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11 de setembro de 2024

uma carta que não mandei

Eu poderia escrever-te uma carta cada dia e para sempre assim seria. Mas um qualquer dia o para sempre acaba e eu não fico à espera que a minha alma te continue a escrever. Afinal de contas nem tu sabes quem eu sou, o que fiz e para onde vou. Podes ter uma vaga ideia, um retrato a preto e branco queimado pelo tempo que teve escondido na gaveta da memória, mas certamente nem te lembras da minha existência que um dia nasci muito antes de ti.
Eu esperei-te anos e com tantas impressões, sugestões e outras questões o tempo passou e nada mudou. Amei-te. Amo-te, seja lá o que é que isso seja. Recordo-te no último olhar que te dei e tudo resto memorizei e nunca apaguei.
Desfalecimento total na nossa ligação, nem arranjado ou replaneado foi reparado ou recuperado.
Eu podia escrever-te uma carta mas não tenho morada nem direcção e a letra trémula jamais conseguiria escrever todas as palavras que eu te podia ter dito nestes anos todos


Sanzalando

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