30 de setembro de 2025

outono

As folhas já começam a cair quando resolvo sair mais cedo de casa, porque me apetece passear. O ar tem um frio suave, carregado do cheiro de terra e um certo ar de antigo. Caminho pela berma da estrada, sentindo o chão estalar sob os pés, coberto por folhas douradas e avermelhadas que o vento espalha em pequenos redemoinhos à minha passagem.

Paro num banco de madeira vazio, olho os poucos carros que passam. Dali, vejo o céu, cinzento claro a dar para o nublado, aparentando um tristonho ar. Há algo de melancólico, mas também de reconfortante, neste cenário.

Enquanto espero o anoitecer, tiro do bolso uma carta antiga que encontrara em casa, escrita pela avó, anos atrás. Era um bilhete simples, mas cheio de ternura: “Outono é tempo de lembrar que tudo se transforma, e que cada mudança guarda uma beleza escondida.”

Sorri. Percebi que, assim como as folhas que deixavam as árvores, eu também podia deixar para trás o que já não fazia sentido. Ali, cercado por contrastes e pelo frio suave, entendi que o outono não era só o fim, mas podia ser o início de algo novo.


Sanzalando

Sem comentários:

Enviar um comentário