Na pequena cidade de um sul havia um médico conhecido não só pela arte das suas mãos e curas, mas também pelas piadas e humor constantes. Tinha nome feito mas muitos apelidavam-no simplesmente de “o médico brincalhão”.
Os doentes entravam no consultório com dores ou preocupações, mas quase sempre saíam a rir. Em vez de começar com a clássica pergunta “O que sente?”, doutor Américo perguntava:
- Então, veio cá porque está com falta de humor?
Se a pessoa se queixava de dores de estômago, ele prescrevia:
Se era criança, e quase sempre criança tem medo de médico ele fazia mil piruetas, outras tantas caretas e só depois é que se aproximava e só depois de todos rirem é que palpava ou fazia o que tinha a fazer, quase sem dor.
Acho que ele também auscultava as saudades e os sons da tristeza.
- Hum… este coração aqui bate forte por alguém que faz falta, estou certo?
Claro que o doutor levava a sério os tratamentos. Nunca deixava de receitar os remédios necessários, mas dizia sempre que a melhor medicina era a alegria. “Corpo sem humor”, afirmava, “adoece mais depressa do que corpo sem remédio.”
No fim, ninguém sabia se a fama do médico vinha das curas ou das gargalhadas. Mas todos concordavam numa coisa: quem saía do consultório sentia-se sempre um pouco mais leve – e talvez fosse esse o seu maior segredo.
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