28 de setembro de 2025

O médico que receitava gargalhadas

Na pequena cidade de um sul havia um médico conhecido não só pela arte das suas mãos e curas, mas também pelas piadas e humor constantes. Tinha nome feito mas muitos apelidavam-no simplesmente de “o médico brincalhão”.

Os doentes entravam no consultório com dores ou preocupações, mas quase sempre saíam a rir. Em vez de começar com a clássica pergunta “O que sente?”, doutor Américo perguntava:

- Então, veio cá porque está com falta de humor?

Se a pessoa se queixava de dores de estômago, ele prescrevia:

- Duas sopas de legumes e três gargalhadas antes de dormir, e faça o favor de se deitar antes de adormecer, pois é muito difícil a sua senhora levá-lo para a cama.

Se era criança, e quase sempre criança tem medo de médico ele fazia mil piruetas, outras tantas caretas e só depois é que se aproximava e só depois de todos rirem é que palpava ou fazia o que tinha a fazer, quase sem dor.

Acho que ele também auscultava as saudades e os sons da tristeza.
- Hum… este coração aqui bate forte por alguém que faz falta, estou certo?

Claro que o doutor levava a sério os tratamentos. Nunca deixava de receitar os remédios necessários, mas dizia sempre que a melhor medicina era a alegria. “Corpo sem humor”, afirmava, “adoece mais depressa do que corpo sem remédio.”

No fim, ninguém sabia se a fama do médico vinha das curas ou das gargalhadas. Mas todos concordavam numa coisa: quem saía do consultório sentia-se sempre um pouco mais leve – e talvez fosse esse o seu maior segredo.



Sanzalando

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