28 de fevereiro de 2025

Tempo descicatrizante

Me estão só para aqui a dizer que o tempo cura as feridas. Mas me estão a mentir. O tempo faz só com que a gente fique habituado até no ponto de a gente se esquecer como é que era. De repente vem uma notícia, uma fotografia, um som ou um cheiro e a ferida reabre parece ainda é a mesma. Agravantemente a reabertura faz com que pareça que a morte te entranhou e já não estás vivo. 
Esse tempo é malvado. Nos branqueia, nos engorda, nos curva e ainda nos faz recapitulações da matéria passada. 
Não tem essa do amor e coisa e tal. É mesmo só fruto do tempo descicatrizante.
Paz na alma do tempo.


Sanzalando

26 de fevereiro de 2025

Tesourinhos Musicais 31 - Os Plutónicos


Sanzalando

Clarisse Lispector - Autora


Sanzalando

Crónica 44


Sanzalando

Programa 56 - K'arranca às Quartas

Programa de Rádio com palavras, livros e música  - 26 de Fevereiro de 2025.  tal e qual como se fez em directo para ouvir indirectamente aqui ou em qualquer outro lugar, aos cortes ou de seguida.
Quem não ouviu em directo ouça agora indirectamente como directo fosse. Podem comentar para poder melhorar

Hoje tivemos a Crónica, falámos de Clarisse Lispector, uma das autoras maiores da língua portuguesa, Ucraniana de Nascimento, brasileira por adopção, que elevou a língua portuguesa. Tivemos poesia na voz de Domingas Monteiro a dizer Ana Paula Tavares

Tivemos os Tesourinhos Musicais e falámos de Os Plutónicos
Tudo imperdível

Não perca e ouça a boa música que tenho para lhe dar

Sanzalando

eu na minha cidade

Me olho e me vejo. Quem sou? Já sei que sou o intermédio da matéria visível e o espírito que realmente penso. Nem apenas o físico que podem ver nem a mente que penso. O visível é dependente da percepção e capacidade visual de quem me olha. O que penso pode ser alterado pela intuição e interpretação de quem me imagina ver.
Na minha rua eu era o menino que estava sempre bem, a simplicidade fazia parte da minha essência. Nas outras ruas eu já podia ser outra coisa. Mas a minha cidade era pequena por isso eu não podia ser muitas coisas. Ao que sei tinha gente que nem imaginava eu existia., logo não tinham ideia de quem eu era ou podia ser. Mas eu era um habitante da minha cidade. Era um transparente porque inexistente nessa parte da cidade. Mas eu era eu. Disso eu tenho a certeza. Eles não podem ter a certeza porque estavam errados, mesmo não sabendo.
Era a minha cidade onde eu era conhecido e também desconhecido. Era eu e não era eu.
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Sanzalando

25 de fevereiro de 2025

a minha cidade

Deixo o meu corpo caminhar sobre uma cidade que inventei.
Perdida no tempo e sem espaço, a minha cidade cresce até onde os meus olhos alcançam. Ela é linda, talvez porque seja feita sob a minha imaginação e eu não gosto de a desperdiçar. Ela é plana porque eu não gosto de caminhar aos altos e baixos, além de que gosto de ver longe, muito longe, sem barreiras. 
A minha cidade tem ruas quadriculada e matemáticamente certas. Eu não gostaria de me perder na minha cidade. Gosto de saber por onde ando e por onde posso voltar.
A minha cidade é grande como grande é a imaginação de quem a visitar. Mas é linda, independentemente de quem lhe gostar

Sanzalando

24 de fevereiro de 2025

esvaziei a imaginação

Sentei-me frente ao papel. Olhava-o e ele inerte e branco, vazio de letras e palavras. Que faço, pergunto-me sem articular qualquer palavra. Ouço-me em pensamento e respondo-me na volta com um 'estou em branco'. Com a caneta fiz um desenho. Eu a desenhar é lindo de esconder. Mas palavras, que eu queria, nem uma.
O desenho por mim feito parecia ter criado vida e até parecia me atirava a língua de fora a fazer pouco. Nem uma palavra fazia companhia ao desenho já quase desfeito por mim. A Rua das Hortas ou a Avenida da Praia do Bonfim vinham-me à cabeça mas palavras que é o que eu queria, nada. A D. Maria Guedes vinha à janela da minha imaginação, mas não dizia palavra nem fazia algo que me tirasse daquele bronco vazio de palavras. A esposa do Raul Gomes também veio à janela. Sorriu-me e palavras nem uma. E o desenho quase rasgado de raiva sorria-me atirando a língua para fora num faz pouco deste vazio imaginário. D. Lucia salvou-me quando me disse vai para casa que está cacimbo.
Eu fui e abriguei-me desta vergonha vazia de ideias e palavras.

Sanzalando

19 de fevereiro de 2025

Tesourinhos Musicais 30 - Duo Ouro Negro


Sanzalando

Teixeira de Pascoaes


Sanzalando

Crónica 43


Sanzalando

Programa 55 - K'arranca às Quartas

Programa de Rádio com palavras, livros e música  - 19 de Fevereiro de 2025.  tal e qual como se fez em directo para ouvir indirectamente aqui ou em qualquer outro lugar.
Quem não ouviu em directo ouça agora indirectamente como directo fosse

Hoje tivemos a Crónica, falámos de Teixeira de Pascoaes

Mas tivemos os Tesourinhos Musicais e hoje falámos e ouvimos Duo Ouro Negro que chegaram a ser três

Tudo imperdível

Não perca e ouça a boa música que tenho para lhe dar
Boa, a música
Sanzalando

17 de fevereiro de 2025

eu mesmo assim

Me embalo na música e me deixo sonambular por sonhos e desejos. Quero ser um vagabundo de pensamento, um anárquico da regra, um desobediente da ordem. Quer ser eu no todo e no total de mim. Me deixem ser só livre de corpo e alma. Me deixem ser eu, mesmo assim um eu que nem eu sei quem sou.

Sanzalando

15 de fevereiro de 2025

desenho-te com palavras

Quantas vezes te fiz o retrato usando as minhas palavras. Sei-te de cor cada desenho meu. Porém sei que estou completamente desatualizado. Recordo-te com 18 anos e faz meio século que te perdi no olhar. Como te desenharia hoje? Manteria o teu riso enigmático? Poria o teu olhar brilhante porém questionante? Ou será que te deveria descrever a bold e em maiúsculas onde o teu poder coubesse? Não faço a menor ideia. Os teus castanhos cabelos agora têm cor artificial ou branquearam como o salitre dos nossos dias de verão?
Raios me partam se eu sei como te poderia desenhar hoje com as minhas palavras?

Sanzalando

14 de fevereiro de 2025

delirante

Cada vez que escrevo uma palavra eu enriqueço. Um som, uma frase, uma admiração, eu atenciosamente ouvindo, enriqueço. Sem grandes ou pequenas palavras eu vivo, desde que sejam palavras audíveis. 
Se cada palavra representar uma pessoa, eu estou rodeado de multidão e, dessa gente, algumas eu levarei para um lugar grande de mim: a minha vida.
Cada palavra parece ser um código de barras de alguém. Eu em delírio.


Sanzalando

12 de fevereiro de 2025

Ainda estou aqui - Livro - Filme - Fernanda Torres


Sanzalando

Tesourinhos Musicais 29 - Petrus Castrus


Sanzalando

Crónica 42


Sanzalando

Programa 54 K'arranca às Quartas

Programa de Rádio com palavras, livros e música  - 12 de Fevereiro de 2025.  tal e qual como se fez em directo para ouvir indirectamente aqui ou em qualquer outro lugar.

Hoje tivemos a Crónica titulada A Rádio, falámos de um filme AINDA ESTOU AQUI e de Fernanda Montenegro

Mas tivemos os Tesourinhos Musicais que foram os Petrus Castrus

Tudo imperdível

Não perca e ouça a boa música que tenho para lhe dar Sanzalando

o que fomos

Enamorado de ideias, dançando ao sabor da música dos desejos, vagueio por pensamentos com vontade de atracar num porto seguro.
Os teus braços fechados encerram abraços que me podias dispensar, os teus lábios serrados escondem os beijos que não me destes. Desviei-me de desejos com medo de te acordar. 
Somos luz e escuridão, dia e noite, aberto e fechado. Desentendemo-nos na sincronização da vida, perdemo-nos nos afectos e vontades.
Fomos um ponto e virgula que se desentendeu, ficaste no ponto e eu fui-me na vírgula.


Sanzalando

10 de fevereiro de 2025

divagando

Vagueando o olhar por entre o cacimbo da manhã na praia encontro-me mesclado de saudade e esperança. Já tentei parar de olhar e recolher-me a casa, deixando esta não vista para outro dia em que eu a tenha, porém a maresia, o marulhar e a solidão agarram-me como se eu tivesse que estar ali. Se calhar há um qualquer verão que me chama. No âmago da minha existência, no centro do meu querer. Mas quem sou eu para estar aqui, ao cacimbo à espera de quê? 



Sanzalando

5 de fevereiro de 2025

Tesourinhos Musicais 28 Conjunto Académico João Paulo


Sanzalando

Crónica 41


Sanzalando

Otílio Figueiredo - K'arranca às Quartas


Sanzalando

Programa 53 K'arranca às Quartas

Programa de Rádio com palavras, livros e música  - 05 de Fevereiro de 2025.  tal e qual como se fez em directo para ouvir indirectamente aqui ou em qualquer outro lugar.

Hoje tivemos a Crónica titulada Higiene Oral, rela simbólica e metafórica, falámos de um escritor de livros, de música e de desenhos, isto é, falámos de Otílio de Figueiredo
Mas tivemos os Tesourinhos Musicais que foi o Conjunto Académico João Paulo que da Madeira veio brilhar para Lisboa

Tudo imperdível

Não perca e ouça a boa música que tenho para lhe dar Sanzalando

memória

Saltitando de pensamento em pensamento vou vagueando feito um tonto perdido sobre mim. É, acho que me perdi. Desencontrei-me de mim e fui por aí ao sabor da memória como se fosse um mar de maré vazia, sabor a sal e quente como tropical fosse. Deixo-me ir. Sou um jovem sem pátria, sem ponto de partida e nem sabe onde fica a chegada. Sigo-me de memória, rastejo ideias, umas rascas e outras aparentemente sérias e perfumadas. Mesmo estas são fachada porque desconsigo viver a memória. Tenho-a, mas isso mesmo, é só memória.


Sanzalando

4 de fevereiro de 2025

navego

Navegando por pensamentos e sonhos dou comigo a rever amores. Uns perfeitos e outros impuramente desfeitos. Há amores que parecem belos porém tal como os seus frutos são amargos. Há outros que feios dão cor à vida e se perpetuam indefinidamente reluzentes. É isso. Amor não precisa de truques nem magias porque ele só por si é uma magia. 
Vagueando por ideias e pensamentos dou comigo a falar sozinho, entre a minha dormência impaciente e a minha demência inocente.
Vagueio-me vagabundando por ruas de sonhos e desejos, memórias e palavras soltas.

Sanzalando