos resmas de estórias passadas. Eu quero só deixar esse caminho longo marcado nos hieroglifos das memórias de quem me ler.




Sanzalando